Todo mundo sempre fala que o "era uma vez" começa com uma garota apaixonada por um garoto. Que ele a salva do perigo, a beija e, puf, "felizes para sempre". Fim. Eu passei um tempo pensando em qual seria a princesa da minha história. Seria uma donzela em apuros presa em uma torre? Uma pobre moça correndo à meia-noite de um baile? A jovem mais bela do reino presa em um sono profundo?
É engraçado falar disso, porque no meu "era uma vez" é com o príncipe encantado que eu quero escrever um "felizes para sempre" na última página amarelada.
Eu tive um crush em cada garoto que disse "Oi" para mim. Não todos, na verdade. Somente naqueles que foram legais comigo.
Allan Forbes meu primeiro melhor amigo do jardim de infância, que só percebi que gostava dele quando esbarrou nossos lábios sem querer ao tentar me dar um abraço na quinta série. Leopold Meyfield no fim daquele mesmo ano, quando me disse que gostava de mim. Jaden Hwang, o príncipe encantado que gostava dos meus cookies de chocolate. Dylan Steinfeld, meu melhor amigo. E... alguém que conheci no último ano.
Quando entrei no ensino médio, eu era Louis Benson, só Louis Benson. Depois de me dar mal em um teste de biologia no início do primeiro ano, começaram a me chamar de Louis, o Cupido. Fiz amizade com o sr. Burnes, meu professor de biologia e ele me contou que gostava da srta. Kate, a bibliotecária. Para um garoto que gosta de garotos, até que mandei bem quando disse que ele deveria dizer a ela o que sentia enquanto sentia. Ela poderia não estar mais no "era uma vez" dele se ele não dissesse logo.
Na mesma semana, o sr. Burnes me disse que eu era bom com conselhos, que seria legal eu usar esse meu "dom" para ajudar os outros. Parte disso era para que eu pudesse fazer novos amigos — eu sabia — e, também, fazer meus colegas de classe criarem laços que não fossem só pelo celular, afinal, quando se é adolescente, tudo é atrás de uma tela de vidro gelada.
O diretor Duvall cedeu a sala de rádio para mim depois de tanto ouvir o sr. Burnes insistir na ideia de me pôr atrás de um microfone. Ninguém usava aquela sala até eu aparecer. Pelo o menos, eu nunca tinha visto alguém sair de lá a não ser o faxineiro. Foi aí que me conheceram. Depois de pôr a ideia em prática, percebi que era legal, que valia a pena. Eu me sentia o máximo sempre que alguém dizia: "Uau, você é mesmo um cupido!" ou, então, "Devo meu namoro a você".
Mas de tanto ajudar os outros a encontrarem suas almas gêmeas, as metades de suas laranjas e tal, comecei a pensar que já estava na hora de eu encontrar a minha.
— Passa a bola! Passa a bola! — berra ele, correndo pela quadra.
— É sua, Lucas! — diz Clawd ao sacar a bola.
Lucas. Sim, esse é o nome dele. Lucas Parker. O típico galã de novela, príncipe encantado, garoto popular e jogador do time de basquete que chama atenção por onde passa. Maldita hora em que coloquei meus olhos nele.
— Cesta!
Ele tem um sorriso de coelho branco brilhante e o cabelo é castanho como chocolate ao leite derretido. A pele é da cor de um bronzeado leve, daquele que você ganha por tomar muito banho de sol na praia. Sempre fico babando quando ele passa no corredor girando a bola de basquete em um dos dedos. Já ouvi algumas garotas o chamando de "Nosso astro de Hollywood". Eu não nego que ele seja um. Lucas Parker é o garoto bonito de todos os garotos bonitos. Até as professoras do nosso ano concordam com isso.
Vivo fantasiando com ele aparecendo no meu jardim no meio da noite fazendo uma serenata, dizendo "Eu amo você, Louis Benson" com todas as letras e notas melosas, mas tudo vai por água abaixo quando lembro de um detalhe. Lucas Parker gosta de garotas. E nada me deixa mais inquieto do que imaginar nós dois juntos.
Meu melhor amigo, Dylan, insiste para que eu seja direto, mas nada que eu faça adianta para chamar sua atenção. Já passei por Lucas Parker no corredor usando meu perfume favorito com cheiro de alfazema, mas ele apenas espirrou. Outra vez fingi que meu armário estava emperrado, porque o dele era do outro lado, mas Lucas não notou. Em outra, eu fiz o dever de casa do melhor amigo dele, Clawd Walker, na esperança de ele me pedir para fazer o dele também, mas Lucas não fez.
— Cara, só vai. — diz Dylan — É isso ou vai acabar perdendo ele para outra pessoa.
— Perder o que eu nem tenho?
— É. — a voz dele soa firme — Vai perder o que não conseguiu ter por medo de tentar.
E ele tem razão. Eu preciso de socorro e a única pessoa com o poder de resolver isso com uma única flecha mágica sou eu.
No meio do primeiro semestre do ano passado, me colocaram junto de John Walsh na narração dos jogos de basquete. Mas só para ler cartões nos intervalos para não ficar chato. Só que, uma vez, esqueci que o microfone estava ligado e eu disse: "Caramba, Lucas Parker é lindo". Fiquei rosa como framboesa. O pessoal achou engraçado e passou a me dar fama por isso, então decidi investir. Eu fazia o nome dele ficar mais alto sempre que soltava o bordão: "Uou, vocês estão vendo como esse garoto é incrível?". O favorito é: "A bola, com certeza, está satisfeita por estar nas mãos dele". Não demorou para Lucas perceber que havia alguma intenção por trás.
— Tá me cantando? — pergunta ele, quando tiro um livro grosso da estante da biblioteca.
— O quê?
— Nos jogos, Benson. — ressalta — É impressão minha, ou você está caidinho por mim?
Sim!
— Não. - o quê?!
— Olha, não tem ninguém aqui, só a gente. — Lucas apoia o cotovelo na estante — Confessa, vai. Prometo não contar para ninguém.
Uma parte de mim sabe que ele vai contar para Clawd.
— Eu não gosto de você, Lucas Parker. — minto — Deveria parar de pensar que é o centro do universo, sabia?
Ele arqueia as sobrancelhas.
— Centro do universo? — o canto direito da boca dele se ergue, formando um sorriso ladino.
Odeio quando ele faz isso. Faz meu eu interior gritar "Você é o garoto mais lindo do mundo!" em todas as línguas. Qual o problema de ele me notar?
— Pois é, eu saberia se eu gostasse de você.
— Benson, eu já vi como você me olha. Outro dia te peguei me encarando e você derrubou seu iogurte.
Pois é, eu estava vendo ele falando sobre The Walking Dead com Nate e ele estava com o cabelo meio jogado para trás. Parecia o Ryan Reynolds. Ele olhou para mim e minha garrafinha escorregou de meus dedos.
— Eu não estava te encarando.
Lucas não parece convencido, porque diz:
— Eu saberia se não estivesse. — dá de ombros — Sabe que eu não curto garotos, não sabe?
— Se não gosta de garotos, por que eu iria gostar de você?
— Por eu ser charmoso, lindo e, qual é mesmo a outra coisa que você diz? — ele arqueia as sobrancelhas quando lembra — Encantador.
Reviro os olhos.
— Sério, acho que você deveria mesmo parar de pensar que é o centro do universo. Isso te faz parecer um cara bobo.
— Um cara bobo? — Lucas me olha com um sorriso debochado.
— Muito bobo.
Ele solta um risinho e balança a cabeça.
— Quer saber, tanto faz, tá?
Lucas dá meia volta quando Nate surge atrás dele e o chama para o treino de basquete. Acho que ele não acreditou no que eu disse. Ah, quem diabos eu quero enganar? Ele realmente não acreditou. Será que ele me odiaria se eu dissesse que gosto mesmo dele? Será que ele vai dizer que também gosta e que apenas estava esperando eu admitir primeiro? Ou será que eu vou admitir quando ele admitir? Se é que ele sente algo para poder admitir.
Merci pour la lecture!
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