lu-inoue1541002911 Lu Inoue

Ken e Miyako se reencontram depois de algum tempo que Miyako voltou da Espanha. Suas vidas como adultos está indo melhor do que planejaram e mesmo assim ambos sentem como se faltasse algo. Talvez neste encontro casual eles possam descobrir o que falta para se sentirem completos e realizados na vida adulta.


Fanfiction Anime/Manga Interdit aux moins de 18 ans.

#kenyako #digimon02
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Reencontro inesperado

“— Você precisa se divertir!”

Ultimamente era a frase que ele mais tinha ouvido. Desaprovava o fato das pessoas julgarem o que era bom para sua vida, como se enxergasse além do que ele mesmo podia ver.


Mas ele deveria mesmo estar a transbordar amargura, uma vez que essa frase virou unanimidade repetida por seus colegas de trabalho na delegacia, seus pais, seu amigo mais próximo e até mesmo seu parceiro Digimon, que às vezes falava com um velho sábio. Todos batiam na mesma tecla. Menos trabalho e um pouco de diversão.


Naquelas semanas, em particular, Wormmon fora para o Mundo Digital, ajudar Yagami em um projeto de acampamento de verão infantil. Ele estava feliz em ser útil e voltar a ter contato com crianças. Ken também se mostrou bem satisfeito com a proposta, pois, preocupava-se com o tempo que deixava o parceiro sozinho em seu apartamento a comer besteiras e maratonar a programação da televisão, que nem sempre era sadia.


Ken desejava dar uma qualidade de vida melhor para o Digimon, mas não sabia como. Via Motomiya enfrentar o mesmo problema com Veemon e, por vezes os dois combinavam de deixar o parceiro uma semana na casa do outro, o que remediava em partes a situação.


A verdade é que a vida adulta estava um tanto desgastante. Ele tinha se candidatado para integrar uma equipe que intermediasse investigações de campo entre o Mundo real e o Digital e para isso passaria a contar com o apoio de Stingmon, o que já solucionaria um dos problemas, no entanto… Ainda sentia um vazio inexplicável, como se algo estivesse faltando.


O guardião da Bondade se saiu muito bem em todo o trajeto de redenção que traçou, esperava seguir o caminho da justiça ao lado do parceiro, mas temia que os dias sombrios de sua mente retornassem por falta de algo que não saberia definir e, portanto decidiu dar uma chance aos apelos de seus amigos e família e sair para se divertir.


Mirou-se no espelho, no auge de seus 25 anos e, suspirou angustiado ajeitando os cabelos, os prendendo em um rabo de cavalo baixo. A verdade era que fizeram tanta pressão, que ele acabou aceitando um encontro às escuras, marcado por um dos colegas de trabalho.


Aquilo era completamente ridículo, deprimente. Ele não estava precisando de uma mulher, já tivera problemas demais com a última que deixou entrar em sua vida. Contorceu o rosto em repulsa, afastou as lembranças para não quebrar a promessa que fez ao colega. Seria um encontro duplo e se ele faltasse, certamente o outro sairia prejudicado.



O local era deveras elegante; uma boate gaijin compostas por vários ambientes e standby, povoado pela nata da sociedade japonesa. Hideki Yamada, o colega que esperava por Ken, estava muito bem vestido e transbordando empolgação. Ichijouji também caprichou na aparência, mas certamente deixou a desejar no quesito empolgação.


“ Sorria Ichijouji. Isso vai ser um encontro e não um velório.” Humorado, Yamada brincou ao dar um leve tapa no ombro do amigo.


Ken mirou ao redor, encontrou todas aquelas garotas parecendo fazer cosplays de k-idols. Vestidos colados e brilhantes, saltos extremamente altos,maquiagem forte... A impressão era de que todas saíram do mesmo clipe brega das Sisters, que por sinal, Wormmon adorava assistir.


Ele riu com o pensamento e se repreendeu por ser tão crítico. Lembrou-se que o intuito era se divertir e para tanto deveria deixar os julgamentos de fora. Virou-se para Yamada e ofereceu o sorriso que o amigo tanto ansiava.


E na mesa combinada, encontraram-se com as pretendentes, ambas muito bonitas. Kazumi Hayashi, era filha de um novo empreendedor em ascensão no Japão, Harumi Murakami; vinha de uma linhagem renomada. Ken sentiu-se um pouco desconfortável, pois não queria voltar a ter destaque na sociedade japonesa.


O clima ainda estava um pouco desconfortável e Yamada logo sugeriu que fossem para a pista dançar, a fim de quebrar o gelo inicial. Ichijouji não gostava da idéia de dançar, mas tinha prometido se dar uma chance aquela noite e mesmo tímido e desajeitado se obrigou a encarar a pista.


Ele sentia-se completamente ridículo naquela conjuntura. Entendia que todos estavam se mexendo e ninguém estava ali para julgar sua parca desenvoltura, mesmo assim desejava nunca ter se colocado naquela situação. Contudo, não foi indiferente quando uma das garotas, Kazumi Hayashi, avançou um pouco mais próximo a ele.


A moça era bonita e parecia muito interessada em dançar com ele ou para ele, talvez não houvesse nada de errado em dar um pouco de atenção a ela. Um tanto desajeitado ele inclinou-se a tentar acompanhar o ritmo dela, recebendo uma cotovelada e um aceno de cabeça de Yamada.


Repentinamente o som cessou e as luzes se apagaram, somente as pulseiras recebidas na entrada permaneceram acesas em cores fluorescentes. A música foi ligada novamente com a introdução da famosa Disco de Chocolate- Perfume. Em meio a pista a cabine do DJ foi baixada. Era semelhante a uma nave cujas bordas brilhavam em neon.


Uma passagem foi aberta em meio ao público, orientadao pelos seguranças. Uma figura feminina foi iluminada pelo holofote. Era uma garota alta, esbelta que trajava uma calça larga bem abaixo do umbigo e um top curto, com desenhos de notas musicais que brilhavam em verde fluorescente. Os tênis especiais para dançar shuffle cujo a sola também possuía iluminação na mesma cor, chamaram atenção enquanto a moça executava alguns passos da dança eletronica, arrancando gritos dos jovens.


Estilosa e completamente destoante de todas as garotas presentes, entre um passo e outro de dança, ela cumprimentava e se encaminhava resoluta e festiva até sua cabine, que mais parecia seu palco ou trono. Enquanto isso, a iluminação local ia aos poucos tomando formas e cores.


Uma vez instalada em sua cabine e de frente para sua mesa, a música mais uma vez parou e as luzes se apagaram, restando apenas o brilho fluorescente das notas musicais do pequeno top que a vestia e o red fone que brilhava no mesmo tom. Ela os colocou nos ouvidos e apontou para o público.


“Todo mundo vai dançar!!!” Comandou como se aquela fosse sua maneira de dar boa noite e, foi respondida com os gritos empolgados dos jovens. A iluminação voltou juntamente com a música, desta vez conduzida pela atração da festa; a DJ.


A música era alta e vibrante, Ken nem se apercebeu de que estava focado na garota que agitava a festa. Ele tinha certeza de que a conhecia de algum lugar, o jeito de andar, a entonação da voz. Era óbvio que a distância e a iluminação falha e confusa não o deixava se certificar, mas era alguém conhecido e ele tinha quase certeza.


“Ela é demais mesmo” Kazumi lhe chamou a atenção.


Ken piscou constrangido e imaginando o quão rude era ficar focado em uma garota estando acompanhado por outra.


“Sim. É que… Não é só isso, mas sinto como se a conhecesse de algum lugar.” Ele revelou constrangido.


“Ela tem sido muito requisitada nas baladas. É realmente boa no que faz, mas ninguém sabe sua identidade real e a apelidaram de Lavender Princess.” A moça explicou.


“Lavender Princess?” Ichijouji pareceu ter um estalo.


“Sim, por causa da tonalidade lavanda dos cabelos dela.” Clarificou a outra.


Ken encontrou a peça que faltava no quebra cabeça. Toda aquela energia e vivacidade, o amor por músicas eletrônicas, o estilo despojado, era ela. Ele prontamente mirou-a em sua cabine a remexer-se ao som da música. Os óculos estavam lá, os cabelos longos também, mas as cores e luzes pareciam informação demais. Era ela, Inoue Miyako; sua companheira de equipe enquanto digiescolhido, sua amiga e...Talvez sua primeira paixonite de adolescente.


Ela estava incrível naquela conjuntura. Fazia um bom tempo que não se falavam, desde que ela voltou da Espanha e uma festa foi organizada para recebê-la. Não fazia sentido que ela estivesse trabalhando como DJ, uma vez que Daisuke tinha comentado que ela trabalhava junto com Izumi no centro de tecnologia.


“Estou me sentindo um pouco tonta. Podemos voltar para a mesa. “ Pediu a moça.


Então Ken notou que continuava a cometer a mesma gafe. Concordou com a cabeça e conduziu a moça de volta para a mesa. Estava intrigado sobre a situação de Miyako, mas em primeiro lugar estava em um encontro e devia ser uma boa companhia e dar atenção a garota.


Ele procurou algum tópico que pudesse iniciar para reparar as falhas que já havia cometido, mas a moça quem acabou tomando iniciativa e começando o assunto. Kazumi foi completamente infeliz ao revelar que era uma grande fã de Ken em seus tempos de “garoto prodígio.” Confidenciou que ainda guardava recortes de jornais e revistas daqueles tempos e comentou que Ken estava jogando seu talento fora na polícia.

Ken abriu a boca ultrajado, mas era educado demais para dar a resposta que realmente desejava. Sutilmente ele explicou que se desapegou daquela imagem mistificada e revelou seu amor por sua atual profissão e, como ela o ajudava a sentir-se redimindo-se a cada dia com seu passado.


“Isso é poético, digno de um gênio altruísta, mas altruísmo não garante uma vida confortável.” Disse a garota a depositar a mão sobre a de Ken. “ Somos adultos, então vamos conversar sem circunlocuções. Meu pai é dono de uma grande rede de hotelaria e eu já estou passando da idade de me casar. Eu sempre fui sua fã. Entende?”


“Eu realmente não entendo. Você era fã de um produto da mídia do passado, mas acredita que o Ken atual está desperdiçando a vida com um altruísmo sem valor. Não entendo como isso poderia nos unir a um matrimônio.” Ken não se conteve e se posicionou categoricamente.


“O poder aquisitivo da minha família pode devolver seu prestígio com a mídia e isso beneficiaria ambas as partes. Ichijouji Ken voltaria das cinzas a comandar uma vasta rede de hotelaria. Isso seria um estouro.” Ela continuou com a descabida e ofensiva proposta.


Ken normalmente se levantaria e iria embora, já estava com repulsa da garota e sua insensatez, contudo, seu amigo estava se divertindo com a outra moça e ele se sentiria mal em estragar a noite do rapaz. Deliberadamente voltou a prestar a atenção em sua velha amiga e em como ela parecia bonita e feliz a agitar a festa.


Assim que a DJ anunciou uma pausa, Ken não se esforçou em disfarçar sua empolgação e comunicou para a mesa que iria comprimentar sua amiga. Kazumi revirou os olhos. Não tinha nada contra a DJ, pelo contrário, gostava do trabalho dela, mas já estava se sentindo humilhada por toda aquela situação.


Uma mulher com orgulho ferido pode ser mais perigoso que um Kaiju. Kazumi conhecia a fama da DJ de não levar desaforo para casa e se valeria dessa informação para se livrar da rival. Assim que Ken pediu licença para conversar com a amiga, Hayashi fez o mesmo e seguiu para propor uma aposta aos amigos.

...


“Miyako-san?” Ken tocou levemente o ombro da amiga, após chamar pela terceira vez. Ela se virou bebendo uma garrafa de energético e, quase engasgou.


“ Ken-kun?” Inoue arregalou os olhos. Sua vida dupla fora descoberta, ela sabia que isso aconteceria, mas não esperava que fosse por ele. Na verdade jamais imaginou encontrá-lo alí. “O que você faz em um lugar como este?”


“ É bom ver você também.” O rapaz troçou. “ Talvez eu seja menos antiquado do que todos julgam.”


“Confesso que me surpreendi.” Miyako sorriu largamente e ele se lembrou de imediato o poder que aquele sorriso vigoroso exercia desde sempre sobre si.” Você tem mais surpresas escondidas?”


Talvez a violácea estivesse sobre efeito de alguma bebida, talvez fosse a adrenalina de estar comandando a festa, observou o detetive, mas ela parecia ainda mais atrevida e audaciosa do que antes e, ele poderia estar vendo coisas demais, mas aquilo pareceu um flerte.


“ Se eu contar, não deixarão de ser surpresas?” Ele jogou a retórica no mesmo tom de insinuação que sentiu no timbre dela.


Naquela altura de sua vida, Ken já não era mais tão tímido, embora regredisse quando a questão era Miyako, ela sempre foi aquele assunto mal resolvido que ele deixou passar por covardia juvenil, mas naquele momento não estava tão intimidado, talvez por já ter bebido um pouco.

Ele conseguiu sustentar a reciprocidade quando os olhares se encontrarm, depois que os ambares analiticos o mediu meticulosamente. Ela se aproximou perigosamente e isso tendeu a desestruturá-lo por segundos.


“ Você está certo.” A moça sorriu, seu hálito era de chicletes e não havia rastros de álcool. “ Daisuke veio com você?”


Ichijouji mexeu nos cabelos, desconfortável. Mirou a mesa onde estava e se obrigou a responder.


“Não. Vim com um colega de trabalho.”


“ Ah sim, estou vendo.” Inoue deu alguns passos para trás, sua expressão já estava transformada em algo indiferente e era como se o suposto clima de flerte tivesse sido soprado para longe.” Eu devo voltar ao trabalho. Foi bom ver um velho amigo!”


A palavra amigo foi enfática e vibrante e era como se pudesse ser traduzida pela mente de Ken como” Se algum dia você teve chances comigo, este dia ficou no passado.” Ele ficou alí derrotado como se quisesse explicar algo que não tinha explicação, perdendo algo que nunca chegou a ser dele.


Enquanto Miyako caminhava até a sua cabine, foi abordada pelo playboy do momento. Seiji Kimura; filho de um dos empresários mais ricos do Japão e conhecido por Ken por suas diversas passagens pela polícia, sempre envolvido em badernas acobertadas pelo pai.


Seiji fora desafiado por Kazumi a beijar a misteriosa “Lavender Princess” e ela sabia que ele não aceitaria um não como resposta. Ele fez a DJ parar e cochichou algo em seu ouvido, quando ela desvencilhou o rapaz a perseguiu e a puxou pelo pulso, beijou-a a força.


“Eu posso pagar por isso!” Kimura jogou um bolo de dinheiro sobre Inoue como se aquilo pudesse pagar pelo que acabara de fazer.


Miyako pareceu evoluir como um Digimon supremo e acertou o rapaz com uma voadora e uma sequência de socos. Ken correu para apartar, embora também quisesse espancar o playboy sabia que não era o certo e sábio a se fazer. Os seguranças fizeram o mesmo. O encrenqueiro se levantou limpando o sangue do canto da boca.


“Vadia. Você nunca mais vai fazer nenhum show nesse país!” Seiji ameaçou alto na intenção de humilhar mais a garota. “Joguem ela pra fora daqui!” Ordenou aos seguranças.


“ Ninguém vai encostar na moça.” Ken apresentou o distintivo. “ Tem milhares de câmeras aqui para provar que você a assediou e ela apenas se defendeu. Acho que ninguém aqui quer acabar essa noite na delegacia.”


E os seguranças se afastaram. Miyako ainda estava possessa como se fosse atacar o playboy a qualquer momento e arrancar seus olhos. Ken a segurava firme pelo pulso a guiando para fora do local.


Ele esqueceu-se de seu encontro, do amigo e de tudo, quando apercebeu-se já estava sentado com a amiga em um café vintage nas proximidades, tentando acalmá-la com milkshakes de chocolate.


“Sinto muito pela sua carreira.” Comentou sem jeito com as palavras.


“E eu sinto muito pelo seu encontro.” Inoue devolveu involuntariamente. “Ah meu Deus! Seu encontro, você precisa voltar!”


Ken riu-se com a percepção de ter deixado tudo para trás, mas deu de ombros banalizando a situação.


“Voltar? Jamais! Eu estava mesmo precisando ser salvo daquele encontro.” Declarou divertido.


“Você estava acompanhado por garotas de estirpe. Como pode trocar isso por uma louca vestindo top e calçando tênis de luzinha.” Ela troçou.


“Colocando dessa maneira nem parece tão descolado quanto foi quando você parou a festa com sua entrada.” Ele retirou seu casaco ao perceber que Miyako estava certa em dizer que seus trajes não estavam de acordo com o ambiente atual e, colocou sobre os ombros dela. “Vista isso, pode resolver parte do seu desconforto.”


“ Ah Ken-kun, sempre tão gentil!” Miyako brincou vestindo o casaco.


“ Nem sempre. Acreditaria se eu te contasse que já abandonei uma garota no meio de um encontro e fui embora com outra?”


“ Isso foi muito canalha da sua parte.” Ela gargalhou demonstrando estar mais calma em relação ao ocorrido.” Ou o encontro estava péssimo ou a outra garota era irresistível.”


Ichijouji engoliu em seco quando captou novamente aquela centelha de flerte no ar, aquela que ele imaginou que nunca mais veria, aquela que sempre o confundia sobre ser apenas o jeito de ser dela, ou um “algo a mais.”


“ As duas opções estão corretas.” Ele foi rápido na resposta e se valeu do mesmo tom usado por ela.


E aquilo queria dizer que ela não jogaria mais com sua timidez, não se divertiria ao vê-lo encolher-se confuso e enrubescido diante de investidas. Agora ele sabia jogar com as cartas dela, mesmo que secretamente seu lado acanhado ainda estivesse a gritar e tentar assumir o comando. O Ken maduro e resoluto não se tornaria um carneirinho frágil.


“ Seria invasivo se eu perguntasse o porquê o encontro estava tão desagradável?” A DJ se esquivou do elogio embutido na resposta anterior.


“Eu realmente penso que não tenho muita sorte com relacionamentos.” Ken estranhou, mas desabafou confortavelmente. “ A garota praticamente me propôs um casamento para que eu revivesse o que fui no passado e me tornasse a nova cara da rede de hotelaria do pai dela.”


“Você está brincando?”


“ Eu queria que fosse uma piada, mas a garota se revelou uma antiga fangirl, daquelas muito obcecadas e, ela faria de tudo para trazer seu ídolo de volta. Inclusive ela debochou da minha profissão.”


“ E porque você não foi embora antes?”


“Você vai rir, mas… Um amigo me convenceu a ir em um encontro às escuras e, ao contrário de mim, ele estava se divertindo.” O detetive explicou.


“Eu não vou rir. Os amigos tem um dom incrível de nos meter em ciladas. Foi muito fofo você suportar a situação pelo bem do seu amigo.” Inoue foi compreensiva.


“É, mas… No fim acho que arruinei as coisas para ele.” Ponderou Ken.


“Para socorrer outro amigo em apuros, certo?” Ela colocou a mão sobre a dele. “ Então quem arruinou a noite fui eu. Como posso te compensar por isso?”


A pergunta saiu em tom insinuante e afetou toda a capacidade de raciocínio do rapaz. Era a chance perfeita, não poderia haver outra como aquela.


“ Se você tivesse que me compensar por te ajudar, acho que eu não seria um bom amigo.” Seu antigo “eu” acabou respondendo por ele.


Ken deu um grito interno e desejou se estapear, meter a cabeça contra uma parede, pular na frente de um trem, se afogar no Mar das Trevas. Ele era um idiota, milhares de boas sugestões de como ser compensado por ela, giravam por sua imaginação e ele deu a resposta mais babaca de todas.


“ Mas talvez você queira satisfazer minha curiosidade sobre como você passou de engenharia tecnológica a DJ descolada?” Aquela pergunta não poderia corrigir a oportunidade perdida, mas renderia mais assunto e ele realmente estava curioso.


“ Eu continuo trabalhando com Koushiro-kun, na minha área, mas…” Ela se levantou rodeando a mesa e mexendo na jukebox do local, com familiaridade, colocando uma música baixa.” Eu sentia que estava faltando algo… Quero dizer, eu amo minha vida com Hawkmon e meu trabalho. Estou profissionalmente realizada, só que mesmo assim…”


“Existe um vazio inexplicável? “ Completou o guardião da bondade.

“ É isso.” Ela estalou os dedos voltando a se sentar.” Antes de me aventurar como DJ, eu fui tri campeã de pump dance, entre outros jogos. No fim, nada parece me satisfazer.”


“Acredite ou não, eu me sinto da mesma maneira. Tenho a sensação de que estou fazendo tudo certo, dando o meu melhor, mesmo assim é como se estivesse incompleto.” Ichijouji confessou com sinceridade.


“Eu sempre imaginei que isso acontecia só com pessoas agitadas como eu. Julguei ser um defeito, uma falha, até me sentia mal por conquistar todos os meus objetivos e ainda assim estar insatisfeita, mas estou surpresa de até pessoas como você passarem por isso.”


“Defina pessoas como eu?”


“Certinhas, boazinhas, comportadas…”


“Está maquiando para não dizer antiquado, Miyako-san?” Ele fez uma expressão de ofendido.


Miyako ergueu as mãos em rendição e, com um sorriso sapeca estampando o rosto. E ambos iniciaram um riso sincronizado que logo se tornou gargalhadas.


“Parece que eu tenho uma reputação, afinal. Isso fica claro quando até Wormmon me pressiona para buscar diversão.” Ken debochou de si mesmo.


“ Até que você surpreendeu toda a turma. Pensamos que você se casaria com aquela sua namorada da faculdade.”Miyako relembrou.


“ Nem me lembre disso.” Ken fez uma expressão de desgosto.

“Experiência ruim?”


“ Péssima. Na época eu tinha saído da casa dos meus pais e fui morar sozinho com Wormmon. Vocês estavam todos concentrados em suas vidas e eu estava tentando lidar com uma nova fase. Não era um bom momento para iniciar um relacionamento.”


“Carência é uma bosta.” Miyako falou sem filtros.


“ Você resumiu tudo. Eu deixei entrar na minha vida a primeira pessoa que pareceu falar minha língua. Eu estava caminhando para a vida adulta, vendo pessoas que eu gosto se afastando a cada dia mais. Todos estavam evoluindo e construindo algo e eu me senti estagnado.” A lembrança fez o detetive massagear os próprios ombros.


“Aquela fase onde todos os amigos começam a trabalhar ou namorar e você sente como se fosse o único a ficar para trás. Fase perfeita para vampiros emocionais arruinarem seu psicológico.” A moça falou emanando experiência no assunto.


“Parece que já tivemos nossas doses de agruras, já confiamos demais, nos doamos demais. Mas o que me dói é que eu abri minha vida para uma mulher que maltratava muito Wormmon e eu demorei para descobrir.” Ken lamuriou-se sentindo culpa.


“Não acredito! Eu sinto muito por isso. Deixe-me adivinhar, ele não te contava nada para não trazer problemas.


“Sim, essa garota sabia como manipular a cabecinha dele, assim como a minha e da minha família. Era aquele tipo de pessoa que surge como a solução dos seus problemas e vai entrando na sua vida e se tornando indispensável ou te fazendo acreditar nisso.” Declarou o detetive.


“Aquele tipo que te escraviza com sua suposta prestatividade? Ela descobre o que você menos gosta de fazer e faz aquilo por você. Quando você percebe que está sendo sufocado e tenta conversar, ela se vitimiza e te faz parecer o culpado, o ser mais vil de todos.” Miyako identificou-se com o relato.


“Uau, parece que você estava lá. Como pode saber tanto?” Espantou-se Ichijouji.


“ Porque vivi isso também. Conheci uma pessoa que me fez enxergar minhas qualidades e explorar meu potencial, ensinou-me a ser desenvolta e viver cada dia como se fosse o último…”


“ Isso não parece ruim.”


“Mas isso teve um preço. A pessoa queria que eu fosse grata o tempo todo, em cada respiração e isso acabava comigo. Eu era, na verdade sou grata, mas ela começou a abusar disso. Todas as vezes que eu discordava ou me recusava a fazer algo, ela vinha com a frase “Se não fosse por mim” Inoue completou.


“ Amores não incondicionais.” Ken emendou.


“ E o que aprendemos com isso crianças?” Brincou a moça de cabelos lavanda.


“ Que o lugar está fechando e nós somos os últimos aqui e vamos ser expulsos.” Observou o detetive colocando o dinheiro sobre a mesa e puxando a amiga para fora.


“Que pena, eu gostei de conversar com você. Nunca tivemos oportunidade de conversarmos assim.” Observou a ex Dj.


“Assim?” Ken arqueou a sobrancelha com ar interrogativo.


“Sem Digiescolhidos e Digimons por perto.” Ela esclareceu risonha.


“Eu também gostei da experiência. Podemos repetir se você quiser?” Dessa vez ele se recusava a perder uma chance com ela.


“Ou prolongar, se você quiser?” Sugeriu Miyako, ousada.


“Prolongar?” Ele precisou se certificar do que estava entendendo.


“Bem… Hawkmon vai passar o verão com a Hikari-chan em seu novo projeto de…”


“Acampamento de verão para crianças no Mundo Digital. Wormmon também foi...” Ken completou com mais empolgação do que normalmente demosntrava.” Prolongar é uma ótima ideia.”


Ele respondeu quase sem voz, sentindo a antecipação revirando-se dentro do estômago e uma desconhecida sensação de realização estourando como fogos de artifícios em seu âmago. Miyako sorriu largamente e o cativou pela mão o puxando para um táxi.

15 Mai 2020 01:11 1 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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Aniram Sairaf Aniram Sairaf
Nossa diva você sempre nos cativa Tem que se divertir... tem que isso e aquilo, todo mundo é cheio de ideias, mas se bem que um pouco de diversão na vida adulta é muito bem vinda, principalmente policial. Esse encontro só daria certo sem essa louca aí, ela propôs a pior coisa que o Ken podia ter ouvido, o cara fez todo um caminho para a redenção e a louça fanática queria o produto que a mídia criou de volta. Não é a toa ele ter deixado ela de lado, ele até que foi muito educado. Essa entrada da Miyako foi muito triunfal, a cara dele ser DJ. Uma pena que nesses lugares, o que tem de gente legal tem essas pragas, o idiota fez por merecer a surra. Que bom que pelo menos para uma coisa serviu essa instencia. Nossa fazia muitos anos que eles não se reuniam foi lindo como eles se entendem. Agora eles vão esticar o papo que fofo agora vao ter muitos momentos para conversar. Eu amei demais diva 😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍
June 06, 2020, 03:36
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