Me vesti inteiramente de preto e estava cercado por paredes brancas.
Me produzi para quem não veio.
Foi como me perfumar com o tempo e ficar imóvel até a fragrância sumir.
Eu me senti vazio.
O cheiro do tempo que se dissipava me lembrava grama recém cortada.
O silêncio só realçou o enorme protesto de dor por baixo da pele.
Do quarto pro banheiro.
Umedeci o rosto e fui pra sala.
Resolvi ver o que tem na cozinha.
Olhei fixamente pra dentro da geladeira eu procurei o que não tinha.
Voltei pro quarto. Meu contador marcou 2007 passos
e eu não encontrei o que procurava aqui dentro.
Tudo tão vazio.
Realmente esse apartamento combina comigo.
De verdade, eu sabia o que precisava fazer, eu só não fiz.
Foi assim com tudo que já me fez bem, como as dietas, academia, faculdade, economias, meu curso de inglês, empregos e agora o amor. Achei que iria ser pra sempre, mas logo acabou a empolgação inicial, e eu deixei esvair.
"Mari, é como se a alegria fosse um par de bolsos. Eu estou puxando os forros para fora e sigo não encontrando nada."
Minha analista seguiu me ouvindo, meus sentimentos ainda estavam confusos,
mas depois do olhar dela, por cima da armação do óculos, eu optei pelo silêncio sobre o que realmente importava.
Não foi proposital.
Mas as nossas conversas, o divã, as cores do consultório.
Tudo tão vazio.
E com um aroma de plantas regadas.
Ela cobra por hora e eu senti o cheiro do tempo dissipando.
O silêncio só realçou o enorme protesto de dor por baixo da pele e dessa forma eu acabei, mais uma vez, com a empolgação em algo que me fez bem.
Merci pour la lecture!
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