E o Hatake, com aquele seu jeitinho metódico que todos conheciam, abria várias exceções para a sua presença em sua casa. Se alguma vez o incomodou, o outro não deixou transparecer, mas era tão bem acolhido - fosse com um bom dia, boa tarde ou boa noite -, que Obito sentia-se em sua própria casa.
A presença de seu amigo, mesmo quando estava ranzinza, confortava-o e tal sentimento, ainda que estivesse ali há vários anos, sempre parecia novo e complicado nos dias em que uma ansiedade o tomava de repente; as mãos suando e o contato de seu ombro com o de Kakashi ao assistirem a um filme juntos no sofá, deixava-o inquieto com milhares de pensamentos na mente.
Certas vezes, cogitava se arriscar e perguntar se o amigo passava por tal situação parecida, porém era complicado encará-lo nesses momentos e abrir a boca. Era como chiclete grudado no cabelo, difícil de arrancar mesmo e, desde que pensou nisso, parecia não existir Obito Uchiha sem essas incógnitas consigo.
Então, nessa noite, em que novamente a madrugada veio e com ela os seus gastos no mercadinho da esquina em salgadinhos e bebidas cheias de açúcar fechando com alguns doces e seu toque no interfone do prédio do Hatake, Obito já nem assistia mais ao filme, a questão não era seu medo aos 23 anos por filmes de terror, ainda menos com o clássico O Exorcista que Kakashi havia escolhido por ser sua vez hoje.
Também não era sono, porque, obviamente, a agitação corria por suas veias graças a sua alimentação do presente. De todas as possíveis opções para a sua falta de concentração, restava apenas uma que estava bem na frente do Uchiha que ele queria fingir não ver porque o surto interno vinha e ele era péssimo em esconder as coisas, principalmente, quando envolvia um de seus amigos mais antigos e íntimos.
A mão de Kakashi entrelaçada na sua com a cabeça dele deitada em seu ombro, essa era a opção correta. Obito não fazia ideia de como haviam ficado assim, mas não queria reclamar, pois o calor do outro tão colado em seu corpo causava arrepios sutis e bons em si. Provavelmente, ele podia perceber seu estado, ainda mais com sua mão suando pelo nervosismo.
Tentou acalmar um pouco o coração para depois se arriscar a fazer o mesmo que o outro, deitando sua cabeça sobre a do Hatake, e, como ele em nada protestou, sentiu que estava tudo bem. Aquela era uma situação totalmente nova e ambos pareciam confortáveis, então Obito não pôde evitar um sorriso ao chegar nessa conclusão.
As horas passaram tão rápido que nem percebeu, com isso, não demorou muito para que o sono viesse, mas ainda em um estado de dormência e lucidez, pôde sentir quando Kakashi soltou sua mão e se levantou do sofá, logo um cobertor estava sendo posto sobre o Uchiha e um singelo beijo em sua testa.
Obito pôde dormir tranquilo, sentido-se protegido e acolhido por aquele homem de cabelos cinza que várias vezes arrancava um sorriso seu facilmente. E se ele estivesse ao seu alcance naquele momento, teria visto Kakashi sorrir bobo para o nada, indicando que para o Hatake não era tão diferente de como era para o Uchiha.
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