alicealamo Alice Alamo

Não afastou Near de si como faria em outra ocasião, seus braços não tinham força para isso. Puxou-o mais contra si, mantendo-o perto o suficiente para que seu coração fosse ouvido. Por que negar? Para quê? Near era seu rival, mas era, antes de tudo, sua vida.


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#DeathNote #Mello/Near #Mello #Near #Yaoi
Histoire courte
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Capítulo Único


Mello escondeu o presente no fundo do seu armário. Não queria o entregar, então por que havia comprado? Não era tão importante assim que ele desse o presente a Near, era?

Não. Não era. Aliás, Near nem mesmo tinha lhe dito a data de seu aniversário! Mello descobrira por acaso na sala de Roger quando mais uma vez foi convocado a um sermão. Se não tinha a maldita obrigação, por que havia comprado a porcaria do presente?

O relógio ao lado da sua cama marcava dez da manhã, Matt lhe sorria como se soubesse do seu pequeno segredo. Ignorou-o a tarde inteira por isso.

Near fazia quinze anos, uma grande surpresa, Mello tinha que admitir. As feições infantis, os brinquedos, tudo conspirava para que Mello sempre imaginasse o rival como uma criança, era estranho reconhecer que ele não era assim tão pequeno.

O almoço foi igual aos demais, sem por ou tirar. Serviu-se e sentou-se ao lado de Matt. O amigo não comia, os olhos só miravam o videogame em suas mãos e, mesmo tão focado, ele ainda teve a cara de pau de rir e falar:

― Qual o seu problema em entregar o presente?

Mello fingiu que não tinha ouvido, continuou a comer e fugir do olhar zombeteiro que Matt lhe direcionava.

Near estava no refeitório também. Há poucos metros... Perto o suficiente para Mello o notar. A roupa branca, o cabelo levemente cacheado, a expressão indiferente. Será que nem mesmo no próprio aniversário ele exibia algum sentimento? Irritou-se! Como ele podia simplesmente seguir a mesma rotina chata no dia do aniversário? Aquilo era, no mínimo, inadmissível. Quando era aniversário de Mello, ele mudava tudo, planejava seu dia com todas as coisas que gostava de fazer, com todo o chocolate que pudesse comer! Mas não Near... Não o número um...

― Eu vou chamá-lo aqui se você não fizer algo ― Matt riu desdenhoso.

Mello o olhou com raiva, o suficiente para o ruivo entender o recado. Saiu marchando do refeitório, não fazendo nem questão de tirar sua bandeja da mesa. Voltou para o quarto e sentou-se na cama de frente ao armário. Por que não podia entregá-lo facilmente?

O tic-tac do relógio martelava em sua cabeça, o sol que entrava pela janela o confortava. Near não parecia o tipo de pessoa nascida no verão... Não... Mello sempre imaginou que o rival houvesse nascido em janeiro, novembro, dezembro, os meses frios da Inglaterra. Sim, porque isso sim combinaria com a indiferença de Near!

Matt entrou no quarto, chamando sua atenção.

― Aqui, entrega o meu também quando for ― ele falou tirando a camisa para poder tomar banho.

― Você sabia que era hoje? ― Mello perguntou irritado ― Por que não me disse?

O sorriso irônico de Matt já o respondia, mas o ruivo adorava quando Mello lhe dava a chance de estampar a verdade em sua cara.

― Ora, Mello, por que você iria querer saber do aniversário do seu rival?

Antes que pudesse responder, Matt fechou a porta do banheiro.

Odiou-se por isso. Não precisava de motivos para querer saber a data de aniversário de Near, mas por que não poderia saber? Near crescera consigo, era seu rival, via-o todo dia, falava com ele, ou melhor, tinha monólogos com ele... Near era parte da sua vida, então o que havia de errado em saber uma simples data?

Parte da sua vida...

Estalou a língua sem acreditar no que havia pensado... Parte da sua vida? Alguém que o ignorava e o humilhava? Alguém que fazia questão de se excluir e se esconder nos lugares mais incogitáveis daquele orfanato?

Droga

O pior era que, se Near não contara nem para ele que era seu aniversário, com quem o albino comemoraria? Será que ele comemoraria? Não, chega! Não era da sua conta. Pediria para Matt entregar seu presente quando saísse do banho, Mello não precisava mais uma vez ser humilhado pelo rival, Near provavelmente o receberia com a mesma apatia, sem dirigir-lhe o olhar ou a palavra, talvez um “obrigado” frio e monótono, não mais que isso.

Revirou-se na cama, nervoso e indeciso. O pacote no armário era médio, algo que Mello, sem saber o motivo, se esforçara em escolher. Não era caro, afinal eles não tinham dinheiro além daquele conseguido com as apostas de Matt nos jogos, mas o presente lhe parecera ideal. Agora não mais... Será que ele riria ao ver o que havia dentro do embrulho? Será que debocharia de Mello? Com certeza... Ele não era mais criança para gostar daquelas coisas!

Xingou-se, bagunçando os cabelos loiros antes de socar o colchão. Se não iria entregar aquela merda, por que se preocupar com o fato de Near gostar ou não?

Na hora do jantar, não viu o rival. Até mesmo Matt estranhou aquilo, procurando-o discretamente por trás daqueles óculos estranhos.

― Acho que ele foi ficar sozinho de novo... ― Matt sussurrou-lhe. ― Você sabia que os pais de Near morreram enquanto dirigiam para casa para comemorar o aniversário dele?

Mello mordeu o lábio inferior, o coração disparado, o tamborilar dos dedos denunciando seu nervosismo.

― Onde? ― foi a pergunta certa.

― Na sala de brinquedos como sempre ― foi a resposta de que precisava antes de se levantar e cortar os corredores da Wammy’s House.

Pegou o embrulho de qualquer jeito e marchou até a sala que conhecia tão bem. Mais uma vez, a calma foi para o espaço e ele não conseguir evitar a força desnecessária que aplicou ao abrir a porta.

Não soube dizer se ficou decepcionado ou aliviado ao encontrar Near ali. Ele estava deitado no chão perto da janela, os olhos fixos no teto nem ao menos o encaram quando entrou.

― Hey! ― chamou fechando a porta. ― Estou falando com você, ovelha!

O suspiro de Near foi audível, cansado, capaz de fazer Mello parar surpreso.

― O que foi, Mello? ― ele perguntou virando o rosto para o ver.

Mello engoliu em seco. Viera preparado para tanta coisa, mas não para ver a mágoa nos olhos negros.

― Parabéns ― sua voz saiu mais fraca do que planejara.

Near não esboçou qualquer emoção ao ouvir aquilo e voltou a olhar o teto.

― Obrigado.

Sim, frio e monótono como Mello previra. Cerrou os punhos se aproximando e deixando o embrulho cair em cima de Near.

― Eu não comprei essa porcaria para você ficar com essa cara de enterro.

Near se sentou, as costas apoiadas na parede enquanto abria o embrulho mal feito sem pressa. Percebeu quando Mello sentou-se ao seu lado, podia notar a raiva do outro, o modo como as mãos não paravam quietas, entrando e saindo do bolso, podia sentir os olhos azuis ansiosos... Afinal, o que Mello estava fazendo ali?

Terminou de abrir o pacote, seus lábios curvaram-se levemente (e Mello notou!) ao encontrar mais um conjunto de pequenos utensílios para a construção de bonecos. É... Os seus já estavam mesmo acabando.

― Obrigado.

― Não ― Mello disse firme e jocoso ― Eu comprei essa porcaria para ver alguma expressão nesse seu rosto, então, se é para me agradecer, sorria de verdade, chore, esperneie, grite, faça alguma coisa que me impressione!

Near o olhou sem entender. Por que isso era tão importante para Mello?

― Toma ― Mello falou entregando-lhe uma barra de chocolate ― Não é um bolo, mas faz um desejo e engula antes que eu a tome de volta.

Near segurou a barra por alguns instantes e a abriu quando Mello o olhou ameaçador. Na verdade, sabia muito bem o motivo do rival estar ali, sabia e apreciava aquilo. Mello nunca admitiria, mas não importava, mesmo não admitindo, ele estava ali.

― Você quer uma expressão minha? ― perguntou com a voz baixa após comer o primeiro tablete.

Mello o olhou desconfiado, assustou-se quando Near apoiou a cabeça em seu ombro e as mãos pequenas seguraram com força sua camisa.

― Eu achava que não chorar nesse dia me ajudaria a seguir em frente, sabia? Mas não é assim.. Uma hora, tudo transborda, uma hora, não tem mais como velar a mágoa...

Os olhos negros estavam úmidos, Mello se assustou. Ficou sem reação pela primeira vez. O que faria? Precisava dizer algo? Não... Sabia que qualquer coisa que saísse de sua boca sairia falso e automático. Puxou o rival para o seu colo, sem se importar se ele iria gostar daquilo ou não, sem se importar com o fato de alguém poder aparecer a qualquer momento. Seus dedos se perderam entre os cachos brancos e por alguns instantes achou que Near esperava uma resposta sua.

Sua voz foi calada com o primeiro soluço. As palavras morriam e desciam sua garganta assim como as lágrimas desciam a face delicada de Near. Apertou-o mais contra seu corpo, odiando-se por ouvir aquela melodia dramática, mas agradecendo por estar ali naquele momento.... Ninguém merece chorar aquela dor sozinho.

― Você não está sozinho, sabe disso não, gênio?

Near apertou mais sua camisa, o rosto escondido entre o tecido, o peito doendo a cada novo soluçar. O cheiro de chocolate o invadia, os braços de Mello o mantinham aninhado como há muito não se permitia estar. Levantou a cabeça, sem realmente raciocinar... Raro e bizarro, eu sei. Mas foi o que fez. Em meio a dor, apenas levantou a cabeça, encontrou os olhos azuis presos aos seus de forma acolhedora, não resistiu e levou a mão aos lábios do chocólatra, contornando-os enquanto via Mello arregalar os olhos.

Foi sutilmente doce e amargo. O gosto de chocolate com lágrimas era de longe o seu favorito, mas Mello sentiu outro gosto ali.... Ele sentiu gosto de fraqueza, aquele gosto amargo da dor e solidão. Permitiu-se apenas continuar com os lábios unidos, recolhendo com os dedos as lágrimas que ainda manchavam a face albina e molhavam o ósculo.

Seu coração acelerara e doía... Como era possível...?

Não afastou Near de si como faria em outra ocasião, seus braços não tinham força para isso. Puxou-o mais contra si, mantendo-o perto o suficiente para que seu coração fosse ouvido e fingiu não perceber o sorriso delicado nos lábios do rival. Passaram-se horas assim... Mello não se mexera, não falara nada, muito menos acordara Near em seu colo.

Ele não era mais criança, ele era seu rival, mas Mello sabia o motivo do presente, o motivo da raiva que o empurrava todo dia àquela sala.... Near não era parte da sua vida, ele era sua vida, era aquilo que o fazia continuar a viver sem ter que se excluir numa sala na data do próprio aniversário, chorando o passado! Sim... Near era sua vida, e não o queria ver chorando daquele modo nunca mais...

25 Février 2018 14:54 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

A propos de l’auteur

Alice Alamo 24 anos, escritora de tudo aquilo em que puder me arriscar <3

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