williancoutinho Willian Coutinho

Medo, raiva, solidão e amargura. Foi tudo o que sobrou de Niord Ermin logo após a Grande Catástrofe que mudou o mundo. Dez anos depois ele tenta se agarrar em uma fraca luz de esperança, quase se apagando no meio da escuridão de um rei louco, se sufocando no abraço apertado de um deus primitivo, caindo e se ofuscando em meios impensáveis e desumanos na tentativa de salvar seus semelhantes. Mas essa luz sobrevive no sorriso daqueles que o apoiam, na confiança depositada em seus ombros, mesmo que indignos. Dez anos não foram nada perto do que está para começar.


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Novo mundo


Devido à exaustão precisei descansar um dos joelhos no chão.


Relaxei os braços e escorei no joelho que estava em pé. Os músculos tremiam, meu ouvido apitava. O som das ondas se arrebentando na areia se foram. Cerrei os dentes com um sorriso apertado. A situação me lembrou das palavras do meu pai: “Filho, quando você aceita um desafio, tem que cumprir até o fim…”. Ele costumava me dizer isso toda vez que eu reclamava de algo. Sinceramente… depois de tantos anos essa frase nunca perdeu o sentido.

Subi os olhos para os dois gigantes a minha frente. Engoli seco me lembrando do dia em que tudo mudou. A impotência, o medo, ver aquela explosão de proporção irracional levando a minha cidade tirou o meu fôlego tanto quanto agora. Desde aquele dia miserável, os maiores desafios que achava ter enfrentado na vida foram esmagados por outro. Passar pelos dez anos depois da queda, sozinho em um mundo totalmente novo, está sendo o maior deles até agora.

Diante tudo isso, a circunstância em que estava se tornou apenas uma situação… complicada. Havia acabado de matar um mutante, que mais se parecia com um troll, de uns treze metros. Buscava forças para lidar com os outros dois, então subi uma mão até alcançar os bolsos perto do peito. Encarando as feras inquietas, puxei meus fones de ouvido. Nada me daria mais motivação dos que as minhas músicas. Três peças separadas foram ao ar e duas se acoplaram nas orelhas. A terceira grudou no coração, ouvindo meus batimentos para escolher a melhor música.

Diante do sol poente, balancei a cabeça no ritmo da canção. Adorava Linkin Park. As expressões dos gigantes se tornaram agressivas. Entre nós o suspense era firmado pelo soar da brisa gelada. A noite batia a porta. Quando o vento parou, afundei o pé na areia, correndo para cima do mais próximo. Ambos os trolls se preparam. O primeiro enruga a cara e cerra os punhos, rugindo ao meu encontro. Ele junta as mãos acima da cabeça e abaixa, golpeando o chão violentamente.

Admirando os punhos afundados na cratera, sua respiração compassada acalmou, imagino que a expressão do rosto também. Na mesma esperança de uma criança que desembrulha presentes em um dia frio de inverno, as mãos se abriram. Certamente ele esperava ver uma poça cheia de sangue. A saliva pingando no chão queria carne fresca, mas o buraco estava vazio.

Enquanto corria, pude sentir os passos do gigante esverdeado vibrando pela areia, criando ondas sísmicas que iam para todas as direções. Através delas visualizei a trajetória dos punhos, então, antes dele atacar, controlei o solo abaixo dos meus pés, sendo tragado para dentro da areia. Como um peixe rasgando a água, pulei para fora da terra, voando atrás das costas do primeiro troll, moldando a rocha que levei comigo em uma lâmina gigante.

Sentindo a presença ameaçadora, a figura colossal se virou. Movo os braços para executar, ao clarão de um raio que caíra ao longe, cortando seu pescoço.

Em queda livre procuro pelo último mutante. Me surpreendo ao ver o punho fechado vindo direto para mim. Instintivamente me defendo, envolvendo a terra da lâmina pelo corpo. Não teve jeito, o gigante acerta em cheio, me lançando feito uma bola de canhão. Aterrisso violentamente em um banco de areia, rasgando a terra. A armadura de emergência só absorveu parte dos impactos, deixando nós dois em frangalhos. Sinceramente, não posso reclamar. Seria muito pior sem ela.

Aos poucos o pico de adrenalina foi caindo, me deixando a sós com os sentidos. Além da dor, passo a sentir pequenas gotas geladas de água caindo no rosto. São tão gentis, mas cada toque me faz lembrar da eminente morte.

Começa a chover.

Está escuro, mas com a ajuda de relâmpagos constantes consigo ver o gigante se aproximando. A cada simples passo a terra treme, desfocando minha visão. Eu até tento, mas não sou capaz de me mexer. Sei que alguns ossos estão quebrados, mas quero sair dali, quero sobreviver. Com mais furor, tento novamente me levantar. Uma má ideia. A dor agonizante percorre todos os membros. Percebo a consciência indo em bora, mal consigo deixar as pálpebras abertas. No último clarão, vejo que o troll está a poucos passos de mim. Posso até ouvir sua respiração fumegante e ao fundo, um latido de cachorro.


*


Sentir uma respiração fraca no pé do ouvido foi suficiente para me acordar assustado.


Pisquei algumas vezes enquanto a lembrança gélida sumia. Me levantei. Podia vislumbrar um fundo branco sem fim pela frente. Do outro lado o mesmo. Conferi os meus pés e eles eram sustentados por um piso de mármore, tão lindo quanto o céu infinito. Não demorou muito para minha mente se encher de várias perguntas, que foram logo substituídas por uma música suave de piano.

— Bach que compôs essa música — falei ao vento. — é Prelude in C Major, mas… como sei disso?

Paredes se levantam, janelas se formam. O familiar interior de uma casa se moldou ao meu redor, dando uma sensação de aconchego. Ando pelos cômodos procurando saber de onde vem a música. Chego na sala. Avisto um criado-mudo antigo com a caixa de música em cima. A bailarina de plástico girava pela superfície prateada da caixinha aberta. Ansioso em dar o próximo passo, fui bloqueado por uma espécie de parede invisível.

Então pude sentir os dedos frios do medo apertando minha garganta.

Reconheço a caixinha. Estava em casa, mais precisamente dentro de mais um incontável pesadelo. Sabia qual seria o fim do sonho e, por mais que tentasse, não conseguia acordar.

Meus olhos transbordam quando uma criança passa à frente, em direção a pequena caixa de música. Era minha filha. Eu sabia, lá no fundo eu sabia. Não podia fazer nada até ele acabar. Já havia decorado todo o sonho, então apenas ajoelhei e esperei. Passo a encarar o chão com amargura. Espero pacientemente Amber pegar a caixinha e ir ao sofá, onde minha versão mais jovem sentava.

Prisioneiro na própria mente, ouço apenas o piano de Bach. Vi a sombra da minha esposa passando. Ela levava uma bandeja com pedaços de bolo. Estavam gostosos, me lembrava disso. Cravei as unhas nas mãos, a saudade era enorme. Num ato irracional, ignorei toda a realidade, tentando falar com elas, avisá-las do perigo que estão correndo. Mas as duas não estão me vendo ou sequer ouvindo. Desisto. Fico ali de joelhos, olhando para baixo, tentando acordar quando, de repente, a música para e ouço a campainha tocar.

Levanto a cabeça com o sino ecoando longe. Sabia quem estava atrás daquela porta. Sabia que ninguém me ouvia, mesmo assim disse para Lilith não abrir a porta. Tão certo quanto o sol se pondo ao oeste, a madeira se abriu e dela Adan Harvery entrou. O sorriso sarcástico dava o tom de sua personalidade.

De uma vez, tudo se vai. Uma leve piscada e as lágrimas caem. Vejo as costas do meu eu jovem, ajoelhado no chão, com uma das mãos apontando para casa enquanto uma explosão vem chegando e, como em todas às vezes, dou um último grito.


*


A realidade é questionada quando se acorda em um sonho. Me sento, o sol nascia a frente. Logo o suave calor atingiu meu rosto.


As nuvens acima andavam lentamente, sendo levadas pelo mesmo vento calmo que agitava minhas roupas. Não demorei muito para perceber que estava na cobertura de um prédio. Dessa vez não é um sonho…

Meus pensamentos de aflição foram atrapalhados por um sussurro captado pelo vento, uma voz infantil. Virei os ouvidos para ela e depois o corpo todo.

— Olha, parece que ele acordou. — sugeriu o menino ao cachorro que estava do lado. — Olá, senhor, se sente melhor?

Subi uma das mãos à cabeça, pensando em algumas palavras.

— É… claro, só estou com uma… dor de cabeça, mas vai passar.

Coçando, sinto uma faixa cobrindo-a. Conferi o peito, braços e pernas. Os machucados mais profundos também estavam enfaixados.

— Foi você que fez isso garoto? — perguntei com uma expressão de surpresa.

— Foi sim.

Me levanto com certa dificuldade. Manquei até a borda do prédio.

— Quando o encontrei, lá na praia, o senhor estava todo machucado e com fraturas. Resolvi trazê-lo para cá e cuidar do senhor.

Olho abaixo, aparentemente a construção deveria ter mais de 15 metros.

— E como você me trouxe até aqui? — pergunto olhando-o de cima a baixo, dando dez ou doze anos para ele.

Com coragem ele retrucou:

— Olha, eu não sou muito forte — abaixou o boné vermelho, desviando os olhos cor de mel. — então Fenrir o trouxe nas costas. Apesar do senhor ser bem grande…

Espremi os olhos para ele, duvidando do relato.

— Hm… certo. E cadê seus pais? Vocês estão sozinhos?

O pequeno apertou as alças da mochila antes de responder.

— Pude observar a sua luta contra os três mutantes, foi muito incrível o que o senhor fez. — disse ele, claramente tentando mudar de assunto.

— “Incrível…” eu quase morri. — soltei o concreto, indo em direção a porta de acesso. — E olha garoto, tanto faz. — levantei a mão como se desse tchau. — Se você não quer falar, tudo bem, eu entendo.

— O-onde o senhor vai? Seu fator de cura é impressionante, mas… você ainda não está totalmente curado!

De fato, uma das melhores coisas que o Pulsar concedeu aos seres vivos foi a capacidade de regeneração. Já vi fatores de cura bem rápidos por aí, mas, eu conhecia o meu corpo bem o suficiente para saber que levaria meio dia até estar totalmente curado.

— Tô sem tempo garoto. Estou no meio de uma caçada.

— Caçada? O senhor é um caçador de monstros? Por isso estava matando os trolls lá na praia?

— Um caçador de monstros… — sorri internamente com o som das palavras. Me dava um ar de justiceiro, algo que queria ser, mas não era. — é, pode se dizer que sim.

Continuei andando em direção às escadas. De repente, o cachorro lançou três latidos rápidos.

— É, ele tem razão, nós não deixaremos o senhor ir embora.

Prestei atenção no cachorro, me perguntando o motivo de não ter reparado seu imenso tamanho. Um grande Pastor-Alemão. Embora estivesse sentado, era do tamanho do garoto. Seu pelo escuro brilhava contra a luz, do mesmo modo quando se acaba de sair do banho. Ele respirava rápido de língua para fora, me encarando com os olhos caramelados. Fechei as sobrancelhas para ele. Não sabia se estava alucinando pelos ferimentos, mas entre choramingos e balançar de orelhas, a fera parecia falar comigo.

— Olha, eu nã…

— Está bem! Decidimos que vamos com o senhor. Não é bom andar sozinho por aí. O mundo é caótico e devemos nos ajudar. O Fenrir, por exemplo, tem um ótimo faro e consegue sentir o cheiro dos mutantes. Foi assim que chegamos até aqui. — afirmou o garoto com um grande sorriso no rosto. Olhava para o cachorro. Era um sorriso de orgulho.

Por mais que eu tentasse negar, a criança estava certa. Depois do Pulsar, o novo mundo virou um caos, andar sozinho significava perigo, eu sabia bem disso. Cruzei os braços e pensei um pouco, julgando os dois, que revidaram com caras esperançosas. Não conseguia tirar da cabeça como o garoto havia cuidado do último troll e me trago da praia até o topo do prédio. Certamente a criança carregava um segredo sobre sua Particularidade. Era realmente grande a minha curiosidade a esse respeito, mas não o suficiente para envolvê-los em uma caçada que nem mesmo eu saí ileso.

— Vocês decidiram é? Mas escuta só, isso não é problema meu!

A falta de empatia sussurrou aos meus ouvidos. O tempo escasso estava bem do lado dela. Juntos me disseram que os dois sobreviveram bem até agora. O tal cachorro do Ragnarök aparentava ser forte. Não sabia quais eram as vilas dos arredores, mas com certeza alguém já estava vindo buscá-los.

— Vai mesmo deixar uma criança indefesa no meio dessa desgraça? — disse meio debochado. — Olha, eu te trouxe da praia até aqui e não vi nada de civilização.

Avistei pelos ombros, tentando abrir a porta que dava acesso às escadas.

— E seus pais? Cadê eles?

— Pois é, a porta está trancada.

— Ah, sério?

— Mesmo que o senhor arrombe ela, a maioria das escadas estão quebradas.

— E como chegamos até aqui?

— Usei a escada de incêndio.

Terminou apontando o polegar para trás, sorrindo, com uma das sobrancelhas arqueadas.


*

Duvidei das próprias capacidades quando meus pés tocaram o chão da cidade.


Havia feito pouco esforço para descer as escadas, mas sentia extremamente casando e com dores estranhas nas pernas. Nada mais do que o fator de cura pedido para o corpo descansar. Engoli os avisos, precisava percorrer um longo caminho até o almejado descanso.

Revirei os arredores com a visão cansada, buscando um carro em boas condições. Avisto um a três quadras dali. A indignação soou como um suspiro profundo. Me perguntava o porquê dele não estar mais perto.

— Para onde vamos agora, senhor? — disse a criança com uma energia contagiante.

— Ué, garoto?

Olhei para o prédio, depois para as figuras.

— O que foi senhor?

— Como você desceu tão rápido?

— Você não sentiu? Nós pulamos do prédio.

— Ahan, claro.

Bem — cocei a cabeça, analisando os dois de cabo a rabo. — as opções do que fazer com eles estão acabando. Tentar ser grosso para afastá-los não deu certo. Sempre que a questão dos pais dele vem a tona, ele desvia. O que será que…

— O senhor ainda não me agradeceu pelo que fiz. — o menino tomou a frente, andando para o norte. A mesma direção do nosso carro improvisado. — Então… vou te seguir até o senhor dizer um “obrigado”.

— Ah, era isso que você queria? — passei a acompanhar. — Muito obrigado então.

Ele e o cachorro se olharam.

— É… bem… mesmo assim vamos com o senhor.

— Tá, eu desisto, afinal você tá sozinho. — Fenrir me encarou. — quer dizer, vocês estão sozinhos. Olha garoto — parei a caminhada. Uma mão logo buscou descanso na cintura. — vamos fazer o seguinte. Não é humanamente certo da minha parte deixar uma criança sozinha no meio dos mutantes. Eu vou dar uma pausa na minha caçada e te levar até sua vila natal. De lá sigo a minha vida, pode ser?

— Pode — ele deu duas palminhas. — para onde vamos?

Respirei fundo.

— Eu que pergunto. Enfim, onde você mora?

— Hm… é perto da… do… — trocou olhares com seu cachorro imenso. — perto de Svartalfheim?

Coçar o meio dos olhos foi a solução que encontrei para me acalmar. Pisquei um pouco expulsando a visão turva.

— Veja bem, garoto, se nem você sabe onde mora… quer saber, deixa isso quieto, quero ir pra casa descansar. Amanhã penso no que farei com vocês.

Dobrei o braço para trás e puxei um mapa da mochila. Li no nome da cidade costeira rodeada por um marca-texto vermelho.

— Certo, me lembrei onde estamos. Realmente não tem nenhuma vila aqui. Hunf, não é pra menos. Cidades abandonadas são as mais perigosas. — guardei o mapa. — Precisamos de um carro.

— E onde iremos achar isso?

O dedo trêmulo apontou para um.

— Tá vendo aquele vermelho a três quilômetros, digo, a três quadras daqui? — falei com uma mão no joelho e meio ofegante.

— Você está bem senhor?

— Senhor… — balancei a cabeça rindo — você fala engraçado. É o quê? Um mordomo? É da realeza por acaso?

Continuamos andando em direção ao veículo. Por um momento a criança não respondeu. Juntou os dedinhos e pela expressão parecia pensar no que eu disse.

— Por que o senhor pergunta isso?

— “Senhor”, “por favor” e “obrigado” não é coisa que se ouve nesse inferno.

O boné vermelho abaixou junto a cabeça.

— Digo… você tem bons modos… isso é bom. — estiquei as costas e fiquei mais ereto. Já havia parado de mancar. — Só mais um dia nesse paraíso, não é? Pode me chamar de Alvar Erikson.

— Tudo bem… meu nome é Kevin.

O garoto recuperou o ânimo e me contou histórias de livros que havia lido, de quadrinhos e até notícias de jornais antigos que hoje já não fazem mais sentido. Cruzamos as três quadras sem nem perceber. Quando chegamos no veículo, tratei logo de abrir o capô e ver se a célula de energia estava funcionando.

— Por acaso você tem uma célula extra nessa bolsa?

Perguntou a criança com os braços cruzados. Olhava para o motor, com cara de quem já sabia da resposta.

— Não, mas posso consertar isso.

Apoiei a mochila no chão para caçar algumas ferramentas.

— Quero ver você tentar. Mas, como a conclusão disso é óbvia, esperarei sentado.

Não demorou muito para ele se levantar. Tratei logo de desativar o alarme disparado.

— Co-como? — perguntou boquiaberto.

— Na verdade, isso é bem simples para um cientista que desenvolvia essas células. — falei com expressão de orgulho e os braços cruzados.

A expressão inflada se foi quando um uivo correu aos arredores dos prédios. Fenrir levantou as orelhas e seu pelo ouriçou. Encostou ao lado de Kevin.

— O que foi isso senhor?

— Lobos carniceiros… anda, entra no carro. — me sentei atrás do volante e bati a porta. — Ficar aqui vai ser perigoso. Temos que chegar na próxima cidade antes de escurecer.

O garoto olhou para o veículo e depois para seu cachorro, parecendo tomar uma decisão difícil. Os propulsores antigravidade podiam suportar até dez toneladas, mas quando os dois subiram no carro, senti que ele abaixou consideravelmente.

— Acho que você deveria maneirar na batata frita garoto. — disse olhado através do retrovisor.

Ele respondeu com um sorriso de canto de rosto, meio envergonhado. Só percebi que sua massa não correspondia ao seu tamanho enquanto caminhávamos. A criança magra e aparentemente saudável deveria ter uns quarenta quilos. Seguimos viagem e o garoto não falou muito, provavelmente ainda estava com vergonha do que aconteceu.

Quando chegamos já era noite, olho para trás e ambos estão dormindo. Tento acordar o garoto, mas a criança dormia profundamente. Decido levá-los para dentro de casa e me deparo com um problema: mesmo capaz de levantar algumas centenas de quilos, não consigo erguê-los. Fico parado olhando para eles, começo a rir de nervoso. Me encontro a poucos metros de um lugar seguro, mas terei que dormir aqui fora, junto de mutantes que passarem pela rua.

Resolvo levantar algumas paredes reforçadas em volta do carro e ficar alerta para qualquer perigo. Um banco não é confortável quando se passa muito tempo, mas qualquer coisa me serviria. Exausto, pego no sono rapidamente.


**

14 Juillet 2021 02:15 11 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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Raphael Cerqueira Raphael Cerqueira
Li o primeiro capítulo que nem senti. Sua escrita realmente é boa demais. Vou acompanhar.
July 13, 2022, 14:45

  • Willian Coutinho Willian Coutinho
    Fico feliz que a história tenha te agradado. Fique à vontade pra comentar nos próximos capítulos July 13, 2022, 15:37
Raphael Cerqueira Raphael Cerqueira
Li o primeiro capítulo que nem senti. Sua escrita realmente é boa demais. Vou acompanhar.
July 13, 2022, 14:45
Angela Braga Angela Braga
Gostei muito, é meu estilo favorito, parabens, voce escreve maravilhosamente bem
March 11, 2022, 23:32

  • Willian Coutinho Willian Coutinho
    Só consigo agradecer pelo elogio. Que bom que a história te agradou. Como disse ali abaixo, bem-vindo a essa trama. Ah e não sinta medo em comentar ou apontar erros, caso continue lendo os próximos capítulos March 12, 2022, 00:17
Kevin Joshua Rodrigues De Oliveira Kevin Joshua Rodrigues De Oliveira
Gostei
March 01, 2022, 16:01

  • Kevin Joshua Rodrigues De Oliveira Kevin Joshua Rodrigues De Oliveira
    Desculpa é que eu realmente fiquei sem palavras de tão bom que estava isso... Sério mesmo March 01, 2022, 16:03
  • Willian Coutinho Willian Coutinho
    Fico muito grato por ter gostado, ainda mais por ter deixado um comentário. Obrigado pelo review tbm. O feedback de vocês me ajuda a entender se estou acertando ou errando na obra. Bem-vindo a essa aventura. Espero que goste do restante tanto quanto gostou desse início ^^ March 01, 2022, 17:04
Isís Marchetti Isís Marchetti
Olá, Willian! Tudo bem com você? Faço parte do Sistema de Verificação e venho para parabenizar pela Verificação da sua história. Ora ora, o que temos por aqui, hein?! Me parece uma bela e maravilhosa história, da qual muita coisa está por vir, e coisas essas as quais ninguém consegue imaginar ou compreender, como se cada linha que estivesse para vir, estivesse cheia, e completamente de suspense, drama e coisas das quais sejam impossíveis desconfiar com antecedência. É como dizem, a surpresa nos textos são os melhores tipos de surpresas que podemos esperar durante a vida. A verdade é que eu fiquei bem surpresa com esse Preludio da história, ele mostra que ainda tem muita coisa boa por vir, e é até impossível não despertar a curiosidade do leitor. Bom, vamos lá. A coesão e a estrutura do seu texto estão indo muito bem, adorei a forma que você escolheu para acabar a introdução do capítulo, pois o drama ficou bem palpável, foi uma leitura extremamente maravilhosa. Quanto à sinopse, ela está simplesmente maravilhosa, sério, eu adorei mesmo, e ficou muito incrível a forma sucinta que você trouxe o que está por vir nos próximos capítulos em tão poucas palavras na sinopse. Quanto ao personagem, ainda é um pouco cedo para entrar nesse assunto, exceto o que sabemos; ele tá em uma enorme enrascada, e só Deus sabe se ele vai sair dessa, nem sabemos se de fato ele é o nosso estimado personagem principal, haha. Deixar isso no ar fica mais curioso ainda, não é?! Quanto à gramática, até este ponto está tudo joia por aqui, eu adorei de verdade a experiencia que esse pequeno capítulo me proporcionou e tenho certezas maiores ainda de que o resto que está por ir seja tão boa ou mais ainda maravilhoso. Tem uma pequena observação em: "traze-lo" em vez de "trazê-lo"; "devolve-lo" em vez de "devolvê-lo" e "você é o que?" no lugar de "você é o quê?" Desejo a você sucesso e tudo de bom nessa jornada. Abraços.
July 24, 2021, 17:32

  • Willian Coutinho Willian Coutinho
    Olá tudo bem? Fico muito feliz que o texto tenha deixado você, leitor, com esses sentimentos. Isso me faz crer que estou no caminho certo. Muito obrigado mesmo por todo o feedback e pelas dicas de gramática ^^ Realmente muita coisa está por vir, coisas essas que se prolongaram por causa de várias ideias, pelo desenvolvimento e interação dos próprios personagens. Se quiser continuar acompanhando essa história, me diga se estou saindo dos trilhos. Claro, se puder. Novamente agradeço o feedback. Tenha um excelente dia! July 24, 2021, 18:34
Willian Coutinho Willian Coutinho
Olá você que leu até o fim. O que achou? Gostou do que leu? Ou estava tão ruim que fez seus olhos sangrarem? Incoerências? Deixe aqui seu comentário. Sei que não é uma obra perfeita e seu comentário pode me ajudar a melhorar.
July 22, 2021, 19:08
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