lara-one Lara One

Scully foi sequestrada pelo Caçador de Recompensas. Mas o Canceroso quer devolvê-la a Mulder, basta que ele aceite um acordo. Mulder descobre algumas coisas, plantadas para que ele pense que seja a verdade que procura. Ele está atordoado, cego e perdido entre as mentiras que acaba aceitando-as como verdades.


Fanfiction Series/Doramas/Novelas Sólo para mayores de 18.

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S01#18 - MISSING – PARTE II


INTRODUÇÃO AO EPISÓDIO:

Fade in.

“No episódio anterior”...

Krycek entra pela porta dos fundos. Mulder pressente algo, vira-se e atira. Krycek desvia e atira em Mulder. A bala passa de raspão no braço de Mulder e o faz cair com o impacto.

O Caçador sai com Scully e a joga dentro de um carro. Krycek entra no carro.

Mulder levanta-se, desesperado e sai pra rua.

Krycek liga o carro e sai em disparada. Mulder olha pra seu carro e percebe que os pneus estão furados. No desespero, corre atrás do carro deles atirando. Mas o carro perde-se no horizonte, deixando Mulder parado no meio da estrada, com a arma abaixada, olhando pro nada. Mulder senta-se na estrada, com as mãos no rosto, chorando.

MULDER: - Não!!! De novo não!!!

VINHETA DE ABERTURA: A VERDADE ESTÁ LÁ FORA


BLOCO 1:

Apartamento de Mulder - 10:13 P.M.

Mulder anda de um lado para outro, nervoso. Vai até a janela. Vê a limusine preta, estacionada na frente de seu prédio. Mulder pega sua arma e sai do apartamento.

Corta para Mulder saindo do prédio. Ele caminha pela calçada. O Canceroso aproxima-se, fumando tranquilamente. Os dois param embaixo de um poste. A luz é difusa. Mulder vira-se para o Canceroso e o pega pelo sobretudo.

MULDER: - Onde está ela, desgraçado? O que fez com a Scully?

CANCEROSO: - Isso não são modos de tratar um amigo.

Mulder o empurra contra o poste. Olha em seus olhos.

MULDER: - Você não é meu amigo! Onde está ela?

CANCEROSO: - Você sempre faz as perguntas erradas, Mulder.

Mulder encosta a arma na barriga dele.

MULDER: - Eu devia queimar você aqui mesmo!

CANCEROSO: - (DEBOCHADO) Ora, já apontou isso tantas vezes pra mim... Não quer sua amante ruiva de volta?

Mulder afasta-se dele. Guarda a arma.

MULDER: - O que quer de mim, embora nunca se deva fazer essa pergunta para o demônio!

CANCEROSO: - Você é um homem nervoso, Mulder. O nervosismo não é uma coisa boa. Gera fadiga, estresse...

MULDER: - Fala logo, seu miserável! Não quero ouvir suas besteiras!

CANCEROSO: - Sua parceira está bem. Estou cuidando muito bem dela...

MULDER: - Se tocar seus dedos sujos num só fio de cabelo da Scully, eu...

CANCEROSO: - Você o quê? Ainda não percebeu quem dá as cartas nesse jogo?

MULDER: - ...

CANCEROSO: - Você é um fraco, Mulder. Perdeu sua irmã do mesmo jeito, na mesma casa...

MULDER: - ...

CANCEROSO: - Não percebe que você não é nada? É apenas um garoto crescido, que corre atrás daquilo que acredita que vê. Mas você não vê nada.

MULDER: - ...

CANCEROSO: - Quero propor um acordo. Entrego sua ruivinha de volta.

MULDER: - ... Em troca de quê?

CANCEROSO: - Que trabalhe pra mim.

MULDER: - (RINDO) Você deve estar louco!

O Canceroso dá uma tragada profunda, mostrando quem tem o poder por ali.

CANCEROSO: - Se trabalhar pra mim poderá ter sua vagabunda de volta. Se não quiser, tenho outras utilidades para ela... Quem sabe mais alguns experimentos genéticos? Outro câncer? Óleo negro?

Mulder o segura pelo sobretudo.

MULDER: - Seu desgraçado! Você nunca teve ninguém na vida, não é mesmo? Você nunca se importou com nada! Como pode ser tão frio? Tão insensível?

CANCEROSO: - Ora, Mulder, me poupe de suas divagações sentimentalistas. Tem tempo para pensar. Mas não se esqueça, que o relógio está andando. Tem 24 horas para ter sua agente de volta.

MULDER: - ... Eu vou matar você. Eu juro!

CANCEROSO: - Vale a pena sacrificar tudo por uma mulher? Por que foi dormir com ela? Tudo estava indo tão bem... E afinal de contas, ela não é a mais atraente das mulheres... Você poderia conseguir algo melhor... O que viu nela, Mulder?

MULDER: - Se isso te faz dormir bem à noite, Canceroso, vi nela o mesmo que você viu em minha mãe.

O Canceroso olha pra ele. Sente-se acuado.

MULDER: - Vou te dizer uma coisa, que há muito eu quero dizer. Não sei o que aconteceu entre você e minha mãe. Mas se eu for seu filho, seu velho porco desgraçado, vou te amaldiçoar até os últimos dias da minha vida. Porque você não significada nada pra mim, é apenas a primeira pessoa da minha lista negra.

CANCEROSO: - ...

MULDER: - E tem mais: Se eu sou seu filho, Canceroso, você sabe que seus malditos genes correm pelo meu corpo. Então pode ter certeza absoluta de que quando falo que vou acabar com você, não estou brincando. Tenho a persistência “do meu pai”.

Mulder vira-se. Caminha em direção ao prédio. O Canceroso atira o cigarro no chão. Acende outro, num sorriso debochado.


FBI – Arquivos X - 8:02 A.M.

O telefone toca. Mulder está entrando na sala. Atende rapidamente.

MULDER: - Mulder.

CANCEROSO: - O Skinner vai entregar um caso sobre abdução, em Maryland. Vá investigar para não levantar suspeitas, mas negue tudo. Seu relatório não deve constar nada do que presenciar, entendeu?

O Canceroso desliga. Mulder fecha os olhos e suspira.


FBI - Gabinete do diretor assistente - 8:17 A.M.

Skinner entrega uma pasta para Mulder.

SKINNER: - Por que resolveu voltar antes do término de suas férias?

MULDER: - Não consigo ficar longe do trabalho.

SKINNER: - E a agente Scully?

MULDER: - Está com a mãe dela.

Skinner olha pra Mulder.

SKINNER: - Não entendo você. Há alguns dias atrás disse que precisava de descanso...

MULDER: - (IRRITADO) Já descansei! Agora vai ficar me interrogando?

SKINNER: - ... Acho que é um Arquivo X. A mulher afirma que é abduzida durante a noite. Diz que fazem experiências com ela, que introduzem fetos alienígenas em seu útero.

Mulder levanta-se. Sai com a pasta debaixo do braço.

SKINNER: - Mulder...

MULDER: - O que é?

SKINNER: - Saiba que se tiver metido em encrencas, tem um amigo aqui sentado nessa sala.

Mulder sai. Skinner fica preocupado.


Residência da Sra. Brown – Maryland – Virgínia - 10:53 A.M.

Mulder estaciona o carro. Desce. Caminha até a porta. Denise o atende.

MULDER: - Senhora Brown? Sou o agente Fox Mulder, do FBI.

DENISE: - Ainda bem que veio, senhor Mulder. Entre por favor.

Mulder entra. Uma sala bem aconchegante e simples.

DENISE: - Gostaria de um café?

MULDER: - Não, obrigado.

DENISE: - Sente-se.

Mulder senta-se num poltrona. Denise senta-se perto dele.

DENISE: - Não sabia mais a quem recorrer. Foi quando uma amiga, Cassandra Spender, falou sobre seu trabalho no FBI...

MULDER: - (FECHA OS OLHOS) ...

DENISE: - Cassandra falou como você tenta resolver casos que parecem absurdos... Eu não sou louca, senhor Mulder. Mas isso acontece há uns seis anos e não sei mais o que fazer! Vivo com medo de sair de casa, não consigo mais trabalhar, vivo apenas com uma pequena pensão do meu ex-marido...

MULDER: - Tem filhos, senhora Brown?

DENISE: - Não. E-eu não posso ter filhos, sou estéril. Desde que os alienígenas ou o governo fizeram aquelas coisas comigo. Eu estava grávida quando me levaram da primeira vez. Tiraram meu filho! Roubaram meus óvulos. E agora, todo o mês, eles vêm durante a noite. No outro dia acordo como se estivesse grávida de nove meses! Depois, em menos de 48 horas, minha barriga desaparece.

MULDER: - ...

DENISE: - Os alienígenas, o governo, eles controlam tudo. Estou a ponto de me matar, não consigo mais suportar isso! Acredita em mim, agente Mulder?

MULDER: - ...

DENISE: - Gostaria que vigiasse minha casa. Eles virão. Eu sei disso.

Mulder levanta-se.

MULDER: - Sabe pra onde eles levam essas crianças?

DENISE: - Não são crianças, agente Mulder. São coisas bizarras, que não deveriam serem concebidas. E eu não sei pra onde as levam... Só sei que não posso mais viver desse jeito, como uma cobaia deles.


FBI – Arquivos X - 2:33 P.M.

Mulder, sentado em sua cadeira, lê alguns Arquivos X. Skinner entra.

SKINNER: - Conversou com a senhora Brown? O que achou?

MULDER: - ... Não é um Arquivo X. Mas mesmo assim, vou voltar pra Maryland.

SKINNER: - ... Onde está a Scully?

MULDER: - ...

SKINNER: - Já liguei pra mãe dela e ela não sabe de nada.

MULDER: - Está em férias, como posso saber onde ela anda?

SKINNER: - Pensa que sou algum imbecil? Quero saber o que está acontecendo! Você volta no meio das férias sozinho, a agente Scully desaparece misteriosamente... Você está agindo como um alienígena! Impressão minha ou sinto um cheiro de cigarro no ar?

MULDER: - Impressão sua. A Scully saiu de férias. E pare de me amolar! Tenho serviço pra fazer!

Skinner sai da sala. Mulder pega o telefone. Disca.

MULDER: - ... Sou eu, Mulder. Skinner está desconfiado. Não sei mais o que dizer pra ele.

CANCEROSO (OFF): - Cuide de seus problemas, agente Mulder. Cuido dos meus... Tenho um serviço pra você. Nos encontramos às nove, na sua sala.

Corta para o Canceroso que desliga o telefone. Traga o cigarro, num sorriso de vitória.


Apartamento de Scully- 3:46 P.M.

[Som: David Bowie - As The World Falls Down]

Mulder entra. Olha pela sala. Vai até o quarto de Scully. Se atira na cama e começa a chorar.


Arquivos X - 8:59 P.M.

Mulder anda de um lado para o outro. A porta abre-se. O Canceroso entra, fumando um cigarro.

CANCEROSO: - Como foi seu primeiro dia de trabalho?

MULDER: - Não abuse da minha paciência! Eu estou fazendo o que pediu, agora quero a Scully de volta!

CANCEROSO: - Quero ter certeza de sua fidelidade para comigo... Nós fizemos uma boa dupla, Mulder. Você tem talento, esperteza e não se deixa pegar fácil. Preciso de sujeitos como você. Quero você do meu lado.

MULDER: - Estou fazendo isso porque quero a Scully de volta! Não pense que é uma prova de “amor” !!!

CANCEROSO: - Terá ela de volta, assim que resolver um problema.

MULDER: - O que quer?

CANCEROSO: - Vai matar um homem.

MULDER: - Eu não vou matar ninguém!

CANCEROSO: - (TRAGA O CIGARRO) Sabe a senhora Brown? Ela é uma barriga, como chamamos... Sua parceira nos interessa... Poderia nos ajudar...

Mulder avança nele, o empurrando contra a parede.

MULDER: - Quem eu vou ter que matar pra você me devolver a Scully? E como posso confiar que você vai me entregá-la?

CANCEROSO: - Isso é problema seu.

Mulder o solta. O Canceroso olha pra ele.

CANCEROSO: - Vou devolver a agente Scully. Porque ela é importante pra você.

MULDER: - (RI) ... Como ele se importa!

CANCEROSO: - Não da maneira como pensa, Mulder. Por que acho que quero vocês dois separados? Por que acha que os coloquei juntos? Havia outros agentes em Quântico, mais competentes do que ela. Por que justamente ela?

MULDER: - (DESCONFIADO) O que está querendo me dizer?

CANCEROSO: - Você é inteligente, Mulder. Vai descobrir. Só quero que se afaste dela como homem.

MULDER: - Por que isso é tão importante? Acredita mesmo que a Scully vai concordar com as minhas ‘loucuras’? Acha que ela não tem personalidade própria, crenças próprias?

CANCEROSO: - ... Você já descobriu coisas e pensa que eu não sei. Mas lembre-se, eu sei de tudo. Prossiga na busca pela sua verdade. Está bem perto de alcançá-la.

MULDER: - Por que está me dizendo essas coisas?

CANCEROSO: - Porque você precisa saber, antes que cometa mais erros e não consiga dormir à noite.

MULDER: - ???

Mulder senta-se perplexo. O Canceroso olha pra ele.

CANCEROSO: - Preciso que acabe com um sujeito que pensa que sabe sobre meu passado.

MULDER: - ... Quem é ele?

CANCEROSO: - Um bisbilhoteiro, que fica gritando bobagens pelos cantos... Mate-o. Quando me der provas concretas de que o matou, devolverei a agente Scully.

MULDER: - Quem é o cara?

O Canceroso tira uma foto do bolso. Joga sobre a mesa de Mulder.

CANCEROSO: - Se matar o sujeito, terá Scully de volta. Se não matar, eu a mato. A decisão está em suas mãos. Scully não significa nada pra mim, mas pra você é peça chave de sua verdade.

O Canceroso dá as costas e sai.

Mulder pega a foto. Sua fisionomia transforma-se em desespero.

Close na foto de Frohike nas mãos de Mulder.


BLOCO 2:

Casa de Margaret Scully -10:23 P.M.

Mulder estaciona o carro. Desce e bate à porta. Margaret atende, vestida num robe.

MARGARET: - Fox? O que está fazendo aqui?

MULDER: - (CHORANDO) Eles a levaram. Eu não consegui impedir.

Meg põe a mão sobre a boca. Seus olhos enchem-se de lágrimas. Mulder a abraça.

MULDER: - Meg, eu prometi cuidar dela e nem isso consegui fazer!

Mulder senta-se no sofá. Põe as mãos no rosto e chora. Meg senta-se ao lado dele.

MARGARET: - Fox...

MULDER: - Eu nem sei porque estou aqui falando essas coisas pra você, mas... Eu precisava de uma amiga!

Meg o abraça.

MARGARET: - Fox, eles não vão machucá-la?

MULDER: - Não se eu fizer o que me pedem.

Meg fecha os olhos.

MULDER: - Preciso desabafar com alguém, estou enlouquecendo!

MARGARET: - O que vai fazer, Fox?

MULDER: - Eu não sei, Meg. Eu estou desesperado!

Margaret acaricia os cabelos dele.

MARGARET: - Fox, tudo vai acabar bem, meu filho. Eu acredito que você vai trazê-la de volta. Você sempre lutou contra tudo e sempre ganhou.

MULDER: - Nunca ganhei deles, Meg.

MARGARET: - Ganhou, Fox. Porque eles não podem tirar a sua dignidade.

MULDER: - Meg, é isso que eles querem tirar de mim.

Meg levanta-se. Vai até a estante. Pega um enorme embrulho.

MARGARET: - Fox, isso chegou pelo correio hoje cedo, enviado pela Dana. Ela mandou junto esse bilhete, pedindo que eu te procurasse, caso ela se ausentasse, e entregasse isso pessoalmente em suas mãos... Agora entendo o porquê.

Meg entrega o embrulho. Mulder abre. Tira seu álbum de fotos.

MARGARET: - Por que ela mandaria suas fotos pra você?

Mulder olha pro álbum.

MULDER: - Há alguma coisa aqui, Meg. A Scully não quis que eu entregasse isso à minha mãe. Ela sabia de alguma coisa, que não queria me contar, ou que estava com medo de me contar.

Mulder começa a folhear o álbum, olhando pras fotos.


12:24 A.M.

Mulder fica olhando pro álbum, que está sobre a mesa de centro.

MARGARET: - Se soubéssemos ao que ela estava se referindo...

Mulder pega o álbum. Tateia a capa, percebendo que é dura. Mulder abre a capa. Tira um maço de folhas, escritas à mão. Meg observa-o. Mulder analisa folha por folha.

MARGARET: - O que é isso, Fox?

MULDER: - É a letra do meu pai... São anotações de cadeias genéticas... Eu não entendo bem dessas coisas, isso é da competência da Scully...

MARGARET: - ... Por que isso é tão significativo?

Mulder começa a ler as anotações. Seu semblante vai mudando aos poucos. Ele está pálido e assustado. Meg percebe.

MARGARET: - Fox, aconteceu alguma coisa?

Mulder levanta-se. Coloca as folhas no bolso. Pega o álbum. Abre a porta.

MARGARET: - Fox, o que aconteceu?

MULDER: - Meg, preciso resolver um problema.

Mulder entra no carro. Sai em disparada. Mal consegue dirigir. Está nervoso demais. Seu celular toca.

MULDER: - Mulder.

FROHIKE: - Mulder, sou eu, o Frohike.

MULDER: - ...

FROHIKE: - Mulder, está me ouvindo?

MULDER: - Estou.

FROHIKE: - Estou tentando ligar pra Scully e não a encontro. Diga à ela que enviamos ao FBI as amostras de cabelo do suspeito, que ela nos enviou. Entreguei pessoalmente à agente DeWitt. Eu não sei o que estão investigando, mas deve ser muito importante. Por que querem saber quem é o pai do cara?

Mulder fecha os olhos.

FROHIKE: - Mulder, está aí?

Mulder desliga o celular. Acelera mais o carro, passa com os sinais fechados. A chuva começa a cair. As lágrimas também.


Apartamento de Mulder - 2:38 A.M.

Mulder abre a porta. Vê alguém sentado em seu sofá, na penumbra. Puxa a arma. Acende as luzes.

CANCEROSO: - Gosto de seu estilo de vida.

Mulder guarda a arma. Fecha a porta. Senta-se de frente para o Canceroso. Olha nos olhos dele.

MULDER: - Quem é o meu pai?

CANCEROSO: - (IRRITADO) Que pergunta é essa? Você sabe quem é seu pai!

MULDER: - (GRITA) Chega de mentiras!

Mulder atira o álbum sobre o sofá. O Canceroso olha pra ele.

CANCEROSO: - Pelo visto, encontrou algo que eu procurava.

MULDER: - Eu sei da verdade! Você é o meu pai!

CANCEROSO: - (RINDO) Você às vezes é burro, Mulder. Muito burro. Quer a verdade? Agora que trabalha pra mim, terá acesso à ela.

MULDER: - Minha mãe nunca vai abrir o jogo. Espero que você me diga a verdade! É só o que quero saber!

O Canceroso acende um cigarro. Olha pra Mulder. Ele está chorando, fraco, mal consegue pensar.

CANCEROSO: - Você é um projeto de Bill Mulder. Sinto desapontá-lo, mas por isso o Bill era seu ‘pai’ .

MULDER: - O que vocês faziam naquela casa, meu Deus? O que era a vida pra vocês? Não significava nada?

CANCEROSO: - O que você achou nesse álbum é o que Bill conseguiu descobrir. Você foi o primeiro feto híbrido que deu certo.

MULDER: - (CHORANDO) Sou filho de quem? Tenho pai pelo menos? Tenho mãe? Ou não sabem disso?

Mulder aproxima-se da janela. Olha pra chuva caindo. Tenta segurar as lágrimas.

CANCEROSO: - Você é um projeto.

Mulder olha pra ele, chorando.

CANCEROSO: - Sua mãe era casada com o Bill. Nós nos envolvemos, fiquei apaixonado pela mulher do meu melhor amigo... Mas era perigoso demais, eu tinha medo que fizessem algo contra ela, porque eu conhecia as pessoas pra quem trabalhava. Eu não queria que a levassem, quando a troca fosse estabelecida: Nossas famílias por aquele feto alienígena.

MULDER: - Por isso se casou com a Cassandra? Para ter algo para dar em troca?

CANCEROSO: - Quando foi solicitado o cumprimento do acordo, eles deram a Samantha, sem que eu pudesse escolher. Eles queriam te proteger.

MULDER: - Por quê?

CANCEROSO: - Porque você era a maior experiência que eles já tinham realizado. Porque se os alienígenas descobrissem que você tinha dado certo, os planos da invasão teriam sido adiantados.

Mulder fecha os olhos.

MULDER: - E Cassandra Spender? Nunca suspeitou de vocês dois?

CANCEROSO: - Ela era apaixonada por mim, faria qualquer coisa.

MULDER: - ... O Spender era seu filho! Como pôde mata-lo? E o que fez com a Samantha?

CANCEROSO: - Ele era um bastardo igual à mãe. Um fraco, sem coragem. Nunca foi parecido comigo... E eu trouxe a Samantha de volta. Você já a viu, sabe que ela está bem.

Mulder chora. Fecha os olhos.

MULDER: - Por que minha mãe escondeu isso de mim durante todo esse tempo?

CANCEROSO: - Porque tinha você como um filho. Afinal de contas, ela o gerou! Ela foi uma barriga, assim como sua parceira. Só queria poupá-lo dessa verdade! Queria protegê-lo porque sabia que eles o matariam se descobrisse isso! Você era um projeto secreto entre eu e Bill Mulder.

MULDER: - Mas você sabia. Por que não me matou?

CANCEROSO: - Como eu disse, eu queria você vivo. A experiência poderia me servir mais tarde! ... Mas estava enganado. Você só serve aos meus propósitos trabalhando comigo. Assim posso protegê-lo... Não tem utilidade alguma. É um bastardo alienígena! Quando colocaram você dentro dela, nem ela sabia quem ou o quê nasceria dali.

Mulder olha pra ele, derrubando lágrimas. O Canceroso levanta-se.

CANCEROSO: - Espero que não conte isso à ninguém. É um segredo nosso, que posso negar. Acha que acreditarão em você?

MULDER: - Não vou contar nada à ninguém. Será nosso segredo.

CANCEROSO: - E não reviva isso com sua mãe. Faça de conta que não sabe. Vai ser melhor pra ela. Sofrerá menos se souber que você não sabe a verdade... Preciso do papel que estava no álbum.

Mulder entrega o papel. O Canceroso o pega. Abre a porta. Olha pra Mulder. Ele senta-se e chora convulsivamente. O Canceroso sai e fecha a porta. Escora-se na porta. Olha pro papel.

CANCEROSO: - Espero que um dia possa me perdoar pelas mentiras que lhe contei. Só quero salvar você...


Apartamento de Mulder - 3:56 A.M.

Mulder sentado no sofá, olhos inchados, desatinado.

Batidas na porta.

Mulder seca as lágrimas. Abre a porta. Skinner entra.

SKINNER: - Onde esteve a noite toda? Procurei você em cada canto dessa cidade!

MULDER: - Não atendi o telefone...

SKINNER: - Mulder, por que está chorando?

MULDER: - Não estou chorando!

SKINNER: - Tudo bem, se confessar isso afeta sua masculinidade, não precisa admitir.

MULDER: - O que quer aqui?

SKINNER: - Eles estão com a Scully, não estão?

MULDER: - ...

SKINNER: - Mulder, você negociou com ele?

MULDER: - ... Me deixe em paz, Skinner, saia já daqui!

SKINNER: - Mulder, eu não posso acreditar que tenha feito uma estupidez dessas!

MULDER: - Eu não sei de onde tirou essa besteira!

SKINNER: - ... Eu já fiz o que você está fazendo, em troca da vida da Scully, você sabe disso.

MULDER: - Eu não fiz nada, você está maluco!

SKINNER: - Entendo você, Mulder. Me sinto responsável pelo que está acontecendo, porque de certa forma, eu aproximei vocês dois. Me deixe ajudá-lo.

MULDER: - Está vendo coisas onde não existem! Vá embora daqui!

SKINNER: - Mulder, acha que trabalhando pra eles vai conseguir a Scully de volta?

MULDER: - Não estou trabalhando pra eles. Droga, Skinner, o que veio fazer aqui? Suposições absurdas? Acha que eu me venderia pra aqueles canalhas?

Skinner dá um olhar pra Mulder de quem imagina a resposta. Sai, batendo a porta. Mulder tranca a porta. Escora-se nela, angustiado.

MULDER: - Deus! O que eu vou fazer? Eu não suporto mais, isso, eu não entendo mais nada! Mentiras, verdades, eu já não sei mais o que é o quê!

Mulder abre a porta e sai nervoso.


Apartamento de Scully - 7:15 A.M.

O despertador toca. Mulder está acordado, ainda vestido, abraçado no travesseiro de Scully. Desliga o despertador. Levanta-se. Vai até a cozinha. Abre a geladeira. Vê uma embalagem de queijo cremoso. Mulder fecha a geladeira e escora-se nela. Começa a chorar. O desespero bate. Ele vai até a sala, pega uma garrafa de uísque e começa a beber.


10:11 A.M.

Mulder acorda no sofá. Seu celular está tocando. Ele atende.

CANCEROSO: - Vai ou não cumprir o nosso acordo? Restam 24 horas.

O Canceroso desliga. Mulder joga o celular no sofá. Pega a arma, mira na cabeça. Desiste.


Arquivos X - 4:34 P.M.

Mulder espera, sentado, ao lado do telefone. O telefone toca. Ele atende rapidamente.

MULDER: - Mulder.

DeWITT: - Agente Mulder, conseguimos um resultado das amostras de cabelo que você nos enviou. Confirmam-se com as amostras que a agente Scully nos enviou há dois dias.

Mulder fecha os olhos.

MULDER: - Preciso que descubra o DNA, se há alguma alteração genética nele. Tem como analisar com registros de DNA para verificar quem é são os pais dessa pessoa?

DeWITT: - Posso tentar com os registros que temos, mas não posso prometer nada. Assim que tiver respostas, ligarei pra você.

Mulder desliga. Pega o paletó e sai da sala.


Centro de Controle de Moléstias - 5:36 P.M.

O Canceroso e Krycek entram num quarto. Scully está dormindo numa cama, ligada por fios e aparelhos. Um médico injeta alguma coisa no fio do soro.

MÉDICO: - Não posso mantê-la dormindo por mais tempo.

CANCEROSO: - Não quero que ela acorde.

MÉDICO: - Ela está muito fraca, não sei se vai resistir.

O médico sai.

KRYCEK: - Ela já tomou a vacina. Não nos é útil. Por que não a mata de uma vez?

CANCEROSO: - Acha que não gostaria disso? Mas precisamos do Mulder. Se ela morrer, teremos um inimigo mais forte.

KRYCEK: - E se ele não cumprir o acordo?

CANCEROSO: - Se não cumprir, sabe o que fazer com ela. Mas ele vai cumprir. Conheço o Mulder, ele tem palavra. Conseguiu o que pedi?

KRYCEK: - Consegui. Mas acha que isso vai afasta-los um do outro?

CANCEROSO: - Vai gerar muita perturbação na cabeça dos dois, de modo que as coisas voltarão a ser como antes.

KRYCEK: - Ele vai descobrir que o enganamos quando entregarmos Scully. Porque ela vai querer ver por si mesma, ela é médica! Acha que vai conseguir mentir uma coisas dessas?

CANCEROSO: - O Mulder está perturbado demais com o que está acontecendo para decifrar o que é verdade e o que é mentira. Quero apenas mostrar o que eu posso fazer se eles não andarem na linha. Quero ganhar tempo.

KRYCEK: - Mulder pode estar perturbado porque tem motivos pra isso. Mas Scully não. Você menospreza essa mulher e eu digo que ela é o cérebro dele! Quando vai me dar ouvidos? A ciência está se voltando contra você! Ela já abraçou a causa dele quando você, imbecilmente, a submeteu àquelas experiências.

CANCEROSO: - Está questionando as minhas atitudes? Você não sabe dos meus planos.

KRYCEK: - Sei que está criando mais confusão com isso. E essas confusões afetam os meus planos!

CANCEROSO: - Confusão, Krycek, é a melhor maneira de esconder a verdade. Esconda-a entre muitas mentiras.

KRYCEK: - Você tem métodos absurdos! Eu os deixaria ficarem juntos, casarem, sei lá o quê! Se percebesse alguma coisa que pudesse me atingir, mataria o Mulder. Porque ele é o mais forte. Sem Mulder, Scully desiste. Já pensou nisso? Por que nunca, nunca tentou matá-lo?

O Canceroso traga profundamente. Olha pra Krycek.

CANCEROSO: - Eu já tentei matá-lo, ou se esqueceu disso?

KRYCEK: - Quer ouvir uma coisa? Chega de embuste! Todas as suas tentativas contra o Mulder foram forjadas, ou acha que eu nunca percebi isso? Por que não o quer morto? Ele tem algum significado especial em sua vida?

CANCEROSO: - ... Você está maluco...

KRYCEK: - Pode pensar que sou um maluco. Mas eu tenho minhas próprias desconfianças de que você está escondendo alguma coisa pessoal nessa história.

CANCEROSO: - ...

KRYCEK: - Você esconde algo muito maior do que aqueles velhos burros imaginam. E eu vou descobrir.

Krycek sai indignado. O Canceroso traga o cigarro. Sopra a fumaça.

CANCEROSO: - Tente descobrir, Alex Krycek. Pode considerar-se um homem morto. Em breve eu não precisarei mais de você...

O Canceroso olha pra Scully.

CANCEROSO: - E você... Você me decepcionou. Pensei que jamais iria se envolver desse jeito com Mulder. Você não é o que eu imaginava, e tive todo o cuidado em escolher a mais cética e imbecil incompetente do FBI! Você não é detetive, Scully. Você é uma retardada! É apenas uma cobaia útil.

O Canceroso aproxima-se dela. Põe a mão no aparelho de oxigênio.

CANCEROSO: - Se apertasse esse botão, me livraria de você pra sempre. Poderia matá-la, sabia? Mas hoje não. Posso precisar da sua ignorância cética mais tarde.


FBI - Gabinete do diretor assistente - 6:31 P.M.

Mulder entra na sala. Skinner está de pé, olhando pela janela.

MULDER: - Por que me chamou?

SKINNER: - Mulder... Não sei como vou lhe dizer isso, mas...

Mulder olha pra ele.

SKINNER: - A polícia recebeu um chamado anônimo.

MULDER: - ...

SKINNER: - Sua mãe morreu, Mulder. Teve um enfarte.

Mulder fecha os olhos. Senta-se na cadeira. Segura as lágrimas. Skinner pede à secretária um copo de água e um calmante. Mulder olha pra Skinner.

MULDER: - Enfarte... (RI) Enfarte... Ela teve um enfarte!

Mulder está atordoado. Perturbado por completo.

SKINNER: - Mulder, vá pra casa, precisa descansar.

A secretária entra com uma pequena bandeja. Oferece à Mulder. Ele recusa.

SKINNER: - ... Mulder, o que mandou a agente DeWitt analisar? O que quer descobrir?

MULDER: - Se não perdi toda a minha vida numa busca fútil! Eles me usaram! Me usaram, Skinner, durante todo esse tempo! Eu corri atrás de uma mentira!

SKINNER: - Mulder, não sei do que está falando, mas um conselho de amigo: Nada é em vão. Há propósito em tudo... pense nisso.

MULDER: - Ele não ama nada. Nada no mundo. Nem a ele mesmo, o pobre infeliz e desgraçado! Foda-se o mundo, Skinner! Estou cansado de bancar o mártir! Eu vou matar aquele desgraçado, só estou esperando a hora certa! Que leve todas as verdades pro buraco! Estou me lixando pra verdade! Estou me lixando pra todo mundo!

Mulder levanta-se. Sua fisionomia é de alguém insensível. Sai da sala. Skinner fecha os olhos. A secretária entra com um cartão postal nas mãos. Skinner o pega.

SKINNER: - Da Scully? Está na Flórida?


BLOCO 3:

Pistoleiros Solitários - 7:37 P.M.

Frohike abre a porta. Mulder entra, abatido.

FROHIKE: - Mulder, o que aconteceu? Está num caco!

MULDER: - Preciso da sua ajuda.

Langly e Byers entram na sala.

FROHIKE: - Mulder, está me assustando...

MULDER: - Frohike, você é um amigo pra mim, acho que nunca disse isso à você.

FROHIKE: - ???

MULDER: - Preciso da ajuda de vocês como nunca precisei antes. Pelo amor de Deus, eu... (CHORA) Eu estou entre a cruz e a espada!

Os três ficam sérios, olhando pra Mulder. Mulder senta-se, chorando. Byers olha pra ele com pena.

BYERS: - Vou fazer um chá pra você Mulder. Não fica assim, tá? As coisas vão melhorar, precisa ter fé e otimismo...

Langly olha pra Byers. Byers está chorando também.

LANGLY: - Pronto, Mulder. Agora você conseguiu fazer o Byers chorar também! Não sabe que ele chora quando vê alguém chorando?

FROHIKE: - Byers, vá fazer um chá pra vocês dois, seus chorões! Parecem duas maricas!

Mulder olha pra Byers. Dá um sorriso cansado.

MULDER: - O que seria de mim sem a cumplicidade de vocês três?


9:34 P.M.

Mulder está sentado dentro da limusine do Canceroso, todo vestido de preto, com um sobretudo. Olhar frio e calculista. O Caçador coloca escutas por dentro da roupa dele.

CANCEROSO: - Não tente me passar a perna, Mulder. Ou voltará para suas revistas novamente.

Mulder olha pra ele friamente.

MULDER: - Vou cumprir minha parte no acordo. Mas quero que cumpra a sua também.

CANCEROSO: - Terá ela de volta hoje à noite, se tudo ocorrer bem.

Krycek entrega uma arma pra Mulder, com um sorriso nos lábios. Mulder olha pra ele com raiva.

KRYCEK: - A arma não tem registro. Leve o silenciador... Bem vindo ao grupo, amigo. Antes tarde do que nunca.

CANCEROSO: - Eu poderia fazer esse serviço, mas deixar você fazer é um prazer imenso.

MULDER: - Por que matou minha mãe?

CANCEROSO: - (ASSUSTADO) Do que está falando?

Mulder olha pra ele com raiva.

MULDER: - Faz parte das mentiras que diz serem verdades? Não queria que ela confirmasse tudo? Por que tudo era uma mentira?

O Canceroso fica perplexo e embaraçado. Krycek olha para o Canceroso e percebe que ele está nervoso.

MULDER: - Olha aqui, seu verme desgraçado, você não tinha o direito de matar a minha mãe! Eu tô pouco me importando pro que faz ou deixa de fazer, desde que não interfira com as pessoas que eu quero bem! Você matou meu pai, minha mãe e destruiu a vida da minha irmã! Eu só quero minha parceira de volta!

CANCEROSO: - Se romper nosso acordo algum dia, eu a tomarei novamente, num piscar de olhos. Se falhar agora, não a verá mais.

Mulder desce da limusine, com ódio nos olhos. O Caçador o acompanha. Eles atravessam a rua. Entram num bar de strip-tease. Sentam-se à uma das mesas. O Canceroso olha pra Krycek.

CANCEROSO: - O que ele estava dizendo?

KRYCEK: - A mãe dele ‘apareceu’ morta.

CANCEROSO: - Como assim “morta” ?

KRYCEK: - (RINDO) É a vida. As pessoas sempre morrem. Por que está preocupado com isso?

O Canceroso olha para a rua, triste. Fecha os olhos.

CANCEROSO: - Eu não estou preocupado com isso. Pouco me importa.


The Babylon – 9:47 P.M.

[Som: Billy Idol - Eyes Without a Face]

O Caçador observa as garotas dançando. Mulder está cabisbaixo, angustiado, bebendo uma cerveja.

CAÇADOR: - As fêmeas de sua espécie não são nenhum pouquinho atrativas.

MULDER: - Aposto que as da sua espécie também não são.

O Caçador olha pra ele. Mulder retribui um olhar frio. O Caçador observa as garotas, os homens colocando dinheiro nas tangas delas. Mulder está com o olhar ao longe, compenetrado na música, voando mentalmente, cantando baixinho.

Uma garota aproxima-se deles, dançando. Ela vai até Mulder e insinua-se pra ele. Mulder não liga. O Caçador está distraído. A garota senta-se no colo de Mulder. Mulder olha pra ela. Ela puxa-o pela gravata e beija sua orelha. O Caçador fica olhando pra ele. A garota morde a orelha de Mulder e cochicha.

KIM: - Olá. Sou seu contato.

Mulder olha pro Caçador, que está distraído, com uma das garotas dançando na frente dele. Mulder, por baixo da mesa, troca o pente da arma. Kim pega o pente e esvazia, colocando as balas dentro do sutiã. Coloca o pente verdadeiro, vazio, dentro do bolso de Mulder, disfarçando que está se esfregando nele. Kim levanta-se e continua dançando. Pisca pra Mulder. Sai dali. Frohike aproxima-se deles. Senta-se.

FROHIKE: - O que queria falar comigo? Quem é o grandalhão aí?

Mulder levanta-se.

MULDER: - Vamos lá pros fundos. Preciso falar com você.

Os três saem pela porta dos fundos. Frohike vai na frente. Mulder atrás dele. O Caçador depois. Cai uma chuva fina.

FROHIKE: - Mulder, o que tinha pra falar não podia ser lá em...

Frohike vira-se. Arregala os olhos. Mulder está com a arma apontada pra cabeça dele, os olhos cheios de lágrimas.

MULDER: - Me perdoa, Frohike. Mas preciso matar você.

Mulder descarrega a arma em Frohike. Ele cai no chão, o sangue começa a escorrer. Mulder fecha os olhos. O Caçador olha pra Mulder.

MULDER: - Perdoa, meu amigo... Eu não queria fazer isso.

Mulder sai depressa dali. Enquanto caminha, substitui o pente da arma pelo que estava em seu bolso. O Caçador ficou para trás, olhando para Frohike, estirado no chão. O sangue escorre do corpo de Frohike para o chão, misturando-se com a chuva. O Caçador chuta-o. Abaixa-se. Passa o dedo no sangue e o experimenta com a língua. Inclina-se para ouvir o coração dele quando Kim sai do bar e começa a gritar.

KIM: - Assassino! Alguém chame a polícia!

O Caçador sai correndo. As pessoas saem da boate e cercam o local. Tumulto. Langly aproxima-se, disfarçado de DJ. Abaixa-se junto a Frohike.

Corta para Mulder e o Caçador entrando na limusine. Saem em disparada.

CAÇADOR: - Ele cumpriu sua parte. O cara está morto.

Mulder deixa a arma cair no chão do carro. O Canceroso lhe entrega um maço de cigarros.

CANCEROSO: - Tome. Daqui em diante vai precisar disso.

Mulder dá um tapa nos cigarros, que caem no colo de Krycek.

MULDER: - Eu quero descer daqui! Pare esse carro!

O Caçador olha pro Canceroso, pelo retrovisor. O Canceroso sinaliza positivamente com a cabeça. O Caçador pára o carro. Mulder desce, sai correndo na chuva.

CANCEROSO: - Ele cumpriu mesmo o acordo?

CAÇADOR: - O sujeito estava morto. Provei seu sangue. Precisava ver como ele reagiu quando matou o amigo.

CANCEROSO: - ... Ele vai se acostumar com essas coisas. Vamos dar tempo à ele... O que esse imbecil não faz pra ter aquela ruiva de volta.

KRYCEK: - Ela vale o sacrifício.

O Canceroso olha pra Krycek que sorri sacana.

Uma ambulância passa por eles. Byers dirige, disfarçado de paramédico, com um rabo de cavalo por baixo do boné. Ao lado dele, Suzanne Modesky, disfarçada de paramédica.


Apartamento de Mulder - 10:44 P.M.

Mulder entra em seu apartamento. Tira o sobretudo e o pendura no cabide. Põe as mãos no rosto. Respira ofegante. O celular toca. Mulder atende.

MULDER: - Mulder.

FROHIKE: - Estou bem, confortavelmente deitado numa maca, dentro de uma ambulância, me dirigindo para a fronteira. Mandarei notícias pelos rapazes. Eles estão se saindo bem, embora o Byers às vezes perca a concentração...

Mulder sorri, aliviado.

FROHIKE: - Agradeça àquela sua amiga do banco de sangue.

Mulder desliga. Respira fundo.


11:12 P.M.

[Som: David Bowie - As The World Falls Down]

Mulder anda de um lado para o outro, nervoso.


11:33 P.M.

[Som: David Bowie - As The World Falls Down]

Mulder está sentado no sofá. Chora.

MULDER: - Desgraçados, eles não cumpriram o acordo!


12:47 A.M.

Mulder, com a cabeça debaixo da torneira da cozinha. O telefone toca. Ele corre.

KRYCEK (OFF): - Tem uma entrega especial pra você, no beco atrás do seu prédio.

Krycek desliga. Mulder passa a mão nos cabelos e sai porta à fora.


Corta para Mulder, saindo do prédio. Mulder corre como um desesperado. Entra no beco escuro. Não vê nada. Puxa a arma. Caminha com cautela, olhando para todos os cantos. Aproxima-se de algumas latas de lixo. Vê um corpo enrolado num lençol.

Mulder começa a sacudir a cabeça negativamente, enchendo os olhos de lágrimas. Aproxima-se do corpo. Agacha-se, tira o lençol do rosto. É Scully. Mulder olha chorando pra ela. Ela está desacordada, jogada nua entre o lixo, apenas enrolada num lençol. Mulder escuta o coração da parceira. Sorri, aliviado. Levanta-a e a aperta contra seu peito. Mulder a toma nos braços e sai dali, aliviado.


FBI – Divisão de análises químicas - 12:53 A.M.

Skinner entra na sala. Uma médica aproxima-se.

DeWITT: - Diretor assistente, o que faz aqui?

SKINNER: - Preciso que me entregue o resultado das amostras que o Mulder enviou.

DeWITT: - Ele pediu para que não entregasse à ninguém.

SKINNER: - Agente DeWitt, eu sou o diretor assistente, não sou nenhum criminoso! Só preciso olhar as amostras.

DeWITT: - Não posso permitir, senhor.

Skinner a segura pelo pescoço e a estrangula. Revira o lugar. Pega as amostras, trocando-as por outras. Coloca um envelope sobre a mesa da médica, endereçado à Mulder. Sai da sala, levando o corpo da médica junto. Seu rosto transforma-se lentamente e percebe-se que é o Caçador de Recompensas, e não Skinner.


Apartamento de Mulder - 1:07 A.M.

Scully abre os olhos. Está com olheiras enormes. Percebe que está dentro de uma banheira. Mulder está ajoelhado ao lado da banheira, segurando uma esponja, olhando pra ela, num sorriso misturado com lágrimas. Scully retribui o sorriso, com os olhos cheios de lágrimas. Abre os braços, implorando um abraço. Mulder a abraça. Scully começa a chorar, assustada.

MULDER: - Tá tudo bem agora, Scully... Tudo bem.

Scully segura o rosto de Mulder.

SCULLY: - (SORRI/ TENTANDO ANIMÁ-LO) ... Meu herói!

Mulder sorri pra ela, mordendo os lábios. Scully o beija, na testa. Olha nos olhos dele.

SCULLY: - ... Eu já disse que te amo?

MULDER: - Há quase quatro dias que eu não ouço você dizer isso. E acredite... Senti falta.

SCULLY: - Quatro dias?... Eu te amo, eu te amo... eu te amo por ontem... Eu te amo, por hoje. Eu te amo, por amanhã e sempre.

Eles trocam um longo beijo, suave. Ela se abraça nele, assustada.

SCULLY: - Como vim parar aqui?

MULDER: - Não importa. O que importa é que está aqui... Estava desmaiada, acordou em choque...

SCULLY: - Não me lembro de nada. Me lembro daquele brutamontes me atirando dentro do carro e... agora estou aqui.

MULDER: - Acabo de ligar pra sua mãe, ela estava preocupada.

SCULLY: - Mulder, estou há quatro dias assim? Eu não precisava dormir quatro dias. Você é que estava precisando.

MULDER: - Scully, acho melhor irmos ao médico. Não confio naqueles homens, podem ter feito alguma coisa com você.

SCULLY: - Alguma novidade nos últimos dias em que estive ausente?

Mulder senta-se no chão.

MULDER: - ... Recebi o álbum.

Scully olha triste para Mulder.

MULDER: - Havia algumas anotações de meu pai, sobre uma cadeia de DNA. E-eu... eu sou uma experiência deles, Scully. Talvez o óvulo nem fosse da minha mãe.

SCULLY: - Experiência?

Scully estende os braços. Mulder aproxima-se dela. Ela o abraça fortemente, chorando com ele.

MULDER: - E talvez a Samantha nem seja minha irmã. Sabe de uma coisa, Scully? Eu só tenho você. E de agora em diante, eu só vou fazer o que faço, por você. Nada mais me interessa.

SCULLY: - Mulder, não estou entendendo nada! Que experiência? Enviei seus cabelos para descobrir sua cadeia de DNA e descobrir quem é o seu pai!

MULDER: - Seja o que descobriu, Scully, era tudo uma mentira. Eu sou um híbrido.

SCULLY: - Mulder, o que você fumou? Tudo bem, você é estranho realmente, mas isso é absurdo! Quem contou isso à você?

MULDER: - Ele... (ENCHE OS OLHOS DE LÁGRIMAS) Eles fizeram com a minha mãe o mesmo que fizeram com você.

SCULLY: - Você não é mais o Mulder que eu conheci. Quero aquele Mulder de volta. Você está atordoado! Não pode confiar naquele sujeito!

MULDER: - ... O Canceroso matou a Teena.

Mulder levanta-se. Entrega um roupão de banho pra Scully. Scully sai da banheira. Abraça Mulder. Ele a abraça fortemente, chorando.

SCULLY: - Eu sinto muito, Mulder.

MULDER: - ...

SCULLY: - Mulder, por que eles me devolveram?

MULDER: - Não importa o porquê, Scully. Você está comigo de novo. É só o que me basta. Eu enfrentaria até o inferno pra ter você comigo...

Mulder a solta. Tenta se conter.

MULDER: - Coloque uma roupa, vamos fazer um check-up. Não quero o risco deles terem tirado seu implante ou feito qualquer outra coisa. Porque não acredito que vão deixar você perto de mim.

SCULLY: - Não nos entregaram no Bureau?

MULDER: - Não.

SCULLY: - Mulder, não estou entendendo. O que eles querem afinal? Eles abençoaram nosso relacionamento?

MULDER: - Não estou dizendo isso, mas... Scully, por favor, peço que confie em mim. Enquanto estiver do meu lado, estará segura. O jogo inverteu. Precisa ficar perto de mim, porque eu sou importante demais pra eles.

SCULLY: - ...

MULDER: - Vá colocar uma roupa, Scully. Vamos ao hospital.

Scully abraça-se nele.

SCULLY: - Mulder, o hospital pode esperar. Eu preciso abraçar você. Preciso do seu carinho, como nunca precisei antes...

Mulder a abraça fortemente. Eles ficam abraçados.


FBI – Gabinete do diretor assistente - 10:21 A.M.

Mulder e Scully entram. Skinner olha para os dois. Lança um sorriso de felicidade.

SKINNER: - Como estavam as férias em Miami, Scully?

Scully olha pra Mulder, sem entender. Olha pra Skinner.

SCULLY: - Boas, senhor... Desculpe o atraso, eu ... eu fui fazer alguns exames no hospital, exames de rotina.

SKINNER: - Espero que tudo esteja bem.

SCULLY: - Sim, senhor. Está tudo perfeitamente bem.

MULDER: - Vou voltar pra Maryland. Tenho de encerrar o caso da senhora Brown.

SKINNER: - Vocês dois estão de férias.

Mulder levanta-se. Sai da sala. Scully levanta-se.

SKINNER: - Agente Scully.

SCULLY: - Sim, senhor?

SKINNER: - Não minta pra mim. Pelo menos você, já que o Mulder não quer admitir. Você não estava em Miami, certo?

SCULLY: - Não, senhor.

SKINNER: - Agradeça à Deus e ao Mulder por estar ainda entre nós.

SCULLY: - Como assim?

SKINNER: - Cuide dele, Scully, não o perca de vista em Maryland.

SCULLY: - Senhor, está acontecendo alguma coisa que eu não sei?

SKINNER: - Vá para Maryland com Mulder, investigar esse caso. Não questione as atitudes dele, apenas observe-as. Quero um relatório sobre o comportamento dele, agente Scully.

SCULLY: - (INDIGNADA) O que está pretendendo fazer?

SKINNER: - Não me interprete mal, Scully. O relatório é extra-oficial. Eu só quero ajudar o Mulder.

SCULLY: - Como assim?

SKINNER: - Quando voltar de Maryland, vamos conversar. Confie em mim, por favor. Só quero ajudar. Não posso falar nada agora.

Skinner olha pros lados. Scully entende. Sai.


BLOCO 4:

Arquivos X – 8:57 A.M.

Mulder está sentado. Scully entra. Sorri pra ele. Ele sorri pra ela. O telefone toca. Mulder atende.

CANCEROSO (OFF): - Recebeu sua mercadoria? Espero que não esqueça o nosso pacto de confiança.

MULDER: - Jamais vou esquecer disso.

Scully olha pra Mulder, desconfiada.

CANCEROSO (OFF): - Para demonstrar que não sou uma pessoa má como você imagina, fiz reservas num hotel, suíte de luxo. Com direito à champanhe.

MULDER: - (RINDO, SARCÁSTICO) É o próprio demônio mesmo!

CANCEROSO: - Encare assim: Trato bem quem trabalha comigo. Terá tudo o que precisa, dinheiro, mulheres, carros. É só pedir.

Mulder desliga. Scully olha desconfiada pra ele.

SCULLY: - Quem era?

MULDER: - Vamos pra Maryland. Pegue suas coisas, Scully.

SCULLY: - ... Não vai fazer alguma piadinha do tipo “alguma coisa está fedendo por lá”?

Mulder sai da sala, sério. Scully começa a estranhar a apatia dele.


Hotel Apalaches – Maryland - 12:33 P.M.

Os dois entram no quarto. Scully abre a boca, espantada.

SCULLY: - Mulder, suíte de casal e de luxo? O que está acontecendo por aqui?

MULDER: - Presente do Skinner. Ele vai descontar das férias que me deve.

Scully olha pelo quarto. Vê uma garrafa de champanhe, flores, e uma caixa de presente sobre a cama.

SCULLY: - Mulder, o que é isso?

Scully olha pra caixa, está com o nome dela. Abre curiosa. Mulder fica observando, sem entender nada. Scully tira uma camisola.

SCULLY: - Mulder, você me surpreende! Isso é lindo, mas é caro demais!

Mulder olha espantado pra ela, começando a entender os “presentes” enviados. Ela o abraça. Mulder não consegue abraçá-la.

SCULLY: - Adorei, Mulder! Nunca imaginei que você me fizesse uma surpresa dessas. Vou trocar de roupa e vamos falar com a senhora Brown.

Mulder olha pra camisola, pras flores, pra champanhe. Fecha os olhos, sentindo raiva de si mesmo.

MULDER: - Vamos, Scully. Quero resolver isso tudo e voltar correndo pra minha casa.


6:47 P.M.

Mulder e Scully entram no quarto. Mulder atira-se no sofá. Liga a TV. Scully olha pra ele.

SCULLY: - Não quer tomar um banho?

MULDER: - Eu... eu quero assistir o noticiário.

SCULLY: - Tá bom.

Scully vai pro banheiro. Mulder fecha os olhos. Está perturbado.


07:16 P.M.[

Scully sai do banheiro, usando a camisola. Mulder percebe e fecha os olhos, fingindo que está dormindo.

SCULLY: - Mulder?

MULDER: - ...

SCULLY: - Mulder, acorda! Não pode dormir nesse sofá!

MULDER: - ...

SCULLY: - Puxa vida, Mulder! Me produzi para termos uma noite incrível e você fica aí roncando?

Scully vai pra cama. Vira-se de lado. Mulder abre os olhos e a observa, triste. Scully levanta-se. Mulder fecha os olhos, novamente. Ela vai até ele.

SCULLY: - Não vai dormir, não!

Scully o puxa pelas pernas, derrubando-o no chão.

MULDER: - Está doida, é?

SCULLY: - Acorda, preguiçoso!

MULDER: - Estou cansado! O que você quer?

SCULLY: - Mulder, o que está acontecendo com você? Está estranho!

MULDER: - Você é que está estranha.

SCULLY: - Eu? (RI) Não fui eu quem disse àquela mulher hoje à tarde que não acreditava nela. Mulder, estão fazendo experiências com ela, assim como fizeram comigo! E você simplesmente a chamou de maluca! Quer dizer que eu sou maluca também? É isso o que pensa? O que vai dizer em seu relatório?

MULDER: - Não era um Arquivo X, Scully.

SCULLY: - (INCRÉDULA) Como não, Mulder? Você já se esqueceu das coisas que fizeram comigo e com aquelas outras mulheres? Se esqueceu da dor que senti, da que sinto ainda dentro de mim? Se esqueceu do câncer que me deram? Como pode dizer que aquela mulher está tendo alucinações? Você viu as provas, Mulder!

MULDER: - Eu vou dizer o que vi. E não há nada lá. Apenas uma mulher perturbada pela solidão.

SCULLY: - (IRRITADA) Mulder, eu não acredito! O que está fazendo? O que está acontecendo com você?

MULDER: - Estou chateado, se esqueceu que perdi minha mãe?

SCULLY: - Não, Mulder. Não tem nada a ver com sua mãe.

MULDER: - Tenho um enterro amanhã, tá legal?

SCULLY: - Mulder, só quero te ajudar.

MULDER: - Pois se quer me ajudar fique longe de mim! Eu sou um monstro, uma abominação, Scully! Eu estou com nojo de mim mesmo!

Mulder levanta-se.

SCULLY: - Onde vai?

MULDER: - Voltar pra Washington. Este caso está encerrado por falta de provas.

SCULLY: - Mulder, temos que voltar lá e vigiar a casa durante a madrugada!

MULDER: - Perda de tempo.

SCULLY: - Tudo bem, se não quer ir, eu vou sozinha.

MULDER: - Você não vai sozinha até lá!

SCULLY: - Do que tem medo, é perda de tempo, não é?

Mulder olha pra ela.

MULDER: - Me desculpe, estou nervoso.

SCULLY: - Vou colocar uma roupa e vamos agora pra lá.

Scully abre o guarda roupas. Tira algumas roupas. Mulder está cabisbaixo.


Residência da Sra. Brown - 1:53 A.M.

Mulder observa a casa. Scully com ele. Os dois estão dentro do carro. Um carro se aproxima, Scully não percebe. Mulder, quando vê o carro, agarra Scully e a deita no banco. Beija-a na boca.

SCULLY: - (SURPRESA) Mulder, o que...

MULDER: - Você não disse que eu estava estranho?

SCULLY: - Você é doente, Mulder!

Mulder ergue a cabeça. Vê Krycek entrando na casa. Olha pra Scully, que está deitada no banco.

MULDER: - Quero fazer amor com você.

SCULLY: - Agora? Mulder, o que está acontecendo com você? Está agindo estranho, como se escondesse alguma coisa de mim.

MULDER: - Scully, entenda que...

Mulder ergue a cabeça. Olha pra casa. Olha pra Scully.

MULDER: - ... eu passei esses dias preocupado, andando de um lado para outro, sem...

Mulder olha pro alto da casa. Uma nave imensa está pairando no ar. Mulder fica boquiaberto. Scully olha pra ele.

SCULLY: - O que foi, Mulder?

Scully tenta se levantar, ele a segura. Beija-a na boca. Scully se irrita e dá tapas nele.

SCULLY: - Mulder, não quero nada com você hoje! Você brigou comigo o tempo todo, não adianta pedir desculpas agora.

MULDER: - Scully, me abraça?

SCULLY: - Abraçar?

Mulder suspira. Scully o empurra, mas ele reluta pra sair de cima dela.

SCULLY: - Mulder, seu bastardo! Me larga!

Scully continua gritando. Mulder ergue a cabeça e vê o carro indo embora. A nave sumiu. Mulder sai de cima de Scully. Scully ajeita a roupa e vê o carro indo embora.

SCULLY: - Que carro era aquele?

Mulder liga o carro.

SCULLY: - O que está fazendo?

MULDER: - Vamos embora.

SCULLY: - Mulder, que carro era aquele?

MULDER: - Não sei... Que carro?

SCULLY: - Pára essa droga, Mulder! Ou eu vou pular!

Mulder pára o carro. Scully mete um tapa na cara dele. Mulder fica quieto, aceitando aquilo. Liga o carro. Scully não fala nenhuma palavra com ele.


FBI – Gabinete do diretor assistente - 9:47 A.M.

Mulder entrega o relatório à Skinner.

MULDER: - Não era um Arquivo X.

SKINNER: - Concorda com ele, agente Scully?

SCULLY: - Não. Não mesmo! Mulder você viu alguma coisa lá e me enganou! O que você viu?

MULDER: - Não vi nada.

Mulder levanta-se. Skinner olha pra ele.

SKINNER: - Recebi um telefonema hoje cedo. A senhora Brown cometeu suicídio, durante esta madrugada. Acharam-na com uma bala na cabeça.

Mulder fecha os olhos, culpado.

SKINNER: - Queria mandar a agente Scully fazer uma autópsia. Mas o corpo desapareceu esta manhã.

Mulder sai da sala. Scully olha pra Skinner.

SCULLY: - Ele ocultou informações. Ficamos num hotel reservado em nome dele, com todo o luxo que você pode imaginar. O que está acontecendo com o Mulder?

SKINNER: - Acredito que ele está agindo desse jeito porque teve de negociar com aquele homem, em troca da sua vida.

SCULLY: - (FECHA OS OLHOS) ...

SKINNER: - Ele precisou... Scully, vamos sair daqui, por favor. Prefiro ir para o corredor.

Scully e Skinner saem da sala. Ficam no corredor. Skinner olha pra todos os lados, nervoso.

SKINNER: - Os Pistoleiros abriram o jogo comigo. Estavam preocupados com o Mulder. Por favor, ele não sabe que estou sabendo de tudo. Acho que não quis me envolver por medo de que algo me aconteça.

Um agente passa por eles. Skinner cala-se. O agente aguarda o elevador. Eles disfarçam. O agente entra no elevador. A porta se fecha. Skinner olha pra Scully.

SKINNER: - O Canceroso queria que o Mulder matasse o Frohike, assim devolveria você. Não pode imaginar o que ele tem passado nos últimos dias.

SCULLY: - ...

SKINNER: - Ele precisa trabalhar para o Canceroso se quiser que nada aconteça com você.

SCULLY: - (BATE COM O PUNHO NA TESTA) Como fui burra, meu Deus! Não percebi isso!

SKINNER: - Nada, nenhum papel denunciando o envolvimento de vocês deu entrada por aqui. Scully, conheço esses homens e sei do que são capazes. Vão usar o Mulder e depois descartá-lo. Aposto que forjaram mais uma mentira, porque sabiam que precisava ser algo muito grave para fazer vocês dois se separarem. Algo mais grave que infrações de regulamentos aqui dentro. Estão armando alguma, fique atenta.

SCULLY: - Por isso Mulder está desse jeito! Ontem à noite me deixou em Maryland e voltou pra Washington, arrasado.... Ele deve estar se sentindo culpado pela morte da senhora Brown!

SKINNER: - Estão destruindo o resto que sobrou dele. Scully, apoie o Mulder e faça-o entender que negociar com aquele homem não é a solução. Você é a única que pode convencê-lo disso!

SCULLY: - E onde está o Frohike?

SKINNER: - Em segurança, no México. O Mulder e os três patetas fizeram uma simulação. O Sindicato pensa que o Frohike está morto. Não sei até quando vamos conseguir enganá-los. Quando souberem, vão tentar se vingar. E você vai ser a primeira a saber disso. Virão atrás de você.

Scully suspira. Fica nervosa e ao mesmo tempo, cerra os punhos de ódio.

SKINNER: - Scully, estou de mãos atadas nessa história. Eu não tenho como tirar vocês dois dessa!

SCULLY: - Vou atrás dele, senhor. O Mulder vai ter que me ouvir!


Arquivos X – 9:51 A.M.

Scully entra, quase derrubando a porta. Mulder está sentado na cadeira, de costas pra ela.

SCULLY: - Eu quero saber o que está acontecendo por aqui!

MULDER: - ...

SCULLY: - Mulder, a impressão que tenho é que você não é você! É um clone, embora eu não acredite nessas coisas!

MULDER: - ...

SCULLY: - Mulder, fala comigo! Pelo menos um ai!

Mulder vira-se com a cadeira. Olha pra ela.

MULDER: - Sai daqui.

SCULLY: - (INCRÉDULA) O quê?

MULDER: - (GRITA) Sai daqui! Eu não gosto que fique me interrogando! Eu tenho os meus motivos, está certo? Você mesma disse que existem coisas que tem o momento certo para serem reveladas. E eu não quero falar disso. Tenho que ir ao enterro da minha mãe que não é minha mãe. Tenho que ouvir você dizer que eu não sou eu. Estou ficando doente, Scully! Se estava estafado, agora é crônico! Não sabe um terço das pressões que vivi nos últimos dias!

SCULLY: - Mulder, eu só quero ajudar.

MULDER: - Pois se quer ajudar, fique fora disso. Já é uma grande ajuda!

O telefone toca. Scully corre e atende.

SCULLY: - Scully.

AGENTE HUDSON (OFF): - Agente Scully, é o agente Hudson. Estou com as amostras que você e o agente Mulder estão investigando. A agente DeWitt sumiu, não veio trabalhar, mas eu posso passar os resultados. Pode vir aqui por um momento?

SCULLY: - Tá.

Scully desliga. Olha pra Mulder.

SCULLY: - Os resultados do seu DNA estão prontos. Foram comparados com aquela cadeia genética que estava no papel que achou dentro do álbum.

MULDER: - (IRRITADO) Por que mandou amostras do meu cabelo, sem o meu conhecimento?

O telefone toca. Scully atende.

SCULLY: - Agente Scully.

CANCEROSO (OFF): - Eu sei o que ouviu naquela noite nos Vinhedos. Se quer manter Mulder vivo, cale sua boca.

SCULLY: - (IRRITADA) Cale a boca você! Está pensando o quê, seu bastardo miserável? Acha que tenho medo das suas ameaças? Vamos resolver isso cara a cara, se você é homem! Ou precisa se esconder atrás dos seus capangas porque tem medo de uma mulher? Hein, ô imbecil?

Mulder, sem entender nada, arregala os olhos.

CANCEROSO (OFF): - Não diga nada ao Mulder. Quero poupá-lo das atrocidades que vão acontecer! A imbecil é você! Se contar à ele, todos vão saber. Tenho inimigos que adorariam saber a verdade sobre o Mulder.

SCULLY: - Chega de mentiras, seu assassino frio!

CANCEROSO (OFF): - Se contar vão se vingar nele. E eu não poderei fazer nada. Entendeu, sua vagabunda de quinta categoria? Acha que pode saber mais do que eu? Conte ao Mulder e o perderá de vez.

SCULLY: - (GRITA FURIOSA) Vagabunda é a mãe!

Scully desliga o telefone. Mulder olha assustado pra ela.

MULDER: - Quem era?

SCULLY: - (FURIOSA) Um filho da puta! Agora vamos subir e eu vou esfregar aquelas amostras no seu narigão pra você ver que está sendo enganado, seu bastardo, otário e burro!

MULDER: - (PÂNICO) Nossa! Que boca suja a sua!

SCULLY: - (FURIOSA) Mulder não me teste! Estou furiosa! Levante já daí ou vai ouvir mais coisas sujas!

Scully sai batendo a porta. Mulder vai atrás dela, ainda assustado.

MULDER: - Quer saber a verdade, Scully? Talvez esteja dormindo com um alienígena, mas você não acredita neles.

Scully vira-se pra ele.

SCULLY: - (IRRITADA) Quer saber, Mulder? De agora em diante, só quero alienígenas na minha cama. Eles são mais quentes!


10:01 A.M.

Mulder e Scully entram no laboratório. Mulder nervoso. Scully irritada. O Agente Hudson os recebe.

AGENTE HUDSON: - A agente DeWitt está desaparecida desde ontem. Mas eu tenho os resultados. Ela deixou em um envelope, com um bilhete pra você, Mulder.

Mulder pega o envelope.

AGENTE: - A cadeia de DNA escrita no papel confirma sua presença nas amostras de cabelo. Há alteração de DNA. Não descobrimos a origem da mutação. Comparamos com várias amostras de DNA. Temos uma pessoa, que combina com as amostras. Ela, com certeza, é a mãe desse sujeito que estão investigando.

Mulder abre o envelope. Há um papel. Mulder olha pra foto no papel. Sente-se tonto. Deixa o papel cair no chão e sai desesperado da sala. Scully junta o papel do chão.

Close no papel, onde se lê: Margaret Scully.

Scully olha pro agente, catatônica.

SCULLY: - Tem certeza...

AGENTE: - Absoluta, agente Scully. Esta mulher é a mãe dessa pessoa da amostra que você nos enviou.

Scully fecha os olhos.

SCULLY: - Como eles conseguiram fazer isso? (CERRA OS PULSOS) Bando de desgraçados mentirosos!!!! Essa foi a mentira mais vil e desprezível que podiam arquitetar!!!!!!


Cemitério de Rhode Island - 12:46 P.M.

Mulder coloca uma rosa sobre o caixão de Teena, chorando. O Canceroso assiste a tudo de dentro de um carro, fumando um cigarro, completamente abalado.

Mulder afasta-se. Entra em seu carro e sai. O Canceroso desce do carro e vai até o caixão de Teena. Coloca rosas sobre ele.

CANCEROSO: - Eu vou pegar o desgraçado que fez isso. Eu juro pra você.

O Canceroso segura as lágrimas.

CANCEROSO (OFF): - Eu amava você. Sei que sou um monstro, mas o meu único lado humano era você. Não espero que me perdoe, nem que nosso filho algum dia me perdoe. Mereço tudo o que estou passando. Toda a dor. Mas suas lembranças sempre ficarão em mim. Enquanto eu puder olhar seus olhos nos olhos de Mulder.

Fade out.


20/12/1999

21 de Noviembre de 2018 a las 01:12 0 Reporte Insertar Seguir historia
1
Fin

Conoce al autor

Lara One As fanfics da L. One são escritas em forma de roteiro adaptado, em episódios e dispostas por temporadas, como uma série de verdade. Uma alternativa shipper à mitologia da série de televisão Arquivo X.

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