Eu já quis muita coisa.
Já quis acordar pela manhã para sentir o excelente aroma das flores; depois, levantar e ver o nascer do sol pela janela da varanda. Já quis acordar e ver o meu amor do meu lado na cama. Já quis levantar e fazer companhia a alguém no café da manhã. Já quis lembrar boas recordações. Já quis sair por aí para me divertir, na companhia do maior e melhor amor do mundo. Já quis ver minhas séries e filmes preferidos acompanhado de alguém que eu ame e que me ame. E à noite, poder dormir abraçado e ser abraçado, sendo protegido de todos os males que algo ou alguém possa me causar. E assim, ver um novo sol raiar, com a alegria e a paz de um amor verdadeiro.
Mas é utópico. Pelo menos creio que seja utópico, nesses dias de um tempo conturbado que vivemos.
Eu já quis. Quis muito mesmo. Quis tanto que não tive.
Quis tanto que penei e só encontrei corações cheios demais ou vazios demais... Cheios de ódio, rancor e desamor. Vazios pela desilusão.
Encontrei pessoas que só queriam o que eu tenho ou tinha, porque a gente sempre perde, e muito. Que não queriam nada, apenas me usar.
Eu nunca tive sorte em encontrar alguém que me preze pelo o que eu sou. Pergunto-me: será que tenho alguma qualidade ou estou aqui só de passagem? Meu mal é ser intenso demais, sentir demais, ser brega demais. Por que ainda sonho pela utopia que é amar? Questiono-me, mas não tenho respostas alguma.
Enfim, já quis muita coisa. Mas quando se necessita de coisas para se sentir bem, mas não as tem, o coração seca, atrofia ou apodrece. E isso dói muito porque não é uma escolha sua, mas sim, do mundo.
O mundo me fere cada vez que diz não ao meu amor e prefere minha frieza e a dor do meu sofrimento.
Dias passam, a dor vai e volta, mas sempre está aqui, corroendo aquilo que era pra ser e queria ser.
Eu não queria chorar a podridão do meu coração machucado. Queria chorar por ser vivo e feliz. Eu já fui feliz? Eu já me senti bem?
Enquanto isso, eu assisto a qualquer coisa na TV. Vejo qualquer coisa na internet e passo horas lá. Leio qualquer livro. Como qualquer coisa que eu quiser. Estou só de passagem aqui. Tenho nada que possa me prender à alegria de viver.
Tenho feito por fazer. Sem esforço, sem forças. Se eu faço bem, é por dom, não por vontade. É como se eu quisesse gritar, mas fosse mudo por natureza.
Merci pour la lecture!
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