Notas Iniciais:
Essa fanfic foi feita pro desafio 5 for 5 do grupo Kayler Fanfics
Conjunto de música número 14.
Música: Faz Parte Projota Feat. Anitta
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Observou a chuva cair. Não tinha muita noção de que horas eram, mas a julgar pela escuridão morro abaixo e pela lua alta no céu presumiu já passar das duas da manhã.
Não estava cansado, pelo contrário, seu corpo tinha tanta energia que poderia correr uma maratona, ou fugir quando a polícia baixava nos frevo, contudo Bakugou preferia ficar ali, curtindo aquela estranha saudade que estava se apoderando do seu peito de pouquinho em pouquinho nos últimos dias. A quanto tempo não o via? Mais de um mês, tinha certeza, porém o tempo ao mesmo tempo que tendia a passar apressado, parecia parar e não andar mais. Às vezes Bakugou esquecia que o conheceu, outras ele esquecia como era viver sem ele e tudo ficava mais ou menos assim: sentir saudade a ponto de querer ir atrás, mas não ligar o bastante para ir.
Levou a cerveja até a boca; o líquido amarelado e amargo tocou sua língua e o loiro, bochechou tentando apreciar o máximo que conseguia da cerva e então engoliu sentindo o seu corpo quente resfriar com o gelado da bebida graças a baixa temperatura da sua latinha de Skol. Repousou sua mão direita na coxa, seu short jeans estilo militar protegendo a pele do alumínio gelado, e olhou para sua mão esquerda, onde segurava com firmeza um porta retrato grande.
Aproximou o objeto dos seus olhos – sua visão já era péssima e com a escuridão da pequena sala piorou bastante – e deu um sorriso de canto de boca, bem malicioso e com uma diversão sacana brilhando em seus olhos ao lembrar quando a foto em questão havia sido tirada. Foi um dos seus primeiros encontros; já tinham ficado e, depois de treparem como coelhos em todo canto escuro e escondido de possíveis olhares, Bakugou aprendeu algumas coisas interessantes sobre Deku; como, por exemplo, o fetiche escancarado por sexo em público. A fotografia foi tirada em uma bela festa de uma amiga que os dois tinham em comum, Mina – a mina mais famosa do morro do Vidigal. O lugar era onde ela, Katsuki e Eijirou moram e todos do grupo de amigos dos três foram nessa festa, a única onde até mesmo Shoto e Hitoshi, que nunca iam para um frevo com o grupo, apareceram.
Katsuki lembrava com perfeição daquela noite. Deku sempre bebia caipirinha para deixar a timidez de lado e, após o álcool fazer efeito no moreno, as coisas costumavam pegar fogo logo depois. Dessa vez não foi diferente; depois de alguns copos, Izuku o arrastou para a parte de trás da casa de Mina e decidiu que iriam transar ali mesmo. Katsuki não reclamou, adorava a falta de vergonha do outro quando bebia – não que Midoriya estivesse bêbado, só mais desinibido. E só de lembrar, Katsuki poderia gozar gostoso do outro homem rebolando e gemendo pedindo por mais... Aqueles eram bons tempos.
Foi logo depois o sexo que eles tiraram a foto, tanto que dava para notar pelas bochechas coradas do Deku, o sorriso malandro de Katsuki e as roupas amarrotadas de ambos. Seus amigos passaram a noite toda fazendo piadinhas e tirando sarro, como se isso pudesse incomodar os dois rapazes – minutos depois os dois já estavam trepando no banheiro.
Bakugou abaixou o porta retratos e voltou a olhar nostálgico para a janela que estava embaçada demais para permitir qualquer visão das casas morro abaixo. Não que isso importasse, Katsuki estava distraído demais para ligar.
Pensar no dia da foto com a galera automaticamente o fez se lembrar de quando se conheceram: um episódio muito parecido com a situação daquela fotografia. Bakugou se lembrava de ter olhado Deku de longe e pensado “nunca vi esse burguesinho aqui”; sua antipatia pelo moreno foi quase que imediata. Izuku estava parado tímido no canto, olhando ao redor como se estivesse em outro mundo e tremendo como vara verde, os dois foram apresentados por Mina que havia conhecido Midoriya na praia. Ela disse que se interessou por ele por causa dos olhinhos puxados e o cabelo verde. Deku, descendente direto de japonês por parte de mãe – a toda a família dela tendo nascido e vivido lá – ficou envergonhado e praticamente se escondeu atrás da nova amiga ao receber o olhar atravessado de Bakugou. Não foi surpresa que Katsuki agiu como um tremendo idiota com Deku a noite toda, o chamando de riquinho metido, o destratando e ainda gritando aos quatro ventos que rapaz era insuportável. Izuku, que não estava acostumado com festas, com uma forma de dançar tão sensual que era o funk e com um comportamento tão bruto quanto o do loirinho irritado, ficou ainda mais encolhido no canto, mas isso não durou muito. Mina, tentando animar o novo amigo e desfazer o estrago do seu loiro idiota, ofereceu uma caipirinha para o moreno. Deku, que jamais havia colocado um pingo de bebida na boca antes por causa da sua família que era muito rigorosa sobre o comportamento correto para um jovem ter, ficou todo alegrinho depois do primeiro copo.
Não foi preciso mais do que três copos para Izuku soltar tudo o que estava reprimido dentro de si a mais de vinte e três anos. Pediu para Mina ensiná-lo a dançar daquele jeito e, como o bom aluno que sempre havia sido, aprendeu rápido qual era a melhor forma de rebolar, quicar e remexer os quadris, se arriscando até nas caras e bocas; língua passeando pelos lábios, olhos semicerrados e bochechas coradas de forma pecaminosa. A expressão mais sexy que Bakugou já presenciara na vida.
Depois disso as coisas pegaram fogo.
Katsuki soltou uma risadinha e limpou o vidro embaçado, voltando a ter uma visão aceitável do céu repleto de estrelas, da garoa fina atingindo os telhados das casas abaixo da sua ladeira, da cidade e litoral do Rio de Janeiro. Seu lar era alto o suficiente para ver boa parte da zona sul.
Bakugou sempre achou engraçado como era a vida: Uma hora estava esbravejando sobre o metidinho de merda que Mina não deveria nem chegar perto, quanto mais trazê-lo para sua comunidade, para o morro deles, e na outra estava literalmente babando naquela raba gostosa balançando de um lado pro outro enquanto Midoriya dançava em cima da mesa. E nossa, que raba; que corpo. O menino se mostrou muito safado, quicando, descendo e subindo ao som de Vai Malandra da Anitta, de forma bem sugestiva. A canção parecia falar exatamente sobre Izuku, pois além de estarem basicamente no mesmo ambiente do videoclipe – um morro no Rio, a música parecia feita para narrar a dança de Izuku.
“Ê, ‘tá louca tu brincando com o bumbum”.
Quando Katsuki chegou mais perto, justamente tentando atrair a atenção da nova estrela da festa, vendo como todos só tinham olhos para aquele requebrado. Quando o Izuku o notou, ele o olhou intensamente e Bakugou sentiu o corpo arrepiar. No exato momento em que os dois homens se encararam o refrão tocou:
“’Tá pedindo, an an.
Se prepara, vou dançar, preste atenção an, an tudumdum an, an.
Cê aguenta an an.
Se eu te olhar.
Descer, quicar até o chão.”
O olhar dele era tão sugestivo, transparecendo a excitação e claramente pedindo para Katsuki fazer o que a música sugeria:
“Desce, rebola gostoso, Empina me olhando, Te pego de jeito, Se eu começar embrazando contigo, É taca, taca, taca, taca”.
E, ah, como Bakugou o pegou de jeito; a noite toda.
Acabaram dançando juntos, Katsuki até subiu na mesa e deitou para Deku usá-lo a vontade. Foi cada rebolada no seu colo, sua mão esperta apertando as coxas firmes e a bunda durinha do moreno. Passaram uma noite de preliminares, comendo um ao outro com o olhar, trocando sorrisos maliciosos, às vezes soprando uma sacanagem no pé do ouvido e atiçando aquele que, mais tarde, seria seu amante.
A primeira noite deles foi intensa. Bakugou sempre foi entusiasmado quando o assunto era sexo, mas nada no mundo se comparava a Izuku. O garoto era insaciável, sempre pedindo mais; com mais força, em outras posições e em outros lugares na casa. Pela primeira vez na vida, Bakugou se encontrou realmente exausto. E talvez tenha sido isso que os juntou por todo esse tempo, eles eram uma combinação perfeita de fogo e gasolina, a ebulição era instantânea. Incontrolável. Deku era irresistível de tantas formas; o corpo sensual que aprendeu muito bem a seduzi-lo seja dançando ou apenas andando para a cama e o chamando como em um encanto, os olhos esverdeados como esmeraldas que escureciam com o desejoso, mas também brilhavam com carinho, ou com divertimento não disfarçado e ao mesmo tempo malícia, o chamando para brincar na cama do jeito que os dois gostavam. A boca que sorria de lado; os dentes que mordiam os lábios desavergonhadamente e que se prendiam a um sorriso de pura felicidade porque pode o ver o efeito que tinha em Bakugou. Tudo. Absolutamente tudo Midoriya atraia Katsuki de uma forma inexplicável e o loiro adorava. Era por isso que pegava Deku com vontade, em qualquer lugar, em qualquer momento.
Continuaram se vendo depois disso, quase sempre perto do final de semana, chegando a passarem até mesmo os dois dias de folga, tanto sua quanto de Izuku, se pegando. Sem perceberem, eles acabaram se apegando também e depois de um tempo as coisas deixaram de ser apenas trepada para ser conversa, convívio e discussões. Não que estivessem namorando, nunca rotularam aquilo que tinham, mas o relacionamento era tão complicado e descomplicado ao mesmo tempo que Katsuki não sabia responder o que, de fato, eles realmente eram. Não dava pra explicar naquela época e ainda não dava pra explicar agora. De repente, Katsuki não ficava com mais ninguém e Izuku também parecia ter seguido esse mesmo caminho sem que eles precisassem fazer qualquer acordo.
Midoriya contou para Bakugou praticamente toda sua vida, detalhes íntimos como o quanto foi obrigado a estudar e seguir um padrão japonês mesmo nascendo e morando no Brasil, contando como, quando eles se conheceram, aquela havia sido a primeira vez que Deku se sentiu livre. A intimidade cresceu ao ponto de Bakugou saber que Izuku nasceu em Goiânia e estava no Rio puramente para fins acadêmicos, que escolheu administração para cuidar da pequena empresa de transporte do pai – o loiro questionou se era isso que ele queria, mas Izuku se limitou a dizer que foi programado pra fazer isso e que não conseguia se ver fazendo qualquer outra coisa: “Além do mais, eu já estou no penúltimo semestre, não vou parar tudo agora.” disse o moreno, resignado. Quando Katsuki ainda insistiu no assunto, Deku respondeu de forma simples: “Meus pais não deixariam, de qualquer forma. O apê onde eu tô morando, meus estudos, roupas, a comida e até mesmo a luz e água; são meus pais que pagam. Não me sustento e nem tenho como passar a me sustentar agora.”
Esse foi o motivo para a primeira briga séria deles, uma briga feia.
Bakugou, que nasceu na favela e só tinha a mãe para sustentar toda a casa, aprendeu cedo a se virar: Primeiro nos afazeres domésticos – enquanto Izuku não sabia fritar um ovo – segundo arranjando um trabalho de meio período com apenas quatorze anos. Katsuki achou completamente ridículo que Midoriya não saísse das asas dos pais, principalmente quando o próprio só tinha vinte e quatro anos e já se sustentava, tendo até uma pequena casa no morro onde cresceu, e acabou batendo boca com o moreno. Izuku, que sempre teve tudo facil financeiramente e viveu um inferno sem poder mandar na própria vida, rebateu todas as coisas que Katsuki afirmou como verdade absoluta tentando explicar que não era assim que famílias como a dele viviam, contudo o que ele quis dizer foi famílias tradicionais japonesas, pois querendo ou não era o que sua mãe era, e até seu pai que viveu no Japão por anos também pensava assim. Mas Bakugou não entendeu assim e ficou ofendido por achar que Deku estava jogando sua posição social na sua cara, acabando por dizer algo que se arrependeu profundamente depois:
“Admite que você não quer ir contra seus pais para não perder seus privilégios e a boa vida, não é, burguesinho?! Aposto que morre de medo de ter que limpar as coisas dos outros ou pegar no batente!”
Izuku ficou realmente chateado com aquilo e sumiu por uma semana sem atender o telefone. Diferente das outras vezes, onde Katsuki o chamava de burguesinho como implicância, dessa vez ele usou como insulto. Bakugou precisou ir até a Universidade Federal do Rio de Janeiro, mais conhecida como UFRJ, para conseguir falar com o outro rapaz e se desculpar. As pazes foram feitas na cama, obviamente.
Não foi a única briga, mas foi de longe a mais pesada. No geral, ambos se provocavam, discutiam, faziam as pazes e transavam; em casos mais sérios, eles ficavam um tempo sem se ver até se sentirem preparados para conversarem, se resolverem e então transarem mais uma vez.
Katsuki suspirou e bebeu mais um gole da sua cerveja que já começava a ficar quente. Como estava com saudades daquele idiota.
Como designar o que eles tinham? Os amigos de ambos zombavam com sua possessão e ciúmes de Izuku e Katsuki nem podia reclamar já que tava sempre rosnando ou com os braços ao redor da cintura do moreno para mostrar que Deku era seu. Izuku não reclamava já que era tão possessivo quanto o loiro. A guerra mesmo acontecia quando eles ficavam um tempo separados por qualquer besteira e iam para a mesma festa. Era uma troca de ciúmes e uma disputa besta de quem mais provocava o outro para, no final, os dois terminarem se pegando pelos cantos da grande ladeira do morro do Vidigal em busca de chegarem minimamente vestidos na casa de Bakugou.
Sim, eles eram uma comédia que os amigos adoravam assistir e se acabarem de rir. Katsuki não os julgava. O próprio se viu soltando uma risadinha lembrando agora de tudo que passaram.
Ele costumava chamar Izuku no meio da noite: “Coloca um moletom e vem que eu tô louco pra te ver” dizia irritadiço, mas com carinho. E normalmente eles já haviam se visto naquela manhã porque Deku pegou a mania de passar a noite e ir do morro para a universidade, então Midoriya ia pra favela sem medo e beijava com saudade a boca do seu loiro assim que chegava na ponta do morro onde sabia que Katsuki o aguardava.
Bakugou se via irrevogavelmente louco por aquele burguesinho.
Mas nem tudo que é bom dura muito.
Katsuki olhou para sua cerveja apoiada na sua perna com tristeza.
Izuku precisou viajar para o Japão junto dos seus pais em uma visita aos avós durante as suas férias prolongadas. Ele tinha afirmado que voltaria dentro de dois meses, mas para Bakugou pareceu como se já houvesse se passado um ano. E se Izuku resolvesse ficar por lá? E se ele se apaixonasse por um japa qualquer? E se não estivesse sentindo tanta saudade do loiro quanto Bakugou sentiu dele?
Deveria ligar? Diria o que? “Tô morrendo de saudades, volta logo?”, ou um “não ouse ficar com ninguém e me largar aqui”? Não sabia se deveria entrar em contato, eles não tinham nada, não estavam de fato namorando…
Bakugou foi retirado das suas divagações quando sentiu uma vibração no banco onde estava sentado. Olhou para o celular que estava entre suas pernas e deu um sorriso.
Na tela o nome “Deku” piscava.
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