walter-azevedo1567107055 Walter Azevedo

Era uma manhã ensolarada, eu estava dirindo na MG-295 rumo à casa de meus tios na cidade de Brasópolis. Uns dez minutos após passar a cidade de Gonçalves, o GPS do meu celular começou a falhar, travou um pouco e retraçou a rota. Virei a direita, como o aplicativo estava indicando, e caí em uma estrada bem estreita, era um caminho que eu nunca tinha pegado antes. Segui em frente, talvez o aplicativo tivesse mandado por este caminho por causa de algum acidente na estrada principal. Pouco mais de quinze minutos avisto uma placa que dizia "Bem vindo à Miúdos de Porco". Fiquei bem curioso com o nome dessa cidade e também um pouco apreensivo quanto ao caminho que eu estava tomando, mas decidi seguir em frente, a final eu estava de férias depois de um longo período sem descanso do trabalho, merecia relaxar um pouco e conhecer novos horizontes.


Cuento Todo público.

#MiúdosDePorco #romance #Lúdico #aventura #psicológico
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Miúdos de Porco

Era uma manhã ensolarada, eu estava dirindo na MG-295 rumo à casa de meus tios na cidade de Brasópolis. Uns dez minutos após passar a cidade de Gonçalves, o GPS do meu celular começou a falhar, travou um pouco e retraçou a rota. Virei a direita, como o aplicativo estava indicando, e caí em uma estrada bem estreita, era um caminho que eu nunca tinha pegado antes. Segui em frente, talvez o aplicativo tivesse mandado por este caminho por causa de algum acidente na estrada principal. Pouco mais de quinze minutos avisto uma placa que dizia "Bem vindo à Miúdos de Porco". Fiquei bem curioso com o nome dessa cidade e também um pouco apreensivo quanto ao caminho que eu estava tomando, mas decidi seguir em frente, a final eu estava de férias depois de um longo período sem descanso do trabalho, merecia relaxar um pouco e conhecer novos horizontes.



Logo que cheguei na cidade vi uma grande movimentação, pessoas alegres e sorridentes andando para todos os lados em uma praça típica de cidades pequenas do interior de Mina Gerais. No meio havia um coreto com uma bandinha tocando marchinhas alegres e engraçadas. As pessoas vestiam roupas que pareciam ser antigas, simples e coloridas, mas bem agradáveis. Eu desci do carro e fui adimirar a banda, quando de repente sinto alguem me cutucar no ombro dizendo: "Hey, vai ficar aí parado mesmo?! Vem dançar com a gente!". Era uma moça por volta de uns 23 anos, pela bem branca, cabelos longos e pretos, olhos verdes, muito bonita. Eu sorri e disse bem tímido: "Desculpa, eu não sei dançar, moça...". Ela sorriu de volta (E que sorriso) e disse me puxando pelo braço: "Vem logo, aqui ninguem se importa se você dança bem ou não". Bom, depois de um sorriso e convite daquele eu não tinha como recusar. Ela me levou para perto dos amigos e começamos a dançar. Eu com meu jeito desengonçado e duro, mas tinha um amigo dela que era bem pior, então fiquei até que confortável na situação. Quando a banda fez um intervalo, nos apresentamos mais "formalmente". "Bom, meu nome é Pedro, e o seu?", disse eu meio tímido ainda. "Meu nome é Mônica, e seja bem vindo ao 75º festíval do Herói Desconhecido, o orgulho da nossa cidade", disse ela dando risada e me puxando pelos braços. "Vem logo, Pedro, os jogos vão começar!". Segui Mônica e a multidão até um palco. Para meu espanto se iniciou um concurso de monte de estrumes. Isso mesmo, ganhava quem fizesse o maior monte de cocô. E olha que tinham vários candidatos e as pessoas realmente aplaudiam aquelas cenas malucas e nojentas. Mônica vendo meu espanto disse: "Calma, Pedro, é apenas um jogo, pare de julgar as pessoas. Mas já que não gostou, venha, temos várias outras atrações por aqui". Passamos pelo concurso "Miss Miúdos" que na verdade estava premiando a melhor prostituta da cidade aquele ano. Achei bizarro, mas não comentei nada com a Mônica, pois "Não julgue as pessoas" parecia ser o lema dela. Depois fomos para o Boxe de anões, esse sim foi bem legal, tinham apostas altas e tudo. Mônica me disse que era um dos principais esportes da cidade, a galera levava mesmo a sério isso.


De repente me lembro de olhar o celular para ver as horas e avisar meus tios que eu iria atrasar, pois estava gostando do festival e gostaria de ficar até o fim. Ver as horas eu consegui, já eram 15:45, o tempo estava voando, mas não consegui avisar os meus tios porque estava sem sinal de celular e internet. Mônica viu meu desespero e disse rindo: "Aqui a gente não perde tempo com isso não, desconecte-se um pouco e viva o momento, Pedro". Decidi seguir o conselho da minha nova amiga e fomos ver as outras atrações.


Saímos à procura de algum outro evento. Chegamos ao "Tiro na maçã", que era um concurso onde um velho cego atirava com uma espingarda enferrujada em maçãs nas cabeças dos participantes. Ganhava uma leitoa viva os corajosos que não amarelavam depois que as maçãs estavam em suas cabeças. Eu expressei minha preocupação e indignação para Mônica, pois alguém podia facilmente morrer alí. "Bom, essa é a graça do jogo, Pedro. Pára de ser ranzinza!", disse Mônica séria, mas com um sorriso no final. "Vamos sentar aqui e nos divertir". Assistimos um pouco, ninguém morreu, graças a Deus. Chamei Mônica para irmos procurar algo para comer e saímos à procura de algo.


Chegamos numa feirinha que vendia artesanatos típicos da cidade, doces, pasteis, hamburgueres e rato frito. Sim, rato frito! Mônica me disse que era o prato mais típico da cidade. Ela comprou um espetinho de rato frito. Provei. Era nojento, mas gostoso. Sentamos e conversamos um pouco sobre as maluquices que vimos no festival. Rimos muito e quando vi já estava anoitecendo, disse à ela que tinha que ir embora. Mônica disse sorrindo: "Não, não vá, agora a noite que o festival vai ficar mais legal!". Eu disse que realmente precisava ir, pois meus tios já deveriam estar preocupados e não havia sinal na cidade para eu me comunicar com eles. Ela pela primeira vez esboçou um ar de tristeza e me disse: "Por favor, por favorzinho, diz que vai voltar, podemos ir à um parque, eu levo uma canga pra gente se sentar". Eu afirmei que voltaria, pedi o número do celular dela, mas logo lembrei que naquela cidade isso não existia. Dei um beijo em Mônica, foi romântico mesmo para um casal que pouco tempo atrás tinha comido espetinho de rato frito. Nos despedimos com a promessa de eu voltar e peguei a estrada rumo à Brasópolis.


Chegando na casa de meus tios, contei sobre o festival, sobre Mônica, sobre a cidade de Miúdos de Porco, mas eles me disseram rindo que essa cidade não existia, que eu devo ter sonhado ou alucinado. Fiquei espantado e pensativo durante toda minha estadia na casa deles. Não achei nada a respeito dessa cidade na internet. Na volta, até tentei achar a estrada para Miúdos de Porco novamente, mas não tinha nada alem de mato naquele local.


Até hoje não consegui reencontrar Miúdos de Porco, muito menos Mônica, gostaria muito disso, mas talvez eu já tenha encontrado, talvez estejam dentro de mim.

29 de Agosto de 2019 a las 19:48 0 Reporte Insertar Seguir historia
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