Aquele poderia ser considerado um dos seus melhores dias.
Os olhos bonitos encararam o caderno velho e riscado, foi impossível não sorrir largo e apartar os dedos tão forte a ponto de deixá-los brancos. Jimin estava feliz e não era pouco, seu coração batia rapidamente conforme aumentava sua felicidade. Sentia que poderia morrer a qualquer momento.
As dívidas dos seus pais estavam quase todas pagas, o Park mais novo tinha se esforçado para ajudá-los. A lanchonete continuava sendo da sua família, embora alguém estivesse tentando compará-la a qualquer custo para demolir e trazer a vida um bar. Jimin odiou saber que a lanchonete seria vendida por causa das dívidas do seu pai, precisou trabalhar em múltiplas coisas por dia e só após dois anos finalmente a lanchonete era da sua família oficialmente, por isso, conseguiu tirá-la da lista de venda há tempo. Contudo, sua felicidade não durou muito quando alguém que havia dado a oferta no estabelecimento continuava insistir em comprá-la. O ômega recusava todos os dias a quantia que o senhor Lee esfregava na sua cara o quanto iria ganhar se vendesse.
Jimin era alguém muito esforçado quando se tratava da sua família e estudos, mas para sua mãe, ele trabalhava demais e esquecia do tempo que precisava para si mesmo. A progenitora era persistente quando se tratava de conseguir um alfa, algo que Jimin não queria no momento. Afinal, ele não tinha tempo para isso. Jimin travava uma batalha com a mãe gritando que não queria um alfa, mas que queria um filho.
Talvez fosse toda a loucura da sua mãe subindo a sua cabeça que o fez pesquisar sobre inseminação artificial. Até que ponto iria? Ter um filho sem um alfa seria um grande problema quando precisa trabalhar dobrado para pagar o aluguel. Ele só podia estar ficando louco.
Se queria um filho? Sim, queria.
Mas um alfa? Jimin não queria se prender a alguém que não amava e muito menos a um casamento arranjado. Isso estava fora de questão.
O ômega empurrou a porta de vidro, entrou no estabelecimento, escondeu o caderno na bolsa e foi ao encontro da sua progenitora.
— Mãe! A senhora deveria estar em casa, teve febre na noite na noite passada. — A mulher soltou um muxoxo, arrancando uma risada do filho. Jimin deixou a mochila de lado e vestiu o avental para ajudar os dois funcionários.
— O que decidiu sobre nossa conversa de ontem? Ainda quer ter um filho sozinho, querido? — Yeojin seguiu o filho, esperançosa com a futura decisão, precisava preparar seu coração porque com Jimin sempre precisava estar preparada para uma bomba. — Por favor, filho, não diga que quer continuar com essa ideia de ser pai solteiro.
— Eu já me decidi, mãe. Não precisa se preocupar. — Park Yeojin olhou desconfiada para o filho, o sorriso estranho de Jimin já lhe dava previsões de que ele não tinha a ouvido. — Inseminação artificial. — Enquanto terminava de colocar os pedidos dos clientes, Jimin ouviu um barulho de algo caindo e ao olhar para onde sua mãe estava, encontrou-a no chão. Os clientes ficaram assustados e alguns se levantaram para ajudar, Jimin sorriu nervoso. — Mãe? Mãe! Pelo amor de Deus levanta antes que os clientes vão embora assustados com sua cena.
— Não é todo dia que você escuta seu filho dizer que prefere inseminação a um alfa! — A velha resmungou ainda deitada no chão enquanto o filho tentava a todo custo acalmar os clientes. — O que eu fiz para merecer isso?
Os clientes voltaram para suas mesas após Taemin avisar que estava tudo bem e ajudar a mulher deitada no chão. O rapaz pegou-a no colo, levou-a para o escritório da lanchonete, depositou a tia no sofá e buscou um copo de água.
— Seu primo que acabar comigo, vê o que ele está fazendo? — Taemin riu do drama na mais velha.
— A senhora é quem devia pensar mais no assunto, o Jiminnie não quer um alfa no momento. Ele não quer viver submisso ou ficar preso a alguém, tudo o que ele quer é fazer as coisas do seu jeito e sozinho. Um alfa não permitiria isso, não é? — Yeojin assentiu. — O Chim tem vinte e dois anos, sabe o que fazer. Ele vai essa semana à clínica do Minho, não se preocupe, ele estará em boas mãos.
[...]
Distante do bairro calmo para o de meia classe, a família Jeon enfrentava o mesmo problema com o filho mais velho.
— Eu não vou me casar, mãe! Ficou maluca? Eu tenho vinte três anos. — A voz rouca do moreno soava alta demais no cômodo, a alfa pouco se importava, continuava a enfiar as roupas na mala.
Se Jeon Jeongguk queria um filho? Sim. Mas não naquele momento.
Queria curtir a vida, era novo demais para se prender a um ômega agora. Talvez Yoongi tivesse razão quanto a formar uma família seja bom, mas não era o que queria de imediato. Esperaria o momento certo e até lá, estava livre, assim como tinha muitos ômegas e betas a sua disposição.
Já estava farto dos pedidos da mãe. Se ela queria tanto um neto, ela teria.
— Se você quer tanto um neto, aqui está — Jeongguk colocou um pote com seu esperma sobre a cama, era vergonhoso? Sim. A idéia de Minho e Yoongi era a única forma de se livrar de um casamento. Passou dois meses pensando sobre o assunto. Minho, irmão do ômega de Yoongi, aconselhou e explicou sobre inseminação artificial durante um mês. Agora era a hora de colocar o plano em ação. — Esse pote estava na clínica do Minho, mas sugiro que a senhora leve-o de volta e arrume alguém para lhe dar um neto, ou talvez a Jihyun possa fazer isso.
Chocada demais, a mulher arregalou os olhos. Com as bochechas coradas, a senhora Jeon bateu o pé, deixando a vergonha de lado por ter que recorrer a inseminação artificial. Então era isso que Jeongguk preferia a ter que casar? Ele era seu filho mais velho, não era nenhum santo. Saía com vários ômegas e betas e ainda assim se recusava ficar com um deles e ter um filho?
— Sua irmã nem fez dezoito anos ainda, e você só faz gastar do dinheiro que eu e seu pai te damos para farrear. O que pretende fazer da vida? Jeongguk, você já é um homem crescido, não é mais o adolescente de dezesseis anos que podíamos tirar de qualquer encrenca. — A mulher bufou, entrando no quarto, já que esteve escorada na porta o tempo todo observando o filho. — Você disse que queria uma família.
— Eu disse, mas não é agora. Eu vou para Londres com os amigos, volto assim que terminar a faculdade. — Jeongguk fechou a mala e a levantou. — Acredite ou não, mãe, tem muitos ômegas que recorrem à inseminação, a senhora deveria saber disso. Boa sorte em achar uma pessoa.
— Jeongguk? Jeon Jeongguk! — O alfa sorriu enquanto balançava a mão dando tchau para a mais velha, que ainda gritava o seu nome. O táxi parou em frente a casa dos Jeon's e o moreno não perdeu tempo em entrar no automóvel. — O que eu fiz para merecer isso? — Perguntou a mulher com a mão na cabeça, enquanto assistia o carro levar seu filho embora.
Jeon Sunmi não teve escolha após a ação de Jeongguk. Ao que parecia, havia tudo sido planejado por ele, pois logo depois Minho apareceu na sua casa, o papo velho de que tudo daria certo e que no momento que ela sentisse a necessidade de usar em alguém, que levasse a pessoa para ele. Naquele momento, descobriu que Jeongguk tinha planejado aquilo por pensar que ela nunca deixaria o sêmen dele engravidar um ômega, porém, ela sorriu vitoriosa.
Agora, meses depois do ocorrido, estava ali em frente à clínica pela primeira vez após a deixa do seu Jeon. Acreditou que aquele era o momento certo, Jeongguk estava certo sobre muitos ômegas recorrerem àquele tipo de procedimento. Quanto mais o machismo contra os ômegas cresciam, mais aumentava o número de pais betas e ômegas solteiros. Não era contra aquele tipo do procedimento, mas acreditava que era mais complicado criar um filhote sozinho. E, ao entrar na clínica do parceiro do plano de Jeongguk, encontrou algumas pessoas sentadas esperando tediosamente.
Achou que o local estaria mais vazio, pois já era quase meio-dia, a hora que ele tiravam para almoçar e isso lhe daria tempo para conversar com Minho. Sentou-se ao lado de um ômega de fios acastanhados, o rapaz foi gentil, indo mais para o lado afim de lhe ceder mais espaço.
— Está tudo bem? — Questionou ao que ele balançava nervosamente as pernas e roía as unhas. Tocou gentilmente o joelho dele, que aos poucos pararam de se mover.
— Só um pouco nervoso. Na verdade, muito nervoso. — O ômega sorriu forçado, tentando demonstrar que estava mais calmo, o que era mentira.
— Eu também estou nervosa, mas tenho certeza que dará tudo certo... — Disse calma, empenhando-se para não deixá-lo mais nervoso.
— Jimin. Park Jimin. — O sorriso gracioso da mulher arrancou dançar de lábios do menor, que alargou o sorriso verdadeiro. Ela era bem mais velha, Jimin quis perguntar se ela também iria optar por uma inseminação artificial, mas não queria ser invasivo. Porém, suas bochechas coraram quando um ronco chamou atenção dela, que dessa vez, riu. — Desculpe.
— Tudo bem, querido. Você deve estar aqui há muito tempo, quer ir almoçar comigo? Odeio comer sozinha e minha filha está na escola. Acredito que Minho irá tirar um tempo para fazer o mesmo, vamos comer na barraca ao lado. — Park não negou, afinal, estava com tanta fome que comeria por três. A senhora ao seu lado não parecia uma má companhia, era muito gentil e educada.
— Não é uma má idéia.
Os dois saíram da clínica e foram para a barraca ao lado, onde servia almoço. Escolheram uma mesa e esperaram a comida ser servida após se decidirem o que iriam querer. Park se sentiu confortável para conversar sobre sua escolha em fazer a inseminação, afinal aquela mulher iria fazer o mesmo, certo? Ele não sabia, mas em momento algum ela o julgou. Sua mãe sempre lhe falava que não devia conversar com estranhos, mas desabafar com alguém que provavelmente não iria ver mais não era um problema para ele.
Sunmi apenas o ouvia falar sobre sua família e o quanto a mãe queria um neto.
"Ótimo, uma louca como eu", pensou.
Os olhos de Jimin brilhavam quando ele mencionava em ter um filho, mas deixava claro que casar não estava em seus planos naquele momento.
— ...desde então estou juntando uma grana para fazer isso, sabe? Eu moro com os meus pais, saí do apartamento que morava para economizar e pagar as dívidas. Estou ficando financeiramente estável, acredito que posso criar um filho sozinho e vou me esforçar. A senhora também deve querer fazer o mesmo, não é?
Sunmi engasgou-se.
— Ah, não. Eu já tenho dois filhos e na verdade eu vim aqui hoje para permitir que o Minho use o sêmen do meu filho. — Jimin fez uma feição triste e a mais velha se apressou. — Ele não morreu ou está doente. Ele está vivo, com saúde e pode ter filhos. Ele apenas não quer e eu quero um neto. Estou ficando velha, não poderei ver o meus netos crescerem.
Com a expressão mais suave, Jimin comentou.
— Deus! Você parece até a minha mãe. — Ambos riram, pelo o que o Park falava da mãe, a mulher também queria um neto tanto quanto Sunmi.
— Você está mesmo disposto ir até o fim na sua escolha de engravidar a esse modo? — O acastanhado não parecia ser uma pessoa egoísta, alguém que era bobo o suficiente para fazer esse tipo de escolha. E foi isso que Sunmi gostou de ver em Jimin. Ela já sabia a resposta, mas queria ouvir o quão confiante ele estava e assim poder fazer-lhe uma proposta.
— Sim. É tudo que eu mais desejo, estou ciente de todas as dificuldades que irei enfrentar, mas ainda assim, eu quero fazer isso. — Disse firme. Não voltaria atrás, era sua escolha.
— Entendo... Você me lembra o meu filho quando quer algo, ele é insistente. Eu gostaria de lhe fazer uma proposta, Jimin, se não quiser tudo bem. — O acastanhado apertou a colher que segurava, esperando a mulher falar. A testa franzida deixava claro que ela estava um pouco nervosa e pensativa. — Eu gostaria que usasse o sêmen do meu filho e me concedesse um neto.
— O quê? — O choque rasgou a expressão calma do menor. — A senhora...
— Eu quero um neto. Você um filho, isso será bom para nós dois, contanto que você me deixe vê-lo. Isso é importante para mim, sonho em ver meu neto ou neta crescer, quero poder estar presente na vida dele. — Com os olhos lacrimejados, a morena tocou a mão de Jimin que estava sobre a mesa. — Você é um rapaz bom, posso ver isso. Eu confio em você em ter e cuidar do meu neto, estarei a disposição para ajudá-lo. Só quero poder vê-lo e participar da sua vida.
— Seu filho! Eu não quero que ele apareça na minha porta e tente pegá-lo. — Sunmi assentiu. Afinal, Jeongguk estava longe e não voltaria tão cedo, até lá tudo ficaria bem.
— Meu filho que formar uma família tanto quanto você, mas ainda é imaturo e não sabe o que está fazendo. Está agindo como um adolescente sem rumo e sem saber o que escolher, não se preocupe com ele. Jeongguk não irá saber sobre isso, e quanto a Minho, ele ficará de boca fechada.
— Tudo bem, eu aceito.
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