mirandakreizler Miranda Kreizler

Era inverno quando se conheceram, e, mesmo que fosse a estação preferida de Kiba, ele sempre apreciaria o aconchego da primavera.


Romance Romance jeune adulte Tout public.

#kibahina #naruto #fanfic #romance #pansophia #drama #kiba-inuzuka #hinata-hyuuga
Histoire courte
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Capítulo Único

Era solstício de inverno quando eles se conheceram. Todavia, Hinata ainda lembrava-se da sensação que havia sentido assim que o avistou no meio daquelas pessoas que tanto detestava, trajando um Vanquish ll¹ enquanto degustava de uma taça de Mendis Coconut Brandy².

Os olhos castanhos do rapaz percorriam por todo o salão, e, mesmo que ele estivesse acompanhado e cumprimentando a todos com um sorriso, conseguia transbordar a insatisfação que sentia por estar ali.

Ela o observava discretamente, e, a cada detalhe que era captado por esta, mais o interesse aumentava. No entanto, estava tão difícil de entender o motivo que o fazia não notá-la que, quando Hinata pensou em desistir, ele encontrou-a. Direcionando os enigmáticos olhos para a jovem Hyuuga por milésimos de segundos para logo em seguida direcioná-los para outro ponto qualquer, enquanto formava um sorriso refreado que poderia ser considerado insignificante pelas pessoas presentes naquele salão, mas que para a morena havia sido tudo. E, mesmo tendo conseguido o que queria, Hinata manteve a postura por toda a festa de gala, escondendo em seu âmago a inquietação que sentia.

Lembrava-se de sentir as esperanças de ter uma noite que não terminasse em contratos se esvair do próprio ser, mas não havia muito de que reclamar já que o relógio marcava meia-noite e ponto. E o que poderia ter sido um fim de festa comum, acabou se tornando quase um conto de José de Alencar quando, repentinamente, o tal rapaz surgiu ao lado dela.

A Hyuuga sentiu-se surpresa, ao mesmo tempo em que exultante de ter tal aproximação. Contudo, forçou-se a manter os olhos fixados na lua que estava radiante naquela gélida noite, pois acreditava que não tendo – dessa vez – o contato visual, as coisas poderiam seguir naturalmente.


— Segundo o psicólogo Tom Frijns, as pessoas que tendem a gostar do frio costumam ser pessoas tristes e irritadas. — O tom de voz dele era baixa e calma, todavia firme e avassaladora o suficiente para fazer com que a jovem ao lado se sentisse eufórica.


Não obstante, Hinata ainda se manteve firme para que assim pudesse respondê-lo.


— Bom — Iniciou, após um suspiro. —, segundo eu mesma, esse psicólogo provavelmente nunca teve a oportunidade de agarrar uma coberta, sentar em uma varanda em um dia chuvoso de inverno e apreciar o sabor de um bom chá de ervas. — Indagou, e, mesmo que não estivessem se olhando, Hinata percebeu o sorriso do rapaz se fazer presente novamente.


— Talvez seja isso mesmo. — Respondeu, direcionando, então, uma taça de vinho em direção à morena, fazendo-a surpreender-se com o ato, já que não havia percebido que este havia sido atencioso o suficiente para tal atitude.


— Obrigada. — Agradeceu com um singelo sorriso enquanto aproveitava para enfim analisar aquele homem mais de perto.


Ele realmente era um homem airoso. Sua postura firme passava confiança e, claro, propiciava imensamente o charme que este exalava. Mesmo com o terno grosso, Hinata pode concluir que este tinha um porte físico de um típico atleta: alto, um possível abdômen definido, braços e coxas grossas. No entanto, nenhuma dessas características chegava perto do encanto que era a barba bem desenhada no rosto deste.


— Você é bastante observadora. — Disse, conseguindo fazer a jovem se desvencilhar dos próprios pensamentos e então olhar pela primeira vez em direção aos olhos dele.


— Vejo que você também. — Retrucou, mesmo envergonhada por ter sido descoberta.


— Espero que tenha gostado do que estava analisando, pelo menos. — Ele estava tentando envergonhá-la ainda mais, porém, Hinata já era experiente o suficiente para não cair nesses tipos de joguinho.


— Sinceramente? Já vi melhores. — Respondeu para em seguida levar a taça de vinho em direção aos lábios, apreciando o sabor coletivo de acidez e doçura que só vinhos de alta qualidade possuem.


E então, sem se segurar como feito anteriormente, o rapaz riu de tal resposta, conseguindo assim fazer com que a jovem o acompanhasse.


— Vejo que estou diante não apenas de uma linda mulher, mas de uma mulher perspicaz e sensata — Dito isto, ele então se vira por completo para Hinata. — Percebi que não nos apresentamos formalmente, então permita-me — Elevou a mão direita em direção da morena, para que esta pudesse depositar a própria na dele. E quando o fez, este seguiu o que havia dito. — Me chamo Kiba Inuzuka. — E assim curvou-se para depositar um singelo beijo nas costas da sua mão, que ficou ainda mais encantada por esta conduta.


— Prazer, senhor Inuzuka. Me chamo Hinata Hyuuga. — Formou um sorriso simples no rosto.


— O prazer é todo meu, senhorita — Respondeu para logo em seguida soltar a mão desta, fazendo-a ficar insatisfeita com o fim daquele contato tão sutil. — Então você é a famosa herdeira das empresas Hyuuga? Sinceramente, é uma honra conhecê-la. — Informou, seguindo para um outro gole na taça de vinho.


— Honra? Devo dizer que saber disso me surpreende um pouco. — Respondeu, se voltando para a lua que brilhava no céu em todo seu esplendor.


— E está surpresa por quê? — perguntou, franzindo o cenho.


— Normalmente as pessoas tendem a não gostar de mim, logo saber que é uma honra para você me conhecer, penso que teve alguma alma ingênua que possa ter falado algo bom sobre mim. — respondeu, o olhando de soslaio.


— Na verdade, depende — No mesmo instante, Hinata o olhou com uma sobrancelha arqueada. — Muitos me disseram que você não passava de uma megera narcisista.


— Muitos? — Indagou desconfiada.


— Na verdade todos — Informou Kiba, olhando-a seriamente. — Mas não se preocupe, não sou do tipo de pessoa que se deixa levar pelo o que os outros dizem. Prefiro acreditar no que meus olhos veem e o que meu sexto sentido faz-me sentir.

E, mais uma vez naquela noite, Hinata havia se surpreendido com Kiba.


— E o que seu sexto sentido faz você sentir? — questionou contenciosa.


Novamente, Kiba fez o tão costumeiro sorriso refreado, para logo em seguida esvaziar a taça de vinho em um único gole e a depositar ao lado de um vaso de flores.


— Me faz sentir que estou diante de uma mulher perspicaz e sensata — Hinata tentou o cortar, porém, este fez sinal para que ela deixasse ele prosseguir. —, que possui um longo currículo de experiências não tão boas devido àqueles que a rodeiam. E, infelizmente, por ter se tornado uma pessoa reclusa, acaba por passar uma imagem distorcida do que verdadeiramente é.


E naquele momento Hinata se sentia indefesa, sem palavras para tentar de alguma forma direcionar aquelas coisas para algum outro sentido. Contudo, mesmo se sentindo de tal forma, apreciava a capacidade de Kiba em dizer coisas tão certeiras mesmo não tendo a conhecido bem ainda.

Um breve silêncio se formou entre eles, entretanto Hinata estava curiosa para saber o que mais aquele homem poderia dizer sobre si. E foi por isso que ela escolheu fazer o que parecia ser mais viável: dar corda para ver do que ele era capaz.


— Sábias conclusões, senhor Inuzuka. Mas já que não acredita que eu seja o que essas pessoas dizem que sou e, claro, que sou uma pessoa extremamente desafortunada, o que verdadeiramente acredita que eu seja? — questionou, fazendo-o olhar para a lua dessa vez, como se estivesse tentando buscar as respostas nas estrelas que no céu as acompanhava.


Então o silêncio se fez presente novamente. Se ambos não estivessem inertes em seus próprios pensamentos, questionando sobre si mesmos, poderiam constar que mais de cinco minutos havia se passado. Todavia, indiferente a essa questão, logo Kiba se pronunciou assim que, de uma feição pensativa, seu rosto foi preenchido novamente por um puxar de lábios.


— Para essa pergunta eu realmente não tenho uma resposta que seja adequada, ainda. — respondeu.


— Então posso considerar que estamos quites. — Retrucou Hinata, terminando de beber seu vinho, mas mantendo a taça em mãos.


— Não, ainda. — informou o rapaz.


— Não? — questionou surpresa.


— Para que fiquemos quites, devemos fazer algo. — Disse, aproximando-se um pouco mais de Hinata para olhá-la fixamente nos olhos.


Por fração de segundos, Hinata sentiu as pernas bambearem por causa da repentina aproximação. Mas segurou firme a respiração enquanto permanecia com o contato visual que ele havia estabelecido, mesmo que se sentisse desamparada pela grandiosidade deste.


— Que tal permitirmos a nós mesmos conhecer um ao outro? Eu disse o que pude sobre você, e sei que você tem muito o que falar sobre mim, só não o fez por serem incertezas. — informou, fazendo-a ficar séria, pois de fato havia sido algo inesperado. — Então, senhorita Hyuuga, o que me diz?


Hinata poderia recusar, mas já havia percorrido para este caminho desde o início da conversa, então por quê desistiria de mais um avanço nessa altura do campeonato?


Por fim, a morena formou um sorriso nos lábios, enquanto fitava-o ainda.


— Eu aceito, senhor Inuzuka. — respondeu, fazendo-o respirar aliviado.


— Prometo não desapontá-la. — Disse, sorrindo para ela, que fazia o mesmo.

E sem se preocuparem com as palavras jogadas ao vento, deram as mãos e entraram novamente no salão, deixando para trás a lua que brilhava intensamente no céu e que havia servido de testemunha para um romance que nunca teria um fim.


[...]


Era equinócio de primavera, os tons alaranjados enfeitavam o céu junto do sol que já estava se pondo. E, mesmo que já tivessem se passado quatro anos, Kiba lembrava-se perfeitamente das sensações que havia sentido assim que havia beijado pela primeira vez aquela que tanto ama.

Lembrava-se do misto de emoções que sentia quando estavam próximos, acariciando um ao outro enquanto faziam juras de amor. Do doce gosto dos lábios de sua mulher, da euforia que sentiam enquanto seus corpos se misturavam e se tornavam apenas um.

Como era bom. Pensou, enquanto mantinha os olhos naquela paisagem linda do pôr-do-sol em Tropea, na Itália.

A brisa calma do encanto tropical daquela praia o fazia se sentir na presença dela, e talvez fosse por isso que sempre que tirava férias dos negócios da empresa, escolhia exclusivamente passar os dias ali, sentindo o frescor do vento acariciando seus braços descobertos, assim como boa parte do peitoral devido à camiseta que se encontrava com alguns botões abertos. Para Kiba, era como estar na presença de Hinata, pois ela era a brisa tropical que ele precisava. Ela era a chama que o fazia se sentir vivo, calmo, leve. E havia descoberto isso no decorrer dos encontros que faziam às escondidas, quando ela pedia que ele tocasse o seu corpo, pois ele era o único que a fazia sentir-se verdadeiramente amada, a fazia sentir-se quem realmente era.

Fechou os olhos e aspirou o ar que pairava pela varanda do quarto que se encontrava, e, como esperado, o perfume primaveril das flores preencheu seus pulmões, fazendo-o recordar das manhãs em que acordava ao lado dela. Da pele macia, das coxas grossas dela em volta de sua cintura e, claro, de quando ela dizia que nunca deveriam deixar aquilo que tinham, morrer.

No entanto, como se fosse uma previsão feita por um Guru do amor, as coisas havia tomado um rumo que não imaginavam.

Havia sido repentino, e, como sempre, a impulsividade de um acabou arruinando os sentimentos do outro. E, mesmo que ele tentasse, sabia que “desculpa” não passava de uma palavra vazia, e que, mesmo que quisesse, as coisas poderiam não retornar mais a ser como era antes.

Mas a vida é assim, e quanto mais o tempo passa, uma relação tende a esfriar. Independente do amor incondicional que ambos sentem, a dependência estava fazendo-os infelizes, e se tinha uma coisa que Kiba não queria era ver o seu bem mais precioso perder-se ao meio do inverno do qual ele pertencia.

Suspirou pesado enquanto apreciava o céu e bebia em um único gole o resto do whisky que tinha no copo. Ele havia se conformado com o término que tiveram no decorrer do último ano, porém, pensar nela ainda era um dos hobbies do coração deste, que prezava puni-lo com as memórias que tinha com Hinata e mostrar para ele que é mais que um fato as pessoas só darem valor ao que verdadeiramente ama, quando as perde.

Por fim, resolveu adentrar novamente o quarto, passando pelas malas que já estavam prontas para retornarem ao ponto de partida. Kiba depositou o corpo em cima de uma mesinha de vidro que tinha ao lado da cama para em seguida pegar um caderno de anotações pessoais que ele tinha. Enquanto folheava as páginas em busca do que seria uma anotação qualquer, este se depara com uma página específica, que estava sendo marcada por uma foto no estilo polaroid, onde ele se encontrava com os braços em torno da cintura de Hinata. Ambos sorriam na foto, demonstrando que os momentos que tiveram foram verdadeiramente felizes. Todavia, ele não se lembrava de ter colocado aquela foto ali, mas lembrava-se de quando haviam tirado-a.

Um sorriso se formou nos lábios do moreno que, por instinto, virou a foto e percebeu que atrás desta tinha uma frase escrita a mão, e pela letra perfeitamente alinhada e a caligrafia que remetia a uma escrita antiga, ele logo pode desvendar de quem era e a pessoa que havia posto aquela foto ali.

Hinata era uma pessoa maravilhosa, e uma das diversas coisas que o fazia amá-la era o estranho e genuíno declínio que ela possuía em demonstrar seus sentimentos até quando estava longe.

A frase não era nada mais que uma citação de Shakespeare. E o moreno sorriu novamente enquanto lia em voz alta:


— Assim que se olharam, amaram-se; assim que se amaram, suspiraram; assim que suspiraram, perguntaram-se um ao outro o motivo; assim que descobriram o motivo, procuraram o remédio.


E assim que terminou, sentiu-se calorosamente abraçado por aquelas palavras, pois era de fato um resumo mais que perfeito do que ele havia vivido.

Assim que o pássaro do inverno havia encontrado aninho na brisa tropical, ele havia desfrutado de uma sincera clemência. E, como se fosse um romance escrito pelo Bardo de Avon³, ambos desfrutaram de um sentimento puro, do mais autêntico amor, mas que souberam no momento certo que, para serem um, não precisavam estar juntos.

Ainda mantendo um singelo sorriso nos lábios, o moreno tratou de guardar a foto no lugar em que ela estava antes para depois abotoar a camiseta que estava, pegar as malas e ir em direção à porta do quarto.

Era inverno quando se conheceram, e, mesmo que fosse a estação preferida de Kiba, ele sempre apreciaria o aconchego da primavera.

24 Mai 2020 01:59 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

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Miranda Kreizler 𝐇𝐞𝐚𝐯𝐞𝐧 𝐥𝐨𝐬𝐭 𝐚𝐧 𝐚𝐧𝐠𝐞𝐥 𝐰𝐡𝐞𝐧 𝐈 𝐬𝐢𝐠𝐧𝐞𝐝 𝐮𝐩

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