Cuento corto
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Just Like Old Times.

— Quem está aí?- Você ouviu alguém dizer inesperadamente à sua esquerda, alto e autoritariamente, um tom claro de ameaça, mas não precisou se virar para saber quem era. Por deus, você jamais esqueceria aquela voz apesar de todas as suas tentativas, e isso foi oque mais te horrorizou quando a ouviu.


É claro que você não tinha se preparado para aquele reencontro, algo que o aceleramento familiar em seu peito denunciou que foi um erro terrível. Você pensou que não era necessário, pensou que ele não era nada para você agora, pensou que aquela missão seria a coisa mais fácil que faria em todo o seu histórico como líder vermelho, mas era tarde para reconhecer que seu orgulho havia sido seu inimigo mais uma vez.


As orbes completamente vazias colidiram com os seus cinzentos, pela primeira vez em oito anos, sem notícias, sem contato, achando que você nunca mais mostraria sua cara novamente e tendo todos os motivos para desejar que isso não acontecesse de fato, e você esqueceu de respirar. Que nem nos velhos tempos.


O arpão que ele carregava nos braços foi direto ao chão, quebrando o silêncio que prevalecia no corredor com um desagradável e barulhento som metálico - mas você nem mesmo se prestou á ouvir - e por talvez tempo demais, ele permaneceu olhando fixamente para você, estático, com horror cobrindo todas as partes de seu rosto, provavelmente contendo a enorme vontade de avançar sobre o seu pescoço e te matar ali mesmo.


Você não queria se importar com isso.


Seria cansativo dizer quantas vezes e de quantas formas você imaginou aquele cenário acontecendo.


Você imaginou a carranca icônica se formando na face dele quando você finalmente surgisse detrás da porta, fechando todas suas feições, mostrando o quanto ele estava decepcionado em saber que você não estava morto, largado e esquecido em algum beco bem longe dali - e você não se sentiria triste sobre isso, para ressaltar -. Isso, é claro, quando você não era um pouco mais pessimista e o imaginava não se contendo em te chutar para fora.


Honestamente, era divertido imaginar quantas reações diferentes você poderia arrancar daquele homem em tão pouco tempo, o quanto era fácil mexer com ele, deixá-lo espumando de raiva, mas, no entanto, em nenhum, definitivamente, nenhum devaneio que você já teve, era você quem hesitava e se perguntava se aquilo era realmente oque você queria fazer. Talvez porque você, até então, estava cegamente certo de que seus sentimentos ocultos e todas as malditas borboletas estavam bem trancados e enterrados no seu subconsciente, ou até mortos, talvez, e você nunca se sentiu tão tolo.


Que tipo de líder era traído por si mesmo?


Oito anos depois, você pensou que aqueles sentimentos tivessem finalmente desaparecido. Ido embora de sua vida tão rápido quanto você sumiu da dele, todavia, aquilo era sobre Tom. Tom sempre seria seu ponto fraco,sempre, para seu infeliz infortúnio.


Seu corpo enfraqueceu, e aquele calor familiar subiu por seu estômago novamente, como um incêndio se alastrando por uma floresta e destruindo tudo que tocava, mas aquela altura você já havia desistido de negar isso para si mesmo. Você tinha esquecido do quanto você odiava se sentir assim - quer dizer, do quanto você odiava de gostar de se sentir assim.


De todas as coisas que ele era capaz de fazer você sentir.


O que seu exército pensaria de você agora?


— Tord?- Você ouviu atrás dele. A diferença entre os tons de vozes era imensamente gritante. Edd surgiu detrás do colega de quarto, e isso te distraiu temporariamente.


Ele nunca soube sobre oque acontecia entre vocês dois quando ninguém mais estava em casa. Vocês tinham um pacto de não tornarem oque vocês tinham em “algo”, e portanto, ninguém precisava ficar sabendo. Era tudo em segredo, tudo por diversão, algo que poderia ter parado á qualquer momento e sido facilmente esquecido. Sem problema, sem drama. Ambos concordaram com isso.


Você sente vontade de se socar por ter acreditado nisso.


Subitamente, você cobriu sua face com seu melhor sorriso cínico. Você ainda tinha uma missão, você não veio aqui por ele, e como se nada tivesse te abalado há menos de cinco minutos atrás, você o respondeu.


— Olá, velho amigo, espero que não se importe por eu ter entrado!


—---


Você fez de tudo para tirar o pior dele o dia inteiro. Era essa a sua forma de lidar com sua frustração, e também porque você sentiu falta de todo aquele mal-humor dentro de uma única pessoa, mais especificamente dele, para ser mais honesto. Você quase o matou diversas vezes e ninguém realmente parecia se importar, pareciam estar se divertindo com a rivalidade de vocês dois, na verdade. Você o largou no espaço, atacou-o com um gato e com uma criatura que nem se deu o trabalho de saber oque era e, como esperado, ele surtou. Você não entende porque ficou surpreso, apesar disso.


Você podia ver nas orbes dele que não se tratava apenas do dia horrível que ele teve por sua causa, que toda aquela raiva não era apenas pelo que os outros presentes pensavam que era. Não, aquele sofá deveria ter te atingido. Bem forte e bem no rosto, você sabia que sim, você merecia. Aquilo era por ter sido deixado para trás por todos aqueles anos, se remoendo, de coração partido, se sentindo traído, se sentindo horrível por sentir falta de algo que nem era para ser, de uma história que não era para ser de amor.


Aquele sofá definitivamente deveria ter te acertado.


— Você quer o meu quarto? Então pegue!


(— Quer minha vida também? Oque mais você quer de mim!?)


E tudo despencou a partir dali.


Ele saiu pela porta da frente e deu todos os indícios de que não voltaria, espumando de raiva de uma forma que fazia muito tempo que ele não fazia - tudo graças á você, sempre por causa de você - e deixando uma abertura enorme na parede para trás como se não fosse problema dele, e você pensou que as coisas seriam mais fáceis agora que o maior dos seus problemas não estava mais lá. De fato, se você ignorasse com sucesso o pontinho de culpa que te perseguiu e te atormentou o resto do dia, e o quanto Matt era tão bom em tirar a sua paciência, as coisas estavam indo muito bem. Você estaria com seu tão amado robô gigante em mãos em alguns minutos. Voltando contente e saltitante para sua base e se preparando para a dominação mundial, estaria completo de novo e tudo estaria bem. Só tinha que segurar mais um pouquinho até estarem distraídos o suficiente.


Mas é claro que você não estava conseguindo “ignorar com sucesso”, porque Tom era um desgraçado que não saía de sua cabeça nem por um único segundo.


Para início de conversa, você só tinha sugerido aquele filme para deixá-los ocupados enquanto pegava tudo que precisava no antigo laboratório e ainda mais o robô, mas agora não teve escolha a não ser usá-lo para se distrair de si mesmo também, o que não era muito que gostaria de estar fazendo. As cenas grotescas eram a única coisa que prestavam naquele filme, por favor. Tripas e sangue espirrando na tela sempre foram divertidas de assistir para você, mas não era suficiente, nem isso estava funcionando e isso estava te deixando mais e mais frustrado.


Ironicamente, aquilo lhe deu um pouco de nostalgia. Em algum momento, há oito anos, você estava sentado naquele exato lugar, assistindo um filme ruim do mesmo gênero, com todos os seus amigos que pareciam estar se divertindo com o quão ruim aquela saga conseguia ser sentados ao seu lado, comendo e derrubando toda a pipoca no sofá, pensando sobre exatamente a mesma coisa de agora e lançando olhares discretos e rápidos para essa tal coisa. A diferença é que, daqui alguns minutos, você vai estar espalhando seu governo para os sete cantos do mundo, e o seu eu do passado estaria sendo fodido contra uma parede.


Finalmente percebeu que não aguentava mais.


Novamente, mais uma lembrança de oito anos atrás.


Você costumava ter um jeito estranho de lidar com seus sentimentos. Você tinha um jeito estranho de lidar com absolutamente tudo de errado que acontecia com você, na verdade, e você ainda era mais estranho por nem ao menos ter a decência de negar.


Claro, com o passar dos anos e com a maturidade aumentando mais e mais, você foi deixando esse hobbie de lado até abandoná-lo completamente, porque você julgava que aquilo não era algo que alguém importante faria. E de fato, que tipo de líder e futuro governante do mundo se masturba vendo hentai para lidar com os problemas, afinal? Não que alguém um dia fosse saber, obviamente, mas isso era um problema que tinha consigo mesmo. Você prometeu que só voltaria a esse antigo hábito se um problema muito grande acontecesse, e, bem, esse era um problema muito grande.


Os frascos, as armas e os protótipos de invenções nunca terminadas não eram as únicas coisas que você guardava em seu antigo laboratório.


Você ainda era jovem naquela época, era até compreensível, de certa forma, mas você não deixou de se sentir irritado com a sua mentalidade passada. Por deus, aonde mais você escondia essas coisas além de todos os quartos da casa?


Você pegou o primeiro que viu, porque você só queria se livrar de todas as suas frustrações, convenientemente, aquele que era seu favorito, e, sendo o direto possível, você não conseguiu. Talvez por não ter tentado esquecer seus problemas se masturbando há um longo tempo, ou só porque o fato de não era Tom fazendo isso pra você agora lhe deixava ainda mais frustrado. O mangá se tornou nojento, de repente - curioso, considerando que os que tinham tentáculos eram os seus favoritos - e então ele foi lançado direto ao outro lado do cômodo. Você se sentiu tremendamente patético. Você pensou em todos os caras que você já se envolveu, em todos que você já sentiu atração alguma vez, mas de alguma forma, todos eles se transformavam em Tom.


Que ideia idiota, Tord, você sempre soube que não conseguiria fugir dele.


Você decidiu que não iria mais perder tempo. Você pegaria aquela porra de robô e saíria para nunca mais voltar, dominaria o mundo e faria com ele o que bem entendesse. Tom nem mesmo passaria por sua mente depois de hoje. Você perguntaria á si mesmo daqui alguns anos “quem diabos é Tom?!” e esqueceria essa mesma pergunta alguns segundos depois, sem nunca nem pensar que ele foi o motivo de tantas noites mal dormidas e a porra de uma missão inteira comprometida.


Você está se tornando ingênuo de novo.O que seu exército pensaria de você agora?


Alguém chutou sua porta. Tão forte que ela se abriu e despencou para o outro lado. Era ele, é claro que era ele. Mas você fingiu que estava surpreso mesmo assim.


— Ora, Tom, o que está fazendo aqui? Desistiu de arranjar outra casa e resolveu voltar para me matar?


Você esperava ao menos uma risada sarcástica.


— Eu iria te perguntar a mesma coisa! - você viu o famoso panfleto que vinha atormentando sua vida recentemente nas mãos dele - E respondendo sua pergunta, eu cheguei bem perto hoje, mas eu infelizmente não consegui te pegar sozinho!


— Eu tenho certeza de que não era isso que você realmente iria fazer se me pegasse sozinho.


Você pôde ver o leve vacilar dos ombros dele por um instante. Você ainda conseguia mexer com ele, apesar de tudo, mas você teve vontade de chorar ao saber disso.


— Eu não vim aqui pra isso - Ele finalmente estendeu o panfleto, esperando uma resposta. Ele ainda parecia afetado pelo seu comentário, mas mantinha uma postura ameaçadora, pronta para te atacar se precisasse.


— Okay, okay, você me pegou - você riu, se divertindo com a irritação dele e logo estendendo os braços acima da cabeça - na verdade, eu sou do governo e vim destruir sua geladeira, aliás, eu nunca te amei.


Ele riu sarcasticamente. Você deveria ter levado a sério quando ele disse que não veio aqui para isso, porque ele fechou os punhos e se aproximou. Desespero começou a se formar em seu peito.


— Boa piada, então chegou a hora da cena de violência entre o herói e o vilão, não é?


— Okay, Tom, peraí, você sabe que eu tô brincando, não sabe?


— Bom, a parte do “eu nunca te amei” não pareceu muito uma brincadeira pra mim.


Caramba, aquilo doeu, você não estava esperando por isso. Todavia, você não se deu mais tempo de pensar sobre isso. Você apertou o botão vermelho que estava se segurando tanto para apertar, e então o viu pela última vez.


A única coisa que você se lembra é você explodindo o palco de todas as lembranças que lhe atormentavam, com Tom e tudo que você um dia você conseguiu amar lá dentro.


(— Tord?! Oque você está fazendo?!)


(— Eu pensei que nós fossemos amigos)


(— Ha! Não! Quem precisa de amigos quando se tem isso?


(Eu sou imparável!)


(Adeus, velhos amigos)


E então, você viu Tom mais uma vez, levantando dos destroços que você pensou que seriam seu túmulo, sangrando, chorando tanto quanto você, e ele gritou.


— Eu não sou seu amigo.


O arpão atravessou o peito da máquina, perfurando o painel de controle, passando bem perto de rasgar seu braço, tão rápido que se não fosse por muito pouco isso realmente teria acontecido, e então tudo explodiu. O robô, a casa, seus planos. Acabou, você perdeu, você acabou com tudo mais uma vez. Que ótimo líder você é.


O que seu exército pensaria de você agora? O que seu exército pensaria de você agora? O que seu exército pensaria de você agora?


É claro, você deveria ter adivinhado que ele nunca te deixaria vencer e ir embora assim. Voltando do nada, como se nada tivesse acontecido, e levando tudo que lhes restava como brinde. Tom jamais deixaria isso. Ele não se deixaria abalar por você de novo.


Por um momento, no ápice de sua fraqueza e que você definitivamente julgaria patético se não tivesse acabado de se salvar da morte, você se perguntou, oque teria sido de vocês dois se dominar o mundo nunca tivesse passado por sua mente? Vocês ainda estariam juntos até então? Ele ainda iria no seu quarto no meio da noite só pra dormir com você? Ele ainda seguraria a sua mão involuntariamente em busca de apoio? Você ainda acordaria de manhã com ele te esmagando num abraço?


Um soluçoescapou de sua garganta, o sangue se misturou com as lágrimas, que se misturaram com a grama, com todas as memórias doces e seus arrependimentos.


Você deveria ter adivinhado que não haveria futuro para vocês dois.

24 de Abril de 2020 a las 01:17 0 Reporte Insertar Seguir historia
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Fin

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Manuela nao sei escrever fodase

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