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Em todos os seus incontáveis anos de vida e morte, Yoongi jamais pensou que viveria algo parecido. Mas lá estava ele, segurando o pequeno bebê desconhecido no colo, o pingente com o nome Park Jimin escrito era a única informação que possuía sobre a criança. A partir daquele dia, as vidas do vampiro e do pequeno ser por ele encontrado estariam entrelaçadas por essas e outras vidas, até que fosse dada a essas almas a oportunidade de viverem o seu amor.


Fanfiction Groupes/Chanteurs Déconseillé aux moins de 13 ans.

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Eu ainda serei sua vida

Escrito por: @_Hoseok12


Notas iniciais: Olá, meus nenéns, como vocês estão? Eu espero que bem. Enfim, cá estou eu aqui de novo, dessa vez com um angst.

Bem, é a minha primeira vez escrendo uma fanfic desse gênero, então peguem leve comigo. Lembro que a algum tempo atrás, estava conversando com uma amiga e eu afirmei que não escreveria angst, pois não era minha praia e olha eu aqui arriscando com esse gênero depois de tanto tempo.

Enfim, acho que já falei demais, então espero que gostem e aproveitem a leitura. Vejo vocês nas notas finais 💕


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Ásia, 1860.

Sempre me pego pensando o porquê de os seres humanos começarem uma guerra. Em todos esses anos, ouvi inúmeras respostas, mas, a cada temporada que passa, tenho certeza de que é pelo simples prazer de matar; embora isso soe engraçado, já que muitos de minha raça foram caçados pelo mesmo motivo. Todavia, não posso negar que o vermelho das chamas, que queimam sobre essa vila incendiada, me transmite um sentimento diferente; veja bem, os aldeões desse pequeno vilarejo eram pessoas de bem, sempre os observei, mas nunca imaginei que morreriam de uma forma tão violenta. Os gritos chegaram a machucar meus tímpanos e, ainda que quisesse ajudar, eu não podia, nós, vampiros, temos regras a seguir, e uma destas é não se meter nos assuntos dos humanos.

Por isso, só pude observar o massacre que aconteceu aqui. Corpos jogados por todos os lados, o escarlate escorrendo ao chão refletia sob a luz da lua; sinto meu estômago embrulhado, uma sensação parecida com nojo enche meu ser e, mesmo que eu seja um vampiro, nem todo sangue é saboroso aos meus olhos, e o que foi derramado aqui é um deles. Quanto mais ando, mais corpos surgem. Acho engraçado nos chamarem de monstros, sendo que a visão que estou tendo agora se compara a um ataque de feras selvagens.

O cheiro de ferro fica cada vez mais forte, meu estômago está cada vez mais embrulhado, é difícil ignorar a repulsa que toma conta do meu âmago. Parado no meio da praça, tenho um panorama do local; é possível ver membros decepados, sangue por todos os lados... É uma visão horrorosa até mesmo para mim.

Aqui, ainda observando, nem sei o que pensar; solto um longo suspiro, não tem nada que eu possa fazer, minha única opção é voltar para a mansão e me afundar nos meus livros, e é isso o que decido.

Lentamente, eu me afasto e, ao sair do vilarejo, concluo que cortar caminho pela floresta possa me acalmar, talvez o cantar dos pássaros noturnos e a brisa suave conforte meus sentimentos bagunçados.

Realmente, eu estava certo. Aos poucos, meu coração foi se acalmando, era como se a brisa amena que toca meu rosto, pudesse levar junto consigo todos os sentimentos negativos que eu tinha.

Estou na metade do caminho quando escuto de longe um choro. Por alguns segundos, pensei que estivesse ficando louco, era quase que impossível ter alguém aqui a essa hora da noite, mas quanto mais me aproximava, mais alto o som ficava. Ali, no meio daquela floresta, enrolado em um paninho, estava um bebê; olhei ao redor, em busca de alguém que pudesse ser a mãe, mas não havia ninguém, nem sequer um rastro deixado para trás.

Fui para perto do bebê, seus olhinhos brilhavam por conta das lágrimas e seus pequenos lábios tremiam — até ponderei deixá-lo ali, talvez alguém escutasse o choro assim como eu e viesse o salvar. Quando o pequenino me viu, seu choro gradualmente cessou. Ele me olhava curioso, talvez fosse por minha pele ser tão branca como a neve ou por minha capa preta, que cobria todo o meu corpo; aquela pequena criança grudou seu olhar em mim, suas mãozinhas estavam levantadas, brincando com o ar, e eu senti em meu corpo uma curiosidade se atiçar.

Com cuidado, agachei-me ao lado do pequeno e levei meu anelar até aquelas pequenas mãozinhas que, sem demora, envolveram meu dedo com força. Senti, em meu rosto, um mínimo sorriso aparecer, mas logo tratei de me manter impassível.

Eu não podia, não, de jeito nenhum.

Só poderia ser louco em pensar em algo assim.

Nunca, jamais, Min Yoongi, você não pode, era o que eu repetia para mim mesmo, mas ele me segurou com mais força, como se soubesse que estava pensando em deixá-lo ali.

Meu coração se rendeu. Eu morava sozinho e acreditava que criar uma criança não devia ser tão difícil. Derrotado, peguei aquele pequeno corpinho, envolvendo-o em meus braços, e, com cuidado, segui meu caminho.

Durante o trajeto, aquele pequenino acabou dormindo, seus cílios ainda estavam molhados e, de vez em quando, ele dava alguns espasmos por conta do choro.

Ao chegar na mansão, subi para o meu quarto. Cautelosamente, coloquei o bebê em minha cama, fazendo o possível para que não acordasse — tentativa falha, pois, assim que o deitei, ele abriu os olhinhos. Assim, aproveitando o fim de seu recente sono, resolvi lhe dar um banho, já que estava sujinho.

Deixei-o em minha cama e fui preparar a água para o banho, lembro que li em um livro que a pele dos bebês são sensíveis, então a água para o banho tem que estar na temperatura ideal para não os machucar. Depois de medir a temperatura, voltei para pegá-lo.

Com atenção, fui removendo sua roupa que, convenhamos, eram trapos. Foi só aí que notei um pequeno pingente em volta de seu pescoço. Eu o peguei, nele havia um nome gravado com letras bonitas. Park Jimin, esse era o nome talhado no adorno.

— Park Jimin? É o seu nome? — perguntei, mesmo sabendo que a resposta não viria.

Ele mantinha o seu olhar preso em mim.

Retornei à tarefa, levando-o para o banheiro. Depois de banhá-lo, procurei algo para vesti-lo; outra tentativa falha, já que não havia nada que coubesse.

— É, pequeno, não tenho nada que caiba em você aqui. — Ele me olhava como se me entendesse. — Mas amanhã nós vamos até o mercado, para comprar algumas coisas. Então, por enquanto, vou usar essa velha capa como fralda para você não sujar minha cama, ok?

A resposta que ouvi foi uma leve risada seguida por vários sons de besourinho. Outra vez, senti em meu rosto um sorriso se formar, só que, dessa vez, não me importei.

Ano 1864

Aos poucos, os anos foram se passando. Jimin, que antes era um bebê de meses, agora está correndo pela mansão, derrubando vasos, quebrando copos no jantar — já perdi as contas de quantos copos foram arruinados nessa brincadeira —, mas é impossível ficar com raiva, porque, depois de fazer uma arte, Jimin me vem com uma carinha de tristeza.

Os olhinhos brilhantes e bochechas infladas em vários tons de vermelhos, com a cabeça inclinada para o lado e bracinhos para trás, balançando o pezinho em frente ao corpo, ele sussurra com a voz baixinha “Desculpa, senhor Min”.

A minha única reação é balançar a cabeça e mandá-lo voltar a brincar. O que mais eu posso fazer além de me render àqueles pequenos olhinhos? Acredito que, mesmo que ele coloque a mansão abaixo, eu não conseguiria ficar com raiva. Jimin tem um dom de me fazer derreter apenas com um olhar, malditos olhinhos brilhantes.

Quando eu o peguei, quatro anos atrás, nunca imaginei que criar uma criança daria tanto trabalho. Jimin cresceu saudável, era uma criança hiperativa. Antes, quando a mansão estava em silêncio, significava paz; agora, com Jimin aqui, significa perigo. Nunca pensei que alguém tão pequeno pudesse aprontar tanto quanto ele.

Ano 1876

Era uma tarde ensolarada de domingo, eu estava tomando meu chá quando Jimin, que estava debruçado em minha mesa, me fez uma pergunta:

— Senhor Min?

— Hum?

— O que é o amor?

Aquela interrogação me pegou desapercebido. Ele já estava naquela idade? Bem, tinha 16 anos. Talvez fosse isso e, embora aquela questão parecesse fácil aos seus olhos, eu não tinha respostas.

— Acho que perguntou isso para a pessoa errada, Jimin — relatei.

— O senhor nunca se apaixonou? — indagou ele.

— Eu morri antes de poder me apaixonar, Jimin — justifiquei.

— Em todos esses anos, você nunca se apaixonou, senhor Min?

— Não.

Jimin ficou pensativo. Sempre que me perguntava algo, eu respondia, seja sobre matemática ou guerras que aconteceram, eu sempre sabia a resposta, mas quando se tratava de sentimentos, isso era totalmente estranho para mim, como se fosse um universo novo.

Veja bem, eu morri muito jovem, tinha uns 17 anos quando fui transformado em vampiro há oitocentos anos. Era um garoto órfão e, assim como Jimin, minha família foi morta em uma chacina, em uma noite fatídica. O orfanato em que eu morava foi atacado por vikings; feliz ou infelizmente, um clã de vampiros estava passando pelo local quando me viu agonizando, muito fraco por causa da perda de sangue. Eu ouvi a voz de meu atual pai me perguntando se queria viver e, ainda que não tivesse forças para nada naquele momento, sussurrei um “Sim”, quase que imperceptível, e assim, fui transformado.

Depois de alguns séculos, parti da casa de meu pai, em busca de respostas para meus próprios demônios. Vivi muitas aventuras, andei por vários reinos e lugares, mas quando se é imortal, os prazeres humanos que eram tão divertidos, vão sumindo e, aos poucos, vão perdendo a graça.

Atualmente, eu tenho 823 anos. Há duzentos anos me cansei da vida que estava vivendo e decidi me isolar, foi assim que vim parar aqui; construí essa mansão afastada e vivo nela até hoje. Acredito que, por ser tão velho, Jimin ache que sei sobre tudo — bem, de todo modo, não está errado, sei sobre muitas coisas que os humanos não sabem, mas também não quer dizer que é tudo.

Jimin se sentou na cadeira, ainda pensativo, mas não me perguntou mais nada. Deixei-o sozinho, preso em seu próprio mundo; muitas vezes temos que nos questionar para saber aquilo que queremos, nem todas as respostas vão ser nos dada de bandeja, às vezes temos que quebrar nossas cabeças para descobrir. É assim que evoluímos mentalmente.

Ano 1878

Desde aquele dia, Jimin sempre me pegava inesperadamente com suas dúvidas. Se eu fosse listar, acredito que a que mais me deixou desprevenido foi em uma tarde de sábado.

Jimin estava sentado em minha frente, lendo um livro, enquanto eu bebericava uma deliciosa xícara de chá. Ouvi-o suspirar, ato que fazia quando algo estava o incomodando. Achei que talvez fosse alguma cena em sua leitura, então o que veio depois do terceiro suspiro me surpreendeu.

Quando estava prestes a dar outro gole naquele líquido fumegante, Jimin fechou o livro e disparou:

— Senhor Min, é possível um humano ser transformado em vampiro?

Ao ouvir aquilo, senti todo o meu corpo formigar. A xícara, que antes estava em minhas mãos, agora se encontrava no chão, e o líquido que outrora estava em meus lábios, neste instante, está em todo o meu tapete.

— Calma — disse ele. — Não vou pedir para que me transforme. Só fiquei curioso.

Suavemente, recompus-me; peguei minha amada xícara que, felizmente, não havia quebrado e a coloquei em cima de seu pires. Depois de um gentil suspiro, cruzei minhas mãos abaixo do queixo e partilhei:

— Sim, é possível, mas por que está me perguntando isso? — salientei.

— Nada de mais, só curiosidade.

Voltou seu olhar para o livro, fingindo que nada tinha acontecido. Fiz a mesma coisa, mas aquilo não parou de rodar em minha cabeça. Nunca tinha contado a Jimin como eu tinha sido transformado, acredito que o menor ache que nasci como vampiro, por isso, questionou. Mas mesmo assim, ainda naquele dia, quando deitei em minha cama, sua dúvida persistiu em minha mente; eu estava ciente que, se Jimin não fosse transformado, um dia, teria que lhe dar adeus.

Acho que é por isso que nós vampiros não podemos nos aproximar dos humanos. Meu pai sempre nos alertou sobre isso: os humanos têm vidas curtas, eles são frágeis, são como cristais raros, bonitos e brilhantes, mas um passo em falso e já era, eles quebram e não tem como consertá-los.

Na minha percepção, a vida dos humanos é como uma vela: quanto mais tempo vai passando, mais vai perdendo seu tamanho e, quando chega no final, acabou; tudo o que sobra é a cera derretida. Eu acredito que a cera é como as lembranças. Você pode ver, mas não pode fazer mais nada e, mesmo que tente reutilizar aquela mesma cera, não será a mesma coisa, pois o que era antes já não pode mais voltar.

Talvez, por conta disso, desde que fui transformado, sempre relutei em ter um contato a mais com os humanos. Sempre tive receio em me aproximar de alguém, de criar laços, de me apegar, porque se esse alguém não fosse assim como eu, chegaria o dia em que eu teria que dar adeus, e a dor do adeus para nós, imortais, é a mais dolorosa que podemos sentir.

Ano 1882

Estou caminhando pelo jardim da mansão, Jimin havia saído mais cedo para ir à cidade, então aproveitei para andar. Está uma linda manhã ensolarada, gosto da sensação do calor preenchendo o meu ser. Estou com meus olhos fechados, aproveitando o momento, quando sinto leves braços rodearem meu pescoço.

— Bom dia, senhor Min. — A voz suave de Jimin logo chega aos meus ouvidos.

— Bom dia, Jiminie — murmurei com meus olhos fechados.

— Olha o que achei no caminho para cá — exclamou de forma animada.

Abri meus olhos para ver o que tinha o entusiasmado tanto e, em suas mãos, estava um mini buquê de Campânulas. Muito lindas, por sinal.

— São lindas — ressaltei.

— São para você — objetou.

— Para mim? — questionei confuso.

— Sim. — Entregou-me o pequeno ramo.

Com cuidado, peguei-o de suas mãos. As flores realmente eram muito bonitas.

— Você sorriu! — gritou Jimin, de repente.

— Quê? — Assustei-me com o seu ato repentino.

— Você sorriu, senhor Min! — Jimin tinha um enorme eye smile no rosto.

— Você está imaginando coisas — reprovei, tentando fugir do assunto. Eu realmente sorri? Não, definitivamente não.

Antes que mais alguma coisa estranha acontecesse, agradeci pelo buquê e entrei; eu, indiscutivelmente, não sorri.

Ano 1885

Sinto que o tempo está passando muito rápido, isso é estranho. Estou na varanda de meu escritório quando vejo Jimin no jardim, ele está cortando lenha para a lareira.

Ele sempre foi um jovem dedicado no que fazia, nesses últimos vinte e cinco anos, pude observar cada mínimo detalhe seu; Jimin é alguém cheio de energia e, embora, seja bem extrovertido, é um jovem caseiro.

A maioria dos jovens hoje em dia está se casando, formando família, saindo para beber nas tabernas... coisas de jovens, mas o Park não se encaixa nesse padrão. Ele é daqueles que prefere ficar lendo uma pilha de livros em vez de sair, as vezes em que sai é para ir à cidade fazer compras ou para caçar; eu mesmo não entendo, quem trocaria uma tarde divertida na cidade para ficar em casa fazendo companhia para um velho como eu?

Quando estou prestes a entrar, Jimin nota a minha presença. Ele abre um enorme sorriso e acena, eu retribuo antes de me virar em direção ao escritório.

[...]

Estou sentado, bebericando uma deliciosa xícara de chá, quando Jimin adentra o cômodo com um sorriso gigantesco.

— Senhor Min?

— Hum?

— Vamos ao festival da lua comigo!

— Festivais assim costumam ter muitas pessoas, não sei se vai ser uma boa ideia — observei, sorvendo meu chá.

— Vamos, por favor!

Debruçou-se sobre a mesa, olhando-me com aqueles olhinhos.

— Acho melhor eu ficar em casa, você pode ir — reitero.

— Por favorzinho. — Abre mais os mirantes, fazendo biquinho.

Droga, ele realmente sabe como me ganhar. Derrotado, solto um longo suspiro, sabia que, mesmo que eu negasse, Jimin continuaria me olhando com aqueles olhos até me render.

— Ok.

— Isso! — comemorou ele.

Ao cair da noite, fui me arrumar para sair, já faz algumas décadas desde que fui a uma festividade desta. Jimin está jogado em minha cama, lendo um livro, enquanto canta alguma coisa. Estou tão acostumado com esse hábito do mais novo, que nem me importo mais; ele parecia extremamente feliz, seus pezinhos balançavam ao cantar. Fofo, pensei.

[...]

Caminhamos por algumas horas até chegarmos ao tal evento, de longe era possível observar as luzes do local e, como havia suspeitado, a cidade toda estava ali.

Assim que chegamos, Jimin segurou minhas mãos e me arrastou de um lado para o outro, mostrando-me tudo. Ele estava tão animado e, embora, eu estivesse feliz em vê-lo assim, aos poucos fui ficando sufocado por conta da multidão: as vozes, os pensamentos, eu sentia minha cabeça rodar de vez em quando.

Não demorou muito para que Jiminie notasse meu desconforto. Ele me arrastou por mais alguns minutos, até chegarmos ao lago da cidade. Ali, pude ver uma das cenas mais lindas que já vi em todos esses anos de vida, a luz da lua refletida sobre a água do lago; nas árvores, vagalumes pareciam dançar ao redor delas. E a lua? Ah, ela estava linda, fazia séculos desde que pude observar uma lua assim.

— Senhor Min? — proferiu Jimin, quebrando o silêncio.

— Hum?

— Eu vou buscar algo para bebermos — avisou, afastando-se.

Nem sei quanto tempo fiquei ali, preso, admirando a beleza daquela noite, só notei que alguns minutos tinham se passado quando senti uma jovem de longos cabelos pretos se aproximando de mim. Ela era muito bonita, suas feições eram delicadas.

Pigarreou no intuito de chamar a minha atenção. Passamos alguns poucos minutos trocando palavras. Antes de se despedir, ela me deu um sorriso e saiu ao encontro de suas amigas que estavam escondidas nos observando, segundos depois, Jimin se aproximou.

— Não achei seu chá favorito, então trouxe esse aqui, é de lavanda — disse ele, entregando-me um copo com o líquido.

— Obrigado.

— De nada — respondeu. Uma leve irritação estava presente em sua voz, assim como em sua face, eram raras as vezes que Jimin parecia aborrecido.

— ‘Tá tudo bem, Jiminie? — perguntei com o olhar voltado para frente.

— Sim, por que não estaria? — Ele, definitivamente, estava chateado com alguma coisa.

E mesmo que pudesse ler os pensamentos das pessoas, sempre me neguei a invadir a privacidade de Jimin, tanto que quando ele completou doze anos, lhe dei de presente uma runa de proteção, runa essa que impedia qualquer vampiro de tentar ler seus pensamentos. Mas era em momentos assim que eu me arrependia.

— Não sei, só você pode me responder — complementei, mesmo sabendo que não iria me contar.

— Eu estou bem, senhor Min.

Eu sabia que perguntar não iria adiantar e, mesmo que estivesse curioso para saber o que se passava por aquela cabecinha, resolvi deixar para depois, sabia que aquela raiva era momentânea.

Aos poucos, as feições de Jimin se acalmaram e ele voltou a sorrir. Andamos pela cidade por mais alguns minutos antes de decidirmos voltar para casa. A volta para a mansão seria longa, se fosse contar, diria que seria pelo menos duas horas de caminhada; vi o corpo de Jimin diminuir de tamanho ao lembrar do quão distante seria o retorno. Ele andava balançando os braços juntos das pernas, era uma cena engraçada de se ver.

Balancei minha cabeça antes de parar e, inclinando meu corpo, falei:

— Suba logo, antes que eu mude de ideia!

Costumava andar assim com ele em minhas costas quando o mesmo era mais novo, coisas que fui parando de fazer com o passar do tempo. Logo, ele se agarrou a mim, envolvendo o meu pescoço com seus braços e deitando sua cabeça em meu ombro em seguida. Mais uma vez, balancei minha cabeça antes de partir com o mais novo.

Não estávamos nem na metade do percurso, quando Jimin quebrou o silêncio, me perguntando:

— Quem era aquela jovem que estava com o senhor?

— Ela estava me pedindo uma informação — esclareci.

— Parecia que estava dando em cima de você! — afirmou.

— E estava. — Senti o corpo do mais novo saltar de leve quando confirmei sua acusação. — Desde que ela veio ao meu encontro, senti suas verdadeiras intenções — continuei.

— O que o senhor achou dela?

— Ela era bem bonita, se é isso que quer saber. — Senti um bufar em meu pescoço, fazendo os pelos do meu corpo se arrepiar.

— Por que o senhor não fica com ela então?

— Se fosse séculos atrás, eu ficaria. — O corpo de Jimin estremeceu.

— Por que séculos?

— O Yoongi que você conhece hoje é bem diferente do Yoongi de séculos atrás, Jiminie. Por causa desse antigo eu, acredito que já me diverti demais da conta, por isso, hoje em dia, prefiro viver uma vida normal, sem esse tipo de diversão.

— Hum… entendi…

Jimin deu um leve suspiro, antes de deitar novamente em meu ombro, acredito que estava preso em seus pensamentos.

Depois de alguns minutos, notei que Jimin havia adormecido, seus olhinhos estavam fechados e em seus lábios um biquinho fofo estava presente. Tinha a mesma feição de quando era um bebê. Às vezes, demoro a acreditar que o peguei tão pequenino e agora já é um homem feito. Realmente, o tempo estava passando rápido demais.

— Senhor Min…

— Hum? — Só depois que murmurei, dei-me conta que ele estava sonhando. Outra vez meneei a cabeça. Até mesmo em seus sonhos, esse pequeno me chama.

Ano 1890

Era uma tarde de sábado, eu estava sentado à mesa, degustando uma deliciosa xícara de chá quando senti algo molhado encostando em minha bochecha. Com as sobrancelhas franzidas, olhei para o lado, onde avistei um Jimin segurando um pequeno bolo em uma mão, com um sorriso sapeca enquanto lambia o restante do glacê que tinha usado para sujar minha bochecha.

— Feliz aniversário, senhor Min!

— O quê? — questionei, ao tempo em que limpava minha bochecha com um guardanapo.

— Feliz aniversário!

Demorei um pouco para entender o que estava acontecendo. Aniversário? Como assim? Só depois de alguns segundos, raciocinei que era 9 de março, tecnicamente o dia em que eu nasci.

— Como você descobriu?

— É segredo!

— Você olhou os meus cadernos no sótão? — Olhava-o com a sobrancelha levemente arqueada, pela carinha que fez, tive a certeza de que tinha sido isso.

— Tecnicamente, sim! Como o senhor pôde esconder isso de mim? — rebateu com uma mão em sua cintura.

— Não achei que fosse importante. — E realmente, para mim, não era tanto assim.

— Mas é! Aniversários tem que ser comemorados, o senhor sempre me dá presentes no meu, não é justo que eu só tenha descoberto o seu depois de todos esses anos! — Jimin tinha um enorme bico fofo nos lábios.

— Jiminie… eu não ligo para essas coisas…

— Mas eu sim! Vem cá, abre a boquinha, ah. — Jimin estava com um pedacinho de bolo em uma colher, olhei-o desacreditado, ele realmente estava fazendo isso?

Agora que minha atenção estava toda voltada para ele, pude notar a bagunça em que estava; em seus cabelos, era possível ver um pouco de farinha, sua bochecha estava suja de glacê também e nem vou falar sobre sua roupa, pois estava em um estado pior. Dava para ver o quanto tinha se esforçado para fazer aquele bolo e, embora não comesse esse tipo de coisa, não podia fazer essa desfeita com o Jiminie.

Mesmo relutante, abri a boca, recebendo a colherada de bolo. Jimin estava com um grande sorriso no rosto. Naquele momento, percebi que o sorriso dele era a coisa mais preciosa para mim.

Ano 1900

Acredito que, se eu fosse humano, já teria adquirido diabetes, já que nesses últimos 10 anos sempre que chega dia 09 de março, Jimin aparece com um bolo em comemoração ao meu aniversário. Comi bolos de todos os tipos, ele sempre inventa algo diferente todos os anos, acredito que minha parte favorita nessa nossa nova rotina é vê-lo sorrindo satisfeito ao ver que gostei, seus olhinhos se fecham e seu lindo sorriso aparece.

Sempre que Jimin sorri, sinto meu coração se aquecer. É estranho, mas gosto da sensação, porque sei que Jimin é o único que consegue fazer eu me sentir assim.

Ano 1910

Jimin agora tem um novo hobby: ele começou a tricotar. É engraçado vê-lo se estressando quando algo dá errado, já perdi as contas de quantas peças quase jogou pela janela porque não ficou como queria. Mas ultimamente, ele anda bem focado. Já faz alguns meses desde que começou a trabalhar em uma peça nova e, mesmo que se estresse com ela, suspira várias vezes — acredito que seja na tentativa de se acalmar — antes de voltar a trabalhar.

Estou sentado no escritório quando o mesmo adentra o local.

— Feliz aniversário, Yoonie!

Já faz um tempo desde que parou de me chamar de senhor Min.

— Obrigado, Jiminie.

Ele está segurando um pequeno bolo em suas mãos.

— Não importa quantas vezes eu fale, você sempre vai fazer um bolo para mim, ‘né?

— Te disse desde a primeira vez que aniversários são importantes e, se for para falar sobre isso, não precisa me dar presentes todos os anos, já sou um velho e, mesmo assim, todas as manhãs no meu aniversário, acordo com um presente em cima da minha cama.

— Uma coisa não tem nada a ver com outra!

— Tem sim! Respeite esse velho que vos fala.

— Eu sou mais velho que você, Jiminie.

— Ah, esqueci que você é um vampiro milenar. — Era possível notar a ironia em sua voz.

— Eu não tenho mil anos.

— Ainda — insinuou ele com deboche. — Enfim, isso aqui é para você.

— Para mim? O que é?

— Abra e vai saber.

Eram dois embrulhos delicados, enrolados com uma fita amarela. Com cautela, desfiz o laço e abri o primeiro. Dentro dele, tinha um cordão, muito parecido com o que Jimin usava, nele meu nome estava bordado.

— Alguns meses atrás, encontrei o joalheiro que fez o meu, ele está tão velho quanto eu, mas ficou feliz em ver que ainda usava uma das suas peças, então aproveitei e pedi para que fizesse um cordão com um pingente semelhante ao meu.

Fiquei em silêncio por alguns segundos, não sabia o que sentir, era a primeira vez que recebia algo assim. Olhei para o menor que tinha um sorriso delicado em seu rosto, trocamos olhares por mais alguns segundos. Com cuidado, coloquei o cordão em meu pescoço e sussurrei um “Obrigado”.

No outro embrulho, estava um cachecol. Muito bonito, por sinal.

— Juro que quase o joguei pela janela, mas se fizesse isso, não conseguiria terminá-lo a tempo para o seu aniversário...

Foi meio que impulsivo, mas antes que Jimin pudesse terminar de falar, eu me levantei, depositando um beijo em sua testa. O ato saiu tão natural que só percebi o que tinha feito quando o menor colocou a mão em meu rosto.

— Desculpa… — falei, afastando meus lábios de sua testa.

— Não se preocupe com isso. Vem, vamos comer o bolo.

Ano 1920

Acredito que nunca me senti tão ansioso como estou agora, andando de um lado para o outro ao que espero o Dr. Kim sair do quarto. São minutos agonizantes, sinto que vou enlouquecer. Depois de 30 minutos de espera, a porta se abre, revelando o Kim.

— Doutor, como ele está? — Meu coração estava apertado, sentia que, a qualquer momento, passaria mal.

— Os resultados dos exames estão normais, não consigo entender o porquê de ele estar assim. Infelizmente, senhor Min, acredito que terá que se preparar para o pior — essas foram as últimas palavras que o médico me falou antes de partir. Últimas palavras que me deixaram sem chão.

No quarto, Jimin estava deitado, olhando para a janela, seus cabelos grisalhos voando com uma suave brisa que vinha da mesma. Ele parecia tão calmo... Eu suspirei, precisava me acalmar também.

Depois de uma longa pausa, adentrei o cômodo, fechando a porta atrás de mim.

— Vou entrar em contato com o meu pai — reagi, quebrando o silêncio. Aquela era a única coisa que se passava pela minha cabeça depois de ouvir o pronunciamento do Dr. Kim. Eu não conseguia me imaginar sem Jimin, tinha que ter um jeito, não aguentaria vê-lo partir.

— Yoonie… — chamou o menor, voltando o seu olhar para mim.

Pisquei levemente, fazendo com que as pequenas lágrimas que se atreviam a inundar meus olhos sumissem; minha visão estava embaçada, mas não podia deixar transparecer, Jimin ficaria preocupado se me visse assim. Mas assim que olhei para o seu rosto, senti as lágrimas querendo voltar.

Eu precisava me manter firme. Juntando toda a coragem que tinha dentro de mim, tentei argumentar:

— Meu pai está vivo há milênios, ele deve saber o que fazer, Jiminnie. — Sentei-me ao lado dele, tinha que ter outra saída.

— Yoon…

Seu olhar triste fez meu coração doer. E pensar que aquela poderia ser a última vez que poderia olhar seus lindos olhos, aqueles graciosos olhos brilhantes. Corria o risco de nunca mais ver o meu Jiminie vivo ao meu lado nem de vê-lo entrando no meu escritório com um sorriso. Aquele pensamento foi o suficiente para fazer as lágrimas voltarem a se aventurar por meus orbes.

Mas eu tinha que me manter firme.

— Jiminie, você já ficou doente antes e melhorou, se eu falar com meu pai, tenho certeza que vai achar uma cura.

— Yoonie… acho que dessa vez é diferente. — Sua mão encontrou a minha, enlaçando seus dedos fracamente. Quis rir sem humor, porque não parecia restar nada saudável nele. O brilho de seus olhos já quase não existia, assim como a força de seus dedos que tocavam os meus. Eu estava o perdendo, mesmo não querendo acreditar.

— Diferente como? — resmunguei em um fio de voz. Engoli em seco, porém não consegui impedir a lágrima solitária que rolou por minha bochecha.

— Eu sinto que vou partir logo, logo… — Jimin sorriu fracamente, tão pequeno que não consegui ver seus dentes.

Sua mão apertou a minha, provavelmente com toda a força que tinha, mas, mesmo assim, não era nem um terço da força e vitalidade que Jimin tinha tempos atrás. Não chegava nem perto. Mais uma prova de que sua luz estava se esvaindo por entre meus dedos e, a cada segundo, eu sentia a minha luz se esvair junto a dele.

Só que, diferente dele, eu era imortal.

— Jiminie… — supliquei, implorei diversas coisas inauditas. Não me deixe, não vá, por favor, me leve com você, mas nenhuma delas era capaz de transmitir tudo que se passava em meu peito.

— Eu estou falando sério, Yoonie… — Deu-me outro sorriso.

— Jiminie, por favor...

— Yoon… eu guardo isso dentro de mim há muito tempo e agora que sei que estou perto de partir, não posso levar comigo, então, apenas me escute, ok. — Ele tomou fôlego antes de começar a falar. — Eu amo você e não estou falando só por falar, eu sempre soube que tinha sentimentos por você, mas tive a certeza naquele dia do festival. Quando vi aquela menina se aproximando de ti, o meu corpo todo estremeceu. Só de pensar em você com outra pessoa… isso faz meus batimentos acelerarem. — Fez uma pausa. — Sei que é um pouco tarde, mas eu realmente queria viver ao seu lado pela eternidade, segurar tua mão como segurei naquele dia. Acho que você não percebeu, mas, no dia do festival, te vi sorrir espontaneamente pela primeira vez. Seu lindo sorriso gengival enquanto você observava a lua. Assim que o vi, senti meu coração acelerar, era como se tudo em mim gritasse que te amava; queria eternizar aquele momento, só eu e você.

Naquela proporção, eu estava uma bagunça, as lágrimas que tanto reprimi não paravam de cair. Apertei a mão de Jimin com mais força.

— Yoon, mesmo que eu te ame muito, sinto que esse meu eu de agora não está preparado para ficar ao seu lado, acredito que seja por isso que nunca pedi para que me transformasse. Sei que é egoísta da minha parte, mas eu realmente te amo e, desde já, peço desculpas por ter que te deixar… — Balançava a minha cabeça em negação.

— Jiminie… Por favor, não me deixe, eu não posso viver sem você. Me deixa tentar te salvar, fica comigo mais um pouco — implorava, mas, a cada segundo, os olhos do meu amado Jiminie ia perdendo seu brilho.

— Yoonie, me escuta. — Tomou fôlego mais uma vez; sua fala era cansada. Ele elevou suas mãos, colocando-as sobre minha bochecha, limpando as lagrimas que caiam sem minha permissão. — Min Yoongi, meu Min, pode não ter sido nessa vida, mas, um dia, eu ainda serei a tua vida. E eu prometo que, quando a gente se reencontrar, eu vou estar preparado para te ter por toda a eternidade, então até lá, sempre que sentir minha falta, olhe para a lua e lembre de mim, com um grande sorriso, falando o quanto eu te amo.

A mão de Jimin parecia estar perdendo gradativamente a sua força. No canto de seus olhos, era possível ver suaves lágrimas rolando.

— Jiminie, eu...

Antes que pudesse terminar, senti a mão do Park escorrer pelo meu rosto. Jimin tinha partido, sem nem ao menos escutar que eu também o amava.

Ele partiu, levando consigo o meu coração.

Eu abracei seu corpo sem vida enquanto gritava em desespero.

The End.


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Notas finais: É isso pessoal, em outra vida chegou ao final, confesso que eu realmente gostei bastante de escrever essa história e fugir um pouco da rotina.

Talvez eu volte futuramente com outras fanfics desse gênero, então preparem os lencinhos.

E isso, beijinhos e até a próxima 💕

9 Janvier 2022 22:55 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

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