Quase toda história que se conta
Sobre mulheres e moças
Faz-nos pensar na vida
Como um conto de fadas.
Porém, esta nossa Sophia,
Não era princesa, nem acreditava em fada.
Era apenas uma escrava forte
Que nada tinha de encantada.
Ah, Sophia, ah, Sophia,
Naquela época, duvido que sabia
Que a história da sua pilharia
Até nossos dias se contaria.
Sophia navegava no mar azul,
Com mais duas dúzias de guerreiras,
Empunhando espadas de norte a sul
E manchando o horizonte com velas vermelhas.
Ah, e quando os senhores viam aquelas velas…
Eles sabiam que a sua vida de prazeres
Nadaria com Sophia pelas águas
Pois, lá na popa do navio,
Sua espada ela empunhava
“Avante, leais companheiras”, gritava
“O ouro dos usurpadores por nós aguarda”.
Mas a grande fortuna que a mulher buscava
Não era o dinheiro, o ouro, nem queria se afamar
Ela invadia também as cozinhas e lavanderias
E falava às escravas,
As chamava para lutar,
Para nunca mais ter de, para um homem, se dobrar.
A proposta de ser livre era tentadora,
Mas a força da palavra
Que possuía a Sophia
Tinha também uma fraqueza:
Um sentimento de muita nobreza
Que a bela valente não entendia
A força do amor que as amarrava
E de cortar o mar as impedia.
Sophia não temia o amor
Ele não lhe era tentador
Dele, guardava rancor,
Por seu coração ter entregado
A um homem que não merecia
Algo de tamanho valor.
Com a promessa de uma vida dourada,
Sophia deixou sua bela morada
Para acompanhar aquele que amava.
Mas a decepção cortou-lhe
Quando viu que o calor do amor não lhe alcançava
Aquele que a todos amarrava
Para ela, não era nada.
Amargurou-se e sua amargura atingiu seu amor.
Ressentido e rancoroso,
Ele a vendeu para um mercador.
Trocada por ouro novamente,
Sophia foi vendida a um bordel
Onde homens vinham na surdina
Deixando suas esposas em casa
Sozinhas em suas camas de dossel.
Ela ouvia relatos das outras
Havia aquelas que gostavam
Comentavam
Comparavam
Mas não sentia queimar em si a energia
Perguntava-se o que havia de errado
Revoltava-se cada vez mais, a bela Sophia
Pois faziam, com seu corpo, coisas que ela não queria.
Em uma noite, no entanto,
Um homem a levou para um palácio
De um senhor de muitas esposas.
Ele era um homem grande e cruel
Que batia nas mulheres
E morreu, naquela noite mesmo,
Enforcado com o lençol.
Naquela noite ela descobria
A maior fraqueza do homem
E foi assim que começou
A luta de Sophia.
Chamou todas as 11 esposas
Que nem sequer hesitaram em lhe acompanhar
Pois Sophia não era a única
Que o velho quisera maltratar.
Seduziram os guardas
Deram vinho a eles todos
Pegaram suas espadas
E os cortaram como tolos.
Sophia era filha de marinheiro
Sabia como navegar
Assumiu o timão e o chapéu de três pontas
E pôs-se a liderar.
Com seus irmãos aprendera a se defender
Pois menina pobre crescia no mato
Sem aulas de etiqueta e bordado.
Ensinava agora suas companheiras
A lutarem com uma espada na mão atrás
E um rifle na dianteira.
Sophia crescia, é verdade,
Em força e poder
Mas sua mente, porém,
Esta lhe traía com sonhos e dores
De quem ela deixara de ser
E ainda se perguntava
Por que tamanho medo lhe apanhava
Quando o passado lhe assombrava.
Tinha medo e nem sabia do quê,
Não era dos homens, ela percebia,
Mas sim da indiferença
Que por eles sentia.
Foi então que aconteceu
Em uma noite de pilharia
A filha do senhor do castelo atacado
Com seus lindos cabelos de fogo
Seguiu a pirata Sophia.
Lysa* era seu nome
Disse que fugia do casamento arranjado,
Pois o castelo já fora antes saqueado
E todo o dinheiro havia sido levado.
Os lindos cabelos ruivos fascinavam Sophia
Assim como os lábios carnudos e rubros
Como as velas do barco em que vivia.
Passaram-se dias e dias
E Lysa também via, nos olhos âmbar de Sophia,
No bronze brilhante da pele macia
Algo que em si produzia
Alguma coisa que nunca sentira.
Quando apenas estarem juntas
Não foi mais o suficiente
Para aplacar o fogo ardente
Os lábios se tocaram
Os corpos se entrelaçaram
Os corações se encontraram.
E, à partir desse dia,
Nada mais assustou Sophia,
Pois foi no fogo dos cabelos de Lysa
Que ela descobriu a chama que em si se ardia.
(*Lysa: pronuncia-se "Laisa")
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