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embaixadabr Inkspired Brasil Através deste blog, você poderá conhecer melhor os nossos autores vencedores dos desafios propostos pela Embaixada brasileira do Inkspired. Venha conhecer os escritores maravilhosos que o Inkspired Brasil tem!

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Entrevista com Clark Carbonera, escritor vencedor do desafio #cheirodelivro - História: Clow



Sou só uma pessoa como outra qualquer, lidando aos trancos e barrancos com os perrengues da vida, e que de vez em quando escreve histórias para entender melhor as loucuras do mundo.


Embaixada Brasileira do Inkspired (EBI): Clark, antes de qualquer coisa, agradecemos pelo tempo que dispôs à nossa entrevista. E, para começar, queremos saber quando e como foi que você começou a escrever.

Clark Carbonera (CC): Lembro que comecei a compartilhar minha primeira história numa plataforma que não existe mais (acho), chamada Widbook; depois de alguns anos migrei para o famoso Wattpad, mas a forma como os escritores de lá faziam ‘marketing’ para suas histórias era bem irritante e desestimulante. Depois de um certo tempo, conheci o Ink, o melhor lugar que encontrei até agora para escrever, publicar e conhecer outros escritores (e os Desafios são a melhor maneira disso acontecer!). Eu sempre gostei de inventar histórias desde criança, mas só na fase adulta é que comecei de fato a escrever e colocar no papel as coisas inventadas.



EBI: Quando você começou a compartilhar suas histórias e como foi isso para você?

CC: Eu mudei bastante desde que comecei a escrever. Lembro que no começo eu era bem arrogante e queria só saber de ‘vender minhas próprias histórias e ponto’. Depois de anos, acho que amadureci e vi que eu estava bem longe de ser um contador de histórias digno de fazer dinheiro! Hoje em dia, penso que colocar um ‘pedágio’ para que outros possam ler uma história (mesmo que não muito bem escrita), para que possam sair um pouco da realidade/rotina e cair de cabeça num outro mundo/universo, é algo que eu não consigo fazer. Limitar a imaginação dos outros não me parece tão certo.

E isso não quer dizer que ‘condeno’ a profissão dos escritores (longe disso!). Nós somos seres humanos e precisamos comer, pagar contas etc., nada mais certo que eles vendam seus trabalhos de forma digna (e sim, aqui eu condeno bastante a pirataria que rola solta pelo Brasil). Todavia, infelizmente, os livros e a leitura se tornaram um hábito um pouco caro aqui no Brasil por vários fatores: sociais, crises econômicas, mercado editorial brasileiro (e olha que nem entrei na questão do tal imposto absurdo que querem colocar sobre os livros...se o negócio já está um pouco caro, imagine se isso acontecer realmente…). Por todos esses fatores, eu tomei a decisão de apenas escrever histórias para mim mesmo, sem cobrar pedágio, colocando algumas delas em sites de venda apenas com um valor simbólico mesmo, sem retirar a publicação gratuita pelo Ink. Mas isso é a minha maneira de ser, nem certa, nem errada. É apenas meu jeito.


EBI: Quando você viu que tínhamos aberto o #cheirodelivro, ficou empolgado para participar desde o início ou essa foi uma ideia que foi amadurecendo com o passar do desafio? Como sua participação impactou sua escrita?

CC: Eu acabei vendo o Desafio #cheirodelivro um pouco tarde demais hahaha. Tinha apenas alguns dias para escrever, mas assim que li o edital, imediatamente veio uma imagem de como seria meu “conto-fanfic”. Sobre o impacto da participação nesse desafio? Bom, eu sempre puxo sardinha pros Desafios da Embaixada Brasileira! O retorno dos responsáveis e os comentários dos demais participantes são de fato as coisas que mais impactam minha escrita, pois a partir deles eu posso ver onde eu ‘pequei’, onde acertei, onde eu poderia melhorar etc. Desde a primeira vez que participei de um Desafio no Ink, minha escrita melhorou muito.


EBI: Ficamos sabendo, através das notas iniciais da sua história, que Clow foi a primeira fanfic que você escreveu. Como foi essa experiência para você?

CC: Foi uma experiência maravilhosa. Lembro que há muitos anos eu tinha preconceitos em relação às fanfics (eu disse antes que era bem arrogante, não? Agora melhorei, juro, me reabilitei, palavra de escoteiro).

Escrever essa fanfic especificamente fez eu analisar melhor sobre esse tipo de narrativa. Ela precisa de cuidados, uma vez que é baseada num universo qualquer que já foi criado por outro escritor/artista. Sendo assim, nós não podemos fazer exatamente tudo o que quisermos nesse universo. Se criarmos coisas nele que não façam sentido dentro da realidade daquele universo (por mais fantástico e lunático que seja), nossa narrativa cai por terra. Então, mesmo que sua fanfic seja ao estilo Terry Pratchett de ser, você precisa se ater às maluquices desse universo, caso contrário, a história não é crível.


EBI: Existe um motivo especial para você ter escolhido escrever sobre o Mago Clow Reed? Conta pra gente como foi para você desenvolver esse personagem.

CC: O motivo especial talvez seja o próprio Mago que possui uma história muito interessante e labiríntica dentro do universo da Clamp! No entanto, disse anteriormente que quando li o edital do #cheirodelivro, uma imagem veio à mente, pois bem: a imagem foi na verdade uma memória minha. Há alguns anos, quando ainda estava na faculdade, certo dia entrei na sala de aula bem cedo, e vi num canto da sala um grupo de colegas (todos homens) com o notebook aberto, ouvindo e cantando a música de abertura da Sakura Card Captors; não via aquela alegria neles desde que os conheci e eu comecei a rir demais! Eram pessoas que nunca nem pensei que teriam visto, gostado e lembrado de um anime desses (um desenho considerado “para meninas”). O Mago Clow e a Sakura têm poderes que não imaginamos e eu agradeço por essa magia! O Mago, a Sakura e essa memória são o motivo especial para essa escolha.


EBI: Você se identifica com o personagem principal da sua história? Existe alguma ligação entre Danilo e você, autor?

CC: Uh, não necessariamente. Penso que Danilo é apenas um acúmulo de muitas pessoas que conheci (mas também, posso me incluir nisso de certa forma). Ele seria a manifestação da nossa “criança-interior” que achamos ser necessário perder para sermos adultos.


EBI: Do surgimento dos primeiros esboços à postagem da sua participação, qual foi o momento mais desafiante do #cheirodelivro para você?

CC: O momento mais desafiante não foi tanto o processo de escrita. Na verdade, o momento mais desafiante foi depois da publicação, quando os demais participantes começaram a escrever suas críticas. Apenas um deles se lembrava um pouco mais sobre esse universo que a Clamp criou e avaliou positivamente a fanfic, dizendo que era fiel à história original (o que me fez sentir bem melhor). Todos os demais, ninguém se lembrava (acho que esses eram ainda muito novos na época) e alguns não conheciam (pois eram já um pouco mais velhos na época do desenho animado). Então, eu fiquei numa espécie de “limbo-otaku” e pensei seriamente em excluir a publicação e desistir do Desafio, uma vez que os outros participantes estavam com histórias muito bem escritas e mais conhecidas do público de um modo geral. Mas achei que agir dessa maneira seria um tanto desrespeitoso para com a Embaixada e seus responsáveis.

(pensei em excluir a história só depois que os vencedores fossem avaliados).


EBI: Qual o motivo para ter escolhido Sakura Card Captors como o tema da sua história?

CC: Eu tinha que criar um personagem como Danilo: alguém que tinha perdido sua “criança-interior” para que ele fosse resgatado depois. No caso, Sakura Card Captors foi a história que tive contato quando criança que mais se aproximava do que seria (ou deveria ser) essa criança perdida: um ser que via alegria nas coisas mais rotineiras; que sentia e expressava o amor em seu sentido mais puro; que mostrava como podemos ultrapassar obstáculos difíceis sem perdermos a confiança em nós mesmos. Afinal, “nós vamos ficar bem, com certeza…” Sinto que Sakura Card Captors foi a escolha mais condizente nesse sentido.


EBI: Como foi seu processo de escrita para seu conto? Você gosta de ter tudo planejado ou prefere escrever conforme as ideias vão surgindo? Você prefere escutar música ou o silêncio enquanto escreve?

CC: Ultimamente, por conta da minha rotina, eu não tenho seguido um processo de escrita tão bom como antigamente. Nos últimos desafios eu tenho escrito as histórias quase “numa sentada” mesmo. E antes de publicar na plataforma eu faço a revisão final, estudando se a história segue os parâmetros do edital, se a narrativa tem um começo-meio-fim lógico.

Agora, de certa forma, quase todas as minhas histórias começam com algumas imagens. A partir delas eu vou montando um roteiro mental, e quando quase todas as cenas e falas já foram criadas é que sento na cadeira e escrevo. Independente de ter música ou silêncio, chuva ou sol, quando a história é criada, ela precisa vir ao mundo de alguma forma.


EBI: O que você diria para os escritores do Inks que gostariam de participar de um desafio, porém se sentem receosos quanto ao próprio trabalho?

CC: Nem pense duas vezes antes de participar. Apenas escreva e participe. Acredite: todos os participantes dão um apoio bem legal nos comentários (sem contar os embaixadores responsáveis), não é algo vazio, são críticas construtivas, que valem muito a pena e vão te ajudar na jornada como escritor(a).



EBI: Quem são seus maiores apoiadores? Como isso te impulsiona a continuar escrevendo?

CC: Poucas pessoas sabem que tenho o hábito de escrever e publicar histórias (aquelas que sabem não apoiam com pompons nem nada; é algo que não cheira nem fede). Então, creio que meu maior apoiador, aquele serzinho que me empurra pra escrever, seja meu eu-criança. O mundo tá muito cinza, então o eu-criança às vezes precisa de um tempo pra ligar a tv e ver um filme...e que filme melhor do que aquele que podemos contar e criar nós mesmos?


EBI: Você tem um gênero preferido ou um autor preferido? Como isso influencia sua escrita?

CC: Antigamente eu lembro que não tinha um gênero preferido, mas existia um que eu não considerava literatura (eita arrogância do *piiii): autoajuda. Hoje eu cresci (ainda bem), e vejo como cada livro (fantasia, policial, terror, sobrenatural, filosófico, histórico etc) é si mesmo um livro de autoajuda, pois a partir do enredo, da jornada dos heróis, do relacionamento dos personagens, do sentimentos envolvidos na problemática, nós nos espelhamos em todos eles. Não somos apenas leitores passivos de histórias. A partir do momento em que abrimos a primeira página do livro, nosso coração e mente já abertos para esses caminhos traçados, nossos pés andam pelas mesmas estradas que os personagens estão andando. E podemos pensar e sentir: “se eu estivesse nessa situação, como eu reagiria? O que eu falaria? O que sentiria?”

Histórias nos fazem refletir e a reflexão nos ajuda a sermos pessoas melhores.


EBI: Qual foi a sensação que você teve ao descobrir que Clow foi um dos vencedores do #cheirodelivro?

CC: Honestamente eu não acreditei, não. Eu disse lá em cima que quase pensei em desistir do Desafio (coisa que nunca me aconteceu desde que entrei no Ink), então, vocês já podem ter uma ideia da surpresa em ter conseguido descolar um lugar entre os vencedores! E apesar do público em geral não conhecer a fundo a história da Clamp, não vou excluir a fanfic (muito menos agora que foi um dos vencedores né). Quem sabe o pessoal não se interesse e vai atrás dessa joia da década de 90?


EBI: Por último, qual conselho você gostaria de deixar para os autores que querem continuar expandindo suas escritas?

CC: Apenas escrevam. Ou melhor, “transcrevam”. Porque suas histórias já estão aí, na cachola e no coração de vocês. Elas já têm começo, meio e fim, só precisam de alguém que dê voz a elas. Então, dê-lhes sua voz.


26 Avril 2021 21:25 1 Rapport Incorporer 4

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Max Rocha Max Rocha
Entrevista sincera e edificante. Parabéns ao autor!
April 27, 2021, 19:52
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