urutake Urutake Hime

A devoção de Kagaho pelo Imperador do Inferno chega ao extremo, sendo convocado pelo próprio Deus para prestar contas sobre sua atitude impulsiva de ir ao Santuário sozinho. [Casal: Kagaho x Hades(Alone)]


Fanfiction Anime/Manga Sólo para mayores de 18.

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Cuento corto
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O Pássaro Cativo na Gaiola Infernal

Os passos firmes de um espectro ecoavam pelos corredores do grandioso castelo, caminhando em direção à sala onde o Senhor do Submundo se encontrava, concentrado em seu objetivo. O moreno ainda possuía marcas de sua última batalha, nem mesmo sua "Sapuris" saiu ilesa do confronto contra o Santo de Touro. Não se sentia no direito de encarar seu senhor depois de uma derrota tão deplorável, mas como fora chamado por ele, não tinha como recusar. Kagaho de Benu, a Estrela Celeste da Violência, seguia firme e de cabeça erguida até chegar ao local e, quando as portas foram abertas, não demorou a visualizar o Deus de pé e próximo a parede, pintando com muita elegância a obra que colocaria um fim naquele mundo.


Deu os primeiros passos para dentro da sala e Hades não se moveu um milímetro se quer, pois não precisava olhar para saber quem havia entrado, o cosmo ardente e impulsivo do servo denunciava completamente sua identidade. Benu se aproximou até parar a um metro de distância de seu senhor, se colocou de joelhos com uma perna abaixada e a outra sustentava o corpo, fazendo a devida reverência que o outro merecia e esperava alguma ação ou fala por parte do menor. Há pouco soubera que seu senhor havia adentrado no Santuário por conta própria, chegando a enfrentar a própria Athena e o Cavaleiro de Pégasos que havia acabado de voltar à vida. Apesar do ato imprudente, Kagaho estava satisfeito ao ver que seu mestre estava sem ferimentos. Quem era ele para julgar uma atitude dessas, afinal?


Após seu reencontro com Sasha e Tenma, o Imperador do Inferno se fechou em sua sala e dedicou sua atenção ao Lost Canvas, embora sua mente estivesse preenchida por diversos pensamentos diferentes e conflitantes. Seus olhos azuis seguiam o movimento do pincel e não deixava um mínimo detalhe escapar naquela pintura que lhe garantiria a vitória, sem dar uma única chance a Deusa e seus Cavaleiros. Sabia que eles estavam lutando e correndo contra o tempo para impedi-lo, chegando a criar um rosário que prendia a alma de seus espectros para que não pudessem voltar à vida e lutar por ele outra vez. Porém isso não parecia abalá-lo nem um pouco, continuava com a bela expressão calma e impassível de sempre enquanto pintava.


— Me chamou, Imperador? — o espectro se pronunciou já que o outro permanecia em silêncio.


— Sim, o chamei Kagaho... — o tom melodioso na voz de Hades fez com que o outro soltasse um suspiro, erguendo seu rosto para encará-lo — Quero saber que explicação você tem para me dar.


— Explicação, meu senhor?


— Sim. Uma explicação sobre sua atitude egoísta e suicida. — deixou o pincel sobre uma pequena mesinha ao lado, fitando o espectro nos olhos — Você simplesmente saiu do castelo e foi para o Santuário sem minha permissão e acabou sendo derrotado na luta contra o Cavaleiro de Touro. Espero que tenha uma explicação plausível para sua atitude impulsiva.


— Meu senhor... Peço vosso perdão. — Kagaho voltou a abaixar o rosto, mordendo o lábio inferior para conter a fúria em seu peito. Não se conformava por ter perdido para um mero humano e ser repreendido pelo mestre só o fazia se sentir pior — Tudo que fiz foi pensando no senhor.


— Em mim? Explique-se melhor, pois não ordenei que fizesse isso.


O espectro ergueu o rosto, observando atentamente a beleza e admirando o talento do outro. Lembrou-se de como se sentiu quando o viu a primeira vez, mesmo que Hades ainda não tivesse despertado completamente no corpo do jovem que havia escolhido para ressuscitar. Os olhos azuis de infinita bondade que começavam a brilhar com sentimentos sombrios e seus cabelos dourados como o sol... Sem dúvida o ser mais belo e puro daquela era e que merecia a alcunha de Imperador do Submundo. Mesmo agora que as longas mechas haviam se tornado tão negras quanto à escuridão e sua expressão já não carregava tanta gentileza, Kagaho ainda se sentia cativo ao soberano.


— Meu senhor... Poderia levantar vossa manga direita mais uma vez?


Hades já sabia o que o moreno queria ver e por isso permaneceu em silêncio enquanto lentamente erguia o braço direito, a mão livre fez com que o tecido deslizasse e mostrasse a pele alva daquele corpo jovem. Em seu braço encontrava-se um mísero arranhão, quase imperceptível e que foi o motivo do espectro ter se deslocado por conta própria até o Santuário. Benu se levantou e aproximou-se do outro, ousando a tocar na pele macia do seu senhor com delicadeza e se ajoelhou perante ele novamente. O moreno inclinou o rosto e deixou seus lábios tocarem a ferida em um ato de submissão e fidelidade eterna ao Imperador, este observava a todos os gestos alheios com muita atenção.


— Por minha culpa, ao enfrentar Dohko de Libra, este ferimento foi causado... — se explicava ao Deus, lembrando-se que seu golpe e o do Cavaleiro de Ouro causaram um choque tão forte que, provavelmente, uma minúscula parte da Cólera dos Cem Dragões havia atingido o outro naquela parte — Eu não me perdoaria se não fosse até o Santuário pessoalmente e exterminasse aquele verme, Imperador.


— Kagaho! — o moreno pode sentir um arrepio ao ser chamado por Hades, que levou a mão livre até os cabelos negros do espectro, tocando lentamente até que seus dedos se fecharam nos fios e os puxaram com certa força para trás, fazendo Benu soltar um ganido bem baixo e assim seus olhares se chocaram num breve instante silencioso — Nunca mais faça algo sem a minha permissão. Eu não me importo que não se misture com os outros ou que nem ao menos obedeça Pandora, mas a mim você deve todo o respeito e nem pode pensar em questionar minhas ordens.


— Eu jamais pensei em fazer isso... — apesar de estar concentrado em responder ao soberano, o espectro estava mais maravilhado por estar tão perto do outro e tendo a chance de observar aqueles olhos azuis, até mesmo o contorno de seus cílios delicados — Não me importo para onde serei enviado ou quem devo destruir... Meu eterno senhor Hades é o mais importante para mim.


Os dois guardaram silêncio novamente depois daquela declaração tão intensa e sincera do servo, este chegou a sentir os dedos do Imperador afrouxarem o aperto em seus cabelos e passou a ganhar um leve afago, como se fosse mais um cão adorável que o menor estimava. Não se incomodava de ser visto como um cão ou apenas uma ferramenta para o outro, se pudesse realizar todas as ambições de seu Deus e protegê-lo com sua vida, Kagaho o faria sem pensar duas vezes. Hades conhecia e podia até sentir o tamanho da admiração do moreno, isso lhe agradava muito. Aquele espectro foi tão longe apenas para vingar um mísero arranhão, chegando a ficar gravemente ferido... Até onde aquela devoção poderia levá-lo?


— Kagaho. — o chamou com um meio sorriso, como se tivesse tido uma ideia — Sua "Sapuris" está muito danificada... Retire-a.


— Como desejar. — mesmo que tivesse estranhado o pedido, obedeceu imediatamente e elevou seu cosmo. As peças de sua "Sapuris" se desprenderam de seu corpo, flutuando até um canto da sala onde se montou como um quebra cabeças e formou a imagem de Benu. Kagaho vestia apenas uma calça preta justa e seu peitoral ferido estava a mostra.


— Que lamentável! — Hades chegou a se abaixar, tocando em algumas marcas no corpo do espectro com a ponta dos dedos e isso provocava arrepios no moreno — Está tão machucado...


— Não precisa se preocupar, meu senhor. Logo estarei completamente curado e poderei exterminar qualquer um que ouse enfrentá-lo. — sentia as mãos alheias subindo de seu abdômen até seus ombros, voltando a descer e teve as costas envolvidas repentinamente pelos braços do Deus ao ponto de sentir seu calor. Aqueles olhos azuis que o observavam pareciam querer alguma coisa — Deseja algo, Imperador?


— Sim... Estou bastante entediado. Pandora parece desconfiada de mim desde que voltamos do Santuário e o Lost Canvas me toma muito tempo. — sibilou com certa sensualidade na voz, suspirando enquanto aproximava seu rosto do espectro.


— Desconfiada do senhor? — Kagaho chegou a se surpreender, embora estivesse mais entretido com a proximidade alheia — Não compreendo... Chegou a enfrentar a própria Athena frente a frente, de que forma ela desconfia de vossa soberania?


— Ela acredita que estou sendo contaminado pelas lembranças do jovem em quem reencarnei. — o Deus se mostrava ciente da insegurança daquela que era seu braço direito desde a primeira Guerra Santa, mas dividiu a informação apenas para o outro — E você Kagaho? Acha que estou diferente? Acha que não sou Hades, mas sim o humano a quem chamam de Alone?


A pergunta veio em um tom sério e parecia ter um particular interesse de Hades ao dizer isso para o espectro, sendo que Benu o encarou enquanto ponderava sobre aquela questão. De fato, haviam momentos em que o Imperador parecia mais gentil do que normalmente seria e sua expressão não impunha tanta imponência quanto o esperado dele. No entanto, era impossível não reconhecer aquele grandioso e obscuro cosmo que emanava dele, além de suas ações frias e calculistas. Kagaho não perdeu mais tempo pensando e apenas segurou um dos braços do outro, trazendo sua mão até seus lábios onde deixou um beijo suave no dorso enquanto os olhares se cruzavam novamente.


— Eu realmente não me importo com isso, meu senhor. Seja quem for, seja o que fizer e o que decidir, eu juro pela minha estrela maligna que irei segui-lo, não importando as consequências disso.


— Excelente! — o Imperador do Submundo abriu um sorriso satisfeito, deixando sua mão livre percorrer a face máscula do moreno — Você realmente é um precioso e leal servo que merece ser recompensado.


Sem dizer mais nada, o soberano impulsionou seu corpo e deixou que seus lábios se encontrassem, sem se incomodar com o fato de serem homens ou qualquer outra bobagem que os mortais costumavam usar como argumento. Não era a primeira vez que faziam isso e Kagaho não perdeu tempo em retribuir os anseios de seu senhor, passando os braços ao redor dele e intensificou o beijo com seus desejos, como era de seu feitio. Desde que encontrou com Hades a primeira vez que se tornou um espectro, sentiu uma forte atração que cresceu ao ponto de se tornar infinitamente fiel ao outro, pensando nele e apenas nele. Foi uma surpresa quando descobriu que essa atração era reciproca e quando recebeu o primeiro beijo do Imperador, em uma das antigas Guerras Santas, teve a certeza de que não queria provar outros lábios a não ser os dele. Não importava em quem o deus reencarnava ou que aparência tinha, o sabor e a sensação de seus beijos continuavam os mesmos.


As línguas se enroscavam em um encontro insano e sedutor, ambos desfrutavam ao máximo daquele contato que acontecia poucas vezes, mas que os arrebatava com intensidade. Mesmo sendo o Soberano do Inferno, Hades tinha consciência de que aquele sentimento que nutria por Kagaho desde eras antigas dificilmente poderia se apagar, mas jamais ousaria dizê-lo em voz alta. O espectro também não o cobrava por nada, o que o deixava mais tranquilo e livre para fazer o que bem entendesse. Os dedos finos do Imperador se perdiam nos fios preto-azulados e dava leves puxões enquanto seu lábio inferior era mordido e levemente puxado por Benu, mas as mãos do moreno se mantinham respeitosamente sobre as costas do outro, parecendo se contentar apenas com o encontro dos lábios que logo se encerrou.


— Ainda não estou satisfeito... — o tom sensual de Hades voltou a aparecer, acariciando o rosto do espectro — Porém não posso me distrair mais do que isso. Provavelmente Pandora irá aparecer a qualquer momento para me vigiar e você deve se recuperar completamente destas feridas.


— Sim, meu senhor. — um pequeno sorriso surgiu no rosto de Kagaho, mas que não pode ser visto pelo soberano por se posicionar novamente em uma reverência — Continue com sua pintura, tenho certeza que será uma obra exuberante como o senhor, Imperador Hades. Mas não hesite em me chamar para o que desejar.


O Deus fitou o servo por mais alguns instantes até que se virou na direção do Lost Canvas, esvoaçando seu longo manto negro e pegou o pincel em mãos outra vez, voltando a sua ocupação inicial. O espectro não perdeu mais tempo e também se ergueu, vestindo sua "Sapuris" antes de sair dos aposentos. Em todo o Inferno, ninguém poderia imaginar que os dois tivessem uma relação mais estreita que a de um servo e seu senhorio, porém era essa ligação oculta que Hades apreciava e mantinha para o seu bel prazer. Mesmo se Kagaho se negasse a receber os seus beijos um dia, iria impor a sua vontade e não o deixaria fugir, tornando-o um pássaro preso em uma gaiola. Mas isso nunca iria acontecer, pois mesmo sendo tão impulsivo aquele pássaro estava disposto a ter seu voo restrito entre aquelas suaves e imponentes grades por toda sua vida, se pudesse apreciar um mínimo toque do Imperador do Inferno.

29 de Mayo de 2019 a las 00:26 0 Reporte Insertar Seguir historia
5
Fin

Conoce al autor

Urutake Hime Uma garota que escreve desde 2009, com diversas temáticas e fandom diferentes. Nyah: https://fanfiction.com.br/u/30892/ Spirit: https://www.spiritfanfiction.com/perfil/urutake-hime Wattpad: https://www.wattpad.com/user/Urutake-Hime

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