Jeancarlo Berton
Hoje acordei como de costume, tomei meu café e sai para o trabalho, achei estranho meu vizinho não estar varrendo a calçada como sempre fez nos últimos dez anos, mas não dei muita importância, estava uma manhã fria e eu também não estaria de pé se não precisasse realmente.
As ruas estavam vazias dando a impressão de um domingo ou feriado, mas tinha certeza que era uma terça feira comum. Segui até a empresa com uma sensação de irrealidade, mas sem me preocupar, estava com vários serviços atrasados que necessitavam de toda minha atenção naquele momento.
Quando você entra em uma rotina, não percebe as mudanças aos seu redor, você se preocupa apenas com o próximo passo, mesmo sabendo que o chão pode não estar ali, você pisa.
Já na empresa a rotina tomou conta novamente, liguei os computadores e ato continuo, o rádio, este não estava sintonizado na emissora de costume, girei o dial até o final e voltei, nada, apenas a estática ressoando alto e desisti.
Os trabalhos foram postos em dia rapidamente, nenhum cliente para interromper, o serviço fluiu, olho o relógio 10h20, estranho que nem o serviço de mensagens tenha dado sinal de vida, estava totalmente inerte, o celular e o telefone igualmente mudos, nada...
Vou até a rua, vazia, silêncio, ninguém. Resolvo tentar o telefone, amigos, família, clientes e nenhum retorno, talvez o serviço de emergência saiba o que está acontecendo, mas apenas o atendimento automático, nenhuma voz humana, com o carro e em desespero vago por uma cidade morta e vazia.
Entro em um bar e pego um maço de cigarros, acho que é um bom momento para voltar a fumar e principalmente beber.
O relógio marca 20h17, estou em um supermercado vazio, sentado sobre a esteira do caixa número 22 com uma cerveja nas mãos e uma pistola apoiada em minhas pernas, mil teorias passaram pela minha mente até agora e nenhuma faz o mínimo de sentido, talvez eu durma e amanhã tudo tenha voltado ao normal e o dia de hoje não terá sido nada mais que um pesadelo, mas se não voltar, a pistola está carregada...
Caio Vinícius
Adoro uma história de fim da sociedade, me traz conforto! Vou seguir a leitura como uma série.
Merci pour la lecture!
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