alicealamo Alice Alamo

Autor escolhido: J.K. Rowlling Com o fim da guerra e o retorno das aulas, Draco se permite ter de volta tudo aquilo que os anos de medo lhe privaram. No meio de tantas novidades, ele recebe uma em especial, uma que vem em partes e aos poucos, e de alguém que ele não esperava.


Fanfiction Anime/Manga Sólo para mayores de 18. © Capa de @alek.dar

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Parte I - Olhos


Não foi o primeiro olhar que trocaram, nem seria o último, mas aquele era diferente, pelo menos para Draco. A treinadora falava alguma coisa, gritava instruções e as regras já tão bem conhecidas do Quadribol enquanto eles mantinham-se sobre as vassouras e as torcidas gritavam. Aquele era o primeiro jogo depois da guerra, a primeira disputa entre casas após a rápida reconstrução de Hogwarts, após a volta de seus alunos.

Era estranho. Havia no ar uma sensação nova e ao mesmo tempo nostálgica. Imaginar que quase todos ali tinham passado por experiências terríveis no ano anterior roubava um pouco do brilho do jogo, como se o esporte que tanto amavam não passasse de um capricho, tão pequeno diante de tudo o que tinha acontecido. Entretanto, também conseguia enxergar aquele momento como uma nova chance, um recomeço. E isso o fazia apertar com mais força que o normal a vassoura…

Era ótimo em voo, sabia que sim, e era difícil esconder a felicidade que sentia por estar no ar mais uma vez sem ser fugindo de feitiços, maldições, a guerra. Foi nesse momento, no entanto, que percebeu Potter o observando.

Como já dito, não era a primeira vez que pegava Potter o analisando, ele sempre fazia isso, com mais intensidade e frequência desde o quinto ano. Os olhos verdes não pareciam nem mesmo surpresos ou envergonhados pelo flagrante, observavam-no como se fosse um livro aberto e pudessem desvendar cada detalhe, cada linha de sua expressão. Já estava acostumado a isso, embora não deixasse de ser assustador como Potter parecia ler sua mente quando obviamente não era habilidoso o suficiente para conseguir tal feito. Mas, ainda que acostumado em ser observado, daquela vez não soube bem como reagir ou como interpretar o olhar do outro.

Não havia mais a contínua desconfiança dos anos anteriores quando era seguido a todo canto, muito menos a rivalidade que cultivavam por anos e que ali deveria estar acentuada. Não. Harry Potter o observava como se o visse pela primeira vez, com seus olhos verdes surpresos e um pouco arregalados atrás dos óculos antiquados. Por algum motivo, sentiu-se constrangido, pego no meio de um momento íntimo, em uma felicidade que não queria como alvo da atenção dos demais e, apesar da língua afiada querer disparar qualquer ofensa para que Potter parasse de olhá-lo com tanta... admiração? Não conseguiu falar nada, a língua se enrolou na boca, e não soube o que fazer a não ser continuar a olhar de voltar, perdido nos próprios pensamentos e no sorriso singelo que recebeu do outro como se ele compartilhasse da emoção daquele voo, daquela felicidade tão única que a paz trazia.

O apito soou, o pomo de ouro foi solto, e Draco olhou ao redor, atento, ignorando o fato de que Potter ainda se mantinha o observando mesmo enquanto os outros já saíam pelo ar correndo atrás dos pontos. E isso o distraía! Por Merlin, ele não tinha outra hora para ser tão irritante? Tinha que bancar o idiota logo durante o jogo? Inclinou-se sobre a vassoura, voando mais rápido em busca do pomo que já não mais enxergava, apenas queria se afastar de Potter e perder o peso do olhar dele sobre si.

O fim do jogo demorou para acontecer. A disputa foi muito acirrada, algo memorável e que trouxe para quem assistia a sensação maravilhosa de um jogo que tinha valido a pena. Draco ria deitado no chão, o pomo de ouro entre seus dedos, os olhos acinzentados semicerrados devido ao sol e às lágrimas que ele não queria derramar.

Apertou com força o pomo de ouro, sentia-o por completo na palma da mão, contra seus dedos, e o fato de quase ter caído da vassoura para pegá-la nem lhe importava. A sensação do vento chocando-se com força contra seu corpo ao subir até onde podia e mergulhar atrás daquela maldita bola dourada ainda estava sobre sua pele, o braço estendido em desespero trazia um prazer de que ele já tinha se esquecido, e a vitória… Riu com mais força e apertou o pomo contra o coração. E ele lá sabia como era o gosto da vitória? Não… os últimos anos haviam lhe arrancado aquilo, tinham amargado qualquer triunfo, destruído as lembranças mais doces.

Mordeu o lábio, sentou-se na grama enquanto gritavam para que devolvesse o pomo de ouro. Levantou-se e o arremessou-se a bola antes de se retirar aos vestiários. A essa altura, não se importava se estavam ou não prestando atenção ao que fazia, não tinha intenção alguma de esconder a alegria da vitória, silenciar o riso e a farra que os companheiros de time dividiam consigo.

A celebração seria no salão comunal, como sempre, e ele só teve tempo de tomar um rápido banho antes de ser arrastado e erguido por alunos de que nem o nome sabia. Não era tolo, entretanto, de achar que era querido ali… conhecia uma boa parcela dos alunos da sonserina para saber que muitos o julgavam pelo o que havia feito na guerra, pelo que tinham ouvido durante seu julgamento quando o Santo Potter apareceu com seus amigos para depor a seu favor.

Draco Malfoy era o traidor da causa, era alguém que muitos ali não perdoariam por ter traído Voldemort, ao mesmo tempo em que era alguém traiçoeiro demais e com um passado familiar muito suspeito para que o outro lado da balança o adotasse e reconhecesse. Ele era um proscrito a quem, somente naquela embriaguez pela vitória do jogo que ele havia garantido à casa, permitia-se aproveitar o acolhimento e a aclamação.

Riu e recusou a bebida que lhe ofereciam, sentou-se em um dos sofás a observar a festa que aumentava a cada segundo e ponderou muito ceder às investidas da garota ao seu lado que se esforçava para chamar sua atenção. Ela era bonita, os cabelos loiros como o seu, os olhos escuros, delicada e com uma risada alta. A boca dela parecia tentadora, gostava do batom vinho que ela usava, do perfume, e riu sozinho ao contabilizar quanto tempo não pensava em alguém… Seu último beijo havia sido… no quinto ano? Não, antes. Quarto ano. Pelo menos, o último de que tinha uma boa lembrança.

No ano da guerra, ocorreram sim outros, mas nunca por desejo, era por desespero, pela vontade de afogar-se em qualquer outra sensação que não fosse o medo que corroía suas veias e pulsava com a marca em seu braço. Entre os comensais, era fácil achar alguém, como se todos eles estivessem ávidos por prazer, por uma âncora da realidade. Não era bom… era como uma dose de um alucinógeno trouxa que, depois do efeito, jogava-o à lama, sozinho, no escuro, no frio do isolamento e de seus próprios temores.

Precisava se sentir dono de si mesmo de novo, dono de suas escolhas, de seu próprio prazer! Ele tinha direito a isso!

Puxou a garota para seu colo de repente, as mãos dela contornaram seu pescoço e se perderam em seu cabelo quando a beijou com fome para afastar as lembranças, e Draco suspirou. Era outra realidade, era prazer sem ter um motivo para isso, eram línguas, eram lábios, eram suspiros e arfares, era a liberdade de poder se dar prazer por motivo algum a não a vontade de senti-lo.

Deixou suas próximas horas serem regadas a bebida e beijos, a certo ponto já havia bem mais que sonserinos naquele salão comunal e aquela era uma mudança e tanto já que suas festas costumavam ser bem mais privadas. Já havia beijado alguns lufanos, por que sempre os melhores tinham que ser lufanos? Agora a garota da corvinal que beijava tinha desaparecido e ele riu ao sentir os lábios formigando.

— De todas as pessoas pra vir aqui hoje, taí alguém que eu não esperava. — Pansy se jogou em seu colo, bêbada, apontando para uma das janelas enquanto virava o copo contra a boca.

Draco olhou para o outro lado do salão e o susto o fez engasgar com a bebida e tossir ao ver um aluno da sonserina se debruçar na direção de Potter, os braços um de cada lado do corpo dele, próximos demais para uma conversa qualquer. E sem que Potter fizesse qualquer esforço para sair dali.

— Será que ele está tentando matar Potter? — perguntou ao ver a janela aberta. Seria uma queda interessante, o lago gelado estava logo ali, seria engraçado.

Pansy gargalhou diante de seu cenho franzido, viu-a erguer a mão e roubar a bebida de uma garota que logo a beijou antes de se afastar e então ela rolou os olhos quando percebeu que ainda não tinha entendido e que esperava uma explicação.

— Eu acho que ele está tentando provar que não há nada de Santo no Potter — ela explicou rindo, e Draco deixou a boca se abrir em choque ao entender.

— Não…

Pansy deu de ombros e riu.

— Ele quer afogar a derrota em sexo. Não tem muitos grifinórios fora do armário, a coragem deles não chega nesse nível ao que parece. E depois dizem que nós que somos conservadores. Hippóoooocritas.

— Potter é gay? — Draco falou, um pouco mais alto do que pretendia.

— Gay, bi, sei lá! Hétero que não é, certeza disso desde o… quarto ano. Ele babava no Cedrico — ela não deu importância. — Agora, me conta, como você pegou aquele pomo de ouro? Você tinha que ver o Potter, parecia que nem mesmo enxergava o que tava acontecendo! Foi linda a surra que você deu nele.

Draco não ouviu mais nada. Seus olhos estavam presos em Potter e se arregalaram ainda mais quando o garoto o beijou, quando Potter passou os braços pela cintura dele o puxando para perto e abrindo a boca para dar espaço à fome com que era beijado. As mãos dele apertaram o tecido do suéter verde e prata que o garoto usava, ficou curioso para saber qual o nível de desespero de Potter para se sujeitar a ir na festa do time para que tinha perdido há algumas horas. Mas, se pensasse bem, imaginava… Potter estava em pior situação que a sua nos anos anteriores, não conseguia nem mesmo achar que ele tivesse tempo para tirar alguns minutos do dia para ser um adolescente normal.

A mão dele tinha uma cicatriz, óbvio que não podia enxergar àquela distância, mas sabia da existência dela. Apertou a sua própria no antebraço, a marca negra removida ainda doía, tinha deixado uma cicatriz horrenda que vinha há meses tratando para obter alguma melhora. Potter também tinha feito o mesmo? Ou havia deixado a cicatriz ali, visível, para lembrar-se da dor, do passado?

Viu-o subir a mão para o cabelo do garoto, os dedos entre os fios do cabelo dele enquanto assumia o domínio do beijo. Nunca tinha visto Potter como homem. Nunca. Ele era Potter, só Potter, com todos os seus outros títulos heroicos ou debochados, mas nunca como homem. E ali estava a prova do contrário. E… uou… era como se tivesse aberto em sua mente um novo caminho, uma nova imagem sobre o grifinório que parecia tentadora. Até porque ele era bonito! Desajeitado, sim, vestia-se mal, sim, chato, lerdo, burro às vezes, sim, mas isso não importaria muito durante uma foda. Não... em sua cama, Potter só precisaria abrir as pernas ou fazê-lo quicar sobre si.

E… pera! Esses não eram seus pensamentos, eram? Não, ele não estava cogitando… o quê? Dormir com Potter? Se aproximar um passo dele? Por Merlin, não! Isso era… errado de tantas formas diferentes que… Não! Ah, não! Como tiraria aquela imagem da cabeça agora?

Respirou fundo e olhou para Potter. Reparou nos ombros, um pouco mais largos do que a memória do quarto ano lhe recordava, o queixo mais duro, a barba bem feita e aparada. E ele estava sem óculos… uma coisa que só reparou porque, de repente, percebeu os olhos abertos, as esmeraldas que pareciam brilhar ebriamente ao fixarem-se, não no garoto que parecia se deliciar com os beijos, mas… nele.

10 de Junio de 2019 a las 21:40 8 Reporte Insertar Seguir historia
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Amelia Kim Amelia Kim
Caramba!! Nem acredito que encontrei uma preciosidade dessas. Vc escreve muito bem!! E drarry é um dos meus shipps prediletos. Muito legal ver o Draco feliz porque pegou o pomo, mas aquela olhada do Potter no final... realmente, de santo ele não tem nada. Hehe
August 28, 2020, 04:24
Akira Sam Akira Sam
Nesta quarentena eu acho essa maravilha, estou salvo completamente.
March 27, 2020, 02:14
ivan kalleb ivan kalleb
Em um dia calmo, até demais, uma garota entediada estava ali em seu quarto, não querendo ler nenhum mangá, terminar os animes que estava assistindo ou começar qualquer outro, sabendo que pararia no meio. Resolveu entrar no seu aplicativo de fanfics para ver se algo iria anima-la, deu uma leve olhada nas histórias que apareciam e só ficava mais entediada ainda, se nem mangá que possuía imagens ela queria ler, imagina histórias onde ela teria de imaginar as cenas... Quando estava para desistir avistou algo que lhe chamou a atenção, clicou para seguir e então começou a ler. Ainda entediada, mas sem tirar seus olhos da tela, lia cada palavra, cada linha, cada "parágrafo" com atenção e interesse, queria ler mais e mais, pouco a pouco seu tédio se tornava entusiasmo e então... PAH! A HISTORIA ACABOU, mas antes de ir para o próximo cap ela quis dizer ao autor... ESPERE PELO PRÓXIMO COMENTÁRIO kkkkkkkk até o próximo cap ^^
June 28, 2019, 21:13
Allan Loppes Allan Loppes
top
June 21, 2019, 10:29
HunterPri Rosen HunterPri Rosen
Socorro que eu já amei essa história no primeiro capítulo hahahahhahahah Esses dois são muito instigantes, simplesmente shippo hard <3 Adorei o capítulo do começo ao fim, ótima escrita e desenvolvimento, humor gostoso com (adoooooro) uns pensamentos salientes no meio hahahahhahaha Muito bom!
June 14, 2019, 01:16

  • Alice Alamo Alice Alamo
    Oii! Ahhh eu amo tanto escrever Harry Potter que meu coração derrete. Fico feliz que tenha gostado do desenvolvimento e da minha escrita <3 Muito obrigada pelo comentário. Capítulo 2 já postado ;) Beijoss June 17, 2019, 13:48
Inativo Inativo
Olá, eu sou a MRz do Sistema de Verificação do Inkspired. O sistema de verificação atua não só para ver a qualidade da história, como também para observar se a história está de acordo com as normas do site. Sua história está “em revisão” porque há um erro bem pequeno na sua história: o segundo e terceiro parágrafos são repetidos. Estamos um pouco mais rigorosos na verificação por se tratar de um desafio da Copa de Autores, por isso de não ter sido verificada imediatamente. A verificação não é obrigatória para a história continuar sendo exibida, então se você tiver o interesse de ter sua história verificada, após corrigir os erros, é só responder a esse comentário que eu faço uma nova verificação. No mais, você escreve muito bem! Foi muito bom ver a sonserina ser ganhadora em um jogo e muito emocionante ver que quem trouxe a vitória foi o Draco, um personagem que sofreu tanto na trama original. Boa sorte na competição, tenha uma boa semana! :)
June 11, 2019, 18:00

  • Alice Alamo Alice Alamo
    Já corrigido! Muito obrigada pelo aviso ;) June 11, 2019, 18:41
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