Diário Digital, Rio de Janeiro, 08 de dezembro de 2099.
(Primeira vez que escrevo. Vou passar a escrever diariamente depois desse evento).
O assunto que quero colocar nesta página é sobre o que aconteceu ontem, na escola onde eu estudo. Algo que me surpreendeu, nem desconfiava. Eu não sou lá do tipo popular extrovertido, na verdade sou tímido. Onde moro costumo ter um biótipo diferente da maioria das pessoas. Moro no litoral do Rio de Janeiro, perto da praia, onde a maioria das pessoas tem uma pele mais queimada pelo sol, mas eu uso bloqueador solar o tempo todo. Minha pele não aguenta esse sol. De qualquer forma, as pessoas acham que sou estrangeiro por causa da brancura da pele, de certa forma sim. O sobrenome dos meus pais é esquisito e parece que é preciso quebrar a língua para pronunciá-lo. Eu tenho 1,98 metros. Para um garoto de quinze anos é bem incomum, mas também tenho colegas de sala que são bem altos também. Sou magro, nem tanto. Olhos verdes, cabelos dourados. Não tenho tantos amigos, aliás, não tenho nenhum, somente colegas que falam comigo de vez em quando sobre futebol. Por outro lado, as garotas me adoram, vivem atrás de mim, sério, não estou me valendo destas anotações para tirar uma ondinha. Elas vivem querendo me namorar e, claro, eu também quero conhecê-las melhor, mas nem sei como se faz isso. Dizem que sou um ser angelical, como se anjos tivessem que ter meu tipo físico. De qualquer forma é no que muitos acreditam.
Voltando sobre o que aconteceu ontem... (eu só pude registrar hoje, sabe-se Deus o porquê). Na sala de aula, o professor de História abriu um debate sobre as vidas inteligentes alienígenas, já no final do ano letivo. Pena, pois esse debate já poderia ter acontecido. Ele descobriu que metade da turma já havia presenciado algo como se fosse um contato, sim, desses que se passam nos filmes, nos documentários. Contudo, algo bem discreto, aparições aqui e ali, uma foto ofuscada de celular, a imagem de uma silhueta estranha no meio da floresta, luzes intensas no céu escuro e formas de energia que mais parecem discos ou naves voadoras. Bom, hoje já não há dúvidas na humanidade sobre a existência de seres extraterrestes. A antiga NASA, atualmente conhecida como Projeto Espacial Éden, e mais os governos da Rússia e da China revelaram fotos, filmagens, restos mortais e documentos do século XX sobre eles. Acharam que a humanidade já estava suficientemente evoluída para isso. Bom, a questão não é mais se a humanidade acredita na existência deles, mas se está preparada para conviver com eles. A humanidade é ainda muito etnocêntrica. Etnocêntrica? Acho que essa é a palavra certa.
Desculpe, eu acabo me distraindo. Como meus pais falam: "coisa de adolescente". Voltando sobre a aula de ontem: meu professor abriu um debate muito bom e acalorado. O pessoal falou muito sobre os aliens e uma provável colonização extraterreste. Eu me lembro de alguma coisa, de alguns diálogos. Vou escrever o que me recordo, acho que eu até me lembraria de mais coisas, mas eu fiquei o tempo todo brincando com minha moeda dourada de dois reais, passando ela entre os dedos.
Vamos lá:
O professor perguntou se a humanidade estaria preparada para conviver com extraterrestes e a maioria disse que não. Afinal, muitos acham que haveria conflitos de interesses já que eles poderiam vir para colonizar e explorar a Terra. O mestre também perguntou se existiriam várias raças de extraterrestes. A turma fechou nesse assunto dizendo que sim, que deveriam existir várias raças e que elas teriam uma tecnologia muito avançada para chegarem até nós e se ocultarem, lembrando que desde a antiguidade se tem notícia de acontecimentos bizarros. As carrancas da ilha da Páscoa, as pirâmides do Egito e as construções dos Maias, dos Astecas e dos Incas, seriam exemplos da influência e atuação deles. Será? Acho que sim. De qualquer forma, acredito em muitos acontecimentos que não foram registrados na História de experiências com extraterrestes.
Por fim, o professor disse que os extraterrestes já poderiam estar vivendo entre nós. Alguns se assustaram, aliás, a maioria. Ficou algo muito louco porque as discussões acabaram gerando certo clima hostil. Dois colegas bateram boca e quase saíram no braço. Parece que a humanidade não evoluiu tanto assim...
Isso é um assunto que gosto muito e o professor mandou muito bem. A aula terminou e meus colegas foram embora. Como eu não tinha participado dos debates por causa da minha timidez, e da moeda que caiu no chão. Fiquei preocupado em perdê-la, pois a considero meu amuleto. Então, fiquei até um pouco depois do término da aula para fazer perguntas para o professor, encontrar e pegar discretamente minha moeda, sabe. Quando cheguei perto, percebi que o professor suava e tremia. Procurava alguma coisa na pasta dele. Eu achei melhor sair, aquilo estava estranho. Ele parecia descompensado. Andei pelo corredor e antes de descer a escada veio um estalo na minha cabeça: e se ele estivesse sofrendo um infarto? Uma crise de hipoglicemia ou um derrame? Sei lá. Eu poderia ajudar. Voltei e quando passei pelo vão da sala me assustei. Os olhos do professor pareciam uma gelatina de uva. Sério. Não havia íris, nem fundo branco dos olhos, era tudo uma coisa só. Congelei de medo. Nunca desconfiei. Fiquei observando ele engolir a pílula e enfim os olhos voltaram a ser... humanos!
Ele se aproximou de mim. Estávamos nervosos. Até imaginei que ele fosse me eliminar de alguma forma, afinal testemunhei o segredo dele. Ele apenas me pediu para que eu não contasse a ninguém. Ninguém mesmo, nem para os meus pais. Eu concordei e disse a ele para que não se preocupasse, que seria o nosso segredo. Então, avistei a moeda perto do meu par de tênis. Espalmei minha mão direita. Fiz a moeda levitar até a palma da mão.
O professor Larrúbia sorriu aliviado. Saí pelo vão da porta, feliz.
Órion A. Pielgrzym, de bem com a vida.
Merci pour la lecture!
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