mandy-mars Amanda Karynne

“Após ficar famoso por meio de seus livros – Xiumin desenvolveu fobia de multidões. Entretanto, depois de uma acalorada discussão com uma diarista contratada pra limpar sua mansão – e grande fã de sua obra – Minseok sentiu algo que não acontecia com ele há muito tempo, inspiração – vontade de escrever. Nunca lhe ocorreu que o que ele mais evitou nos últimos anos, tenha sido exatamente o que estava lhe faltando – ver gente.” ESCRITOR | LEITORA | EXO | HÉTERO | HOT | XIUMIN | PERSONAGEM ORIGINAL |18+ ➳ Série: Você vai encontrar o homem dos seus sonhos.


Histoire courte Interdit aux moins de 18 ans.

#exo #hetero #daniele-campbell-aka-aline-campos #escritor #kim-minseok---xiumin
Histoire courte
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Capítulo Único.

Alguns avisos:

➠Todos os personagens são adultos;

➠Os fatos e eventos aqui descritos são fictícios;

➠Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas – terá sido mera coincidência;

➠Enredo contraindicado para menores de 18 anos;

➠Criança – o que você ainda está fazendo aqui? Esse conteúdo não é pra você;

Aos demais, boa leitura. Por favor, leia as notas finais.



Bookmark's Bookstore – 서울 Seul, 5 anos antes...


Kim Minseok – ou como assinava em seu pseudônimo de escritor, Xiumin.

Sua presença era um acontecimento.

Ele conseguia ser quase tão atraente e visualmente belo, quanto as narrativas que expunha em seus livros. Naquela ocasião em particular participava de mais um sarau literário em uma das maiores livrarias de Seul, e atendia seus leitores com carinho e presteza.

Seu lançamento à época, se chamava "TEMPOS MODERNOS" e tratava de uma intrincada trama de controvérsias internacionais, espionagem industrial e uma inesperada guinada através do espaço tempo, com um eletrizante capítulo abordando a viagem no tempo e suas vantagens bem como desvantagens para os envolvidos. Fez um inesperado e barulhento sucesso – de imediato inundando as correspondências do autor com convites para feiras literárias, programas de tv e mais uma infinidade de matérias publicitárias acerca de sua publicação.

Mas tudo isso... ficou no passado.


Agent1961 Bookstore – 서울 Seul, dias atuais.


Aline Campos, aspirante a escritora, estudante de Letras e Relações Internacionais, bartender na "Agent1961" ... fã incondicional de Xiumin. Seu autor predileto, atualmente completamente recluso da vida pública.

O cara lançou apenas um dos livros mais revolucionários das últimas décadas e... sumiu. Ninguém sabia do paradeiro dele. Sabia como era a aparência dele, porque uns 5 ou 6 anos antes, ele deu muitas entrevistas.

Era meio triste ser tão fã assim do trabalho de alguém, e não ter qualquer notícia da pessoa. Puxa vida! Aline se sentia grata e ao mesmo tempo irritada com Xiumin. Ele foi uma das principais motivações, que a fizeram largar a faculdade de economia lá no Brasil e começar tudo de novo, na Coreia do Sul.

A versão tipo "beta teste" do manuscrito dele traduzido para o português a fascinou tanto, que ela se viu motivada a aprender o coreano, e vir até o seu país apenas pela chance de encontrá-lo numa tarde de autógrafos dessas pela vida, a fim de ter a assinatura do mesmo em seu exemplar de "TEMPOS MODERNOS".

O que, apenas para deixar claro, ainda não aconteceu.


Casa de campo de Kim Minseok – 인천 Incheon, dias atuais.


Um livro de estreia de sucesso, um segundo livro ainda mais bem sucedido, milhares de entrevistas, saraus de literatura, fama e reconhecimento internacionais e o que restou?

Uma crise criativa que não parecia ter fim.

Essa era a realidade de Xiumin nos últimos anos.

Absolutamente NENHUM progresso nos manuscritos inéditos. O autor estava profundamente atrelado a uma maçaroca de papéis, frases soltas anotadas em guardanapos, e folhas amassadas espalhadas pelo chão de seu escritório.

Ele não sabia mais o que fazer.

Os dias se enrolando em anotações soltas, ideias a esmo anotadas em guardanapos, se tornaram meses e os meses se transformaram em anos... cinco pra ser exato.

Ele simplesmente não conseguia romper aquela bolha de conceitos vazios, que parecia ter se alastrado e tomado de modo hostil sua mente, que costumava ser fértil e criativa.

Nem passou pela cabeça cheia de parafusos soltos de Kim Minseok, que o que ele mais evitou nos últimos anos – fosse exatamente o que estava lhe faltando.

Ver gente.

Experimentar.

Sair daquela vila e daquela vida de ermitão da cidade.

Nem um cão de estimação o cara tinha. E os empregados mantinham-se silenciosos e discretos no intuito de não perturbá-lo.

Era muito silêncio.

Era silêncio demais... só ele não percebia.


서울 Seul - Subúrbio, apto 511 – Casa da Aline:


Aline saiu do Brasil, mas o Brasil não saiu da Aline.

Explico:

Ela estudava, trabalhava na livraria e cyber café Agent1961 e ainda assim... estava às voltas com duas outras amigas, à procura de mais um emprego temporário. Se ainda tinham um horário útil (entre os estudos e o trabalho na livraria) e pudessem encontrar algo em que pudessem trabalhar e receber por isso, pode crer que elas topavam.

E assim apareceu a limpeza de uma propriedade em 인천 Incheon – não era muito longe de onde elas moravam, porém, a propriedade era imensa!? Nem morta que ela iria sozinha!? Poria aquelas molengas das suas colegas pra trabalhar junto com ela.

Seria bom paras três.

Ângela porque precisava de toda grana que pudesse arranjar – os materiais do curso eram bem caros!

Estela porque era gastadeira como ela só!

Aline porque gostava de ter um dinheiro extra, pra comprar seus "tesouros" – livros velhos como Ângela diria... ao que Estela lhe ordenaria que deixasse a outra em paz, afinal cada um tem seus gostos pessoais.

Enfim, com as três aceitando "faxinar" aquela villa imensa em Incheon – acertaram o preço pela limpeza caprichada e no dia marcado, rumaram para lá – primeiro de metrô, depois completando o restante da viagem de ônibus.


Casa de campo de Kim Minseok – 인천 Incheon


A casa, a despeito de suas proporções avantajadas, era muito bem situada. Decorada com bom gosto e sobriedade. Cômodos amplos, arejados com todos os espaços bem aproveitados – e nada de ter montes e mais montes de quinquilharias.

Fosse quem fosse o proprietário... tinha muitíssimo bom gosto.

Era tudo funcional, logo o trabalho não era enfadonho nem travado. Como as três garotas dispunham de um tempo limitado para executar aquela limpeza, foi razoavelmente simples, predeterminar quem limparia o quê.

E assim cada uma delas partiu para seu canto, a fim de cumprir com seu dever.

Aline pôs seus fones de ouvido – e enquanto o duo inglês Eurythimics soava nos autofalantes a toda altura sua música mais icônica:

♪♫Sweet dreams are made of this...

Who Am I to disagree

I'll travel the world and seven seas

Everybody's lookin' for something...♪♫

Ela limpava a parte que lhe cabia da casa.

[02:30] Duas horas e trinta minutos de muita ralação depois...


Ângela e Estela já tinham terminado sua parte – para Aline faltava um último cômodo – o escritório.

Antes de sair, o dono da casa tinha deixado uma ordem para manter o escritório fechado. Não era preciso deixar ninguém entrar lá.

Mas é claro que a governanta esqueceu de avisar as três garotas temporárias.

Não era culpa de nenhuma delas, se por acaso entrassem naquele mausoléu de teias de aranha, papel amassado e... uma prateleira repleta dos mais variados prêmios e honrarias concedidas a escritores.

Aline deu um grito de susto!

Sua mente girou, ao se dar conta de que estava na casa de seu autor favorito. Nem em seus sonhos mais loucos, algo assim lhe ocorreu. Porém o grito que ela deu, alarmou suas amigas, que por um momento, imaginaram que ela havia se ferido de alguma forma, ou sei lá, tivesse visto uma barata ou algum outro inseto voador idiota.

— Meu Deus o que foi? Um escorpião te picou? – Uma histérica Ângela a sacudiu pelos ombros.

— Não, desculpa meninas, não é nada disso... é que...

— Espera... esse não é aquele cara, que você ama? – Uma debochada Estela começou a matar a charada.

— Quê? Endoidou Estela? Não, ele é escritor, e que bom, está vivo!

— Ai Aline você é tão boba... agora que notei... meu que lugar é esse?

— Que lixão!?

— Não falem assim suas desalmadas!? Saiam, eu termino já já.

Dizendo isso, pôs as duas amigas para fora do escritório.

Aline conseguiu deixar tudo brilhando.

Duas toneladas de papel amassado, poeira, teia de aranha e lixos variados depois... Já estava pronta para sair com suas amigas. O pagamento seria feito na saída.

Receberam.

Deram uma arrumada nos cabelos antes de sair – de outra forma, teriam saído parecendo três desvairadas, descabeladas! – e já se encontravam na saída da propriedade, quando um carro SUV chegou.

Nenhuma de suas amigas estava a fim de ficar ali nem mais um minuto – estavam cansadas e queriam ir pra casa. Mas a droga da curiosidade de Aline a fez andar mais devagar... até que suas amigas já estivessem perto do ponto de ônibus, enquanto que ela ainda podia ver o dono da casa descer da SUV preta.

Maldita curiosidade.

Aline devia ter ido embora enquanto teve chance.



Minseok ficou louco da vida!

Tudo porque a garota Campos, limpou seu escritório e pegou todos os seus "manuscritos'' e jogou fora.

No lixo.

Como se não fosse nada.

Aline poderia ter ficado assustada, intimidada com os rugidos de trigre albino de seu "chefe" – mas por algum motivo, e para o bem dele, a admiração que ela nutria por ele, a manteve calma e sob controle. Com qualquer outra pessoa insolente, cheia de frescuras e que se portasse daquela maneira abominável com ela, teria levado uma bifa no meio da cara, mas era sem pestanejar.

Enquanto ele despejava uma torrente de absurdos contra ela – coisas tais como:

— Que tipo de serviçal é você? Você pode ter mandado para o lixo o próximo grande trabalho da minha vida, o trabalho mais importante da minha carreira sua idiota!?

Tudo o que Aline pensava era:

"Espera um pouco... todo aquele lixo eram na verdade, rascunhos do próximo livro? Mas porque ele jogaria os rascunhos pelo chão? Escritores são mesmo tão bizarros assim?"

— Meu Deus, estou cercado de incompetentes... Que parte do "Não entrem no meu escritório" vocês não entenderam?

— Auto lá, moço! Ninguém disse nada sobre não entrar, em qualquer cômodo que fosse! Viemos limpar – e está tudo limpo. Mas se...

— Nem mais, nem meio mais!? Saia da minha frente, agora.

Se ele não estivesse com um humor de lascar, teria deixado-a terminar de falar. E não teria ficado mais tão aborrecido. Porém, não o fez.

"Mas se aquela montanha de lixo é tão importante... está em um saco de lixo separado."

Aline não prestou atenção nos papéis quando os despejou no lixo.

Mas agora estava muitíssimo interessada

Não pensou duas vezes – apanhou o saco preto de lixo reforçado e rumou de volta para seu apartamento.


Casa de campo de Kim Minseok – 인천 Incheon


O surto maior de raiva já tinha passado, mas algo ainda inquietava Minseok. Ele não conseguia determinar o que poderia ser... Talvez a maneira firme com que aquela garota o enfrentou. Ela não se deixou intimidar nem por um momento que fosse, pelo acesso de raiva dele.

O que o fez se sentir um completo idiota.

A julgar pela casa reluzindo, ela e sua equipe eram muito eficientes. A sra. Kang havia lhe informado que uma equipe de limpeza viria aquela tarde. Mas o que ele poderia fazer?

Todas as suas ideias estavam naquelas folhas soltas...

Ou talvez estivesse sendo auto indulgente... e talvez fosse apenas um amontoado de papel amassado... lixo, e ele a tratou de forma desprezível.

E a culpa veio.

E junto dela... algo que não aparecia há tempos... ideias.

E ele se viu sentando em seu laptop, deixando a mente vagar e os dedos voarem pelas teclas.


서울 Seul – Subúrbio, apto 511 – Casa da Aline:


Enquanto isso, uma Aline enfurecida lia, catalogava, organizava e arquivava cada uma das folhas, naquele saco de lixo de 20 litros.

E pensava no quanto havia se enganado.

Aquele não podia ser o mesmo cara genial que escreveu "TEMPOS MODERNOS" simplesmente não podia ser!?

Aquilo era um monte de ''becos sem saída'' – o que os escritores chamam de "ideias que não vingam" não havia uma única ideia que fosse, que pudesse ser aproveitada. Não tinha nada, absolutamente nada ali.

Ela levou exatas duas semanas para ler e organizar tudo.

E mal pode esperar para voltar a villa de Xiumin – queria pessoalmente pedir demissão (já que ele não as demitiu quando teve a chance!) e dizer cara a cara, o quanto ele era um panaca!


Casa de campo de Kim Minseok – 인천 Incheon


Enquanto isso, Xiumin produzia como há muito não acontecia. E se sentia inquieto... sabia que a volta de sua inspiração tinha muito a ver com a interferência daquela estranha. Se por um lado, sentiu-se violado com a presença marcante dela – agora sentia-se confuso e culpado, porque foi justamente a entrada sem convite dela em sua vida, que o fez desencantar!

Queria pedir desculpas – o que era o mínimo.

Fez questão de esperar por ela, no dia marcado para a próxima limpeza.

Aline estava fumando numa telha.

Se sentia uma idiota por ter admirado aquele "Pavão literário" por tanto tempo... "Ah como a gente se engana!?" Ela não quis nem pensar em trabalhar naquele dia. Suas amigas respeitaram sua decisão, mas decidiram por si mesmas continuar – o dinheiro era bom e ainda mais, era necessário. Não podiam se dar ao luxo de rejeitar aquele emprego, que apesar daquela situação inusitada rendia um dinheiro extra muitíssimo bem vindo.

Enquanto as duas garotas foram desempenhar seu trabalho – Aline foi diretamente falar com o dono da villa.

Pra ela não foi surpresa nenhuma encontrá-lo em casa... Já ele foi pego sim de surpresa pela maneira muito direta com que ela o interpelou.

— Srta. Campos!? Estava mesmo prestes a lhe chamar! – Tentou ser amistoso, o que pareceu não ter efeito. A face da garota era uma verdadeira máscara de indiferença.

— Pois muito bem, Mr. Kim. Eu estou aqui. Mas nem se dê ao trabalho. Tenho algo a lhe entregar. – Aline fazia questão de ser o mais formal possível, o que dava a impressão de que ela estava falando a um ancião. O que convenhamos, não é verdade. – Junto do meu pedido formal de demissão, é claro.

Dizendo isso, ela tirou de sua mochila um fichário preto que continha as anotações dele, separadas, organizadas por data e (sabe Deus como ela conseguiu) importância? Pra ela aquilo tudo era lixo, mas enfim.

— Aqui, Mr. Kim. Tudo o que retirei do seu escritório na última "faxina". E se me permite uma opinião pessoal, de uma ex-fã do seu trabalho como escritor, o Sr. é uma decepção. Eu me demito.

E Aline teria ido embora se ele, muito rapidamente não tivesse absorvido aquela enxurrada de críticas ácidas à sua pessoa e ao seu trabalho, e não a tivesse pego pelo pulso e impedido que ela continuasse seu trajeto rumo à saída da casa.

— Hey, espere um pouco!? Tudo bem, eu mereci que você me tratasse com frieza e tudo mais, mas ao menos me dê a oportunidade de me desculpar, por favor?

— Se desculpar? Essa é boa... –Notas mentais que Xiumin precisava fazer: Nunca, jamais tratar a srta. Campos de modo grosseiro outra vez. Ela retalha e não brinca em serviço!"

— É sério. – Ele dizia, enquanto se admirava com a forma incrível como ela dispusera as folhas no fichário. E resgatou uma frase dita por ela: – Porque me chamou de decepção?

— Porque é o que o Sr. é!

Aline se recusava a ceder. De que adiantava ele parecer tão amigável e cavalheiresco – quando já tinha mostrado sua verdadeira face? Toma, seu metido à besta!?

— Não tire conclusões precipitadas... – Ele deu um sorriso fechado, sem mostrar os dentes, que inexplicavelmente fez o coração de Aline amolecer. Mas ela logo tratou de afastar aquele encantamento besta de si, e quis encerrar aquela prosa.

— Ok Mr. Kim, suas anotações estão aí, eu não volto a trabalhar aqui de jeito nenhum e acho que nosso curto vínculo termina aqui. O que o Sr. deseja falar a mais comigo?

— Primeiro, pare de me chamar de Sr. Isso está me irritando, e eu não sou seu pai. Segundo, obrigada pelo fichário, isso só me dá mais certeza do que vou dizer a seguir. E finalmente, quero contratá-la como redatora, editora e datilógrafa. A julgar pelo trabalho impecável que fez nessas anotações (que você julga totalmente inúteis) você é perfeita pra revisar isto aqui...

E puxou um calhamaço de umas 500 folhas de A4 escritas, frente e verso.



Vários meses depois...

"Isso é uma loucura total."

Aline não soube exatamente como, mas acabou aceitando a oferta de Minseok. E teve que engolir as próprias palavras. O cara podia ser qualquer coisa... menos uma decepção.

Entre folhas e mais folhas daquele manuscrito inédito, eles foram se conhecendo. Aline descobriu que ele se isolou quase sem perceber. Não que ele fosse *agorafóbico ou qualquer coisa desse tipo. Ele apenas preferia se manter afastado de burburinhos. Só que Aline acabou notando que a inspiração reside nas ruas, e por ter se ausentado delas por tanto tempo, ele acabou num labirinto de "caminhos sem saída."

Ver gente é importante no fim das contas.

E meio a contragosto, resistindo à ideia o quanto pôde – ele acabou cedendo. Aline o chamava para ir andar pela cidade à noite.

"Qual é a graça de viver em um dos países mais pacíficos do mundo, se você não for dar longas caminhadas à noite, hein Xiumin? Deixa de ser preguiçoso!?"

Ele levaria algum tempo para admitir – até pra si mesmo. Mas sua maior fonte de inspiração era mesmo aquela brasileira da língua afiada! Do senso de justiça aguçado, do cabelo ondulado... que defende suas ideias com unhas e dentes... que tem um sorriso bonito.

Que é sincera como poucos. Que não tem medo de te dar um chute, se isso o fizer sair do lugar. Ela era sim, sua maior inspiração.

Ouvi-la cantarolar uma canção de jazz contemporâneo foi a gota d'água no balde cheio... e ele finalmente caiu na real de que estava terminantemente apaixonado por ela.

♪♫I waited 'till I saw the sun

I don't know why I didn't come

I left you by the house of fun

I don't know why I didn't come

I don't know why I didn't come...♪♫

Aline nem tinha percebido que estava cantarolando a música da Norah Jones.

Estranhamente, essa canção a lembrava de casa – e despertava nela um sentimento de alegria e tristeza... ou simplesmente saudade.

— Norah Jones? – Ele perguntou.

— Sim... eu amo as músicas dela.

— Puxa, você não cansa de me surpreender...

Aline se sentia frágil e indefesa.

Sentia o perigo também.

"Não posso me apaixonar por ele... o que um cara como esse veria em mim? Estou ferrada." – Apesar de parecer senhora da situação e dona de si, Aline era inacreditavelmente insegura.

Seus olhos se tornaram verdadeiros espelhos d'água. E ela lutava bravamente contra as lágrimas de um sentimento que não podia explicar.

— Vem, eu a levo pra casa.



As páginas do novo livro dele estavam quase que inteiramente postas na ordem em que seriam impressas. Os dois lidavam com os detalhes finais do texto. Aline estava toda cheia de suspiros... não sabia o que faria, quando tudo acabasse.

Estava tão aérea, que nem se deu conta, de que ele atrasava o trabalho de propósito – apenas para tê-la por mais tempo ao seu lado.

Quando já não aguentavam mais ficar enfurnados no escritório de Xiumin, Aline decretou que eles fizessem uma pausa e pedissem algo para jantar.

— Ótima ideia! – Ele tinha se antecipado – Pedi que a Sra. Kang nos preparasse o jantar e deixasse no ponto, para quando pudéssemos descansar.

— Porque não disse antes, Xiumin? Estou faminta!

— Você sabe onde é a cozinha...

— Chato!

Comeram em silêncio.

Aquele silêncio povoado de palavras não ditas... o que a certa altura se tornou insuportável.

— Fale Xiumin, sei que você está pra explodir... o que foi que eu fiz dessa vez?

Sutil... feito um tiro de canhão.

__ Você não fez nada de errado. Mas talvez eu esteja com algumas ideias ruins na cabeça...

"Hã?"

— Traduz, porque não sei do que você está falando...

— Acho que estou gostando...

"De mim? Por favor diz que sim!"

— ... de alguém.

"Mas o quê...? Que papo de adolescente é esse?"

— Legal... (eu quero morrer!) quem é a grande felizarda?

— Sei lá... você se sente feliz, por ser você?

Na lata.

— Oi? Você pode repetir a última parte? Porque acho que não ouvi direito...

— É você, moça. Que me faz virar a noite, sem conseguir dormir. Que me faz sonhar acordado e...

Aline roubou as palavras dele com um beijo.



É... com tanto tesão acumulado, não deu pra ficar apenas num beijinho casto.

Não quando Xiumin passou a devorar sua boca daquele jeito... "Como poderia saber que o homem era um vulcão em erupção daquele jeito?"

Mas ela não tinha como negar... que estava a fim, oh Deus, estava mais do que a fim de terminar com aquela distância que havia entre os dois.

Olhava no fundo daqueles olhos de gato, e sentia o frisson do desejo varrer sua pele.

Sem pressa e com um cuidado inimaginável, ele a "tirou para dançar".

A dança dos amantes.

Sem nenhum vestígio de culpa ou medo, Aline se deixou conduzir...

Ele a despia e cobria de beijos, cada palmo, cada polegada de pele que ficava à mostra. Fazendo-a o desejar ainda mais fervorosamente e ansiar por mais...

Na mesma cadência, Aline tirava do caminho as roupas dele, que a impediam de tocá-lo mais intimamente e de sentir a extensão de sua excitação.

Quando em um dado momento se viram completamente nus... ele resolveu que era a hora perfeita, para torturá-la de carinhos... de devolver os espasmos que sentia em seu sexo por envolver os mamilos rijos dela, em sua boca.

Isso a deixou completamente insana.

— Ah... Xiumin-ah... não brinque assim... Oh Deus...

— Estamos apenas começando...

E deu-lhe um chupão vampírico em um dos seios, a fazendo gritar de desejo.

Aline sentia o corpo em chamas...

Não aguentando por muito mais tempo, aquele joguinho de gato e rato, pediu através de murmúrios que ele sanasse de uma vez seu desejo. E ele sempre preocupado em fazê-la ter prazer, usou o preservativo e iniciou a parte incandescente da transa.

Separou-lhe as pernas.

Amoldou-se à perfeição, a seus quadris... e sorriu ao ouvir os murmúrios se transformar em gemidos tesos e angustiados de luxúria.

— Não pare... oh!

— Grite pra mim, gatinha...

Quanto mais ele a estocava, maior era a entrega.

O vai e vem dos quadris de ambos, apimentando ainda mais aquele ato erótico. Aline não conseguia parar quieta... estava embaixo dele, mas sentia que só chegaria lá, se mudassem de posição.

Assim sendo, pediu que ele se sentasse e apoiasse suas costas no espelho da cama. O peitoral dele subia e descia pela agitação que estava rolando. Descartou a camisinha... e Aline imprudente como ela só, não o deixou por outra.

Começou a friccionar o pênis dele, o fazendo revirar os olhos...

E antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, sentou-se sobre ele... sentindo cada centímetro de seu falo intumescido preenchê-la. Começou roçando suavemente os sexos, até adquirir um ritmo constante, frenético, intenso.

Ele travou a mandíbula, para não deixar escapar uma torrente de obscenidades. Estava à beira da histeria.

Numa última ondulada de quadril... o ápice os atingiu em cheio. E os corpos amoleceram, anestesiados pelo êxtase do orgasmo.



O livro ficou pronto.

Foi pra editora.

Se chamou "BECO SEM SAÍDA" – e tinha muitos pontos em comum com a realidade, pois narrava o resgate de um homem desiludido da vida, por uma jovem e enérgica mulher!

E os 'chefes' de Xiumin, faltaram pouco contratar um músico de choro pra cantar "Hallelujah" de Leonard Cohen para comemorar a sua volta triunfal ao mundo editorial e literário.

Ele estava ridiculamente feliz – e não escondia de ninguém que estava apaixonado. Aline Campos viu sua vida mudar drasticamente, quando aceitou conviver com ele. Mas era madura o bastante pra reconhecer, que ele foi a melhor coisa que lhe aconteceu.

O dia mais inesquecível de sua vida, começou com ela dando o braço a torcer – e deixando de ser uma "garotinha rancorosa". Pegou seu exemplar amado de "TEMPOS MODERNOS" e foi pra casa dele, decidida a pedir o seu tão sonhado autógrafo!

Mesmo depois de vários meses de namoro – ainda sentia-se estranhamente tímida de pedi-lo a ele, o que era uma bobagem. Depois de se beijarem e desejarem um bom dia um pro outro, ela tirou o livro da bolsa e disse:

— Bem, Minseok-oppa... tem algo que quero te pedir, mas até hoje me faltou coragem...

— E o que seria, meu amor?

— Seu autógrafo! – E estendeu o exemplar do livro dele, uma edição rara assim só pra constar.

— Dou, e faço isso com o maior gosto. – Assinou seu nome com aquela caligrafia linda e alinhada.

— Também desejo o seu autógrafo, minha cara...

— O meu? – Aline disse genuinamente espantada.

— Sim, o seu.

— E onde seria, uma vez que nunca escrevi e publiquei nada? – Ela disse caçoísta.

— Que tal na nossa certidão de casamento, huh?


FIM.


Notas do Autor


*Agorafobia Definição Psicologia: Medo mórbido de se achar sozinho em grandes espaços abertos ou de atravessar lugares públicos;

Dê um coraçãozinho se você chegou até aqui e comenta a estória, vai me deixar muito feliz!!!

20 Août 2020 21:15 2 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
1
La fin

A propos de l’auteur

Amanda Karynne "A vida é o que acontece, enquanto você fica atarefado fazendo planos... ou qualquer outro clichê."

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Lilith Uchiha Lilith Uchiha
Oii! Nossa, que história mais fofa! Me identifiquei muito com ele, eu geralmente gosto de ficar sozinha enquanto escrevo... exceto que não sou famosa kkkkk Mas daí a ficar isolado do mundo não dá, né? Ainda bem que a Aline apareceu pra salva-lo dessa solidão! E que garota de personalidade forte, hein? Eles formam um casal muito lindo <3 Adorei a sua escrita e como você descreveu tão bem os sentimentos dos personagens, parabéns! Kissus^^
June 15, 2021, 03:10

  • Amanda Karynne Amanda Karynne
    Oi! Que bom que você curtiu! Desculpe por não responder antes, só vi agora. É, realmente escrever exige concentração e com outras pessoas é impossível. Me policio para deixar meus escritos um pouco e dar atenção para a minha família. Diferente do Minseok (que virou um eremita da cidade!) Obrigado por ler e comentar, flor! August 27, 2021, 11:58
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