duplos2 Hystera Keiko

Para Tenten Mitsashi a favela era um dos piores lugares do mundo para se morar. Após uma tragédia familiar, ela foi obrigada a viver sob vigilância dos donos do morro, além de passar seus dias no meio de uma guerra explícita entre bandidos e o estado. Ela nunca sabia se sobreviveria para ver o nascer do sol no dia seguinte. A vida parecia um pesadelo, repetido em looping. Sem propósito. Até aquele dia. Ela não poderia imaginar que aquele tiroteio não seria só mais um.


Fanfiction Anime/Manga No para niños menores de 13.

#naruto #nejiten #favela #drama
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X9 - Parte 1

   Três horas. O número máximo de horas, seguidas, em que teve que suportar o som dos tiros anteriormente fora três horas. Mas aparentemente hoje essa infeliz marca seria batida.

   O conflito tinha começado a tanto tempo que as costas de Tenten já doiam por se curvar no espaço atrás do sofá por um período longo demais, encostada na parede divisória entre a sala e o banheiro: a única no cômodo que não ficava virada para o lado externo da casa, portanto a mais segura. Havia se passado no mínimo duas horas e meia desde o momento em que conseguira se enfiar naquele cantinho, elaborado exatamente para abrigá-la em situações como esta. Estava cansada de precisar correr dos tiros dentro da própria casa mas as balas sempre atravessavam as paredes de tijolos finos e quando descobriu que o enchimento do sofá poderia servir como escudo, não pensou duas vezes antes de trocar o layout dos poucos e precários móveis no ambiente para se manter segura. Ou o mais segura possível tendo em mente que morava em uma favela comandada pelo tráfico.

   Tenten odiava aquele lugar, odiava aquele ambiente e odiava os tiroteios, que já tinham se tornado comuns, mas não por isso menos aterrorizantes. Todas as vezes que a polícia invadia o morro era como se fosse a primeira vez e ela sentia o mesmo medo de novo e de novo. Mas não inteiramente por si. Não, a última pessoa que queria defender era si mesma e sim sua mãe, que estava tão longe dali e nem imaginava o lugar onde a filha morava. Porém, quando se tratava daqueles bandidos a distância não importava, já tinha sido avisada em todas as ameaças que eles fariam de tudo para tirar mais alguém dela. Isso mesmo, mais alguém. Como se seu irmão não tivesse sido suficiente.

   A coceira nas bochechas que tinha se instalado logo quando as lágrimas secaram nem incomodava mais; cada estouro dos fuzis por outro lado, martelava a cabeça dela e a lembrava do maldito tiro projetado contra a cabeça de Lee a dois anos atrás. Queria ter feito algo a respeito mas sabia que qualquer deslize e ela seria a próxima. Era óbvio que a "X9 do morro" era a mais vigiada dali, mesmo não tendo nada a ver com a decisão precipitada do irmão. Mas eles sempre diziam: "a maçã nunca cai longe da árvore."

   Pegou o celular no bolso, mas como esperado não havia sinal para fazer nenhuma chamada. Todas as vezes em que os confrontos duravam mais de dois dias a polícia fazia questão de interromper qualquer tipo de comunicação com o mundo externo e qualquer abastecimento. Ou seja, nada de sinal, nada de água, nada de luz e, se ela não tivesse botijão, nada de gás também. E não adiantava tentar arranjar essas coisas de fora e levar para o morro; nesses dias os traficantes não deixavam os moradores saírem da área, nem mesmo para trabalhar. Isso por si só não constituía um problema para Tenten; ela trabalhava em casa mesmo, só que não por escolha. A morena teve que se aproveitar do único conhecimento passado por sua família e que poderia ser usado dentro de casa para se sustentar. Desde aquele dia ela tinha sido proibida de trabalhar fora, eram raras as vezes em que a deixavam sair e mesmo assim (ela percebera porque não era burra a ponto de não estranhar) sempre era vigiada por alguém que deveria certificar-se de acabar com ela antes que se tornasse uma potencial ameaça. Mas apesar da restrição de espaço não a atrapalhar, a falta de energia impossibilitava o ligar das máquinas e sem luz era impossível fazer um simples ponto à mão. Trabalhar como costureira tinha suas vantagens: todos do morro sempre a procuravam, já que ela era a única ali, e os recorrentes bailes funk faziam com que as "rainhas do tráfico" sempre encomendassem vestidos feitos sob medida à ela. Mas tinha também suas desvantagens: nunca era uma renda suficiente para pagar os tecidos, as contas (principalmente a de luz, pois as máquinas sempre gastavam pra caramba) e juntar dinheiro para se mudar dali. Ela parecia fadada a passar o resto de seus dias naquele buraco.

   Quando a frequência dos tiros pareceu finalmente diminuir, mas sem cessar por completo, Tenten engatinhou para fora de seu abrigo e foi até embaixo da pia, onde guardava um galão com água de reserva para semanas como essa. A garganta seca era evidência constante de sua desidratação, visto que passava horas a fio chorando todos os dias, sofrendo por causa do inferno em que vivia. Assim que segurou a boca do galão e o inclinou na direção de um copo plástico reparou que este estava com um novo detalhe decorativo: um furo de bala bem na parte frontal. Ela olhou na direção de onde o tiro parecia ter vindo e fitou sua janela, agora com metade do vidro fosco estilhaçado. Seria o sexto que teria que trocar; eles não costumavam durar mais que 4 meses.

   Enquanto ainda observava a janela, Tenten levou um susto: uma mão ensanguentada de repente se apoiou no material deixando uma marca vermelha e logo em seguida um borrão preto a acompanhou. A mulher apertou os olhos e se inclinou para frente, tentando compreender o que estava acontecendo até que ouviu um novo estouro e se encolheu no canto, retesando todos os seus músculos e fechando os olhos com força. Poucos segundos depois um novo tiro, dessa vez de bem mais perto, fizeram ela tapar os ouvidos e gritar de desespero, mas isso não foi o suficiente para abafar o som do corpo batendo contra sua porta e depois caindo no chão. Ela tentou ignorar. Ela tentou com todas as suas forças fingir que nada tinha acontecido, mesmo quando os tiros pararam por completo. Não podia se meter em confusão com o pessoal do morro, não queria fazer parte de nenhum problema, não queria ser testemunha de nada. Mas o lado mais humano dela gritava, implorando para ela tomar uma atitude. Convencendo-a de que era o que ela deveria fazer.

   Num salto, Tenten se levantou e foi até a janela de seu quarto, que tinha vista para o pé do morro, para observar os "sentinelas" e viu que eles ainda não tinham começado a subir as ruas fazendo a contagem dos corpos e recolhendo armas. Mas em breve eles começariam, e logo logo estariam passando na rua de sua casa. Ela correu de volta para a sala, se apoiou na porta e com a mão trêmula, segurou a chave e a girou na fechadura. Ao tocar no metal frio da maçaneta uma onda de medo a atingiu e antes que paralisasse, ela puxou com força e escancarou a porta.

   A visão era de dar arrepios: uma trilha de pegadas marcadas no asfalto com sangue terminava próxima da perna baleada do homem: um moreno forte e de pele extremamente pálida contrastando com o filete vermelho que saia de sua boca e escorria pela bochecha até o pescoço. Em suas mãos enluvadas estavam uma arma de fogo que ela não saberia identificar o tipo e um rádio comunicador. O colete rasgado exibia o abdômen ensanguentado, perfurado por outro tiro, provavelmente aquele que ela ouvira de dentro de casa. Mas o pior ainda estava por vir: algo no peito coberto pelo uniforme preto chamava atenção: "Oficial Hyuuga" e a personificação da maldição pessoal de Tenten, um distintivo brilhante da polícia especial de Konoha.  

   Havia um policial quase morto na soleira de sua porta.

19 de Agosto de 2018 a las 20:30 0 Reporte Insertar Seguir historia
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