Após uma caminhada matinal, Emanuel sentou-se no banco disposto em uma área de recreação do parque que possuía árvores escassas com raízes expostas, animais perambulando pelo cenário e algumas pessoas transitando. Refletindo sobre dias melancólicos, lembrou-se da recomendação de sua terapeuta: “Aprecie o momento presente”. Então, começou a observar com mais atenção tudo que o cercava, avistou numa árvore uma mãe pássaro alimentando os filhotes, mas subitamente associou aquela cena com o abandono parental que sofrera na infância. A lembrança reverberou em uma angústia adormecida e marejou seus olhos por um longo período. “Era isso que ela queria?”. Enquanto segurava as lágrimas por um momento e se recuperava, percebeu quantas pessoas olhavam-no, ficando apreensivo: coração acelerado, tremores, sudoração e formigamento ocorrendo simultaneamente. O medo ativou o instinto: “Estou sendo perseguido, preciso sair daqui!”. A frase surgiu como uma voz turbulenta em sua cabeça. Saiu em disparada o mais rápido que pôde até a falta de fôlego pará-lo, sentando-se no chão. Já não tinha forças para dar mais nenhum passo ou sequer lacrimejar, sua cabeça doía. Respirou profundamente algumas vezes e quando estava mais calmo conseguiu mudar de foco olhando em direção à lagoa e suas micro correntezas. O movimento da água por menor que fosse tornara-se um acalanto em meio aos pensamentos repetitivos de autojulgamento, pois nesse processo de fluxo constante, tudo parecia estar em seu devido lugar.
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