Ela esperava.
Esperava rodeada de luz, de calor, de um toque de tranquilidade artificial que criara em seu redor, como um manto protetor.
Uma antiga capa Jedi.
O que era antigo estava morto – ela abrira novos paradigmas.
Deixara efetivamente o passado morrer e definira um novo presente. Um futuro desconhecido. Fora um conselho dado num momento de rutura e de cansaço, de confusão e de indecisão, de desilusão por as coisas não serem como se esperava e como deviam ser, mas que no fim resultara perfeito para definir o que era necessário. Rasgar amarras, experimentar a liberdade. Provocar a mudança.
Por isso não usava as mesmas vestes dos antigos mestres Jedi, não se apoiava nos mesmos pressupostos. Ela era mais. Sabia-o. Estava ali, de pé, à espera, sabendo que tinha mesmo deixado o passado morrer. Que o mundo era novo. Que tinha avançado na melhor das direções. Caminhos impecáveis e diferentes.
A Força estava com ela, no meio do deserto.
Completa, impossível, repleta, poderosa.
Na distância havia um brilho. Ténue e compacto, um ponto que era tão negro como uma estrela morta. Se havia brilho era porque a superfície do objeto refletia a luminosidade dos sóis gémeos, um mero fenómeno físico, não porque havia efetivamente luz ali. Escuridão e frio, era o que se lia. Sem salvação. Perdição. Obstinação. Rancor.
O confronto aproximava-se e ela… ela estava preparada.
Na verdade, não estava sozinha, embora à vista desarmada e também destreinada daqueles que não conheciam os mistérios da Força assim parecesse.
Uma jovem mulher, de pé na imensidão das terras desérticas de Tatooine.
O Mar de Dunas.
Não. Rey não estava sozinha. Consigo tinha o espírito diáfano de Luke Skywalker, o último dos cavaleiros Jedi.
“Respira”.
“Apenas… respira”.
E estava de novo em Ahch-To. E havia outra vez o perfume do mar bravio. E tinha novamente a energia da fé e da confiança.
Regressava, agora, ao deserto para o seu derradeiro confronto e para o seu magnífico desafio.
A luta da sua vida.
Fora em Jakku que sentira o despertar da Força, o apelo inamovível do seu destino que ela haveria de cumprir entre as estrelas.
Na Resistência encontrara a casa com que ela sempre sonhara; apesar das perdas, fora imensamente feliz.
Resumia-se e concluía-se tudo naquele momento.
O inimigo aproximava-se.
Kylo Ren, outrora Ben Solo. Líder Supremo da Primeira Ordem.
Escutava-o na distância, sentia-o a aproximar-se. O tal ponto escuro e denso, a Força negra, o brilho disfarçado em sombras.
Vinha na sua nave pessoal, o caça TIE Silencer, um protótipo de alta gama saído dos estaleiros da Sienar-Jaemus Fleet Systems. Uma das naves mais sofisticadas da galáxia. Imbatível e assustadora. Voava a uma velocidade vertiginosa.
Ela desejava aquele embate. A decisão final. Compreender, por fim, quem seria o vencedor. Havia medo? Não. O medo levava à raiva. A raiva levava ao ódio. O ódio levava ao sofrimento. Ela controlava bastante bem o seu medo e nunca iria juntar-se ao lado negro.
Na planície árida do planeta deserto, na paisagem imensa, a Força era esmagada entre a luz e a escuridão. E ela sabia onde se posicionava – era uma clarividência tão nítida como o ar parado daquele dia, que permitia ver a grandes distâncias, até ao horizonte, em todas as direções.
Rey aguardava por Kylo Ren nas areias escaldantes de Tatooine.
Os dedos mornos e invisíveis do mestre guiaram-na para o punho do sabre de luz. O cristal kyber no coração do mecanismo vibrou quando a ligação se estabeleceu.
Ela era tão só o veículo, tinha consciência desse facto, verdade tão límpida e transparente como o ar quente que a abraçava naquela solidão. Porque aquele sabre de luz, que outrora pertencera a Anakin Skywalker, também o fora de Luke, seu filho – e eram os dedos do seu fantasma que o ativavam, que o estremeciam.
Ela estava ali porque…
Porque o sabre de luz precisava do necessário condutor que o levasse de regresso ao seu verdadeiro dono. Skywalker. O nome invocava toda a espécie de arrepios, temores, maravilhas, memórias, poder.
Os olhos dela fixavam-se no horizonte. Havia uma fina camada de pó que se elevava numa nuvem indicando a aproximação da nave.
Kylo Ren estava quase ali.
Rey puxou o punho do sabre de luz do seu cinto. Ativou-o. A mão invisível de Luke Skywalker retirou-se.
Era ela a herdeira do imenso legado da Força.
“O nome Skywalker ergue-se, novamente”.
E o significado transmutava-se em algo maior. Algo que seria um símbolo, uma lenda. Até raiar o mito e ser relatado como exemplo, como impossibilidade, como bandeira.
Antes tinham existido os Sith e os Jedi.
Agora havia a Força e um nome.
Uma palavra mágica e impossível que haveria de escancarar os portões da esperança, que haveria de inspirar todo aquele que desejasse olhar para além do chão que se pisava e que ousasse mirar os céus. Pois era nas estrelas que se encontravam todas as respostas.
Skywalker.
Rey tinha sido assim – com os pés descalços enterrados nas areias de Jakku, sonhando com o regresso da sua família, temendo apontar os olhos para as estrelas pois receava estar a sonhar demasiado alto.
E, no fim, arredados os temores e a ansiedade, fora ela que vencera…
Iria vencer naquele dia, também.
Com o fim de Kylo Ren, o sabre de luz de Anakin Skywalker e o seu cristal kyber irrequieto haveriam de sossegar e de repousar. Reencontrariam o seu caminho e seriam devolvidos ao seu verdadeiro dono.
A paz regressaria à galáxia. Depois daquele dia em Tatooine – início e fim – depois daquele triunfo, para sempre.
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