Covarde Suivre l’histoire



Giyuu tentava não fazer qualquer som que pudesse despertar seu mestre, e por isso mantinha uma das mãos contra a própria boca. As lágrimas desciam por suas bochechas e pingavam no edredom, os dedos trêmulos, era noite e a escuridão tomava o quarto. Havia tido um pesadelo bem realista, os gritos ainda ecoavam em sua mente junto do barulho de corpos sendo estraçalhados e mastigados por um oni grande e de cor esverdeada.

Era seu amigo e companheiro, Sabito, na boca dele junto de vários outros. Era o sangue dele esparramado no chão com a espada quebrada. Foi ele que lutou por um chance naquela floresta, não Giyuu, ele apenas desmaiou e por sorte do destino conseguiu sobreviver, só isso. Não pediu para estar vivo enquanto seu amigo estava morto.

O choro se intensificou e abafou os soluços no travesseiro, a vontade de gritar e gritar surgiu, aquela dor e raiva por ter sido um inútil machucando o peito. Se tivesse lutado ao lado dele tudo poderia ser diferente agora, ou os dois estariam vivos ou mortos. Ninguém precisaria sofrer com algo tão cruel como a morte quando ainda se é tão novo.

Mas não havia nada que pudesse ser feito que reverteria o acontecido. E nem mesmo para se igualarem Giyuu teve coragem. Não conseguia tirar sua própria vida, então lhe restava esperar a morte o alcançar mais a frente. Até lá, estaria preparado. Enquanto isso não acontecia só se resignaria a treinar, chegar o mais longe que conseguisse para deter o mal e salvar quem precisasse, sem nunca mais hesitar. Sempre tendo em mente Sabito, devia a ele aquilo que foi interrompido de ser.

Enxugou o rosto molhado e puxou o edredom até a altura do pescoço. Decidiu naquele momento que pesadelos não mais o assustariam como a segundos atrás. Aceitava a sua verdade e conviveria com ela até o último suspiro em terra. Os pesadelos que vinha tendo desde a morte de seu amigo a semanas atrás não passavam de algo do seu subconsciente, além que, comparados com a vida, não eram nada para si.

Giyuu não chorava mais, porém suas mãos ainda tremiam, e foi naquele tempo em que ficou acordado até o amanhecer remoendo os pesadelos do passado, que compreendeu claramente a culpa e a dor que carregaria por seus dias em diante. E teve a certeza de que se tornaria forte o suficiente para nunca mais abandonar seus amigos e companheiros.