repolho_imortal Harumi Matsunaga

É, eu sei. Eu me apaixonei por ela há muito tempo. Posso até ter demorado para perceber exatamente o que era esse sentimento, mas de uma coisa eu sabia: Não conseguia tirar os olhos de Alex Fierro.


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Eu disse que assistentes sociais são sinal de perigo

É, eu sei. Eu me apaixonei por ela há muito tempo. Posso até ter demorado para perceber exatamente o que era esse sentimento, mas de uma coisa eu sabia: Não conseguia tirar os olhos de Alex Fierro.

Você deve pensar "Ah, é normal gostar de uma garota na sua idade, Magnus". Mas não. Ela era simplesmente indecifrável; um enigma estranho que não permitia que as pessoas se aproximassem. E era exatamente o que eu queria: Me aproximar.

Honestamente eu não tinha tempo para me preocupar me socializando com garotas bonitas. Minha casa tinha sido atacada e fugir da polícia e parentes irritantes já era muito trabalho. Mas lá no fundo da minha mente eu ouvia: "Você não pode simplesmente desistir. Você não pode simplesmente deixar as coisas acontecerem. Você tem que tomar uma posição!", ou talvez fosse só eu lembrando de algum episódio de Doctor Who.

Meu nome é Magnus Chase. Tenho dezesseis anos. E essa é a história de como minha vida virou uma bagunça depois que eu me apaixonei.

****

A primeira vez que a vi foi em um abrigo da juventude na rua Winter, seu cabelo verde chamava muita atenção dentre as outras crianças, e suas roupas me lembravam um traje de bobo da corte: ela usava uma calça skinny rosa berrante e tênis verde surrado de cano alto; uma camisa social slim verde sob um colete roxo quadriculado. Para alguém em um abrigo, sua aparência era bem arrumada, mas seu olhar era como de qualquer outra criança perdida que não tinha para onde ir. Foi quando percebi, enquanto ela encarava friamente qualquer um que se aproximava, seus olhos eram de cores diferentes: um castanho e outro mel, o que provavelmente ajudava a afastar as pessoas. Eu esqueci o nome que se dá a íris de cores diferentes, mas o fato é que era perturbador.

— O que você tá olhando?

Eu não tinha percebido que ficava encarando a garota, com certeza de maneira nada natural de uma forma idiota que só eu conseguiria fazer. Então eu dei a resposta mais inteligente que conseguir pensar:

— Nada

Ela arqueou a sobrancelha como se dissesse "Sei, idiota", e colocou a mão na cintura. Suas unhas eram pintadas de verde e rosa, acho que para combinar com o traje e o cabelo. De perto pude perceber que em vez de um cinto ela usava algo mais fino, mas resistente o bastante para poder estrangular alguém. Me perguntei se também eram afiadas o suficiente para cortar, mas não gostaria de descobrir.

— Se continuar a me encarar eu mato você — Sua voz era determinada, e com certeza não parecia uma ameaça vazia.

— Também é um prazer te conhecer — Não sei de onde minha coragem saiu para poder pronunciar as palavras, mas não queria que parasse — Sou Magnus Chase.

— E eu não me importo.

Sua voz saiu ríspida, como gelo sendo moído, mas isso só me motivou a continuar a conversa e descobrir o nome dela. Eu teria começado a falar argumentos muito inteligentes para entreter ela, mas uma assistente social chamou pelo meu nome, e eu já tinha muita experiência para saber pelo tom de voz dela que não seria nada bom. Eu só queria fugir.

— Estão chamando você, garotão — A garota de cabelo verde soava fria e irônica, mas eu tinha quase certeza que mais um pouco e ela estaria sorrindo só de pensar algo ruim que poderia me acontecer.

— Magnus Chase! — Chamou a assistente social mais uma vez.

Eu me encolhi, pronto para me esconder com outros sem-teto e fugir quando tivesse a chance, mas alguém me empurrou para frente e eu ouvi um riso. No mesmo momento um arrepio subiu pela minha espinha e se espalhou pelo meu corpo. Uma sensação estranha de algo quebrado tinha se estendido por todos meus sentidos, mas a dor parecia mais emocional do que física. A assistente se aproximava de mim e eu quase tropecei com o empurrão, ao olhar para trás não havia ninguém, só um vulto colorido se afastando de mim. Eu fiquei me perguntando se a dor que eu senti naquele breve momento de toque era daquela garota chamativa, e o mais estranho era como eu tinha sentido isso.

— Garoto, não me ouviu chamar?

A mulher estava irritada, e é claro que eu ia me fazer de desentendido.

— Eh, não — A assistente me olhava com os olhos semicerrados que acentuavam suas rugas na testa — Eu sou o Jimmy.

Olha, mentir para as pessoas pode não ser certo, mas quando se está fugindo da polícia e parentes que querem fazer perguntas demais, era tudo que eu podia fazer. Nossa Magnus, mas você não mentiu para a garota bonita. É, mas ela não era uma assistente social que estava me procurando provavelmente para me entregar para a polícia e me interrogar novamente sobre a morte da minha mãe.

Eu sei, você deve estar se perguntando "Mas se você é inocente porque está fugindo?", entenda: eu estou fugindo justamente porque sou inocente. Se dissesse que lobos enormes de olhos brilhantes invadiram minha casa ano passado, incendiaram tudo e minha mãe se sacrificou para que eu pudesse fugir, você iria acreditar? É, eu sei que não.

— Não me venha sendo engraçadinho, garoto.

A mulher me segurou pelo braço e novamente eu senti aquele arrepio na espinha que se espalhou pelo meu corpo, mas diferente da garota colorida, o toque da mulher irritada provocava apenas dor e ódio, como se fosse os únicos sentimentos que ela fosse capaz de sentir. Ela me segurou forte e me empurrou para uma das salas de reuniões, o que para mim parecia mais uma sala de interrogatório. A assistente ainda me segurava forte e tive que fazer um esforço para me afastar, em vão, no fim a mulher acabou me jogando para o outro lado da sala.

— Onde ele esssstá?

Sua voz começava a soar mais aguda e sibilante, como se fosse feito por uma cobra, e por um segundo imaginei ver duas caudas de serpentes em vez de pernas, mas preferi acreditar que era apenas o impacto de ser jogado contra a mesa.

— Onde essstá a essspada?

Claro que eu não sabia sobre o que a mulher estava falando, e claramente não era sobre a briga que eu tive com um garoto sobre a música da rádio ontem, e nem sobre os vidros que quebrei na sala de vídeo. Mas a coisa mais esquisita era que ela não iria me entregar para a polícia, o mal sinal é que ela parecia querer me matar. Aparentemente aquilo era real e quando percebi isso minha mente começou a formular várias perguntas que eu gostaria de fazer: De que espada você está falando? Porque você quer me matar?. Mas no fim eu só consegui dizer:

— Você é uma cobra?

Isso pareceu irritar a mulher-cobra porque ela começou a fazer barulhos mais perturbadores e se aproximar de mim com suas garras, enquanto suas pernas (que agora eram uma cauda de cobra cada uma) ficavam numa mistura de andar e rastejar. Quando a assustadora assistente social avançou sobre mim, tudo que eu queria era correr a gritar, mas só desviei e me joguei por trás de uma cadeira. Não me julgue, eu já enfrentei vários trabalhadores do governo, e por mais feios que eles pudessem ser, nenhum deles tinha se transformado em uma serpente para me atacar. Geralmente só as palavras eram venenosas.

Fiquei com a cadeira como um escudo e me arrastava gradativamente em direção a porta, munido apenas de um grampeador que caiu perto de onde eu estava. Eu nunca entendi porque nas salas de reuniões os funcionários colocavam o material de papelaria sobre a mesa, sendo que provavelmente nem usavam. Mas naquele caso era toda arma que eu tinha. A mulher-cobra se virou para mim mais uma vez se preparando para dar um bote (ou foi o que eu imaginei, porque metade dela tinha se tornado duas cobras), eu apenas joguei o grampeador nela, que facilmente desviou, e agora eu estava desarmado. Assim que o grampeador caiu no chão, ouvi um barulho de janela sendo quebrada.

De trás da mesa um enorme lobo cinzento atravessava a janela, espalhando os estilhaços pela sala. Acho que alguns tinham raspado nos meus braços, por que começavam a arder, ou era apenas o minha fobia de lobos. Eu falei não foi? Ano passado dois lobos de olhos brilhantes atacaram minha casa e mataram minha mãe, é óbvio que eu ia desenvolver um medo absurdo pela espécie. Mas aquele animal parecia mais interessado na mulher-cobra. Antes que eu pudesse gritar como uma garotinha, o lobo cinzento partiu para cima da assistente social-monstro-cobra e mordeu seu torso quase a partindo em dois, onde começava o corpo humano, e as caudas de serpente, enquanto o monstro revidava atacando a orelha do canino com suas garras e sibilava coisas que não entendi. E é claro, eu me esgueirava para sair da batalha entre feras.

— Entregue-me a essspada!

Eu já disse que era super incômodo quando a mulher-cobra falava? Eu me perguntava se o Harry Potter entendia as cobras da mesma forma que aquele monstro falava comigo.

— Eu não tenho espada nenhuma!

Era evidente, mas parecia que eu precisava dizer a ela mesmo assim. Meu tio Randolph colecionava artigos antigos vikings, mas nunca deixou eu brincar com suas armas, e tudo que eu tinha naquele momento era uma cadeira que quase me servia de escudo.

— Magnus!

Uma voz familiar chamava pelo meu nome, e naquele momento eu tinha certeza que estava enlouquecendo. O lobo cinza havia se transformado em humano, e ninguém menos que aquela garota que tinha chamado minha atenção havia aparecido no lugar dele. E ela estava ferida nos mesmo locais onde a mulher-cobra havia atacado o animal. Certo, ou eu estava completamente louco depois por ser atacado por uma mulher que se tranformava em cobra, ou eu estava realmente fascinado por aquela pessoa de cabelos verdes que acabei vendo ela onde havia um lobo. E nenhuma das opções ajudava naquele momento.

— Idiota! Me ajude a matar a dracaenae!

— O que?

Primeiro, o lobo realmente tinha se transformado na garota, ou a garota havia se transformado no lobo. Tanto faz, a questão é que eu não estava enlouquecendo e aquilo era real. Não sabia o que era pior. Segundo, que raio de nome é dracaenae?

A mulher cobra avançava sobre mim, quando uma faca de caça apareceu perto dos meus pés, antes que eu me perguntasse de onde havia saído, conclui que era da garota-lobo de cabelo verde. Ela não estava brincando quando disse que podia me matar. A mulher-monstro-cobra, ou dracaenae, parecia ter se interessado em matar a minha amiga loba e julgado que eu era insignificante demais para ser morto primeiro. Não fiquei ofendido, adoraria mais alguns minutos de vida.

Enquanto a dracaenae se preparava para atacar a garota-lobo com suas garras e hálito horrível, a outra já havia se transformado em uma pantera. Era uma bela pantera. Empunhei a faca e avancei sorrateiramente, saindo de trás da cadeira-escudo. A pantera usava suas garras e rasgava os braços da mulher-cobra, mas era ferido no processo, sua pelugem se grudava no couro por conta do sangue que escorria do corpo. Aproveitei a distração da dracaenae enquanto lutava com a fera para apunhalar suas pernas-cobras. Ela gritou, ou pelo menos parecia, pois com aquela língua de serpente era difícil distinguir. No mesmo instante, a pantera já havia se tornado um humano novamente, e rapidamente tirava seu cinto e o enrolava no pescoço da dracaenae para estrangulá-la. Ela fazia isso de uma forma tão elegante que eu quase me assustei. Em pouco tempo a assistente social desaparecia em cinzas.

Tudo que eu consegui dizer foi:

— Caramba.

A garota riu. Ela estava sentada perto de onde os restos da dracaenae estava, e algumas cinzas manchavam suas vestes e se misturavam com o sangue. Ainda segurava o garrote firmemente nas mãos.

— Ainda não me disse seu nome — Minha voz saiu com mais naturalidade do que esperava, principalmente depois de lutar ao lado de uma pantera e matar um monstro serpente.

Ela olhou para mim como se decidisse se eu seria sua próxima vítima ou não, e pela forma que ela estrangulou a dracaenae eu realmente não queria ser o próximo.

— Alex — Disse por fim, e notei que sua voz estava levemente diferente da última vez que conversamos — Alex Fierro.

Cambaleei e acabei caindo onde estava, ao ver as cinzas desaparecendo, parecia que tudo aquilo não passava de um sonho, mas a sala bagunçada e os meus ferimentos e os de Alex eram reais. Meus ferimentos. Quando dei por mim percebi que meu corpo já havia regenerado cada corte e os sangramentos cessado. A sensação era semelhante ao arrepio que senti na primeira vez que Alex me tocou.

— Como fez aquilo?

Honestamente eu não queria saber como uma pessoa se transformava em animais, ainda mais depois de ser quase morto por uma mulher-cobra, mas de alguma forma senti que aquela sensação estranha no meu corpo e o fato de ter me recuperado rápido tinha alguma coisa a ver com Alex.

— Sou um metamorfo — Ela deu de ombros, e disse como que só aquilo já explicasse tudo.

Ah claro, obrigado, ajudou muito. Vejo pessoas se transformando em lobos e panteras todos os dias. Eu podia questionar se ela era igual à assistente que tentou nos matar, mas estava claro que Alex não era um monstro. Pelo menos não para mim. Mesmo que eu perguntasse qualquer coisa a respeito, imaginei que ela fosse me bater e quando olhei mais uma vez ela havia desmaiado.

— Ei! Alex — Tentei me levantar para me aproximar, mas ainda sentia o tremor nas pernas, acabei me arrastando para seu lado — Me diz que você não morreu.

— Eu não morri, bebezão, da pra parar de chorar? — Humor. Ótimo, ainda parecia a mesma pessoa sinistra que estrangulou um monstro.

Talvez eu não devesse, mas estando tão perto acabei colocando minha mão em seu pescoço, e para minha surpresa, além de sentir seus batimentos cardíacos, pude sentir sua vida enfraquecendo, e cada ferimento em seu corpo que precisava ser curado. Meus dedos ficaram quentes e senti o arrepio em minha espinha se espalhar pelo meu braço e se estender até ela. Eu não sabia o que estava fazendo, mas meu corpo se movia naturalmente e tudo que eu pensava era que queria ajudar Alex Fierro. Em poucos minutos seus cortes pareciam cicatrizados e o sangramento havia parado.

— Você virou um vaga-lume — Era evidente o escárnio em sua voz.

Eu não entendi o que ela queria dizer, mas tive medo que sua metamorfose fosse contagiosa e quando olhei para mim mesmo, percebi que uma finca camada de luz dourada revestia meu corpo.

Bom, pelo menos não me transformei em uma barata.

Uma coisa que assustou mais ainda, foi quando eu estava curando seus ferimentos. Cenas começavam a aparecer na minha mente, e como as memórias não eram minhas, conclui que alguma lembrança de Alex havia invadido minha mente. Ou eu havia invadido a sua. Devia ser algo por volta do ano passado, e Alex estava em algum outro abrigo, algumas crianças a estavam agredindo. Quase podia sentir as pedras que os outros jogavam nela.

— Você sempre faz isso, menino-vaga-lume?

— Só quando sou quase morto por assistentes-monstro e salvo por uma garota-lobo

Garoto-lobo

Demorei um pouco para processar

— Você é...

— Um garoto, sim — Ela, digo, ele suspirou — Sou de gênero fluido e transgênero, não me faça perguntas, não sou obrigado a ensinar.

Se eu fiquei chocado pela minha crush na verdade ser um homem? Na verdade o que me surpreendeu foi que eu ainda me sentia atraído por ele, seu gênero não mudava a pessoa que ele era.

No último ano morando nas ruas, conheci várias pessoas que não se contemplavam no binário de gênero feminino e masculino, ou que sentiam que estavam no corpo errado. Eles acabavam nas ruas porque seus familiares não os aceitavam. Uau, que novidade. Até porque deixar seu filho a mercê de drogas, abuso, propensão ao suicídio e a prostituição é uma ótima forma de educá-lo só porque não se encaixam no estereótipo hétero cis normativo. Que ótima forma de demonstrar afeto, mãe e pai. Obrigado.

Eu não queria que Alex se sentisse desconfortável por me dizer isso, e por mais que metade do meu cérebro estivesse questionando minha sexualidade, a outra metade só queria aproveitar o momento.

— De alguma forma combina com você — Me surpreendi porque era o que eu realmente achava— Sabe, essa coisa que estar sempre "metamorfoseando", essa palavra existe?

Alex me olhou como se tivesse crescido chifres na minha cabeça, e dada a situação esquisita de brilhar e as pessoas ao meu redor de transformarem em animais, quase acreditei que estivesse crescendo mesmo. Em seguida começou a rir e gargalhar. De alguma forma parecia satisfeito.

— É melhor sairmos daqui — Ele me fitava com seus olhos castanho e mel como se me julgasse — As pessoas lá fora devem ter ouvido o barulho da luta.

Antes que eu respondesse, Alex se transformou em um flamingo e saiu voando pela janela que havia quebrado em forma de lobo. Nada discreto, mas pelo menos as pessoas não ficariam gritando sobre um lobo ou pantera correndo pela cidade. Seria uma tarde interessante para os observadores de pássaros.

Quanto a mim. Eu estava ferrado.

E provavelmente nunca esqueceria aquele dia.

16 Mai 2021 08:51 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

A propos de l’auteur

Harumi Matsunaga • Escritora de alta-fantasia • Ilustradora

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