dandelyonn A.S.A

Ela acordou, tudo estava vazio, sua mente, suas memórias, não tinha nada... bom, o espaço onde ela estava tinha algo pelo menos. Era uma biblioteca, ela pensou, era óbvio. Um cômodo circular com várias estantes, quatro marrons com livros velhos e uma branca, bonita e simples, simples ate demais.


Fantaisie Déconseillé aux moins de 13 ans.

#alma #dimensões #ficção #portais #romance #fantasia
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Estupidamente Branco

Sabe a sensação estranha que sentimos se sonhamos que caímos de algum lugar muito alto, e quando acorda seu corpo pula e é como se o coração parasse de bater por um segundo devido ao susto?


É isso que Nova está sentindo.


Ela acordou no meio de uma biblioteca imensa, sem nenhuma memória de como chegou ali, sua cabeça doía e girava, a luz amarelada iluminava o cômodo todo e parecia estar de noite, e estranhamente esse cenário é muito familiar ao mesmo tempo que é desconhecido.


Certo, ela não se lembra de nada, exceto o seu próprio nome, Nova, era realmente um nome bem diferente, não muito comum e poderia ser facilmente confundido com o substantivo. Tipo, imagine o seguinte diálogo: "Essa é Nova, nossa nova aluna" realmente uma péssima escolha de nome.

Mas isso não importa no momento.


Também sabia ter entre vinte a vinte cinco anos, ela não se lembra de sua idade, na verdade, mas refletiu que este número fazia sentido para ela.


Ela precisava pensar, mas pensar em que se sua memória não existe mais?


Claro que nessa situação a coisa mais lógica a se fazer é procurar outra pessoa e pedir ajuda, afinal não seria inteligente simplesmente sair andando em um lugar que não conhece, por exemplo, podia ter armadilhas, algum assassino, um sequestrador ou um animal obviamente vindo de um experimento ilegal de algum louco, talvez ela realmente tenha sido sequestrada, nunca se sabe.


Mas é óbvio que ela não seguiu o conselho dado pela sua vazia mente e começou a andar pelo lugar, e não havia mais nada para fazer, já que não tinha mais nada para pensar.


Deixando de lado sua incomum situação atual ela começou a notar o espaço ao seu redor, uma sala ampla e redonda, cheia de estantes, a suposição mais óbvia era de que o lugar é uma biblioteca ou uma livraria, mas ela não tinha certeza, talvez fosse um quarto de alguém que lê muito, porém sem uma cama, tem gente que dorme no chão? Ou talvez um depósito onde incrivelmente só tem materiais de leitura.


No lugar tinham outros móveis como uma mesinha e uns sofás bem pequenos que ficavam no canto, porém o centro era completamente livre mostrando o chão de madeira escura com padrão feio e desgastado, a sua frente se instalava uma grande porta da mesma cor do piso, igualmente feia e velha.


Enquanto todo o cômodo seguia um padrão de cor amarronzada, apenas uma estante se diferenciava, uma grande estante branca, na verdade, ela é excepcionalmente branca, com livros igualmente brancos, mas não era um branco normal, era tão branco que ficava difícil diferenciar os livros um do outro, como se tivessem uma literal ausência de cor. Andou em sua direção, os livros perfeitamente encaixados, eram de tamanhos diferentes, mas completamente iguais na aparência, eles tinham uma capa dura revestida com um tecido impecavelmente (e novamente) branco, do começo até o final da estante estavam numerados de cima para baixo do 1 até o 417, em perfeita ordem sem faltar e nem repetir nenhum número.


Para Nova aquilo era uma visão torturante, quem tem uma prateleira tão arrumada assim? E pior ainda, todos os livros eram terrivelmente brancos, não tinham nenhuma outra cor, não tinham nada de diferente, muito menos títulos ou nome de autor, apenas números, eram todos iguais, a falta de originalidade era agonizante, quase um crime.


Ela olhou para as outras estantes, procurando alguma menos medonha do que a que estava em sua frente.


As outras difere da anterior, abarrotadas de pergaminhos velhos e livros igualmente gastos, a maioria estava sem títulos ou extremamente velhos, porém possuíam cores, diferentes dos anteriores, todos muito bem cuidados, por mais que pareçam mais velhos que ela, distribuídos em um tipo de "caos organizado", como se apenas o dono pudesse entender a ordem caótica que estavam, e que provavelmente era muito mais propensa a atrair poeira.


A sala também tinha grandes janelas, três ao todo, duas eram possíveis de abrir, a outra não, porém estavam fechadas e batendo devido ao vento do lado de fora.

Andou até uma delas, o tamanho era suficiente para três pessoas moderadamente altas pularem juntas, e se surpreendeu olhando para o lado de fora, estava esperando uma cidade, ou pelo menos uma floresta, mas a única coisa que pode ver era uma imensidão de areia ridiculamente branca, que cor estúpida, e cristais gigantes coloridos saindo do chão, dando ênfase ao fato de serem coloridos, não brancos.


Era bonito de uma certa forma, artístico, os cristais de cores frias reluziam lindamente na areia, trocando a tonalidade entre azul, turquesa e lilás, uma visão espetacular que parece ter saído de um livro de fantasia.


Porém, mesmo sendo uma lista vista, olhar para o chão do lado de fora gerou em Nova uma sensação agonizante que tomou conta do seu peito, o vazio que aquele lugar virou de repente a assustava, e o seu coração batia tão rápido quando o movimento que ela fez para se afastar da agora medonha janela, isso é estranho, era perturbador e trazia um forte sentimento de medo, nada agradável nada confortável, encarou a janela mais uns segundos se perguntando se é um medo racional ou talvez um trauma passado de altura que ela não se lembra mais, talvez seu coração não gostasse de janelas, de cristais, ou talvez de branco, a cor estúpida da areia, deixou a dúvida sobre o medo do seu coração no ar e voltou a explorar.


Olhou em volta procurando algo interessante, não tinha mais nada além das poltronas e do chão feio, e no momento ela não queria ler nada, principalmente os livros braços, porém ainda tinha a porta, foi em sua direção, era grande e imponente, feita de madeira enfeitada com pequenos desenhos, um pouco pesada, porém não estava trancada, com um pequeno esforço ela a abriu.


O outro cômodo era consideravelmente menor do que o primeiro, tinha também um formato redondo com piso e paredes iguais, mas em comparação era consideravelmente vazio.



Tinha o mesmo padrão feio de piso e sem nenhuma porta além da que ela passou, o papel de parede desse cômodo parecia mais novo, e mesmo assim era desbotado, havia apenas uma mesa redonda e pequena que batia um pouco acima do seu umbigo, bem centralizada no lugar, se aproximou e viu sobre ela apenas um colar, era bem longo e enfeitado com um pingente de cristal azul-claro que mudava suavemente de cor com a luz do ambiente, igual aos do lado de fora, porém menor que a grossura do seu dedo.


Era realmente bonito, brilhava de forma tentadora nos olhos dela, era como se estivesse convidando a tocá-lo, seu subconsciente avisou que já vira esse colar antes, tinha certeza, mas sua mente não se lembra aonde exatamente.


Moveu sua mão cautelosamente e o tocou, o que ela julgou como uma péssima ideia logo depois, já que o ambiente inteiro ficou escuro, mas não era uma escuridão como se a lâmpada tivesse quebrado ou a energia do bairro tivesse caído, o lugar ficou tão escuro que era impossível enxergar as paredes do cômodo, nem parecia mais que estava nele.


Apenas o brilho do colar na sua mão era fraco, mas reconfortante, ela não se mexeu, na verdade, ela não podia se mexer, uma força invisível e obviamente sobrenatural a prendeu no chão, logo depois ela foi derrubada pela mesma força, como se estivesse sendo empurrada, fazendo ela cair sentada.


Isso tudo foi tão rápido que Nova não conseguiu pensar em nada, e quando estava começando um palavrão em seus pensamentos um clarão muito forte apareceu interrompendo qualquer ação que ela ia fazer, como se o sol estivesse brilhando do seu lado, mas assim como ele apareceu de repente foi diminuindo e quando apagou por completo apenas ficou um vulto brilhoso de um homem adulto, sim, um vulto vivo.


Ele a encarava, também sentado no chão, e Nova não conseguia pensar em nada, em como isso tudo era absurdo, em como o vulto parecia um velho com a coluna torta e joelhos fracos, nada, a única coisa que ela podia fazer no momento era olhar, boquiaberta, completamente imóvel e com sua mente bagunçada.


Bem-vinda a sua segunda chance, Nova — Ele de repente disse com uma voz grave e oca.


Mesmo sendo um vulto, e obviamente não possuindo boca Nova jurou ter visto sua mandíbula brilhosa subindo e descendo enquanto falava, então julgou que foi ele mesmo que disse isso, é logo após de sua análise com um estalo em sua mente ela percebeu que poderia se mexer e falar novamente.


Em? Segunda chance? — Ela perguntou perplexa com a situação.


A única coisa que ela poderia fazer era esperar, afinal, vai que essa coisa é perigosa, talvez até fatal, e se ele não mostrasse seu rosto por ser tão horroroso que matasse pessoas apenas por ser visto, mas ele não respondeu, e mesmo que fosse impossível ver qualquer elemento de sua face Nova jurou que viu ele abrir uma espécie de par de olhos e encarar ela, sem piscar, como se estivesse analisando o seu rosto.


E quando ele finalmente "piscou" algo estranho aconteceu, quase um colapso na mente de Nova, várias imagens passavam rapidamente pelo os seus olhos, era uma mistura bagunçada e nada homogênea de memórias, e junto veio uma enorme dor de cabeça, parecia ter alguém batendo em sua nuca sem parar com um martelo pesado.


Depois de uns segundos a dor parou, e o vulto continuava parado a encarando, sem fazer nada, quando cansou de esperar uma resposta ela virou os olhos para outra direção, já que não podia mexer a cabeça. Ok, o que fazer agora? Levantar e sair correndo estava fora de questão, o vulto nem responde ela, a melhor coisa que tinha que fazer era rever essa "memória" nova.


Basicamente era uma luta, pelo menos parecia, ela mesma contra um homem bem alto, cabelos compridos que mais pareciam várias tranças e metade da cara enfaixada, várias cenas de pulos e avanços com intenções assassinas eram frequentes de ambas as partes, Nova estava atacando com uma grande lança que ela não se lembra de ter e usando reflexos rápidos contra o homem, não parecia querer feri-lo, apenas contra-atacar e se defender, ela estava falando algo, mas a memória veio no mudo, igual a um filme antigo mas com cores.


O Homem se desviava enquanto conjurava correntes vermelhas que surgiam de todos os lugares possíveis para atacar a garota ou bloqueá-la, os seus olhos eram frios e violentos, realmente tinha a intenção de matá-la. Era uma habilidade no mínimo incomum, as correntes apareciam sem suportes e atacavam como cobras, algumas com tamanhos e grossuras variáveis, mas todas vermelhas brilhantes, quase mágicas, oque provavelmente era para aparecerem sem razão no meio do vento.


A cena continuou, cheia de desvios e ataques de ambos os "personagens".


Até que...


Uma corrente que saiu do chão prendeu Nova pelo tornozelo a impedindo de se mover, lentamente o misterioso homem se aproximava dela, e do nada tudo se apagou e acabou, simples assim.


No meio dos seus devaneios o vulto finalmente se mexer, muito rápido, se não estivesse paralisada, Nova provavelmente ia cair no chão por reflexo.


Nova — O vulto falou — Você perdeu.


Certo, Nova sabia que isso era óbvio, qualquer um iria pensar nisso, não tinha a menor chance dela sobreviver, mas não estava com coragem o suficiente para dizer isso ao "vulto"


E ele continuou.


Você falhou em sua missão e morreu — o ser sem face parecia levemente impaciente — Claramente você renasceu, mas como prejuízo perdeu a sua memória e a sua existência foi apagada na memória de todos.


Que papo de doido é esse? Ela morreu, mas como, geralmente a morte era um ponto final e Nova tinha certeza que não era uma deusa, até onde ela sabia.

Como assim eu morri, isso é impossível.


Não é impossível, já que você é uma criação minha, e para o bem de todos tive que te reviver quanto antes, já que você precisa voltar a suas atividades o mais rápido possível.


Obrigada, senhor vulto, ficou mais confuso ainda.


Como que eu vou acreditar em você se o senhor nem me explica quem eu sou e quais são as minhas funções? — Querendo ou não essa "pessoa" sabe o seu nome, então provavelmente conhece ela.


O vulto voltou a ficar parado sem nenhuma reação, como um vídeo pausado, então Nova parou para refletir, certo, o'que o vulto falou sobre ela ter morrido e que é um tipo de criação dele é bem mais normal do que a própria existência do vulto. Olha, poderia ser verdade? Talvez sim, e mesmo que não fosse, era a única alternativa, então ela escolheu acreditar.


Humm... Senhor vulto? — Talvez se ela chamasse o vulto voltava.

Ele se mexeu novamente, não é que funcionou?


Bom — Endireitando a sua postura ele continuou — quando você renasceu acabou parando em frente a uma estante com livros brancos, não é? — Esperou uma confirmação que veio através de um balanço de cabeça de Nova — Esses livros não são comuns, eles são a representação dos universos que você cuida, cada número é um universo diferente e cada um deles possui um enredo, protagonista e coadjuvante como um livro normal, entendeu?


Não — Nova falou com uma expressão neutra, aquela história toda estava realmente ficando interessante, mas ele ignorou.


Essa foi a maneira mais fácil de organizar esses universos, antes eles eram apenas esferas de luz largadas pelo universo, então eu criei a torre e transformei cada uma das esferas em um livro, coloquei cada uma em um pote de tinta e escrevi cada um daqueles livros, porém um dia o meu trabalho ficou cansativo, por isso eu te criei, a suas atividades são protegê-los de um fim que não seja natural, cuidar deles e reescrever se for preciso, e manter tudo em ordem, o homem que te matou estava tentando destruir o universo 99, você foi impedi-lo, mas ambos morreram na luta.


Mas quem é ele? Porque ele pode entrar nos universos, e você não pode simplesmente apagar ele?


Eu não criei ele, então não posso apagá-lo, existem outros como eu, talvez esse homem apenas foi uma criação protetora defeituosa, inclusive existe a possibilidade dele renascer assim como você.


Isso seria uma dor de cabeça horrível.


E oque você e esses iguais a você são?


Rapidamente a postura dele mudou, o senhor que antes se sentava como um velho corcunda que caiu no chão, agora ajeitava a postura e apresentava uma certa animação com a pergunta dela.


— Nós somos os criadores, responsáveis pela criação dos universos, alguns criam almas, outros a retiram e eu crio todo o resto, sem nós nenhum daqueles personagens existiria - ele falava com um tom muito esnobe - mais alguma pergunta antes que eu te envie de volta?


Ok, Nova pensou, ela tem uma função agora, porém a única pergunta que ela tinha era como funcionava, como se entrava em um livro, e como ela iria lutar contra homens assustadores que nem aquele?


Como eu vou executar bem as minhas atividades se eu não faço a mínima ideia de como eu faço isso, até porque eu nem sei entrar nesses universos que você mencionou, e pior, se acontecer algo eu não vou saber como agir e provavelmente vou morrer de novo.



O velho parecia surpreso com essa pergunta repentina, pensou por um momento e respondeu de forma calma.

Você tem razão, afinal poderia ser perigoso você morrer de novo, e ressuscitar alguém dá muito trabalho, deixe-me pensar... Vamos fazer assim, sempre que tiver alguma dúvida pergunte mentalmente que eu irei te responder.



Tipo uma voz na minha cabeça ou telepatia?


Não, as respostas vão aparecer naturalmente na sua cabeça, e você vai sentir quando algo der errado em algum livro, a porta vai avisar.


E quanto as minhas memórias? espera, que porta?


Você irá desbloqueá-las com o tempo, afinal já lembrou de uma, a porta você vai ver quando voltar.


Nova estava pensando, se ela vai ter a respostas automaticamente de como agir não deveria ser tão difícil, e ela não tinha uma escolha melhor mesmo, pelo menos agora tem atividades e não vai morrer de tédio sem saber o que fazer naquele deserto assustador.


Alguma dúvida a mais?


Muitas, mas sua mente ainda não conseguia formular perguntas para elas.


Nenhuma, já posso sair daqui?


O vulto levantou a mão até a altura da própria cabeça e estalou os dedos.



Não morra


O criador levantou a mão, e com o estalo Nova foi transportada novamente para o seu mundo, a dor de cabeça e a vertigem já deixava claro que se teletransportar não era uma ação muito confortável, ela tinha trabalho a fazer.


E novamente, pela segunda da vez no dia ela parou em um lugar estranho, não era mais a biblioteca, agora a sua única visão era o céu escuro, deitada em areia, levantou-se deparando com uma torre em sua frente, uma construção maluca feita de tijolos cinza escuro, era como um monte de torres juntas que formavam uma só, ela estava no mesmo lugar que viu na janela da biblioteca, o grande deserto branco com cristais coloridos imensos saindo do chão.


Ela entrou pela porta e o cenário da biblioteca se repetiu novamente, tudo quase igual a antes, porém não era como se o lugar fosse uma biblioteca pública ou um tipo de exposição estranha, agora parecia que alguém vivia aqui.


Pelo ambiente se encontrava uma mesa enorme no meio da sala sem nenhuma cadeira, em cima dela estava cheia de materiais diversos de papelaria como papéis e folhas coloridas de um material que Nova não sabe qual é, agora tem mais estantes com livros normais, no sentido que não aparentam conter literalmente universos inteiros dentro deles.


E Nova achou a tal porta, ela estava lá, ao lado da estante com a mesma cor estúpida de branco, uma maçaneta de cobre enferrujada e com um tipo esquisito de tranca digital no lugar na fechadura.


Ela estava apreensiva, essa ao que tudo indica é a sua própria casa, mas não reconhece nada nela, não sabe onde é o seu próprio quarto e nem o'que estava fazendo com os materiais em cima da mesa enorme, não se lembra se um desses livros é o seu favorito, quais o'que ela não gosta e nem porque todos estão arrumados desse jeito.


Será que ela namorava? Ou tinha um animal de estimação que fugiu, e principalmente, qual a sua aparência? A cor dos seus olhos ou se seus dentes são tortos, ela é magra ou gorda? Alta ou baixa? Quando você pode apenas olhar para suas mãos e seu corpo de cima pra baixo não lhe dá uma boa perspectiva.


Sim, agora Nova tinha um objetivo, descobrir quem ela é, saber quais são as comidas que mais gosta ou as que ela odeia, qual sua cor favorita que obviamente não é branco.


E o primeiro passo ela decidiu concluir agora, subiu as escadas e olhou por aí em busca de um espelho.

11 Février 2022 15:16 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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À suivre…

A propos de l’auteur

A.S.A Desenhista e escritora que passa cada segundo do dia pensando em suas histórias.

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