brenobrasilleiro Breno Brasilleiro

Era para ser apenas um fica. Dentro de uma velha casa de farinha abandonada, três amigos, em busca de perderem o bv, decidem escolher o reservado local para o animado encontro. Porém, nada sai como planejado! Não sabiam eles que na mata, por detrás da velha estrutura, entre as altas árvores arrodeadas pelo o breu, se escondia um terrível mal.


Histoire courte Déconseillé aux moins de 13 ans.

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Começo, Meio e Fim

Em uma pequena cidade, no interior do estado...


— Não tinha outro lugar menos... macabro? Isso aqui vai assustar as meninas. — Pote, o moreno baixinho, reprovou a escolha do ambiente para o encontro daquela noite.

— É isso ou ser virgem pelo resto da vida. Qualé, não é tão ruim assim — justificou Júlio, o mais velho.

— Eu gostei. Às vezes o escurinho cai bem — disse Renan, observando o lugar.

A ideia havia surgido dias antes, e agora os três adolescentes travessos do interior estavam em uma missão quase impossível: "deixar de ser bv" ou, quem sabe, algo mais. Júlio havia pensado em um canto reservado e tranquilo, longe de curiosos e fofoqueiros. A frase "Ninguém vai perceber", agora fazia todo o sentido para Renan e Pote.

O interior de Morro Branco era um tanto peculiar: uma cadeia de dunas dividia o município entre o centro urbano e um vilarejo; a praia era o cartão postal da cidade, enquanto a mata virgem era o cenário de mistérios.

Os três adolescentes estavam diante da antiga casa de farinha; uma estrutura escura, silenciosa e abandonada que possuía uma extensa varanda repleta de folhas caídas e poeira grossa. Eles conheciam o lugar e sabiam o que costumava ocorrer ali, naquele local deserto e sigiloso, ideal, aos olhos de Júlio, para a realização do "lance" daquela noite.

— Espero que elas venham. — Pote estava incrédulo.

— Elas virão — afirmou Júlio, atravessando a porteira seguido pelos amigos.

As lanternas dos celulares rompiam o breu do lugar, revelando a estrutura mais claramente a cada momento em que se aproximavam dela.

— Esse lugar está um lixo! — Pote fitou o espaçoso ambiente com tanques de azulejos vazios onde era preparada a goma da tapioca.

— Vamos ver por dentro — disse Júlio, encaminhando-se para uma porta em outra extremidade.

Os três pararam diante da madeira suja e Pote, percebendo que estava entreaberta, empurrou-a de forma cautelosa. O som dos ferrolhos, protestando diante da invasão, ecoou para o interior da residência. As lanternas iluminavam o vão à frente, destacando o aspecto apavorante que as paredes, consumidas pelas teias de aranhas, davam ao lugar. Caminharam adentro, entraram em outra sala e avistaram uma mesa redonda de pedra. Renan, conhecendo a estrutura, falou:

— Tenho certeza de que é aí que assam a farinha.

— É, mas acho que precisa de uma boa faxina — disse Júlio.

A escuridão no interior da casa intimidava, e os pés cuidadosos, ao pisarem nas folhas secas do caminho, interrompiam o silêncio.

Na sala do forno, Pote sentiu algo, uma presença porém, não a via. Sentindo o coração acelerar, falou:

— É melhor voltar e esperar as meninas no beco da entrada.

— Já, já. — respondeu Renan, enquanto explorava o lugar.

De repente, um som fino e longínquo foi ouvido; era um assobio. O barulho surpreendeu os meninos, que atordoados fitavam uns aos outros, especulando o que ou quem poderia ser.

— Alguém está assobiando. Será que são as meninas? — Pote indagou, assustado.

— Não dei nenhum código a elas, mas talvez sejam. — Júlio encaminhou-se para a saída da sala do forno, como resposta juntou os lábios e respondeu com outro assobio.

O som ficou mais agudo e penetrante. Em segundos, mudou a tonalidade para uma melodia lenta e arrastada. Aquilo estava estranho.

— Não sabia que meninas assobiavam tão bem. — As palavras de Renan, saíram embargadas. De fato, algo estava errado.

Júlio continuou. A resposta do assobio intensificou-se a cada segundo e então, Pote gritou:

— Para! — O desespero era real. — Não são as meninas.

Júlio, de súbito paralisou quando ouviu. O som cessou e o silêncio voltou a imperar. Renan, aturdido, fitou o rosto dos amigos, mas antes que perguntasse algo, Pote adiantou-se:

— É o Assobiador.

— Puta que pariu! Eu... — Júlio sentiu a boca secar.

— Cala essa boca e vamos voltar, agora! — disse Renan, saindo com os outros da sala do forno em direção a saída da casa.

Os passos rápidos em busca da liberdade foram interrompidos. Os músculos não reagiam, os olhos esbugalhados dos três fitavam a sombra. Quem era? A claridade da lua ressaltava a silhueta, exatamente na frente da porta. A presença cantarolava algo. Seu rosto não se via, mas os sentidos das vítimas alertavam que aquele vulto não era deste mundo. O assobio, era isso. Aquilo que apareceu na casa era o dono do assobio.

Por um segundo, sentiram a casa girar. As suas mentes, já um tanto assombradas, ficaram ainda mais abaladas pelo pânico crescente que saturava o lugar. Os garotos estavam diante de algo, uma entidade encapuzada, preta, grande e magra. A fala não saiu, nem mesmo um pedido de socorro. Aquilo era real? O suor brotava nas têmporas dos indefesos. O medo os consumia.

— Vocês me chamaram. Então, aqui estou eu. — A voz baixa inspirava medo.

— Q-Quem...

— Assobiem — mandou a silhueta, interrompendo-os — Quero olhar em seus olhos enquanto me revelo na canção mortal.

Os meninos não se moviam. Estavam paralisados.

— Assobiem! — A morte gritou. Era a voz de um homem. O brado colidiu com a velha estrutura da casa. A porta se fechou e os três foram ao chão, ficando reféns das sombras.

— Levantem! — Júlio gritou. — Temos que sair daqui.

A sombra desapareceu. Um forte cheiro de enxofre exalava pela casa.

— Como você foi tão burro em responder ao Assobiador?! — Pote tremia. O medo pesava nos quatro cantos da casa. — Não se pode responder assobios dentro da mata, seu maldito! — Pote, não conteve as lágrimas.

— Eu não sabia que era ele, eu... ele vai voltar...

Um clarão surgiu. Perplexos, os amigos sentiam como se uma chama houvesse sido inflamada. Júlio e os outros correram. Era isso, o forno havia sido aceso. A sala estava iluminada. O cheiro de poeira queimando impregnou o lugar. Pela primeira vez os meninos viram claramente seus rostos tomados de pavor.

— Meu Deus, o que a gente faz? — Renan falou, atordoado.

O vento balançava as copas das árvores, trazendo um cheiro adocicado, uma mistura enjoativa de essências. Do outro lado das paredes, uma sombra flutuava. Era ele. Uma explosão na mesa de pedra arrebatou o concreto. Uma fumaça se condensou no lugar, algo surgia.

A figura nas sombras carregava a morte. Sua boca babava um líquido preto e viscoso, que de tão corrosivo, chegava a criar buracos cada vez que tocava o chão. Ela queria sugar-lhes a alma. Parecia uma múmia enrolada em um manto preto.

— Assobiem — disse a sombra.

— O que acontecerá se assobiarmos? — indagou Pote, tremendo.

— Pote, não! — gritou Júlio, agarrando o amigo pelo braço.

— Assobie e verá — respondeu a escuridão.

Pote assobiou e o som saiu trêmulo, carregado de medo. Era só o que a entidade esperava e então, ela se revelou.

Seus pés fincaram no chão. Era um enorme esqueleto. A capa que cobria suas mãos despencou formando-se um imenso lençol no piso. Sua cabeça era comprida como a de um bode, seus olhos carregavam a escuridão. Essa era a face dele, do Assobiador.

Não houve tempo. Sua boca dilatou-se e em segundos inclinou-se para cima de Pote. Seus dentes estraçalhavam ao meio o corpo do defunto. Júlio, paralisado, não conseguia pensar, lágrimas brotaram. Renan, por sorte, se moveu, pegou o amigo pelo braço e correu. Deixaram a sala do forno e seguiram para a saída da casa.

— Arromba! — gritou Júlio, que vinha logo atrás. — Arromba!

Renan usou o peso do seu corpo e colidiu contra a porta, que se arrebentou. O jovem caiu no piso do alpendre, as árvores dançavam, um redemoinho de vento surgiu. Júlio tropeçou, mas não foi por acidente. Um tecido preto agarrou seus pés e o puxou. Era o Assobiador tragando mais uma vítima. A sala do forno explodiu e a fumaça amarela preencheu a mata. Renan estaria a salvo, poderia fugir.

Ele correu para a o matagal, desesperado, tentando abrir caminho entre as árvores. A paisagem atrás de si queimava, e à sua frente a escuridão lhe abrigava. Renan parou debaixo do pé de cajueiro afim de recompor o fôlego. Seus amigos morreram, foi real. O mal existia. O adolescente ansiava voltar para a sua casa. No instante em que deu o primeiro passo, uma asa escura, como a de um gavião abraçou-lhe envolvendo-o por completo. A sombra dissipou-se em meio ao breu ao mesmo tempo em que o celular de Renan caiu ao chão. O último facho de luz do telefone, acusava uma chamada perdida.


Fim.



30 Septembre 2021 17:21 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

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