Querida Raposa:
Ah minha querida raposa, lembro-me como se fosse ontem… Eu era apenas uma pequena princesa ignóbil, limitada em meu ínfimo planeta, convencida de que só existia uma única rosa no universo. Confesso-lhe que em muitos momentos eu era feliz sob a confortável sombra da ignorância daqueles dias. Então você surgiu; esplendorosa, a diferir de tudo o que eu vira até alí.
Embevecida, dediquei-me a cativá-la. Não foi uma tarefa fácil, talvez você não acredite, mas a fascinação me sabotava integralmente. Ah, quantas vidas eu perdi só para chegar um passo a mais para perto de ti!
Estabelecemos um laço e você era a palmatória e o balsamo, a mordida e o sopro. Então seguimos caminhos divergentes. Sinto muito por ter te feito de protagonista das minhas ficções, sabe, humanos são falhos, principalmente os mais jovens. Hoje entendo todo o peso energético de te colocar uma coleira no meu universo particular e dissimular a realidade. Sinceramente, me perdoe.
Nas entrelinhas da vida, nos encontramos novamente. Deveria ter me redimido naquele período, mas ainda era relativamente jovem e tola. Estava ansiosa para lhe contar sobre todas as rosas que conheci, os perfumes e espinhos. Você já não era tão doce, talvez nunca fora e eu quem não percebi. Usou sua astúcia de raposa para me ferir com fraquezas que você sabia que eu tinha e com as que julgava saber. Saiba que só a intenção já foi o suficiente
Então, estamos quites? Abusei da sua imagem e você da minha autoestima. Fui uma decepção e você me retribuiu a altura. Calamos a razão e deixamos o ego duelar. Chegamos ao fundo do poço do “passivo agressivo.”
Hoje já não sou uma pequena princesa e sim uma rainha com algumas experiências, mas ainda muito a aprender. Meu mundo já se ampliou e vem se ampliando a cada dia e meu reino é tudo para mim. Reconheço todo o mal que nos fizemos, mas não desprezo nossa história. Eu te isento de toda a responsabilidade por ser cativa em nosso elo e te liberto, te perdoo por tudo, assim como me perdoei e espero ser perdoada por ti.
Eu sinto muito, me perdoe, eu te amo, sou grata!
Merci pour la lecture!
Adorei muito seu conto! Super bem desenvolvido. Mostrando o lado do opressor, do carcereiro que aprisionou e posteriormente se arrependeu de seus atos ( príncipe ) já a raposa, embora vítima, tambem foi "vilã" a classica vitima das consequências. Você brilhantemente a mensagem de que é necessário aprender com os erros e se perdoar deles. Libertar e ser liberto dos fantasmas dos erros do passado.
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