Pysché | Yoonmin Suivre l’histoire

Escrito por: @sugaqueparktiu

Notas iniciais: Obrigada a minha beta Anna e a todos que tiram um tempinho para ler minhas aus.

Plot doado por @/chuustarlight.

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–- 20.09.1919 –

Desde que se entendia por gente, Yoongi sempre teve aversão àquela data.

13.10.1995.

Aquele era o dia do nascimento de seu soulmate.

Yoongi sempre odiara olhar aquela pequena cicatriz, que, apesar de pequena, era feia e parecia ter sido feita com ferro quente. Aqueles oito números o atormentavam todos os dias antes de dormir.

Simplesmente não era justo. De que adianta ter a data de nascimento da sua alma gêmea escrita em seu pulso direito se você nunca a vai encontrar?

— Sério, universo?! Mais de um século de diferença? — Yoongi sempre resmungava nas noites em que ficava deitado observando o céu estrelado e ouvindo os sons da natureza.

Era normal nascer com um soulmate que já havia morrido, ou que nasceria dali alguns séculos, ou sequer nascer com um soulmate. Mas Min Yoongi não aceitava aquilo, não achava justo, de que adianta ter uma alma gêmea se você não vai conhecê-la? Não fazia sentido!

Seu amigo, Jung Hoseok, havia tido a sorte de ter nascido dois anos antes de sua soulmate, que ele acabou encontrado em um festival que acontecia anualmente na pequena cidade onde eles moravam. Sua irmã mais velha também havia conhecido sua soulmate quando ainda era criança, elas cresceram juntas e se casaram assim que atingiram a maioridade.

Mas Yoongi? Fadado a morrer sem seu soulmate.

— Não é como se você pudesse fazer algo em relação a isso, Yoongi, só desencana e arruma alguém que seja bom o suficiente para te fazer feliz — falou Hoseok sem parar de colher as plantas que usava para fazer os remédios de seus pacientes. — Veja só seus pais, apesar de não serem a alma gêmea um do outro, eles são felizes juntos.

— Você não entende, Hobi. Eu quero encontrar o meu soulmate, custe o que custar! Quero olhar para alguém e sentir que essa pessoa é tudo o que eu precisava para ser feliz; quero encontrar meu lar em uma pessoa, não em uma casa; quero trabalhar sorrindo, pois sei que, ao chegar em casa, ela estará lá me esperando. Eu quero amar alguém mais que amo a mim mesmo, Seokie, quero sentir o que você e a Linnie sentem — disse Yoongi com a voz quase beirando ao desespero.

Hoseok, como bom amigo que sempre foi, deixou a colheita de lado e se sentou na grama úmida ao lado do amigo, apoiando a cesta de ervas sobre suas pernas.

— Olha, eu não deveria te dar esperanças, mas sei que você vai continuar infeliz pelo resto da vida por causa dessa data, então não custa nada tentar.

— Do que está falando, Hobi? Tentar o quê?

— Ouvi dizer que tem um bruxo novo na cidade. Alguns dizem que ele mexe com magia realmente poderosa. — Jung cutucou o amigo.

— Magia, Hoseok? Sério? Você acredita em magia agora? — Revirou os olhos jogando a cabeça para trás, a frustração tomando o melhor de si.

— Você quer ou não, pelo menos, tentar dar um jeito nisso, Min?

— Não quero criar falsas esperanças. Eu sei que não existe algo como magia. — Bufou impaciente.

— Você acredita no amor, isso basta. — Hoseok sorriu levantando-se. — Venha, aposto que Seokjin sabe onde fica esse tal bruxo.

Yoongi observou a mão estendida do amigo por alguns segundos, ele analisou a situação e percebeu que não tinha nada a perder. Nada além de sua sanidade mental.

Não que isso fosse importante.

–- 27.10.1919 –

— Um bruxo mora aí? — Yoongi franziu o cenho, encarando a moradia à sua frente.

— Aparentemente sim.

— Nada místico — resmungou.

— O que quer dizer com “nada místico”? — perguntou Seokjin, seu amigo mais velho, rindo.

— Eu esperava um gato preto guardando a porta, velas, ervas, uma vassoura, caldeirão. Sei lá… magia. Isso é tão… normal — explicava Yoongi enquanto movia a mão, indicando cada um dos itens que se referia.

— Yoongi, isso não é um dos livros que você adora ler. Namjoon é um ser humano como qualquer outro.

— O que quer dizer com “Namjoon”? Já está nessa intimidade toda com o bruxo, hyung? — provocou Hoseok.

— Nós conversamos duas vezes, ele quem pediu para não usar o “ssi” com ele. Não seja ridículo, Hoseok! — Seokjin deu um puxão na orelha do mais novo.

— Vamos entrar ou vocês vão ficar aí parecendo um casal e se implicando? — O tédio era nítido na voz de Yoongi que observava os amigos com os braços cruzados.

— Aish, você é impossível, Min Yoongi. — O mais velho dos três puxou a orelha de Yoongi também.

A casa do bruxo era simples, uma casa pequena e aparentemente nova. Apesar de ser alta, não parecia ter dois andares. Era branca e tinha um pequeno jardim na frente, realmente não parecia uma casa em que um bruxo moraria, mas, como Seokjin havia dito, aquilo não era um dos livros que Yoongi adorava ler.

Depois do terceiro toque, um homem, que não parecia ter mais de vinte e cinco anos, abriu a porta. Seus cabelos estavam bagunçados e ele vestia um terno em uma cor de café, seus dedos adornados de anéis, assim com seu pescoço e pulsos lotados de colares e pulseiras.

— Oh, Jin! — A voz do bruxo era grossa, mas não de forma agressiva, era quase confortante como a voz de um pai.

— “Jin”? — sussurrou Yoongi, surpreso pela intimidade com que o suposto bruxo se referiu ao mais velho dos amigos.

— Namjoonie! — Ok, aquela, definitivamente, não era a forma que Seokjin costumava cumprimentar as pessoas que só havia falado duas vezes.

Yoongi e Hoseok olharam-se como se perguntassem “Jin?”, “Namjoonie?”.

— Lembra que eu te disse sobre meu amigo? Então, eu o trouxe. Yoongi, Kim Namjoon, Namjoonie esse é o Min Yoongi — apresentou-os Seokjin.

— Prazer em conhecer. — Yoongi se curvou.

— O prazer é meu. — Ele tinha covinhas, Min percebeu quando o bruxo sorriu educadamente. — Você deve ser Jung Hoseok.

— Isso mesmo, olá. — Hobi se aproximou, pegando na mão do bruxo e sorrindo como costumava sempre fazer ao cumprimentar as pessoas.

— Entrem, por favor, está frio aqui fora — disse Namjoon, dando passagem para que os três amigos pudessem entrar.

Dentro da casa estava um clima extremamente agradável, e, assim como por fora, a casa de Namjoon não era nada como ele imaginava a casa de um bruxo.

— Sentem-se, vou trazer um café para vocês beberem.

Os amigos acomodaram-se no sofá grande que havia na sala de Namjoon, observando em volta. Minutos depois o bruxo voltou do que Yoongi presumiu ser a cozinha, carregando uma bandeja com xícaras e um bule com café que ele serviu para todos antes de se sentar.

— Me conte mais sobre o que deseja, Sr. Min, Jin me deu uma prévia ideia, mas não creio que tenha compreendido o que deseja fazer — disse Namjoon cruzando as pernas.

— Então, como pode ver... — Yoongi mostrou o pulso para Namjoon, onde os números estavam gravados em sua pele. — Meu soulmate só nasce em 1995, e eu sou um humano nascido em 1897, não sobreviverei tempo suficiente para encontrá-lo… a menos que use magia para isso. — Yoongi olhou nervoso para o bruxo. O coração batendo forte contra seu peito. — Você acha que existe alguma magia que possa, de alguma forma, me levar para o futuro?

Namjoon analisou o pulso de Yoongi, passando o dedo sobre as marcas com delicadeza antes de focar o olhar no rosto do Min.

— Eu não vou mentir, Min. Tem uma forma que você pode ter a chance de encontrar o seu soulmate… Mas apenas uma pessoa tentou fazer isso, e eu realmente não recomendo. — O tom de Namjoon era sério, os três amigos o encaravam com atenção.

— Eu estou disposto a qualquer coisa — disse Yoongi sem pensar.

— Eu não estou falando de qualquer coisa, Min, é algo que eu não sei sequer se eu teria capacidade de fazer algo dess...

— O que é? — Seokjin, sempre curioso, interrompeu o bruxo.

Namjoon soltou o pulso de Yoongi e encarou os três amigos em silêncio, a tensão era palpável na sala. O bruxo suspirou e deixou sua xícara sobre a mesinha de centro antes de se encostar na poltrona, sua atenção agora totalmente voltada ao Min.

— Não tem nada descoberto sobre viagem no tempo, e, mesmo se existisse, é perigoso demais, qualquer coisa mínima que você fizesse no futuro poderia influenciar diretamente o passado ou mudar toda a história do mundo. Eu jamais brincaria com isso — disse Namjoon, o que apertou o coração de Yoongi, mas antes que o mais velho pudesse dizer algo, Namjoon continuou. — Mas há algo que podemos tentar, algo que não mexeria com nada no mundo a não ser com você mesmo, com seu corpo, e que seria sua pura responsabilidade.

— É exatamente algo assim que quero. Custe o que custar, por favor, eu aceito — disse Yoongi como se implorasse.

— Estou falando sobre retardamento do tempo, Min, de brincar de deus. — Namjoon se inclinou para Yoongi que o ouvia atento, como uma criança ouvindo as sábias palavras de seu pai. — Estou falando de tirar a sua alma.

Yoongi ficou confuso, seu olhar indo de Namjoon para os amigos e voltando para Namjoon novamente, como se ele não pudesse acreditar no que tinha acabado de ouvir.

— T-tirar a minha… alma? — A voz do Min falhou, seus olhos arregalados enquanto encarava o bruxo.

— Sim, Min. Só há um registro sobre retardamento do tempo, e ele foi feito com a retirada da alma de alguém — começou o bruxo, os olhos cravados nos de Yoongi. — Mas isso é algo de extremo risco e pode matar no ato da retirada, e, caso eu realmente consiga tirar sua alma, você terá apenas 100 anos para encontrar seu soulmate, e caso ele não te ame de volta, o que é difícil, mas pode acontecer, você morre — completou Namjoon.

— E se ele… me amar?

— Então você recebe a alma de volta e envelhece ao lado do seu soulmate e morre naturalmente.

Tudo aquilo era informação demais. A cabeça de Yoongi doía e ele realmente não tinha entendido muito, mas entendeu o suficiente.

— Eu… posso pensar um pouco mais sobre isso? — perguntou em um sussurro que foi alto o suficiente para somente seus amigos e Namjoon ouvirem.

— Claro, tome o tempo que precisar, Min. Isso é algo extremamente perigoso e eu não me responsabilizo por nada. Eu sou pago para fazer a magia, e quero deixar bem claro que não aconselho ou me agrado da prática de retardamento do tempo através da retirada da alma — disse Namjoon sério.

Yoongi engoliu em seco, seu coração batendo forte contra seu peito.

O amor valeria aquilo? Ficar sem sua alma por… cem anos?

–- 13.10.2013 –

O choro da vida, como costumam dizer, fez um sorriso crescer no rosto do médico.

Ao longo dos últimos oito anos Min Yoongi havia feito tantos partos que já não sabia mais a quantidade ao certo, mas sabia que se aproximava de quatro mil. E apesar de amar trazer vida ao mundo e ser médico, Yoongi estava cansado.

Quando se vive mais de um século, qualquer profissão pode parecer cansativa e chata se feita por muito tempo. Ainda mais quando você precisa mudar de identidade e país a cada dez ou quinze anos.

No começo dos 100 anos — em 1920, ano em que Yoongi, aos seus 23 anos, finalmente decidiu que realmente queria viver tempo suficiente para conhecer seu soulmate —, Min achava incrível o fato de que não envelheceria nos próximos cem anos, mas, com o passar do tempo, quando começou a perder tudo e todos à sua volta, tendo que recomeçar uma vida do zero em tantas localidades diferentes, Yoongi só conseguia pensar em como encontrar seu soulmate para que pudesse, finalmente, viver e morrer naturalmente, como deveria ser.

Naquele dia seu soulmate completava 18 anos. E 93 anos desde que Namjoon arrancou a alma de Yoongi para parar seu envelhecimento.

Min tinha apenas mais sete anos. E ainda não sabia quem era seu soulmate ou tinha qualquer pista sobre ele.

Além de precisar trocar urgentemente de identidade, ele estava na era mais difícil de se esconder. Com toda aquela tecnologia, era difícil não existir pelo menos algum registro fotográfico dele, mas, graças aos céus, Yoongi tinha aprendido bem como fazer para não deixar rastros.

— Boa noite, Dr. Kim. — Um de seus colegas de trabalho interrompeu os pensamentos do Min que lavava as mãos.

— Oi, Collin, como vão as coisas? — respondeu Yoongi secando as mãos.

— Vão bem, mas fiquei sabendo que hoje é seu último dia aqui no hospital. Não sabia que ia se mudar, Dr. Kim.

— Não sou bom com despedidas, então preferi não avisar ninguém. Na verdade, já estou de saída, estou indo embora hoje mesmo. — Yoongi sorriu.

— Indo para onde?! — Collin sempre foi muito curioso, os dois trabalhavam juntos há dois anos, Yoongi acompanhando a residência do garoto, e, apesar de isso ser uma de suas grandes qualidades, também era algo que sempre irritou Min.

— Estou voltando para Coreia.

— Coreia? Mas você mora aqui há quase quinze anos, Dr. Kim!

— Está na hora de voltar para casa. — Yoongi sorriu. — Eu fiquei afastado demais, tem algo que preciso fazer e creio que não posso mais esperar. Foi muito bom te conhecer e tenho certeza que será um grande médico, hm? Não conte para ninguém que estou voltando para a Coreia, eu realmente não quero criar alarde. — Yoongi apertou a mão do garoto, puxando-o para um abraço em seguida. — Agora preciso ir, meu voo sai em duas horas.

Yoongi não deu espaço para mais perguntas ou despedidas. Ele foi para o vestiário e trocou-se, deu tchau para todos do hospital, como fazia todos os dias, então entrou em seu carro sorrindo, feliz por ter completado mais um dia de trabalho, mais três partos realizados com sucesso, os últimos da carreira de Yoongi como o “Doutor Kim”.

Noventa minutos depois, ele encarava os documentos; Kim Hoseok, o nome que usou nos últimos quinze anos. Yoongi sentiria falta de ser médico e de morar no Canadá, mas sabia que já estava passando da hora de voltar para a Coreia, ele precisava achar seu soulmate, e, em noventa e três anos, seu coração sempre apontava para uma cidade quando ele pensava em sua alma gêmea.

Busan.

–- 2015 –

A primeira vez que o viu, Yoongi estava tomando um café no campus da universidade.

Foi impossível tirar seus olhos do garoto que sorria com o corpo todo. Não parecia ter mais de vinte anos, mas com toda certeza do mundo — pensou o Min — aquele garoto tinha roubado toda a beleza do mundo.

Dois dias depois, Yoongi descobriu que o tal garoto se chamava Park Jimin. Três dias depois, Min descobriu que o garoto era estudante de psicologia e que eles tinham dois amigos em comum. Uma semana após tê-lo visto pela primeira vez, Yoongi teve a certeza de que Park Jimin era seu soulmate.

Ele sabia disso não só pela forma que seu coração batia forte quando ele via o Park, ou como tudo parecia ficar em câmera lenta e apenas Jimin ficar em foco todas as vezes que eles se viam. A maior prova de que Park Jimin era, sim, o soulmate de Yoongi era o fato de o estudante de psicologia ter nascido em 13 de outubro de 1995, que era a data marcada no pulso de Yoongi, e de carregar em seu pulso os números 0903, que indicava a data de nascimento de seu soulmate.

Min Yoongi nasceu em 09 de março de 1897, e sabia que o ano de seu nascimento não estava no pulso de Jimin pelo fato de Yoongi ter tido sua alma retirada em 1920. Jimin não sabia disso, mas em momento algum deixou de duvidar que Yoongi era, realmente, seu soulmate.

Yoongi ainda não sabia como tinha conseguido encontrar Jimin, mas ele não questionava muito isso, ele só sabia que estava extremamente feliz por ter finalmente encontrado o amor de sua vida.

Eles começaram a namorar em 21 de setembro de 2015, três meses após se conhecerem, e, desde então, nunca mais se desgrudaram. E a cada dia que se passava, ele tinha ainda mais certeza de que Park Jimin era sim seu soulmate. Não dava para amar tanto alguém tão rápido como haviam feito, não dava para se conectar tanto assim com alguém, a menos que eles simplesmente fossem destinados a ficarem juntos.

–-2017 –

— Amor, já pensou sobre nosso casamento?

A voz doce de Jimin interrompeu os pensamentos de Yoongi, que levantou a cabeça do colo do namorado, encarando-o.

— Casamento? — perguntou o mais velho achando que não tinha ouvido direito a pergunta de Jimin, que acariciava lentamente seu cabelo enquanto o Min lia um livro para os dois.

— Você nunca pensou em se casar comigo? — Jimin fez um biquinho e, se não fosse pelo tom de sua voz, Yoongi poderia pensar que o garoto estava triste, e não brincando.

— Você tem vinte e dois anos, Minnie.

— E você tem vinte e quatro, Yoonie. Nunca pensou em se casar?

Yoongi parou para analisar a situação.

Os dois estavam deitados no sofá de casa, Yoongi lendo um livro de romance clichê para Jimin. No livro, um casal estava prestes a se casar. Os dois já namoravam há mais de dois anos e Park sempre gostou de levar o relacionamento à moda antiga — tão antiga quando Yoongi, por sinal.

— Você está falando sobre casamento porque estamos lendo livro de romance, não é? — Foi a resposta de Yoongi quando ele finalmente ligou os pontos

— Não, amor, estou falando sobre casamento porque eu tenho vontade de me casar com você, porque eu te amo e já temos dois anos de namoro! — resmungou Jimin, fazendo Yoongi se sentar e encará-lo.

— Nós já moramos praticamente juntos, amor. Por que casar? — Yoongi estava tentando ser racional ali, Jimin tinha apenas vinte e dois anos!

— Por que não casar?

— Jimin, você tem vinte dois anos — repetiu Yoongi, tentando fazer com que parecesse óbvio.

— Yoongi, e você tem vinte e quatro. Já entendemos isso. Não me importa a idade, eu amo você e quero me casar — dizia Jimin com a voz manhosa, como sempre fazia quando queria algo de alguém, principalmente do namorado.

— Você só quer se casar porque estamos lendo um livro onde tem casamento, Jimin — disse Yoongi rindo, movendo-se para acariciar o rosto do namorado.

— Não é, hyung! Até a minha irmã vai casar e eu não. — Fez bico, cruzando os braços.

— Então esse é o problema? A Jinnie casar antes de você? — Min tentava segurar o riso.

— Como ela ousa? Eu nasci antes! Eu sou mais velho! — Foi aí que Yoongi não conseguiu se segurar. Sua risada alta só deixou Jimin mais irritado ainda e o mais novo deu um empurrão fraquinho no braço do namorado. — Hyung! Para de rir, isso é sério.

— Jiminie, amor da minha vida, não seja assim — disse Yoongi entre suas risadas, achando adorável o jeitinho manhoso do namorado. — Primeiro que você só é três minutos mais velho que a sua irmã, segundo que a Jinnie e o Hosung são namorados desde os treze anos. Já estava passando da hora deles se casarem. — Min entrelaçou seus dedos com os de Jimin. — Nós ainda só temos dois anos de relacionamento. Claro que eu quero me casar com você, quero passar o resto da minha vida do seu lado e te fazer feliz até nosso último suspiro… Mas nós ainda temos tempo, hm? Temos o resto de nossas vidas, não precisamos nos casar agora só para ser antes da sua irmã.

— Mas você vai se casar comigo?

— Vou, amor, você sabe que sim. E nosso casamento vai ser lindo, assim como toda a nossa história tem sido, ok?

— Promete? — Jimin levantou seu mindinho para Yoongi.

— Prometo, amor. — Yoongi entrelaçou seu mindinho no de Jimin, seu sorriso tão grande que ele achava que poderia cortar o canto de sua boca se sorrisse assim por muito tempo.

- 2018 -

Jimin ainda não tinha tirado a ideia de casamento da cabeça, Yoongi também queria muito se casar logo, mas sabia que Jimin era novo e não queria que ele se arrependesse de se casar antes de terminar a faculdade.

Eles já estavam entrando no terceiro ano de namoro, Yoongi não podia estar mais feliz e sabia que fazia o namorado feliz também, mas realmente não achava que estava na hora de um casamento.

— Amor, você só quer casar porque não quer deixar sua irmã se casar antes — brincava ele sempre que Park mencionava a palavra casamento.

— Mas eu quero casar, Yoonie, você não quer casar comigo? — Jimin fazia sua melhor carinha de cachorro sem dono, os olhinhos grandes e inocentes.

— Você mesmo me disse que só queria casar depois que terminasse o curso de psicologia, amor! Eu só estou sendo o maduro da relação e não casando você antes da hora. — Yoongi sempre beijava a testa de Jimin nessa parte da conversa e envolvia o corpo do garoto com seus braços.

— Aposto que você também vai me enrolar quase dez anos, igual meu cunhado fez com a Jinnie.

— Amor, nós temos o resto de nossas vidas para nos casar, você sabe, não precisamos de um pedaço de papel e anéis para oficializar o que foi decretado pelo universo.

— Lá vem você querendo me fazer chorar com essas palavras bonitas. — Jimin revirava os olhos brincalhão, apertando os braços na cintura do namorado. — Mas você vai se casar comigo quando chegar a hora certa, não é, amor?

— Sim, meu anjo, nós vamos nos casar e vai ser o casamento mais lindo desse mundo inteirinho. Nós vamos dançar A Thousand Years, porque eu te esperei pelo que pareceu um século, Sr. Park Jiminie, mas eu te esperaria por mais mil anos se fosse preciso.

— Você é tão exagerado, um século. — Jimin ria. — Você só tem vinte e cinco anos, Min Yoongi.

Yoongi corava contra o cabelo do namorado, querendo contar a ele toda a verdade, mas sabendo que não estava na hora certa para contar, se é que um dia contaria a ele.

— Só não se apresse para o nosso casamento, hm? Nós temos todo o tempo do mundo, Jiminie.

– 10.05.2019 –

— Jinnie, pode, por favor, pegar aquela bandeja pra mim? — disse Yoongi abrindo a porta com o pé, segurando com cuidado o bow cheio de carne.

— Claro, cunhadinho.

— Deixa que eu te ajudo, velhinho — provocou Jimin, abrindo a porta para Yoongi.

— Velhinho é seu pai, Park Jiminie.

— Eu ouvi isso, Min Yoongi! — gritou o pai de Jimin, Sr. Park, da cozinha, onde ele ajudava a mãe de Jimin a preparar o almoço.

— É brincadeirinha, sogro — respondeu Yoongi rindo.

— Você não mentiu, papai realmente está velho — disse Jinnie, a gêmea de Jimin, colocando a bandeja de pão de alho sobre a mesa ao lado da churrasqueira.

Às vezes, Yoongi se perguntava qual seria a reação da família Park se soubessem que ele tinha nascido em 1897.

— Quer ajuda, amor? — perguntou Jimin, abraçando o namorado por trás.

— Não precisa, anjo, só pega uma de cerveja pra mim, uh?

— Claro, bebê.

Min observou o namorado indo até a geladeira e pegando duas latinhas, entregando uma para a irmã, que agora brincava com o marido em uma das espreguiçadeiras perto da piscina. O sol batia nos fios dourados de Jimin, fazendo-o parecer um verdadeiro anjo, seu sorriso fazendo seus olhinhos se fecharem e sua bochecha avermelhada ficar ainda mais fofa.

Já fazia quatro anos que Yoongi tinha encontrado Jimin, ele realmente não sabia como tinha o encontrado. Park tinha o poder de fazer até a mais simples das coisas ser motivo de felicidade para Yoongi, o Min realmente era grato por ter tido coragem de dizer sim para que Namjoon tirasse sua alma.

— Yoongi? Amor, tá tudo bem?

A voz de Jimin estava distante demais de repente, ele conseguia ver o namorado vindo em sua direção, uma expressão preocupada em seu rosto, mas não conseguia mover-se.

— Yoongi!

Tudo ficou preto.

– 12.05.2019 –

Ao abrir os olhos, Yoongi se deparou com Jimin dormindo apoiado em seu braço, um bip atrapalhando a calmaria no quarto do hospital.

Hospital.

Yoongi estava em um hospital.

– 19.05.2019 –

Yoongi apagou outra vez enquanto brincava com Jimin, uma semana depois do primeiro desmaio, e precisou ficar internado outra vez.

– 30.05.2019 –

O terceiro desmaio foi a gota d'água para Jimin, que não aceitou mais o médico dizendo que não tinha nada de errado com Yoongi e que os exames não detectaram nada de anormal que pudesse causar os desmaios constantes do Min.

— Como não é nada, doutor? As pessoas não desmaiam por nada! Yoongi é um homem saudável de vinte e seis anos, não tem por que ele ficar apagando do nada. Alguma coisa deve estar acontecendo e vocês não sabem diagnosticar!

— Eu realmente não sei explicar o que está acontecendo, Sr. Park. Mas todos os exames que podiam ser feitos no corpo e cabeça do Sr. Min já foram realizados, e nenhum deles detecta qualquer coisa que possa causar os desmaios.

— Isso não é normal, não pode ser! Um momento meu namorado está sorrindo comigo na casa dos meus pais em um churrasco, no outro ele está caindo e só acorda no dia seguinte. Isso aconteceu três vezes em menos de um mês, doutor, não pode ser normal — respondeu Jimin em desespero.

O médico observou os dois por um tempo, mas não disse nada.

Não tinha o que dizer, Yoongi entendeu isso pelo olhar de desculpas do médico. Não havia nada que os médicos pudessem fazer, porque não havia nenhum problema no corpo físico de Yoongi, e Min sabia disso.

Os exames não detectaram nada no corpo do Min pelo simples fato de o problema ser na alma de Yoongi... ou na falta dela.

— Amor... Vamos para casa — sussurrou Yoongi para Jimin quando viu que aquela consulta não levaria a nada.

— Mas, Yoonie...

— Amor, vamos para casa, hm? Eu estou cansado — pediu firme, seu tom de voz sendo o suficiente para Jimin desistir de qualquer protesto.

*

— Jimin, eu preciso te contar algo, e eu sei que vai parecer loucura no começo, mas, por favor, senta e me deixa te contar tudo antes de falar algo ou de ir embora e me achar um louco. Pode ser? — falou Yoongi quando eles chegaram à casa do casal, sentando-se no sofá.

— Vai me dizer que tem um tumor e vai morrer daqui um mês? — disse Jimin, sentando-se de frente para Yoongi, lágrimas já rolando em seu rosto.

— Não, amor, eu não tenho um tumor. Como o médico mesmo disse, eu estou perfeitamente bem fisicamente. — Yoongi tentou sorrir, segurando as mãos pequenas do namorado.

— Então o quê? — Os olhos de Jimin carregavam tanta dor e cansaço pelos últimos dias que Yoongi só queria envolvê-lo em um abraço e fazer o mais jovem descansar, mas sabia que ele tinha guardado aquele segredo por tempo demais de Jimin.

— Minnie... você acredita em almas?

*

Três horas depois, Yoongi estava exausto de tantas perguntas, mas estava aliviado e grato por Jimin tê-lo ouvido.

— Você está me dizendo que nasceu em 1897?

— Jiminie, eu sei que é loucura isso, mas você já me perguntou isso pelo menos quinze vezes nas últimas três horas — disse Yoongi o mais calmo possível.

— Você não tem alma! — A voz de Jimin tinha um pouco de desespero e ele não olhava para Yoongi enquanto falava.

— Eu tenho uma alma, ela só não está no meu corpo no momento.

— Você viveu nos últimos 122 anos, Yoongi!

— Sim, à sua espera.

— Yoongi... Eu não sei se acredito nisso ou se você bateu a cabeça forte quando desmaiou. — Jimin ria, mas parecia ser de nervoso.

— Amor... Eu não estou mentindo sobre nada disso, não brincaria com algo assim.

— Só é meio impossível acreditar em tudo isso.

— Por que você acha que sua marca está faltando números? O ano? Hm?

Jimin parou, pensativo. Observou seu pulso por um tempo, lágrimas caindo de seus olhos.

— Mas não faz sentido, se esses apagões são realmente relacionados sua alma, digo — disse o mais novo depois de um tempo, ainda sem olhar para Yoongi.

— O que quer dizer com não faz sentido?

— Eu amo você, Yoongi. Eu sou o seu soulmate e eu te amo. Sua alma deveria retornar e você deveria envelhecer ao meu lado. Não tem por que você adoecer assim, ainda mais faltando tão pouco para os cem anos acabar... — Jimin levantou o olhar para Yoongi, os olhos cheios de lágrimas. — Eu amo você, por que não consigo te salvar?

— Eu não sei, amor, eu também não entendo. — Yoongi aproximou-se passando os braços pelo corpo do namorado, que se encolheu contra seu corpo. — Eu sinto muito por não ter lhe contado antes.

— Se você tivesse falado antes, eu provavelmente não acreditaria.

— E acredita agora?

— Não tem outra explicação para o que está acontecendo, Yoonie. E você parece o tipo de pessoa que esperaria realmente um século pelo seu soulmate — tentou brincar.

— Eu te esperei, Minnie.

— O que vamos fazer, Yoongi? Eu não quero te perder, eu não posso. — Jimin carregava tanta dor na voz que Min não aguentou mais se segurar e deixou as lágrimas caírem de seus olhos.

— Minnie, o hyung vai tentar mudar isso. Eu quero envelhecer ao seu lado, eu não sei como, mas eu vou resolver isso, hm? Eu te esperei por mais de cem anos, não posso te perder agora.

– 30.11.2019 –

A última vez em que viu Namjoon, Yoongi recebeu do bruxo um livro grande e pesado, onde estavam escritos todos os seus feitiços e estudos.

Os dois acabaram virando amigos durante os 84 anos que eles conviveram, Namjoon sempre acompanhando Min para ter certeza de que o feitiço aplicado ainda estava funcionando. Isso fez com que se tornassem melhores amigos, ninguém além dos dois tinha sobrevivido ao tempo, nem mesmo Kim Seokjin, que havia se casado com Namjoon em 1923 e morreu em 1980, aos 85 anos.

Kim Namjoon foi um gênio, ele sabia de tantas coisas que nem ele mesmo tinha noção da quantidade de sabedoria que havia adquirido, por isso ele sempre anotava tudo.

Quando o bruxo disse a Yoongi que deixaria seus livros e anotações com o mesmo, Min tentou protestar, não queria aceitar algo tão valioso, temia não conseguir cuidar de tal preciosidade, mas Namjoon insistiu, disse que qualquer dúvida que tivesse sobre sua alma ou o feitiço aplicado teria uma resposta em algum dos livros.

Agora, quinze anos depois, Yoongi só conseguia agradecer ao falecido amigo por tal presente.

Yoongi e Jimin passaram seis meses atrás de uma resposta para o que estava acontecendo, o que poderia estar causando os apagões constantes do Min. Acabaram descobrindo em um livrinho pequeno e desgastados que tinha gravado em sua capa a palavra “psyché”, uma palavra vinda do grego que em uma das anotações de Namjoon explicava ser um termo equivalente a “alma” e que aquele era o nome do feitiço utilizado para retirar a alma de Yoongi.

Namjoon tinha feito anotações de todas as vezes em que analisou Yoongi, cada mínimo efeito causado pelo feitiço durante os oitenta e três anos de análise, isso dificultou a busca por respostas, já que Kim tinha o péssimo hábito de fazer anotações em todas as línguas que ele conhecia, ou seja, oito idiomas.

A resposta da causa dos apagões de Yoongi estava na penúltima folha, escrita em uma língua utilizada pelo antigo clã de Namjoon. A resposta consistia em sete letras.

Park Jin. A irmã gêmea de Jimin.

— O que ele quer dizer com “Park Jin”, Yoongi? — A voz de Jimin estava trêmula quando eles finalmente conseguiram traduzir os símbolos rabiscados de forma brusca no caderno.

— Você sabe o que quer dizer, Minnie — sussurrou Yoongi encarando de forma desolada a tradução. Sua voz rouca e lágrimas borrando sua visão.

— Yoongi, me diz que não é isso… Por favor, me diz... Não pode ser! Não, está errado! Tem que ter outra tradução. Está errado! Ele não poderia saber antes de você. Yoongi, me diz que isso está errado. — Jimin estava desesperado, sua voz aumentando a cada palavra.

— Amor… Você sabe que está certa a tradução — respondeu Min, ainda fixado em sua escrita.

— Mas, Yoongi… Ela é casada, nove de março é a data de nascimento do Hosung. Você é meu soulmate, não é ela, Yoongi, por favor, me diz que não estamos errados, me diz que você não é a alma gêmea da minha irmã. Eu imploro, me diz, me diz que essa tradução está errada, me diz que o Namjoon errou!

— Kim Namjoon nunca erra, Jimin — sussurrou.

— Mas… você me ama — disse Jimin levantando-se de sua cadeira, parando na frente de Yoongi.

— É óbvio que eu te amo, você é tudo pra mim, Minnie.

— Então por que aí diz que sua alma gêmea é a Jinnie?

— Eu não sei… Mas eu nunca a amei, não da forma que te amo, você sabe disso, Jimin. — Yoongi levantou-se, abraçando o namorado.

— Yoongi, sua soulmate não te ama de volta — sussurrou Jimin contra o peito de Yoongi, apertando forte a camisa do mais velho entre seus dedos. — Você vai morrer, Yoonie, você me prometeu que não me deixaria.

Yoongi não sabia como reagir àquilo. Jimin estava certo, ele morreria. E não havia nada que pudesse fazer para impedir isso.

— Se apaixona por ela, Yoongi. Eu deixo, eu tenho certeza que ela vai se apaixonar por você também. Você tem um mês ainda. Se apaixona por ela, por favor — pediu Jimin, afastando-se para poder encarar Min.

— Eu prefiro a morte a amar qualquer outra pessoa que não seja você, Minnie, não fala besteira.

— Mas eu não! Eu não quero que você morra. Você não está entendendo? Você vai morrer, Yoongi!

— Mas eu vou morrer amando você, uma vida não seria o suficiente pra amar outra pessoa como eu amo você, Park Jimin. Quem dirá um mês — disse Yoongi enquanto se ajoelhava, as lágrimas ainda descendo por seu rosto.

— O que está fazendo?

— Eu não tenho anel e esse, com certeza, não era o pedido que eu esperava fazer, mas eu estava errado e não temos todo tempo do mundo mais… Então... — Riu baixo, tentando se manter firme enquanto pegava a mão de Jimin. — Park Jimin, casa comigo?

– 20.12.2019 –

As luzes brilhavam de forma discreta sobre as flores que decoravam o local, todos os convidados já estavam sentados esperando Jimin entrar, o relógio anunciava que eram 18:57, três minutos para a cerimônia começar.

Park Jimin estava nervoso. Não era todo dia que ele se casava.

Todos os seus amigos e familiares próximos estavam ali, assim como os amigos de Yoongi. Mesmo tendo apenas vinte dias para organizarem o casamento tudo estava extremamente lindo, assim como Min tinha o prometido, o casamento mais lindo do mundo inteirinho.

Eles iriam se casar, finalmente. Jimin ainda não conseguia acreditar, não acreditava que iria se casar com Min Yoongi, o cara que o esperou por 122 anos e que escolheu a morte a amar alguém que não fosse Jimin.

Park realmente não queria chorar, mas seu coração se apertava só por saber que talvez em dez dias ele nunca mais veria Yoongi.

— Jiminie, vamos? Já deu sete horas — disse Jinnie animada.

— Nós vamos nos casar, Jinnie. Ele finalmente aceitou casar comigo, e daqui dez dias eu não o terei mais — sussurrou Jimin, tentando a todo custo manter as lágrimas longe.

— Jimin… — Sua irmã aproximou-se, abraçando o mais velho pela cintura. — Não pensa nisso, só pense no agora, nós ainda não sabemos o que está acontecendo com Yoongi, talvez o tal bruxo tenha errado, talvez você seja, sim, o soulmate de Yoongi… Você sabe que nós sempre nos demos muito bem, mas eu sinto que ele é meu irmão mais velho. Eu nunca consegui vê-lo como nada além disso. Vocês, sim, nasceram um para o outro e não é uma data incompleta estampada em nossos pulsos que mudará isso. — Jinnie tentou aliviar o coração do irmão.

— Eu sei, Jinnie… É só que eu estou apavorado, não sei como será minha vida caso o pior aconteça.

— Caso aconteça, nós lidaremos com isso, mas hoje é seu casamento, foca nisso e deixa o tempo dizer o que acontecerá quando os 100 anos acabarem. Até lá, vocês têm 10 dias, então os aproveite, Jiminie.

Quando Jimin contou a situação para a irmã, Jinnie riu por cinco minutos, achando que ele estava tentando pregar uma peça nela, mas, quando percebeu que Jimin estava falando sério, ela só sabia chorar junto com o irmão. Jimin sabia que ela acreditaria nele e estava extremamente grato por ter alguém para ouvir ele chorar todas as vezes que Yoongi desmaiava e voltava só no dia seguinte, alguém que pudesse confiar e mantê-lo forte caso o pior acontecesse.

Ele dividia seu tempo entre organizar seu casamento e procurar uma forma de reverter o feitiço de Namjoon, mas vinte dias era pouco, eles demoraram seis meses até chegarem a resposta do porquê de Yoongi estar tendo os apagões, seria inútil procurar um efeito reverso para um feitiço tão bem feito.

— Você está certa, vamos. Eu não quero deixar o Yoongi esperando por nem mais um segundo. — Jimin deu seu melhor sorriso.

— Realmente, ele esperou por um século, maninho, não o deixe esperando mais.

*

Eles estavam fazendo os votos do casamento quando aconteceu.

Yoongi sentiu todo seu corpo ficar quente e então escuridão.

Ao fundo, ele conseguia ouvir as vozes de todos se perguntando o que estava acontecendo e a voz de Jimin implorando para que Yoongi não o deixasse.

Vultos começaram a passar pela escuridão que cercava Min, seu corpo estava pesado demais de repente, quente demais, como se algo não estivesse certo.

— Yoongi?

Ele abriu os olhos, tudo ficou quieto.

— Min Yoongi? — perguntou Namjoon novamente, os vultos continuavam passando atrás do feiticeiro, mas tudo estava em silêncio, como em uma cena de filme onde o foco fica apenas no ator principal em meio ao caos.

— J-Joon?

— Você finalmente conseguiu, não é? — Namjoon deu um sorriso grande para o amigo.

— Consegui? — Yoongi olhou para suas mãos que pareciam brilhar. — Namjoon, o que está acontecendo?

— Você encontrou seu soulmate e ele te ama de volta. Sua alma está se curando pelo tempo em que passou fora de você, Min, nos últimos seis meses você passou por um processo de cicatrização, esse é o último estágio, você irá dormir pelos próximos dez dias, até o feitiço completar os cem anos, então você irá acordar e passar o resto de sua vida com o seu grande amor, você irá envelhecer ao lado dele — explicou Namjoon calmo. Sua aparência era a mesma que ele tinha quando Yoongi o viu pela primeira vez.

— V-você morreu, Joon. Como pode estar falando comigo? — Min balançou a cabeça.

— Eu sou um bruxo, Min Yoongi. Minha alma não se prende ao mundo dos mortos como a dos humanos, eu irei retornar ao seu mundo em breve, você está no meio dos mundos, entre o mundo mortal e o que vocês chamam de além. Sua alma ficou presa aqui nos últimos anos e está na hora de voltar para você.

— Mas o Jimin não é meu soulmate, meu soulmate é a irmã dele e ela não me a-

Namjoon interrompeu-o com uma risada alta.

— Não existe apenas um tipo de amor, meu amigo. Eu te amo, você me ama assim como amou Hoseok e hoje ama seus novos amigos, assim como amou Seokjin e seus pais. Você é uma pessoa amável, eu tenho certeza que arrumou uma forma do seu soulmate te amar, mesmo que não da forma que você imaginou que ele amaria.

— Mas por que a Jinnie e não o Jimin?

— Há amores que nem mesmo o universo pode intervir, Yoongi. Ser alma gêmea de alguém não significa que você precise se casar com ela. Mas o que você e o Jimin têm? Isso até mesmo eu teria inveja, se não tivesse meu lindo Seokjin. Esse tipo de amor nem mesmo o maior dos gênios conseguiria explicar. — Namjoon se aproximou e abraçou o amigo. — Agora vá, deixe seu corpo e sua alma se unirem, logo você estará com seu amado e vocês viverão felizes para sempre, como deve ser.

– 01.01.20 –

Quando Yoongi abriu os olhos, ouviu novamente o bip da máquina de seus batimentos cardíacos. A claridade fez com que ele tivesse que fechar os olhos e abri-los algumas vezes até se acostumar.

Jimin estava sentado do lado da cama, ele lia um dos cadernos de anotações de Namjoon, sua mão pequena segurando a de Yoongi, ele parecia cansado, como se não dormisse há dias — o que provavelmente tinha acontecido. Em seu dedo, havia a aliança que Yoongi colocou antes dos votos, que tinham sido interrompidos pelo apagão do Min.

— M-Minnie... — tentou dizer Yoongi, sua voz seca pelos dias sem falar.

Jimin virou-se tão rápido que Yoongi pôde ouvir o estalo de seu pescoço, o mais novo deixou o caderno de lado enquanto se jogava sobre Min, apertando-o em um abraço forte. Yoongi fez o possível para abraçá-lo de volta, mesmo que de forma desajeitada.

Min esperou por todo tipo de pergunta quando Jimin, depois de quase vinte minutos, afastou-se e encarou-o com os olhos vermelhos pelo choro, mas nenhuma das perguntas foi a que recebeu, muito menos com o tom irritado da voz do marido.

— Ya, Min Yoongi! Você me espera por 122 anos, mas não escreve seus votos de casamento e resolve fingir que desmaiou por dez dias para se livrar de me jurar amor eterno usando palavras tão bonitas como as que eu usei?!

Fim.

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