toranja_ Ana Clara

Dizem que apenas temos uma vida, então temos que aproveitá-la. Esqueça todos os problemas, todas as desilusões amorosas. Apague todas as pessoas que já te fizeram mal de sua memória e corra atrás de uma nova historia. Liberte-se!


Cuento Todo público.

#anjo #oneshot #amor #liberdade #aceitação
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Capitulo único.

“Dizem que apenas temos uma vida, então temos que aproveitá-la. Esqueça todos os problemas, todas as desilusões amorosas. Apague todas as pessoas que já te fizeram mal de sua memória e corra atrás de uma nova historia. Em apenas um dia de aventura , você percebera que ela valeu por todos os anos que você, sua mãe, seu pai, seu irmão, primos, amigos... Enfim, todos eles já viveram. Saia dessa vida monótona. Erga um grande “Dane-se” para todos que já te criticara e corra, mais corra com vontade, para alem do horizonte, para longe dos maus olhados, para longe da fofoca e da inveja. Seja feliz, essa é a hora de você ser feliz!

As pessoas dizem tantas coisas, elas tem tantos sonhos, mas apenas uma grande maioria realiza a metade de seus desejos e essas mesmas pessoas dizem que so vivemos uma vez. Ironia não? É por isso que você, agora, nesse minuto, nesse milésimo de segundo. Pegue suas coisas e correra para longe. Corra para sua felicidade meu filho.” – Com amor, sua mãe que sempre lhe amara, mesmo que longe e mesmo que você duvide as vezes dessa amor.

Limpei as lagrimas que insistiam cair de meus olhos e respirei fundo. Eu encarava aquela porta enorme que mais parecia me levar para o suicido do que para a liberdade. O mundo é estranho, mas eu sou muito mais e só quem me conhece, sabe disso, mas eu estou cansado de ficar sozinho. Depois que mamãe se foi, eu passei a ser solitário e digo para quem quiser ouvir, ser sozinho não é nada bom. Você fica triste, a depressão é sua única companhia e os ruídos que essa casa velha e abandonada faz. Eu tenho pavor de ficar aqui, mas se eu sair será tão assustador para mim e para os outros. Eu saí de casa apenas uma vez, quando ainda era pequeno, apenas com algumas voltas nas ruas, já me fez voltar para casa chorando escandalosamente. As pessoas são ruins e veem defeito em tudo. Elas me olharam de uma forma que me deixou totalmente constrangido de ser eu. E sabe o pior? Muitas delas idolatram anjos, então por que eles não gostam de mim? Talvez seja porque eu me aceito com o jeito que sou, ou porque tenho asas e não possuo o dom de voar entre o céu a fora. A culpa não é minha que nasci assim, que me deram essa vida, esse belo par de asas que com certeza os deixa com inveja. Sei que mamãe brigaria comigo se eu contasse esse pensamento para ela. Ela me dizia que sempre devo ter bons pensamentos sobre esses seres humanos que habitam a Terra.

Vi a maçaneta da porta sendo forçada e corri para me esconder. Deve ser aqueles malditos adolescentes que vivem tentando entrar aqui quando anoitece. As vezes eles conseguem, mas nunca me viram, só estão preocupados em beber, fumar e “namorar”. É horrível vê-los fazendo essas coisas. Eles têm uma vida e deveriam aproveitá-la de uma forma boa, não se matando com drogas e outros. Queria que eles saíssem daqui, é a minha casa, mas tenho medo de aparecer e eles fazem alguma coisa.

– Você não pode viver de uma forma negativa. – Ouvi a voz de doce e tranquila de minha mãe em minha cabeça.

– Mas também não posso sair daqui. – Virei a vendo sentada no chão.

Escondi minha cabeça no meio das minhas pernas e fechei os olhos com força quando eles começaram a fazer barulho. Isso sempre me dá dor de cabeça, a música que eles escutam não são nem um pouco angelicais, capaz de você acabar surdo se escutar essas coisas no último volume. Sem contar que as letras não são favoráveis a qualquer tímpano, seja de humano ou de animais, muito menos para uma criatura como eu. Eles aumentaram mais um pouco o som de onde está saindo essa música horrível e nesse momento, eu cheguei ao meu limite, não vou ficar aguentando essas baixarias na minha própria casa. Levantei e desci pelo outro lado da escada que dá na cozinha e tem uma entrada para a sala. Respirei fundo algumas vezes para conseguir fazer com que meu coração acelerado por conta do nervosismo que sentia desacelerasse, não dei muito certo, é claro, mas fui para a sala com toda a força e esperança que tenho em mim. Ao aparecer na entrada, uma menina me olhou e aquele olhar não iria me assustar mais.

– Com licença. – Falei educado e os outros nem me deram bola. – Com licença. – Pedi mais uma vez e continue sendo ignorado. – Com licença! – Gritei irritado com essa falta de respeito. – Tem como vocês desligarem essa música horrível e saírem da minha casa!

– Sua casa? – Um cara riu e veio até mim. – Aqui é a sua casa?

– De voces eu tenho certeza que não é. – Cruzei os braços. – Agora saiam, não quero arrumar briga.

– Mas vai. – Ele me segurou pelo pescoço e me ergueu.

– Eu pedi com educação... – Respirei fundo duas vezes. – Saiam daqui.

– Você não mora aqui, aberração!

– Diante dos olhos de Deus somos todos iguais, aberração. – Dei um pequeno sorriso. – Agora me largue.

– Deus não existe. – Ele me jogou contra a parede.

– Talvez para você não, mas pra mim ele existe. Não pode diminuir a fé dos outros, so porque é mesquinho e não acredita nela.

– Você é tão patético.

– É você é um simples humano. – Encostei um dedo em sua testa e ele foi ao chão resmungando de dor. – Por favor, pegue ele e saiam daqui.

– Aberração! – Eles começaram a gritar.

– SAIAM! – As coisas começaram a tremer e a única luz presente ali foi apagada, ficando tudo escuro. – Agora!

Ouvi passos apressados e tudo ficou em silencio. Me acalmei e a luz voltou. Sorri aliviado e percebi que eles haviam deixado a porta aberta. Fui ate ela e olhei para fora, ja dava para ver o sol surgindo no horizonte, bem longe daqui, aonde meros seres humanos nunca seriam capaz de enxergar. Encostei-me no batente da porta e fiquei olhando para entre alem da cidade, que permanecia silenciosa e um pouco escura. Olhei para o céu e uma estrela cadente passou por cima de minha casa, caindo em uma montanha um pouquinho longe daqui. Aquele pico ficou brilhando por um tempo e depois se apagou. O que sera que é aquilo? Nunca vi uma estrela por aqui.

– Se aventure, meu amor. – Novamente, a voz de mamãe apareceu em minha cabeça. – O mundo está diante de seus olhos, basta segui-lo.

Sorri com suas palavras e corri para meu quarto, aonde preparei uma pequena mala. Coloquei dentro da mesma uma foto de minha mãe, a carta que ela me escreveu e o ursinho que a mesma me deu certa vez. Fui ate o banheiro e me encarei no espelho do banheiro.

– É o que ela quer e o que ela quer é lei.

Vesti um sobretudo que escondia minha asas, peguei minha mala e sai porta a fora, deixando a casa que morei anos abandonada de vez.

***

Já havia amanhecido de vez e os moradores da cidade já saiam de suas casas para irem trabalhar, alguns me encaravam e ficavam assim ate eu passar. A vontade de chorar foi tanta, mas não fiz tal ato, não irei mais abaixar a cabeça para esses estranhos. Segui meu caminho sem medo e conseguir ouvir um grupo de homens falando sobre o que aconteceu em minha casa de madrugada, parece que os adolescentes que estavam la estão traumatizados e um deles não para de gritar de dor, provavelmente é aquele arrogante e sem educação que tentou arrumar confusão comigo.

– O ajude pequeno. – A voz dela voltou.

– Mas mamãe... – Aquelas pessoas me olharam e passei rápido pelas mesmas.

– Você não é mal, o menino pode ter todos os defeitos do mundo, mas não merece ficar sentindo dor. Vá ajudá-lo.

Ela está certa, sempre está! Mas como vou achar esse menino? Bom, se ele está com dor, deve ter ido para o hospital, então terei que ir para ela, pior que o mesmo fica para o lado oposto de onde estou indo.

***

Cheguei no hospital e na frente do mesmo estava cheio de pessoas e carros de policial. Encolhi-me assustado com aquela situação e tentei arrumar um jeito de conseguir entrar, mas estava impossível cometer tal ato. Rodei o edifício inteiro e avistei uma porta, mas a mesma estava trancada por dentro. Olhei para cima e vi uma escada de emergência. Pulei algumas vezes para tentar alcançá-la, mas não estava conseguindo, não alcanço. Olhei em volta e avistei uma lixeira. A arrastei até aonde está a escada e subi em cima dela segurando forte minha bolsa. Dei um pulo e conseguir segurar a escada de ferro. A subi sem dificuldade e cheguei no terraço. Fui até uma porta que há ali e a abri, dei em várias escadarias. As desci com pressa e parei abri outra posta. Não sei aonde o menino esta, mas conseguia ouvi-lo gritar daqui. Comecei minha busca pelo infeliz e o achei em um quarto cercado por pessoas. Não vou conseguir entrar, terei que esperar esse povo ir embora.

Entrei no quarto ao lado, aonde há uma menininha dormindo em uma maca. Me aproximei da mesma e peguei sua fixa, vendo escrito seu diagnóstico. A pequena está com câncer.

– Pobre criança. – Parei ao seu lado e beijei sua testa enquanto alisava seu cabelo.

Fechei os olhos e coloquei minhas mãos em cima de seus olhos fechados. Mamãe sempre me dizia que eu tinha o dom de curar as pessoas, do mesmo modo que consigo fazê-los sentir dor. Então, ajudarei essa princesa, ela ainda tem muito o que viver. Não sei se dará certo, mas tentarei com todas as forças que tem. Ouvi o canto de três pássaros vindo da janela e abri os olhos. Olhei para a menina e a vi sorrindo. Tirei minhas mãos de seu rosto e ela me encarou de uma forma angelical.

– Olá.

– Olá.

– Sou Jessica e você?

– Tobias.

– É um prazer, Tobias.

– Digo o mesmo. – Sorrimos.

– Sei que não nos conhecemos direito, mas poderia contar uma história para mim. – Assentiu e me sentei no colchão perto de seu corpo.

Pensei um pouco e comecei a contar uma história que mamãe contava para mim todas as noites antes de me pôr para dormir.

***

Já havia anoitecido e o fervo lá fora já tinha passado. Eu me despedi da menininha, que fiz questão de passar o dia todo ao lado e me encaminhei para o quarto ao lado, aonde o menino que me enfrentou está. O coitado está amarrado na maca e quieto, provavelmente sedado. Parei em pé ao seu lado e coloquei minhas mãos em sua cabeça. O fazendo acordar e ele voltar a gritar. Tampei sua boca e consegui fazer sua dor passar ao fechar os olhos. Me afastei e ele ficou me encarando.

– Agradeça a Deus. – Sai do quarto e logo depois do hospital.

Continuei minha caminhada para o morro que há fora da cidade. Como já havia anoitecido, tirei aquele, sobretudo, sei que ninguém conseguira ver minhas asas com o breu que está, não entendo porque essa cidade é tão escura, parece que eles não conhecem eletricidade.

Sai da cidade e uma parte mais alta de um morro que subi, consegui ver minha casa em chamas. Esse é o preço de ajudar esses monstros. Comecei a chorar de cabeça baixa e soluçar alto. Abri os olhos um pouco e vi uma luz se aproximando. Olhei para frente e me deparei com minha mãe me olhando sorrindo.

– Não chore meu, filho, logo estaremos juntos e você não precisara mais daquela casa. – Assenti. – Continuei caminhando, ainda terá uma pequena jornada a frente. – Ela desapareceu no ar.

É tudo por você, mãe. Caminhei mais um pouco e avistei uma casinha no meio do nada. Fui até ela e olhei tudo em volta, tinha apenas uma luz do lado de dentro acessa. Será que tem alguém?Coloquei novamente o sobretudo e bati na porta duas vezes, logo ela foi aberta por uma moça muito bela, de cabelos ruivos e olhos pretos como a imensidão. Ficamos nos olhando e isso me constrangeu, senti minhas bochechas corando.

– O que deseja?

– Eu... Eu gostaria de um copo de agua.

– Por favor, entre. – Ela me deu espaço e entrei na pequena casa. – Fique à vontade, irei buscar seu copo de água. – Assenti e ela se foi para a cozinha.

Olhei em volta e vi que a casa é toda simples, mas bastante confortável. A moça logo voltou com minha água e me entregou a mesma.

– Obrigado. – Tomei o liquido dentro do copo.

– De nada. O que te trás para essas bandas?

– Estou tentando encontrar minha mãe.

– Que legal, boa sorte.

– Muito obrigado. – Dei o copo para ela. – Posso perguntar algo para você?

– Claro.

– Mora aqui sozinha?

– Sim, as pessoas não gostam muito de mim.

– Te entendo, elas também não gostam tanto assim de mim, por isso, prefiro manter a distância delas.

– Exatamente,

– É a primeira vez que saiu de casa depois de anos, mas vale a pena por minha mãe.

– Por que não saía de casa?

– Se eu contar, as coisas não ficaram legais entre nos.

– Você machucou alguém?

– Não, nunca faria isso.

– Ah tá.

– Bom, eu preciso ir. – Nos levantamos do sofá que estávamos sentados e fomos até a porta. – Obrigado novamente pela água.

– Não tem de que. – Ela sorriu e fiz o mesmo.

Nos despedimos com um aperto de mão e fiquei pasmo ao ver uma asa surgindo do nada nas costas da garota.

– O que você fez? – Ela perguntou assustada.

– Apenas apertei sua mão.

– Você não deveria ter vindo aqui, muito menos ter visto isso. – Ela tentou fechar a porta, mas não permitir.

– Espere! Somos iguais.

– Não somos não! Eu sou um monstro e você gentil e educado.

– Você não é um monstro. – Tirei meu sobretudo e minhas asas apareceram.

– Meu Deus.

– Achei que eu era o único.

– Eu também.

– Gostaria muito de ficar aqui com você e conversar sobre o que somos, mas acho minha mãe mais importante.

– Não, por favor, fique mais um pouco.

– Me perdoe, mas preciso chegar ainda hoje.

– Eu te levo de carro. – Sorri.

Ela correu para dentro de casa e voltou com a chave do carro. Trancou a casa e entramos na camionete vermelha que estava estacionada nos fundos. Contei para moça aonde estava indo e ela me disse que havia visto a mesma luz, mas achou que não era nada. Talvez seja nada, mas preciso ter certeza. Partimos para lá e pouco tempo depois chegamos.

Saímos da camionete e corremos para aonde tinha visto a estrela cadente caindo. Havia um buraco enorme no chão, tivemos que descê-lo para sabermos o que é caiu do céu. Assim fizemos e aquela luz voltou, iluminando tudo em nossa volta. Parecia que estávamos encarando o sol de tanto brilho que vinha dela. A moça segurou minha mão por sentir medo, eu acho e caminhamos devagar em direção a luminosidade a nossa frente. Fechei os olhos rapidamente para não ter minhas retinas queimadas e os abri logo ao ouvir a voz doce de minha mãe. Sorri ao ver que estávamos em um lugar magnífico e percebi que a moça ainda segurava minha mão com força. A olhei e ela sussurrou que aqui era lindo. Assenti sorrindo e disse que era o paraíso, o nosso paraíso.

– Sou Angelina e você? – Questionou meu nome pela primeira vez.

– Sou Tobias, prazer. – Rimos e continuamos caminhando para dentro daquele lugar magnífico, deixando tudo e todos para trás, na escuridão aonde escolheram morar.

30 de Agosto de 2018 a las 02:58 0 Reporte Insertar Seguir historia
1
Fin

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