lovage Lovage

"A mãe lhe dizia, desde criança, que a beleza era como uma maldição. O traria tudo o que quisesse, mas tiraria mais do que poderia dar. E Aslan aceitou isso como a maior verdade em sua vida." O universo da moda era uma consequência infeliz das vidas do modelo célebre Ash Lynx e do aspirante à fotógrafo de moda, Eiji Okamura, mas que fez com que duas almas perdidas se encontrassem. Shortfic baseada em Pretty Hurts, da Beyoncé para o desafio da @Celi Luna. Pode conter gatilho para abuso sexual. Imagem da capa: @Florbetriz no twitter


Fanfiction Anime/Manga Todo público.

#Banana-Fish #asheiji #au #Moda-AU #modelo #Fotógrafo #songfic #Pretty-Hurts #Desafio-Queen-Bee #bl #yaoi #boys-love
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Parte I


Notas Iniciais



Olá gente!


Escrevi essa fic para o desafio da #QUEENBEE da Celi. Ia ser uma one shot, mas cheguei a mais de 5 mil palavras, um pouco distante de terminar. Decidi dividir, então já tenho uma Parte II escrita e deve terminar na Parte III. 


Tem um possível gatilho para abuso no terceiro parágrafo,  e apesar de ser um dos temas tratados em Banana Fish,  eu senti que pode afetar algum de vocês, não sei. 


Aconselho que leiam a letra de Pretty Hurts ou escutem a música. Tentei tirar o máximo que consegui de lá. E espero que gostem, porque foi uma das coisas que eu tive o maior prazer de escrever nas últimas semanas. 


Posto a Parte II logo, prometo <3 

*



Havia perdido a conta de quantas fotos tiraram dele naquele dia. Estava exausto depois de tantos figurinos, penteados, maquiagens, poses, luzes e firulas.


Aslan, ou como era conhecido mundialmente, Ash Lynx, fora revelado após ser visto caminhando, completamente nu, em uma praia qualquer do sul dos Estados Unidos. Suas fotos se espalharam pelas redes e todos queriam saber quem ele era. As marcas começaram a buscá-lo desesperadamente. O corpo esguio, mas firme, os cabelos loiros volumosos, a pele pálida e as feições selvagens eram obra do desejo de toda a indústria da moda.


A paisagem bonita e a naturalidade do modelo encobriam o que aquela foto escondia: um menor abusado de todas as maneiras possíveis e sem rumo. O nojo que ele sentia de si mesmo e a satisfação de ter conseguido escapar estavam escondidos pelos olhos gélidos. Vira o padrasto morrer enquanto ainda se enterrava como podia dentro dele, passando as mãos gordurosas e asquerosas por sua pele. Infarto, ocasionado pelo excesso de viagra. Quando percebeu o que aconteceu, apenas empurrou o corpo flácido. Não conseguiu chorar. Saiu daquela cabana de praia sem rumo, no dia ainda claro, sentindo alguma liberdade, quando o vento passava por seu corpo desnudo e os grãos da areia pinicavam seus pés.


Já havia desistido de lutar. A mãe lhe dizia, desde criança, que a beleza era como uma maldição. O traria tudo o que quisesse, mas tiraria mais do que poderia dar. E Aslan aceitou isso como a maior verdade em sua vida. Não fora o primeiro padrasto que abusara dele, e a mãe sabia. Mas ela também estava ocupada demais vendo a sua própria beleza ser desgastada pelo excesso do álcool, pelos anos e pelas cirurgias plásticas excessivas. A vaidade também era um veneno.


Aslan ainda a achava a mulher mais bonita do mundo, apesar de tudo.


Lembrava-se de sua voz ecoando por um dos casarões onde moraram: "Não sei porque se dedica tanto a aprender coisas novas. Você é bonito, o que se passa pela sua cabeça não importa!". Ele tinha uma inteligência bem acima da média e muitas vezes descontava as próprias frustrações em estudos que fugiam a compreensão dela. Mas sua mãe tinha razão e ninguém nunca sequer deu atenção à isso.


O Aslan de 16 anos encarou a foto como a maior oportunidade de sua vida. Emancipar-se de sua mãe o libertaria, não? Mas os contratos de moda apenas o acorrentaram mais. Agenda lotada, festas cheias de pessoas fúteis que sequer se importavam com ele. Amizades oportunistas, viagens pelo mundo que nunca foram capazes de completá-lo. Ele era apenas um bibelô bonito que todos queriam em suas estantes. E mesmo assim, ainda achava que apenas a beleza seria capaz de trazer as coisas necessárias para preencher o vazio que sentia. Um dos males de sua criação.


As memórias e pensamentos atordoavam tanto sua cabeça que sequer percebeu o assistente do fotógrafo em seu caminho, e terminou por tropeçar no moço, derrubando a si mesmo e à câmera que o outro carregava. Todas as pessoas no estúdio viraram suas atenções para eles, temerosos à reação de Ash.


- Desculpe senhor Lynx, e-eu...


Apesar da situação, o modelo apenas enxergava o outro jovem, que lhe estendia a mão para ajudá-lo a levantar. Sorriso brilhante, olhos orientais ingênuos. Poderia ser a primeira sessão dele. Não duvidava que fosse. A indústria ainda não havia conseguido consumí-lo. Achou um tanto doce.


- Ai, droga. A sua câmera. Desculpe-me. Está tudo bem?


As pessoas entreolharam-se. O comportamento de Ash era imprevisível e geralmente ele costumava ser bem fechado, algumas vezes dando respostas um pouco ariscas. O fotógrafo temeroso, tentou intervir.

- Desculpe senhor Lynx, o garoto é novo... Não sabe como as coisas são! Olha, não precisa se preocupar...Eu...


- Está tudo bem, Ibe. Se houve qualquer dano ao seu equipamento, não desconte dele, por favor. Deixe que me encarrego.


Ibe o olhou surpreso e o assistente japonês curvou-se em agradecimento. Ash sorriu.


- Seu nome é...?


- Eiji Okumura, senhor.


- Me chame de Ash, tudo bem? Você não é daqui, não é?


- Não senhor... Quero dizer, Ash. Sou do Japão. Vim passar uma temporada aqui para aprender e depois retornar.


- Quer uma dica de alguém experiente, Eiji? Esse meio não é para você. Volte para casa. Merece mais do que isso.


O modelo colocou a mão sobre o ombro do outro, como se tentasse consolá-lo e partiu em direção ao camarim, em um caminhar imponente. Muitas pessoas consideraram aquela frase uma ameaça, mas era apenas um conselho sincero. Sentou-se na cadeira giratória, olhou-se no espelho e começou a retirar a maquiagem. A melhor parte de seu dia era despir-se de Ash Lynx e depois que fazia, sequer conseguia olhar seu próprio reflexo. Era como se tudo o que escondeu se revelasse, tornando-o feio.



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Haviam apenas algumas pessoas no galpão do estúdio. Os olhos de Ash já haviam acostumado-se com aquela iluminação forte. O repórter da Forbes estava bem a sua frente, sentado numa cadeira montável. A equipe era bem parecida com a do dia anterior. O assistente do sorriso doce parecia não tirar os olhos dele.


O grupo responsável pela maquiagem fazia os últimos acertos, alongando os cílios loiros longuíssimo e ajustando a tonalidade da pele com a luz. O repórter apressou-se e estendeu a mão assim que o modelo foi considerado perfeito pelos maquiadores.


- É um prazer conhecê-lo, Ash. A Forbes ficou muito feliz que tenha encontrado um tempinho na sua agenda para dar uma entrevista. Em três anos de carreira, é o terceiro ano que você aparece entre as 50 pessoas mais bem pagas do mundo no nosso ranking e sua ascensão foi muito rápida. Eu particularmente sou fã do seu trabalho.


- Ah, obrigado! Mas, às vezes, a sorte apenas cruza com a gente. Agradeço imensamente ao meu agente, o jovem e talentoso, Shorter Wong, que me acompanha desde o início e foi o responsável pelo meu ingresso nas passarelas. Ele sim merecia um lugar nessa lista. Eu só tento fazer meu trabalho como posso.


- Mas não é apenas sorte. O seu talento está exposto desde aquela primeira foto. É considerado um dos homens mais sexys de todos os tempos. E é quase um camaleão. Acho que por isso a indústria ainda anseia tanto por você. Se não tirar a coroa do primeiro colocado ano que vem, será uma surpresa!


- Não está entre as minhas metas, para ser honesto...


E quais eram suas metas? Estar na capa da Vogue? Comer menos açúcar? Deixar o cabelo crescer mais? Maior era melhor, não era? Aquilo tudo era muito fútil para ser chamado de meta. Mas para alguém vazio, bastava. Ser bonito, bastava.


- Isso me leva à primeira pergunta... Então, senhor terceiro colocado... Qual a sua aspiração na vida?


- Minha aspiração na vida?


Nesse instante, o assistente de fotógrafo esbarrou no refletor, sem querer. Foi então que os olhos de Ash encontraram com os dele. E assim ficaram por alguns segundos. O outro sorriu e o modelo sentiu inveja. Daquelas brandas. Era aquilo que o ele queria.


- Seria... Ser feliz.


O jornalista o olhou um pouco confuso. Não era por isso que esperava. A beleza o tinha dado tudo, não tinha? Aquela resposta, apesar de verdadeira, nunca iria sair impressa. Ninguém precisava saber daquilo. Não era o que vendia bem nas revistas. Ash, percebendo o que fizera, deu um sorriso repleto de cinismo e completou a resposta tentando fugir da verdade existente nela.


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"Alô, Eiji? Você ainda está no estúdio?"


- Oi, Ibe-san. Estava de saída...


"Ótimo. Eu acho que esqueci o meu notebook. Será que consegue dar uma olhada? Por favor?"


- Pode deixar!


O jovem Eiji Okamura tinha 21 anos e atuava como fotógrafo profissional no Japão. Contudo, a dificuldade que tinha para pagar as próprias contas o levaram até aquele estágio, do outro lado do mundo, para aprender a trabalhar com a moda, o que lhe abriria um leque de possibilidades. Estava lá fazia apenas dois meses e agradecia imensamente à Ibe pela oportunidade. Ficara até mais tarde testando iluminações, efeitos e técnicas, fotografando alguns objetos. Não era o ideal, mas...


Entrou no grande galpão, agora escuro e totalmente diferente do que aparentava quando todos estavam trabalhando ali. A indústria da moda conseguia realmente fazer mágica. Ao menos, assim acreditava.


Ligou as luzes e caminhou com cautela. O computador de Ibe estava numa pasta, na lateral da mesa onde ele tinha deixado todo seu equipamento. Pegou-a, aliviado. Sabia quanto tempo demorava a edição das fotos e os dois haviam trabalhado muito nelas. Quando estava prestes a apagar as luzes, ouviu o barulho de vidro quebrando. Decidiu checar, por via das dúvidas.


Caminhou lentamente e quando aproximou-se dos camarins, um soluçar era audível. Abriu a porta e deparou-se com o grandioso e sempre firme Ash Lynx, aos pedaços. O espelho estava quebrado e seus estilhaços reluziam pela sala, refletindo a dor do modelo em cada um deles. Os cabelos loiros estavam uma zona, ainda colados pelo laquê. Estava sentado, com as costas encostadas na parede, como se, por desistência, houvesse deslizado por ela. As roupas amarrotadas pelas próprias mãos que arranharam parte da pele descoberta pelo tecido, deixando pequenos cortes. E os olhos vermelhos, como se estivesse chorando há horas. Ao seu lado, uma garrafa de bebida, aparentemente cara, vazia.


O modelo assim que viu o assistente de fotógrafo, tentou secar os olhos e ajeitar a figura, desfigurada.


Ainda era uma das mais bonitas que Eiji já tivera a oportunidade de vislumbrar.


- Eu... Não era para que visse nada disso. Não era para que ninguém visse, na verdade.


O jovem Eiji andou pelos cacos até chegar a Ash, que era incapaz de olhá-lo. Tomou um casaco nas araras e o cobriu, erguendo-o. Percebeu que o outro estava descalço e apenas queria retirá-lo dali.


- Pise nos meus sapatos, por favor.


Ash abraçou-o e colocou a cabeça encostada na curva de seu pescoço. Passaram pelos cacos, que agora refletiam os dois, lentamente, até chegar à porta, que o assistente fechou tentando apagar aquele cenário.


- Eu tenho que levar o computador de Ibe-san para ele, mas depois podemos tomar um café, o que acha?


Ash acenou com a cabeça em concordância, saindo de cima dos pés do japonês, contudo, sem cortar o contato.


- Obrigado, Eiji. Eu devo imaginar que você tem muitas perguntas a fazer. Mas eu só...


- Eu tenho algumas perguntas, mas você claramente não quer respondê-las agora. Não vou pedir que faça o que não quer.


- Eu não quero ser visto assim.


Eiji sentiu a cabeça do modelo, que era mais alto do que ele, afundar-se em seu pescoço. Aquele contato incomum o incomodou um pouco, mas Ash estava visivelmente bêbado. Colocou a mão sobre os cabelos duros e bagunçados do outro, tentando trazer algum conforto.


- Vamos, senão vai ficar muito tarde. Amanhã eu resolvo essa bagunça.


O assistente sabia que seria difícil explicar o que acontecera ali, mas Ibe tinha coração mole.



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CREEEEECK


Ash odiava o som dos cabelos sendo arrebentados pela escova. E achava pior ainda quando estava em conjunto com os esbravejos da mãe.


"Você é bonito, Aslan, devia de agradecer à genética. Mas não há beleza no mundo que combine com lama, vento e suor. E mamãe já te disse: apenas a beleza importa. Só é feliz quem é belo. Aliás, temos que consertar esses dentes. E as suas bochechas, nossa, elas são enormes. Espero que quando você cresça, seu rosto afine ou você honestamente terá que fazer uma plástica."


O jovem Aslan olhava-se no espelho e não via nada de errado. Mas depois de tanto ouvir sua mãe, as críticas dela tornaram-se verdades absolutas. Começaram a surgir mil defeitos em seu rosto. Seu braço engordou, seus dentes colocaram-se mais para frente. Ash tateou o rosto, em desespero. Sua beleza havia se esvaído em um piscar de olhos. Ao fundo, conseguia ver os padrastos conversando entre si, a imagem deles aproximou-se e suas cabeças começaram a circular ao redor da sua.


"Ele é como um diamante bruto, precisa ser moldado"


"Eu aposto que consigo domar essa fera e transformá-lo em um gatinho manhoso"

"Com o cabelo desse jeito, você se parece muito com uma menina, sabia? Cabelo de menina, pele de menina e bunda de menina..."


Ash acordou aos prantos. A cabeça doía e tudo ao redor parecia girar. O pior era saber que o pesadelo era verossímil em sua essência. Doce ilusão que a carreira o ajudaria a deixar aquilo tudo para trás. Às vezes, apenas ressaltava as piores partes.


Não sabia aonde estava. Deslizou os dedos pelos cabelos ainda grudentos por causa do laquê. Tentou-se recordar do que havia feito e a última coisa era do novato assistente do fotógrafo tentando retirá-lo do camarim. Nem reparou quando a porta do cômodo que estava foi aberta.


- Ashu? Já acordou?


Passou a mão pelo rosto e achou graça da pronúncia do nome. Tentou enxugar os olhos, disfarçando o choro. Era inacreditável como a ingenuidade e generosidade do outro traziam-lhe conforto.


Eiji estendeu-lhe a xícara e sentou-se ao seu lado na cama.


- Está melhor? Desculpe entrar assim, mas trouxe chá, acho que pode ajudá-lo. E eu sei que esse quarto deve ser pouco comparado ao que você deve ter acesso...


Ash bebiricou o chá e sorriu.


- Está tudo perfeito, obrigado.


E realmente estava. Em muito tempo, tudo parecia perfeito. Não havia espelhos e não se importou com a aparência nem sequer por um segundo. A ressaca latente não o incomodava. O ar sujo do subúrbio até parecia agradável. E havia Eiji e seu sorriso brilhante, olhos pequenos e inglês sibilado de maneira divertida.


- Você mora aqui?


O outro acenou com a cabeça e tentou justificar.


- Desculpe por ser pequeno e...


- Não tem problema. Mesmo. Fico grato pela ajuda.


- Você apagou depois que entrou no carro. Quando deixei o computador com o Ibe-san, pela hora que era, já não tinha nada aberto. O deixei aqui e dormi na sala. Se quiser tomar um banho, é naquela porta ali, tem toalhas embaixo da pia. Eu preciso ir no estúdio, mas fique à vontade. Aposto que você deve ter um dia cheio também...


- E se a gente só esquecesse tudo por hoje? Vamos ficar aqui ou sair, ou sei lá.


- Mas eu prometi a Ibe-san que...


- Você ontem estava tirando fotos sozinho no estúdio, não é? É muito difícil aprender sem um modelo de verdade. Eu poderia modelar para você.


- Oh, eu não poderia, isso...


As bochechas do fotógrafo coraram. Aslan não sabia se o japonês aceitaria. Ele visivelmente o havia ajudado sem esperar nada em troca na noite passada. Qualquer fotógrafo iniciante gostaria de ter fotos de Ash em seu portfólio. Aquilo era raro. Ainda mais no ramo em que ambos trabalhavam. Eiji apenas o surpreendia cada vez mais.


- Por favor, Eiji. Não é exatamente uma folga!


O modelo não queria encarar a própria realidade. E se fosse para viver a do fotógrafo, nem que fosse por um dia, sacrificaria tudo. Precisava de algo que fosse de verdade e achava que o outro era o mais próximo que chegaria disso.


O japonês ainda parecia ponderar quando acenou positivamente, inclinando-se em agradecimento algumas vezes. O famoso, satisfeito, sorriu, devolveu-o a xícara e entrou no banheiro, que era bem menor do que o aconselhado para qualquer rotina de higiene.


Passou os dedos pela junção dos azulejos desbotados. Observou os poucos itens de higiene que existiam ali e comparou mentalmente com os mil produtos existentes na sua suíte no loft em Tribeca. Rotina coreana de pele, protetor solar diário, lavar o cabelo dia sim, dia não, seguindo o cronograma com diversos produtos indicado pelo cabeleireiro mais concorrido da cidade. Clareadores dentais, pastas de dente feitas por encomenda. Academia, balança, medidas. Dermatologista quase exclusivo. Hidratantes de corpo e labial carregados na bolsa. Máscara anti-idade, mesmo tendo apenas 19 anos. Maquiagem, água micelar, desodorante, talco, esfoliante, loção. Um exagero.

O espelho pequeno era apenas suficiente para ajeitar os cabelos ou escovar os dentes e Aslan agradeceu mentalmente por aquilo. Recusou-se a olhar a própria pele arranhada quando estava sob a água fria do chuveiro, lavando os cabelos com o sabonete de glicerina e ridicularizou-se por se importar tanto com aquilo.


Apareceu na porta da sala, já vestido, e olhou o pequeno corredor que era ornamentado apenas por um sofá de dois lugares, velho. Sentiu pena por Eiji ter passado a noite ali.


- Porque antes de irmos você não me mostra algumas das suas fotos?


- Eu não trabalhava com moda antes. Tenho fotos que tirei para algumas revistas, ensaios de crianças, algumas fotos da cidade, coisas bobas. Não chega nem perto do trabalho que Ibe-san faz. Eu mostro o que vejo. Ibe-san molda a realidade baseado no que oferecem para ele.


- Mas ele não o contrataria se não tivesse potencial. Vamos, deixe-me ver!


Eiji pegou uma pasta e a estendeu. Ash olhou as fotos, admirado. Olhava as nuances das paisagens, o brilho nos olhos das pessoas. Tentava desvendar o significado, a pureza. As fotos pareciam exatamente com seu fotógrafo. Foi quando ouviu o clique.


- Oh, desculpe-me é que...


Ash sorriu e, novamente, o outro pressionou o botão da câmera. O modelo fugia totalmente da imagem que a mídia transmitia. A fragilidade, a gentileza, a sensibilidade. Talvez aquela aparência fosse a que o modelo criou para se resguardar. As feições, apesar de tudo, ainda eram as mesmas.


- Você sabe que essas fotos não contam, não é?


- Não esperava que contassem. É que tudo em você parece tão expressivo. Até as pequenas coisas, sabe? Como colocou o cabelo atrás da orelha agora pouco, ou como mordeu o lábio enquanto pensava. É orgânico. Estou aqui faz poucos meses, mas já acompanhei alguns ensaios. Você é diferente dos outros modelos. Eles são robóticos, fazem as mesmas poses, as mesmas caras. E você se transforma. Cada foto é diferente. Ibe-san quase não precisou te dizer o que fazer, pois parece que você sabe o que a câmera quer.


Ash levantou-se e deu uma volta.


- Estou apresentável? Vamos ver como a sua câmera me vê.

24 de Diciembre de 2018 a las 14:02 0 Reporte Insertar Seguir historia
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