Não sabia se odiava ou não Perséfone por aquele presente. Seria um presente grego, tipicamente um presente grego. Sabia que nada que vinha de alguém do submundo poderia ser boa coisa, mas sua curiosidade foi grande demais para seu bom senso poder alertá-lo.
Fazia bastante tempo desde que alguém tinha se lembrado de seu aniversário. Claro, Hades não contava! Ele era seu pai e não tinha tantos filhos pelo mundo para acabar confundindo as datas. Hazel também... Ela não tinha outro irmão para acabar se esquecendo de parabenizá-lo pelos seus dezoito anos! Mas Perséfone... Bem, ela nunca pareceu gostar de Nico o suficiente para lhe dar um presente, muito menos com um sorriso gentil e palavras tão carinhosas.
− Sei como é desejar o que não pode ter − ela havia lhe dito, passando a mão pelo seu rosto antes de depositar uma bolsa de pano em suas mãos. − Use quando estiver sozinho. Sozinho, ouviu? E não gaste tudo de uma vez, tive que fazer um acordo muito peculiar com alguns deuses para conseguir isso a tempo.
Pérolas róseas. Havia umas dez delas dentro da bolsinha. Olhou para a que segurava novamente, mordendo o lábio, indeciso.
Estalou a língua no céu da boca, soltando um sonoro "foda-se" antes de colocá-la no chão, pronto para a esmagar. Fechou os olhos, pensando em um lugar onde gostaria de estar e pisou na pérola.
Nada. Exatamente nada. Ainda estava no mundo inferior, no quarto que seu pai mandara construir dentro do castelo para que fosse seu quando quisesse visitá-los. Riu amargo, Perséfone estava pregando-lhe peças agora? Fazendo piadas?
Respirou fundo, girando o pescoço, desconfortável. Girou sobre os calcanhares, esbarrando em alguém.
Seus olhos se arregalaram em surpresa, recuou, a boca abrindo e fechando sem que as palavras saíssem. Percy estava parado na sua frente? Não, aquilo era uma ilusão... Mas como? Parecia real demais para ser uma ilusão. Ele estava como Nico se lembrava, do mesmo modo como o vira no acampamento Meio-Sangue há menos de um mês. O porte mais definido, o cabelo negro bagunçado como sempre e os olhos verdes, profundos como o mar em noite de tempestade.
− Percy...? − sussurrou, indeciso. − O que veio fazer aqui?
− É seu aniversário, não é? − Percy perguntou com o típico sorriso animado − Parabéns, cara!
Nico sentiu seu corpo ser envolvido pelos braços do outro antes que pudesse se afastar. Não era uma ilusão, não tinha como ser. Podia sentir o calor do corpo do outro, os batimentos do coração, a respiração quente chocar-se contra seu pescoço enquanto a risada lhe provocava arrepios.
− Não precisava vir ao mundo inferior para isso − resmungou se afastando − Aliás, como chegou aqui? Annabeth não vai gostar de saber que você veio.
Não falava por ciúmes ou algo do tipo, mas, depois da experiência que a filha de Athena tivera no Tártaro, o mundo Inferior não era um de seus lugares preferidos. Nico, uma única maldita vez, convidara-os para o visitar através das pérolas de Perséfone e Annabeth tinha surtado só com a ideia. Não a culpava... Admitia que somente os filhos de Hades podiam considerar aquele lugar como um lar.
− Dezoito anos, não é mesmo? − Percy perguntou animado, as mãos entrando no bolso da calça jeans surrada enquanto caminhava pelo quarto de Nico. − Você cresceu.
− É claro que cresci − Nico respondeu mal-humorado. − Vem, vamos pedir para Perséfone te mandar de volta. Não quero que Annabeth ache que te forcei a vir.
Percy parou na frente da porta, bloqueando-a.
− Está me expulsando? − riu, a voz rouca fazendo o coração de Nico acelerar − Assim parece que não me quer aqui.
Nico mordeu o lábio, olhando para os lados e bagunçando os fios levemente encaracolados em sinal de nervosismo. Os passos contra o mármore indicavam que Percy se aproximava novamente diante de seu olhar desconfiado. Mas que porra era aquela? Agora o mundo Inferior deixava qualquer um entrar?
− Hey, o que está fazendo? − perguntou preocupado, tropeçando nos próprios pés ao sentir a mão de Percy em seu rosto.
− Por enquanto, nada − ele respondeu continuando a encurtar a distância que Nico tentava a todo custo colocar entre eles. − Vim para comemorar seu aniversário com você, então por que não me quer aqui? Achei que ficaria feliz. Estou sendo chato de novo, não é? − riu coçando a nuca
Nico não conseguiu responder. O coração batia forte, sufocando-o graças aos poucos centímetros que o separavam do maldito filho de Poseidon. Não se sentia encurralado daquela forma desde que Cupido o fizera confessar seu amor por Percy.
A mão dele em seu rosto o desconcertava, era tão estranho que parecia errado. Já o vira fazer aquilo. Já o vira tocando Annabeth daquele jeito doce, olhando-a profundamente como estava fazendo agora consigo. Na sua lembrança, ele a beijara segundos depois e, por isso, recuava como podia, incrédulo. Viu o sorriso vitorioso de Percy quando suas costas bateram no móvel atrás de si. Olhou para trás, amaldiçoando a pequena cômoda. Percy riu baixo, chamando sua atenção antes de sentir os lábios dele nos seus.
Empurrou-o depressa, limpando a boca.
− Annabeth... − foi a primeira coisa que conseguiu pronunciar. − Porra, Jackson!
− O que tem ela? − ele perguntou com um franzir de cenho.
− Como assim o que tem ela?
− Eu estou aqui − Percy falou como se aquilo fosse a resposta para todos os questionamentos de Nico. − Eu estou aqui com você − acrescentou voltando a prender Nico em seus braços.
− Você...
O filho de Hades sentia raiva. Raiva? Não, era uma mistura. Medo certamente era um sentimento presente, confusão também e algo mais que não queria ter que admitir em voz alta de novo.
Os lábios de Percy colaram-se aos seus novamente sem sua permissão. Aliás, quando aquele Cabeça de Alga pedia sua permissão para fazer qualquer coisa? Dessa vez, correspondeu.
Suas mãos se infiltraram entre os fios negros do cabelo do outro enquanto sua boca era invadida com paixão. Fechou os olhos, o corpo de Percy moldando-se ao seu enquanto o empurrava mais e mais contra a cômoda. Impulsionou-se, sentando no móvel e abrindo as pernas para puxar o outro para si novamente.
Percy e sua afobação marcante... Nico riu baixo ao vê-lo se atrapalhar com sua camiseta, mas o deixou continuar e arrancá-la.
− Você realmente cresceu − Percy sussurrou contra seu ouvido.
Nico fechou os olhos quando a boca dele começou a descer por seu pescoço. As mordidas faziam seu corpo tremer, excitado, os chupões seriam a marca que teria para provar que aquilo não era um sonho. Agarrou-se a camiseta laranja de Percy quando a boca dele envolveu seus mamilos e as mãos apertaram seu membro sob a calça preta.
O gemido saiu sem querer, fazendo-o levar as mãos aos lábios, envergonhado. Percy o olhava enquanto abria o botão de sua calça e descia o zíper. Os olhos verdes eram como âncoras, prendendo-a naquela miragem. Não questionou quando viu a calça ser arrancada junto com a boxer nem quando Percy se ajoelhou na sua frente e lambeu os lábios daquela forma indecente.
Gemeu um pouco mais alto que o normal quando a língua percorreu a extensão de sua ereção. Sua respiração acelerava conforme Percy se aproximava da glande, envolvendo-a, colocando-a na boca antes de sugar e voltar a lambê-lo. Seu quadril moveu-se em ansiedade, tirando uma risada anasalada do outro antes vê-lo engolir seu membro.
− Percy!
Afundou a mão nos cabelos negros como sempre fazia em seus sonhos mais profanos. Jogou a cabeça para trás, apoiando-a na parede fria atrás de si. Apertou os fios em sua mão, arrancando um gemido dolorido do outro, mas não se importou. Controlou o ritmo da felação, acelerando-o conforme sua necessidade.
Seu corpo tremia, arrepiava-se a cada gemido que Percy soltava. Os olhos verdes o miravam com tanta luxúria que, por um momento, não reconheceu o outro. Mas é claro que não... Nunca tinha visto aquele olhar, nunca tinha sido para ele que Percy olhava daquela forma.
− Ah... Pera... Per-cy... − tentou dizer. Em vão.
Seu corpo contraía-se, suas pernas tentavam se fechar, seus gemidos escapavam-lhe pelos lábios, saindo mais altos do que deveriam, mais lânguidos do que queria, mais entregues do que um dia admitiria. Tentou afastar Percy, mas as mãos dele seguraram as suas ao lado de seu corpo enquanto ele o chupava com mais avidez.
Gozou.
Gozou jogando a cabeça para trás, os lábios abertos em um gemido delicioso de se ouvir, o corpo tremendo enquanto o sêmen jorrava dentro da boca de Percy. Os olhos castanhos estavam nublados, o corpo relaxado, a respiração audível. Riu, sem acreditar, e olhou para baixo a tempo de ver Percy lamber os lábios e depois sua pélvis, limpando os respingos de prazer que havia derramado naquela área.
Suspirou com a visão.
− Você ficou mais bonito, sabia? − a voz de Percy soou sedutora enquanto o ajudava a se levantar. − Senti sua falta no acampamento... − ele mordeu seu pescoço, beijando depois e subindo para tomar seus lábios.
Nico introduziu as mãos por debaixo da camiseta de Percy, puxando-a com pressa e facilidade, recebendo um arquear de sobrancelha como resposta.
− Algo me diz que você tem prática nisso − Percy debochou mordendo-lhe o lábio enquanto abria a prórpria calça e a deixava cair até o chão. − Vem, me mostra o que sabe, filho de Hades.
Nico estremeceu com as palavras, os olhos presos no corpo quase nu do outro como se ainda não acreditasse naquilo. Há quanto tempo não ouvia Percy provocá-lo daquele jeito infantil? Filho de Hades... Tinha quase acertado um soco no... amigo quando ele o chamara daquilo no acampamento. Odiava ser chamado assim, mas o sorriso sacana que recebia o fazia se esquecer daquele pequeno detalhe.
Empurrou o outro na cama, seus lábios pedindo para saber qual o sabor que Percy teria. Mordeu com força a boca dele, adorando o fato do som de repreensão sair mais como um gemido impaciente. Sentou-se em seu colo. Lambeu-lhe a pele, fazendo questão de marcá-la sem piedade. Suas mãos apertavam tudo que encontravam pela frente, querendo gravar toda e qualquer parte do corpo de Percy que ainda não conhecia. Os anos de treinamento no acampamento tinham lhe feito mais bem do que Nico podia imaginar. Os músculos eram definidos, contornou-os um a um, decorando sua posição e forma antes de gemer ao sentir a ereção dele se forçar contra seu quadril.
Ajoelhou-se na cama e viu Percy acomodar-se melhor enquanto apertava o membro, dando um olhar significativo para Nico. Não precisou de um segundo pedido... Nico retirou aquele último pedaço de tecido e levou a mão à ereção do outro em uma masturbação lenta.
− Nico...
Lindo. Percy era lindo, malditamente lindo! E tudo piorava quando gemia seu nome daquela forma necessitado. Olhou rapidamente em volta do quarto, procurando o que tanto desejava para prosseguir com o ato.
− Não se mexa − ordenou como se tivesse medo de que o outro fosse sumir assim que desse as costas.
Levantou-se rapidamente, abrindo todas as gavetas do criado mudo e jogando o lubrificante o preservativo sobre a cama.
− E eu achando que você ainda era o garoto tímido do Mitomania.
− Tímidos transam também. E era Mitomagia − Nico ralhou abrindo o preservativo e deslizando-o sobre a ereção de Percy. − Faça as honras − provocou jogando o tubo de lubrificante para o outro.
− Com prazer − Percy respondeu, sério, derrubando-o na cama e beijando-o mais uma vez antes de sussurrar − De quatro, Nico.
Nico pensou em rebater, o orgulho do filho de Hades sendo mais uma vez posta em cheque, contudo não houve tempo. Percy já o havia virado na cama, o que não era difícil devido o seu físico esguio comparado ao do outro. Mordeu o lábio, erguendo-se nas mãos e empinando o quadril, fechando os olhos enquanto lutava com a vontade de dar um basta naquilo. Não era normalmente o passivo das relações, não costumava entregar seu corpo daquele modo para qualquer um...
− Ah, Nico... − Percy gemeu tocando o próprio membro excitado. − Como você pode ser tão gostoso, cara?
Como Percy conseguia ser tão... Percy até naquelas horas?!
Nico gemeu envergonhado ao sentir algo úmido, que não era o lubrificante, em sua entrada. Fechou os olhos, segurando o lençol com força enquanto a língua de Percy circundava-lhe e o penetrava com gula. As mãos afastavam suas nádegas possibilitando que o outro fosse cada vez mais fundo. Suas pernas tremiam, seu membro doía com o prazer consumindo-lhe, latejava implorando pelo prazer que com certeza sentiria.
Seu corpo relutou contra a invasão dos dedos de Percy. Afobado como sempre... Nico gemeu dolorido com os dois dedos tentando alargá-lo. Sentiu o frio do lubrificante, auxiliando Percy em sua missão e possibilitando-o enfiar o terceiro digito com um sorriso satisfeito enquanto admirava a cena. Nico, de quatro, tremendo, gemendo, a entrada rosada sugando seus dedos, apertando-os como logo mais faria com seu pênis.
− Vem logo, Jackson! − Nico pediu irritado.
Percy riu, retirando os dedos e despejando uma generosa quantidade do lubrificante em sua ereção. Suas mãos apertaram as nádegas de Nico, olhando-o com uma lúxuria que Afrodite com certeza aprovaria antes de penetrá-lo lentamente.
Nico sabia que seria daquele jeito. Percy não era violento, também era cuidadoso demais. Sabia que ele entraria devagar em si, gemendo baixo e contido enquanto ganhava espaço em si. Nico apertou o lençol como se aquilo fosse amenizar a queimação inicial da penetração. Se os gregos já transavam entre homens desde os tempos antigos, por que nenhum dos malditos deuses não havia criado uma poção ou uma forma de amenizar aquela dor? Maldito Dionísio! Maldita Afrofite! Maldito qualquer outro deus relacionado ao prazer carnal!
Soltou o ar dos pulmões quando sentiu Percy totalmente dentro de si. Ele depositava beijos em seus ombros e pescoço, sua mão acariciava novamente sua ereção e fazia Nico gemer baixo, impaciente. Rebolou contra a vontade de Percy.
− Hey, calma...
− Não enrola, Jackson − resmungou entre os dentes.
Percy o olhou de forma carinhosa, acariciando-lhe a pele antes de iniciar os movimentos. Nico cerrou os olhos, gemendo doloroso enquanto sentia o prazer voltar a lhe dominar. As mãos quentes o confortavam, era como se alcançassem seu coração e o acariciassem, juntassem os fragmentos e tentassem reconstrui-lo.
Caiu sobre os cotovelos e arqueou a coluna quando as estocadas ficaram mais rápidas. Não demorou a ter sua próstata atingida. Sua voz saiu rouca como a tempos não ouvia, a eletricidade percorrendo seu corpo como se Zeus tivesse lhe lançado um raio. Gemeu o nome de Percy vezes demais, quis falar que o amava vezes demais, tremeu sob os toques vezes demais, mas o ápice foi um só e Nico gemeu como sempre quisera, como sempre sonhara.
Percy continuou dentro de si, os movimentos frenéticos e a voz embalando Nico como o canto das sereias. Maldito filho de Poseidon! Malditos olhos de ressaca! Maldito coração que se derretia pelo Cabeça de Alga.
Sorriu quando o ouviu gemer seu nome no clímax, quando o peito dele colou-se às suas costas e ele riu com Nico.
Percy retirou-se de dentro do outro, dando um nó no preservativo e o jogando no chão. Nico o olhou, admirado como fizera quando se conheceram.
− Eu te amo, Nico − ele disse antes de beijá-lo uma última vez.
Nico sorriu, mas os olhos marejaram. As lágrimas, salgadas como o mar, caíram aos poucos ao ver Percy brilhar por um momento, condensando-se em uma pequena pérola rosa sobre os lençóis antes de explodir em pequenos fragmentos. Pérolas de Afrodite... Devia ter reconhecido antes. Pérolas que revelam e expõem o desejo mais profundo de seu coração, criando tudo aquilo que sua mente mais anseia ter, ver ou sentir.
Riu, triste, amargo, as lágrimas caindo com vontade dessa vez. Abraçou o travesseiro, a dor no peito o consumindo. Não era uma ilusão, mas também não fora real. Maldita Perséfone! Maldito presente grego! As paredes tremeram, a terra remexeu-se com sua raiva como da vez que Bianca tinha morrido. Mas, apesar de tudo, não conseguiu jogar as pérolas fora... Apesar de tudo, seu coração ainda implorava para que não jogasse fora as migalhas que recebera. Apesar de tudo, ainda queria ter Percy ao seu lado. Apesar de tudo, ainda o amava...
Merci pour la lecture!
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