igorazevedoescritor Igor Azevedo

Meu quarto conto, lançado em 2017 e publicado no Wattpad, extraído do meu primeiro livro, intitulado "Retratos". PLÁGIO É CRIME! TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À ©2017/2022 Igor Azevedo.


Histoire courte Déconseillé aux moins de 13 ans. © 2017/2022 Igor Azevedo

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Por amor

“Você não sabe amar!”


Angustiada fiquei quando o amor da minha vida, antes de partir para sempre, disse-me isso.


Logo para mim, que sempre dei o meu melhor.


Desde nova, acostumada a me ver sozinha, sendo humilhada pela família por não ser alguém que eles queriam: uma jovem que se casasse cedo, porque isso era moda naquela época. E ainda é moda hoje também.


Casada aos 25, sofri em um relacionamento abusivo. Porque eu amava o meu homem. O meu e de mais duas vagabundas de rua. Eu descobri. Estava grávida quando ele me deixou com um “passa bem”, bem de costas. Doeu? Claro que doeu. Mas tinha alguém que sentira mais. Meu filho.


Tive um parto prematuro. No pós-parto, tolerei a falta da minha família. Fui odiada por te amar. Mas meu filho estava bem.


Por amor, vivi na nossa antiga casinha de um cômodo. Lembras? Eu lembro. Porque eu te amei. Meu filho dormia na nossa cama. Aquele era o berço que eu podia dá-lo. Quando chovia, as goteiras molhavam a gente. Molhavam-me, na verdade, pois o cobria com o melhor manto. Aquele, que nós compramos juntos. Guardo esse manto até hoje.


Mesmo com dificuldades, virei comerciante. Vendedora de cocada, mas comerciante. Era o que dava com o dinheiro que você deixou. E o trabalho acolheu a minha alma, assim como uma cama, uma rede ou um chão de concreto, duro e frio acolhe um corpo cansado. Com o dinheiro que eu ganhava, consegui alimentar meu filho, porém mal conseguia me alimentar. Por amor.


Arrumei nossa casa aos pouquinhos. Carregava o cimento e a terra enquanto a nossa vizinha fofoqueira ria de mim. Por amor. Por amor ao meu lar, que era só uma banda, mas era o meu lar. Era o que eu tinha e o que tu me destes de bom, porque tu só me destes raiva, agonia e tristeza. Mas era eu que não soube te amar.


Nosso filho cresceu. Os investimentos aumentaram. Preciso pagar três meses atrasados da escola, mas consigo me esforçar. Hoje, sou faxineira; arrumei um serviço. Limpo casa de rico, casa de pobre e de quem puder pagar.


Por amor. Eu sempre limpei a sujeira dos outros com o meu amor, mas nunca limparam as minhas sujeiras que alguém outrora deixou: só sujaram mais ainda o que já estava sujo, imundo. Por amor, eu deixei você sujar a minha vida, o lado esquerdo do meu peito à vontade. E agora, não por amor, mas por necessidade, limpo a sujeira dos outros.


O “você não sabe amar” ecoa até hoje, diariamente. Você não mediu as palavras, só mediu seu amor com migalhas. O “você não sabe amar” ecoa na mente, sussurra no meu ouvido, faz a minha vida querer agonizar até hoje, mas sinto uma força... Não sei de onde. Só sei que sinto e consigo me levantar do fundo do chão.


Estou doente. Tumor. Na cabeça. Vou ficar até onde eu puder. Por amor. Meu filho merece todo o amor do mundo. O amor que só Deus ousou me dar; cada força... Ó, Pai, sou bem grata. Acho que Deus me dá aquela força que vem da dor que você deixou.


Por amor... O que eu não faço pelo amor? Por amor? Por amor. E você me disse que eu não sabia te amar... Mas dou amor, porém só recebo dor. Mas um dia isso vai acabar. Não tenho pressa, pois o tempo vai se esvaindo como uma areia fina caindo do palmo e entre os dedos da tua mão.

1 Décembre 2022 12:28:18 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

A propos de l’auteur

Igor Azevedo Igor sempre brincou de professor e escritor. Na infância, sonhava com o lançamento de um livro, mas pelas poucas condições e pouca idade que possuía, seu sonho parecia impossível, porém nunca esquecido. Na adolescência, não costumava ler por influência das tecnologias que geravam um desinteresse latente pela arte da escrita. Tudo isso acabou quando Igor sentiu a necessidade de se esvair do mundo, quando a Literatura era a única saída, o suficiente para transformá-lo em amante da arte.

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