invisibilecoccinella Mary

Jaqueline Esteves trabalha todas as tardes como garçonete na Sorveteria Sorvete de Biscoito para custear gastos que a mesada não cobre, entre eles a sonhada viagem de formatura para um hotel fazenda encantador. Seu melhor amigo é Mike, parceiro também das aventuras no fliperama, confidente de todas as horas. Ao mesmo tempo em que tenta convencer a mãe de que pode ser uma boa ideia passar quatro incríveis dias longe dela, Jaqueline se depara com uma certeza que pode mudar todos os rumos de sua amizade com Mike...


Ficción adolescente Todo público.

#2001 #viagem-de-formatura #melhores-amigos-que-se-apaixonam #fliperama #adolescentes #anos2000
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02 de outubro de 2001


Avental azul marinho dobrado e colocado cuidadosamente dentro da mochila. O ritual de todas as tardes sagrava o fim do expediente de Jaqueline Esteves na Sorveteria Sorvete de Biscoito. Cinco e meia da tarde em ponto. Hora de contar os trocados das gorjetas e carregar o cartão de jogos no fliperama, dois lances de escada acima.

Mike a estava esperando como sempre:

— Muita dureza? — perguntou Mike que escolheu jogar com Street Fighter com o Ryu.

— Até que hoje foram gentis. — explicou Jaqueline que escolheu outro jogo na máquina ao lado. Havia dias em que recebia gorjetas generosas, em outros nem um único níquel. Fazia parte da vida de garçonete levar algumas broncas, aprender a se equilibrar com bandejas e apresentar aos fregueses da sorveteria um sorriso inabalável.

— Todo mundo quer saber se você vai à viagem de formatura.

— Estou tentando juntar todo o dinheiro que posso, mas com a crise na emissora, minha mãe anda falando em poupar, ou seja, nada de supérfluo... Ou acha que comecei a trabalhar à toa?

Fazia quatro meses que Jaqueline estava prestando serviços como garçonete na Sorveteria Sorvete de Biscoito e apesar de nem todos os dias serem bons, gostava do que fazia. Ganhava o bastante para uma menina da idade que possuía gastos que a mesada não cobria. Pelo menos aquela parte do sermão da mãe era muito inspiradora. Melhor nem falar das outras.

— Conversa com ela, Jacky. — insistiu Mike que não estava concentrado na luta e perdeu o primeiro confronto com o computador, desistindo de tentar novamente.

— Você sabe como a minha mãe é. Só falta gritar quando eu falo em dinheiro, ainda mais essa quantia.

— Pelo menos tenta.

Na manhã seguinte, Jaqueline juntou forças para conversar com a mãe acerca da viagem de formatura e encontrando-a na mesa com uma expressão serena, sentiu que se não falasse naquele instante, não teria coragem novamente:

— Bom dia, mãezinha!

Noviça, folheando os jornais, abaixou as folhas para se certificar de que não tinha delirado. Jaqueline não gostava nem um pouco de acordar cedo e pela manhã só saía da cama com muito esforço.

— Bom dia!

Jaqueline deu um beijo no rosto da mãe e sentou-se na cadeira ao lado, servindo-se de café com leite e pão.

— Como passou a noite?

— O que você andou aprontando, hem, menina? — estranhou Noviça, lançando um olhar curioso e inquisitivo para a única filha.

— Qual é o problema de dar bom dia à própria mãe? Por acaso há alguma lei proibindo?

— A senhorita nunca acorda na hora e hoje já está até arrumadinha... Posso saber que milagre foi esse?

— O que a senhora acha da ideia de passar quatro dias sem mim?

Noviça franziu o cenho, desentendida:

— Como assim?

— Pensei que soubesse...

— Ih, ainda falta tempo pra você completar dezoito...

— Minha viagem de formatura será no mês que vem! — declarou Jaqueline, desapontada, entregando nas mãos da mãe o livreto do Hotel Fazenda localizado em Chinchila do Sul.

— Essa escola assalta os bolsos de nós pais...

— Só se forma na 8ª série uma vez.

— E eu só recebo uma vez no mês. — arrematou a mãe, sarcástica. — Dinheiro não dá em árvore!

— Se desse, eu já teria enfiado as mãos na terra ou acha o quê? Que eu sou boba? — replicou a menina. — Eu já esquematizei tudo: o Pitico e o Scorpion podem ficar aos cuidados da D. Celeste que sempre cuida muito bem deles, nem com isso a senhora vai precisar se preocupar.

— Quero saber se as notas estão de acordo com as exigências. — ralhou Noviça, folheando o livreto sem demonstrar qualquer interesse nele.

— Fique sabendo que só tirei uma nota vermelha.

— Uma só?

— Em matemática. — rebateu Jaqueline, contrariada. — A turma toda tirou.

— E eu lá quero saber do resto da turma? Quero é saber de você!

— Fique sabendo que eu só tirei nota vermelha em matemática porque o professor é muito chato.

— Desculpa de quem não estuda!

— Eu estudo, sim! É uma injustiça falar assim de mim...

— Injustiça, é? Eu conheço bem a filha que tenho.

— A senhora nunca gostou de matemática.

— Mas sempre tirei um dez atrás do outro.

— Fala isso só porque sabe que eu não posso procurar um boletim seu para provar o contrário.

— Menina insolente... — reclamou Noviça que sabia embromar os colegas de trabalho contando uma mentira ou outra, mas era sempre desmascarada pela espontaneidade incontestável da única filha.

— Pois fique sabendo que eu já recuperei a nota. — professou Jaqueline, altiva.

— Acho bom. — Noviça meneou a cabeça, inflexível.

— E aí? Vai pensar? — quis saber a menina.

— No quê?

— Na proposta.

— Pode esquecer. — decretou Noviça mordendo o último pedaço do sonho de goiaba antes de sair da mesa, deixando Jaqueline desamparada. A viagem de formatura se aproximava no calendário e ela era uma das poucas da turma que ainda não havia confirmado a presença.



— Minha mãe é mesmo uma sovina. — choramingou Jaqueline sentada no muro da escola junto a Mike.

— Não tem jeito de convencer à teimosa?

— Mais fácil ela conseguir entrevistar um extraterrestre em rede nacional.

— Ela ainda teima com os marcianos?

— Você conhece a minha mãe. — Jaqueline permitiu-se rir um pouco e aceitar as balas de hortelã que o amigo tirava de um saquinho de papel pardo, ritual sagrado de todas as manhãs entre eles.

— Não quero pressioná-la, mas a viagem vai ser muito estranha sem você.

— Pode até ser que sim, mas minha mãe é incapaz de entender isso.

— No meu aniversário você vai poder ir, né? — indagou Mike.

— Mas é claro que sim, seu bobinho! — confirmou a menina, tirando o boné de Mike que não fez resistência. — Ei, escuta! Minha mãe é sovina, mas não é nenhuma tirana...

— Pelo menos isso... — suspirou Mike, aliviado.

2 de Octubre de 2018 a las 00:00 1 Reporte Insertar Seguir historia
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Karimy Lubarino Karimy Lubarino
Oie! Caramba, ainda bem que ela está trabalhando na sorveteria, talvez consiga ir à viagem se receber boas gorjetas, juntá-las, economizar e agregar o salário a elas. Curiosa para descobrir.
October 20, 2018, 13:16
~

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