oursfany Margo

Aquilo que Baekhyun sempre sonhou pareceu ser somente um sonho muito distante; o mais distante, pois ele sabia o que os pais pensavam quando deixavam os seus filhos na escolinha que dava aula, ele sabia o que a sociedade achava de si por ser casado com outro homem. E o pior de tudo, entendia que o motivo de sempre ter a adoção negada, era o fato de ser quem era. E naquele dia, o professor entendeu, que uma criança não precisava ter o seu sobrenome gravado no papel, ou simplesmente morar consigo; Pois Junmyeon o amava, assim como ele amava a criança.


Fanfiction Todo público.

#chanbaek #EXOkids #exopais #doação-de-plot
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Parte I

Baekhyun suspirou frustrado pela décima vez naquela manhã.

Os óculos redondos escorregaram pelo nariz fino enquanto o loiro tentava abrir a correspondência que tinha acabado de chegar. Os cabelos bagunçados apontavam para todos os lados e as bochechas coradas refletiam pelo esforço que fazia ao carregar aquelas papeladas pesadas escada acima, Baekhyun estava exausto, mas não fisicamente. O melhor professor da escola primária de Busan estava cansado mentalmente.

E enquanto os dedos bonitos abriam a carta grossa, Baekhyun já sabia exatamente do que se tratava, e aquilo o deixava tão cansado, tão cansado de tentar de todos os jeitos e sempre receber o mesmo não. O que tinham contra? Só por serem um casal homoafetivo? Não entendia, não mesmo.

O professor já sofria demais com os pais de seus pequenos alunos que nunca ficavam felizes quando descobriram que os filhos tinham aulas com um professor gay, mas o que ele poderia fazer? Dava aula para aqueles pequenos seres humanos porque gostava, gostava de ensinar cada um a como se escrever o próprio nome, de ver o brilho nos olhos daqueles pequenos ao descobrirem cada letrinha e número do alfabeto, Baekhyun era apaixonado pelo ensino, era apaixonado por criança. Era apaixonado por ser aquele que lhes mostrava o mundo.

Mas nada parecia fácil, não fora fácil arranjar um emprego. Não fora fácil conseguir uma amizade sincera com os pais de seus alunos, e estava sendo ainda pior ver todas aquelas crianças e não ter a sua, ter a sua própria família.

Estava casado a seis anos e Chanyeol era o amor da sua vida, mas eram dois homens. E tanto o professor, quanto Chanyeol – um policial bem conhecido por toda Busan –, queriam formar a sua família. Ter aquelas pequenas crianças correndo pela casa, revirando-a e deixando os dois homens loucos. Eles queriam ser somente uma família normal, mas já era o décimo sexto não que recebiam da assistente social.

O primeiro motivo foi pela residência em que eles moravam. Tudo bem que aquele apartamento de dois cômodos era realmente pequeno, mas não era de todo um mal. Já o segundo não veio pelo motivo da posse de arma que Chanyeol tinha, mal sabiam que era ele que fazia o escândalo quando um inseto invadia o quarto deles. O terceiro não foi o que fez o casal perceber que todos aqueles outros motivos foram somente desculpas, porque quando a correspondência chegou na casa nova, o motivo de “não existir uma presença feminina na vida da criança”, fez o casal perceber que a culpa toda era pôr os dois serem homens.

Estavam na fila de espera fazia três anos, e em todos esses longos anos, todos os “não” foram pelos mesmos motivos. Tentaram até mudar de orfanato, tentaram em vários, mas era sempre aquele “pedido de adoção rejeitado” que aparecia no final da folha. E mais uma vez, a folha foi deixada em cima da bancada da cozinha de qualquer jeito, fazendo Baekhyun suspirar sentindo uma angustia enorme preencher o peito. Na sua vida inteira foi negado e rejeitado, e agora que somente queria construir a sua família, não conseguia sair do primeiro passo.

Os passos pesados de Chanyeol fizeram o professor respirar fundo, tentando disfarçar a tristeza e o desânimo que o consumiram, e tentar disfarçar as lágrimas que enchiam os olhos quando sentiu os braços longos e fortes do marido lhe abraçarem, o corpo quentinho aquecendo o seu que parecia estar tão frio.

“O que aconteceu?” a voz rouca do policial perguntou sonolenta perto do ouvido de Baekhyun, que sentiu um nó se formar na garganta enquanto dobrava a correspondência e a escondia no meio das atividades dos seus pequenos que corrigia.

“Não aconteceu nada Yeol.” o professor respondeu, sentindo os braços lhe apertarem mais no abraço, deixando a sensação gostosa de ser amado tomar conta do corpo do loiro.

“De verdade?” Chanyeol voltou a perguntar, olhando para aquelas folhas rabiscadas de giz de cera, formando desenhos aleatórios enquanto as letrinhas respondiam a atividade.

“Sim.” Baekhyun respondeu, voltando a pegar a caneta colorida que usava para deixar os bilhetes que para as crianças nas atividades.

“Então, se está tudo bem, o senhor gostaria de passar a tarde comigo?” o policial perguntou se afastando do marido, vendo a letra do mesmo deixando um recado infantil na folha colorida.

“Claro, depois que terminar de corrigir essas atividades maravilhosas.”

Baekhyun riu assim que sentiu o marido se afastar do abraço, dando a volta no balcão, entrando na cozinha e abrindo a geladeira. O tronco exposto deixando os músculos a mostra e os cachinhos caindo de um jeito bagunçados sobre os olhos.

“Foi liberado do trabalho?” Baekhyun perguntou puxando mais uma atividade enquanto olhava o marido abrir a garrafa de água gelada e beber direto no gargalo da garrafa. “Ei! Chanyeol!” o professor gritou vendo o marido afastar a boca da garrafa, deixando o sorriso safado escorregar pelos lábios grossos. “Às vezes você consegue ser mais bagunceiro do que os meus pequenos, pelo amor.” Baekhyun disse vendo o marido fechar a garrafa e voltar a mesma para dentro da geladeira.

“Eu fui liberado somente hoje do trabalho.” Chanyeol voltou a dizer ignorando a bronca do marido, que parecia perfeitamente um professor quando lhe dava um sermão, “Estava querendo ficar com o meu marido o dia inteiro.” o policial disse se apoiando no balcão cheio de atividades infantis “Mas se estiver muito ocupado, não tem problema”, ele disse, vendo o sorriso bonito de Baekhyun surgir enquanto ele escrevia em uma das atividades.

“Só falta eu corrigir a do Junmyeon.” Baekhyun disse, aumentando o sorriso quando devolvia a atividade e puxava a última atividade de sua turma, vendo aquela letra tão caprichada para ser de uma criança de somente seis anos.

“Parece que ele é o seu aluno preferido.” Chanyeol disse vendo que o sorriso do marido não tinha diminuído nenhuma vez enquanto corrigia a atividade.

“Eu não posso negar que tenho uma pequena admiração por essa criança”, Baekhyun respondeu lendo a letrinha redondinha que o mesmo tinha, os desenhos pintados e desenhados de forma caprichosa demais, e aumentando mais o sorriso quando percebia que estava tudo perfeitamente correto. “Ele é um garoto que já sofreu muito, mas que tem um sorriso tão lindo no rosto que você nunca pensaria no que ele passa”, o professor voltou a dizer, puxando a caneta colorida e escrevendo um recado na atividade do garoto.

“Ele é uma das crianças do orfanato, não é?”, Chanyeol disse enquanto puxava uma cadeira para se sentar, vendo o rosto cansado do marido concentrada em deixar um bilhete que a própria criança entenderia sem a ajuda de um adulto.

“Ele mesmo”, o professor disse enquanto enfeitava o recadinho que tinha deixado na atividade.

“Às vezes, eu sinto a necessidade de pegar Junmyeon e trazê-lo para casa”, Baekhyun voltou a dizer, guardando a atividade junto às outras enquanto sentia que a concentração de seu marido estava toda em si. “Isso é estranho, muito estranho. Porque mesmo querendo isso, a gente talvez nunca consiga”, Baekhyun disse, sua voz morrendo no final da frase e um nó se formando em sua garganta.

“A gente teve a adoção recusada novamente, não é?” Chanyeol perguntou sério enquanto ainda observava o marido juntas as folhas em uma pasta, vendo a expressão o loiro mudar para uma óbvia tristeza e desespero, ele queria aquilo mais do que nunca, e Chanyeol sabia disso. Sabia, pois, também sonhava com aquilo, e ser recusado novamente era horrível, mas Baekhyun parecia sentir mais, pois ele de uma certa forma, sempre se apegava às crianças de cada orfanato que conheciam.

“Não quero conversar sobre isso”, Baekhyun disse enquanto fechava a pasta, se recusando a olhar nos olhos do marido que o encarava, esperando pela resposta. “Pare de me olhar assim, Chanyeol”, o professor disse fingindo se irritar com o olhar do marido, mas os olhos cheios de lágrimas mostravam o contrário.

“Não fica assim”, Chanyeol disse se desencostando do balcão, dando a volta e puxando o marido que era muito menor que si para um abraço, o corpo pequeno do professor sendo apertado naquele corpo enorme do policial, que fazia um singelo carinho nos cabelos descoloridos que Baekhyun possuía.

“Eu sinto que eu nunca vou conseguir ter uma vida normal”, Baekhyun disse contra o peito do marido que afrouxou um pouco o abraço, fazendo o professor ter espaço para encarar os olhos grandes de Chanyeol. “Sinto que nunca vamos conseguir, Chanyeol”, o professor disse deixando um bico se formar em seus lábios e uma lágrima escorrer por sua bochecha, Baekhyun realmente sentia muito com aquilo que acontecia.

“Não me olhe assim”, Chanyeol disse limpando com uma das mãos a lágrima que manchava o rosto bonito do marido, “Meu coração fica mais pesado por te ver assim, mas saiba que a gente não vai desistir, tudo bem?”, o policial disse, passando a mão grande pelos cabelos macios e claros de Baekhyun, que fechou os olhos, ainda com aquele bico triste nos lábios, que ganhou um selar do policial. “Tira esse bico dos lábios, está parecendo uma criança Bae”, Chanyeol disse de modo fofo, fazendo o professor deixar um sorriso escapar.

“Vamos esquecer dessa história de adoção por hoje”, o policial disse enquanto de um jeito desengonçado andava com o marido até a sala, Baekhyun ainda preso naquele abraço ria na tentativa do marido de se mexer sem esbarrar suas pernas grandes e tortas na do professor.

“Para Chanyeol”, Baekhyun disse enquanto ria, vendo o marido parar de tentar andar e sentir um peso a mais nos pés quando Baek subiu neles.

“Você, às vezes consegue ser pior que uma criança, Bae”, o policial disse andando mais facilmente até a sala, se jogando com o marido no sofá que soltou uma risada exagerada enquanto sentia a tentativa de cócegas em sua barriga, “Uma criançona”, Chanyeol disse enquanto apertava a cintura de professor que se remexia no sofá, a risada do loiro preenchendo a casa grande.

🌼


Era sempre a mesma rotina em todas as manhãs, nada mudava e nenhum dos dois homens reclamava dela.

O despertador tocava cedo e o primeiro a se levantar da cama do casal era Chanyeol, que andava aos tropeções até o banheiro e ficava por lá por um bom tempo; tempo esse que era o suficiente para Baekhyun acordar daquele jeito preguiçoso e perceber que a cama já estava vazia do outro lado.

Enquanto Chanyeol vestia a sua farda já de banho tomado, Baekhyun descia aquelas escadas geladas ainda com aquela calça de pijama do super-homem e preparava o café para os dois tomarem. O professor na maioria das vezes acabava dormindo em cima da mesa de jantar, sendo acordado pelo barulho do marido escandaloso que tinha. E era naquele momento em que Baekhyun se perguntava o motivo de ser completamente apaixonado por Chanyeol.

Eles tinham se conhecido ainda no colegial, e foi tão estranho que o loiro nunca pensou que poderia se apaixonar por aquela pessoa com as orelhas grandes demais e as pernas tortas, era estranho ver como aquele menino inteligente que usava um óculos fundo de garrafa e tinha os cabelos compridos e cacheados se tornara aquele homem que era hoje em dia. Era muito estranho para Baekhyun pensar que aquele era o mesmo homem que descia as escadas com uma expressão séria no rosto.

“Bom dia, Bae”, Chanyeol disse enquanto arrumava o cinto que sempre carregava com a arma carregada. E talvez por isso Baekhyun não reconhecesse o Chanyeol de antigamente para aquele que era o seu marido hoje em dia, mas agradecia muito pela ajuda que o tempo tinha dado para o mesmo.

“Bom dia”, o professor respondeu apoiando o rosto em uma das mãos enquanto observava o marido servir o café em duas xícaras.

“Que horas você pretende voltar para casa hoje? ”, Baekhyun perguntou quando viu a xícara preenchida com aquele líquido preto ser depositada na sua frente.

“Acho que só a noite”, Chanyeol disse, se sentando na frente do marido que continuava a olhá-lo. “O que está pensando? ”, o policial perguntou enquanto observava o rosto amassado que o marido estava, os cabelos loiros bagunçados e a blusa larga que usava, para Chanyeol aquele homem era perfeito demais até mesmo daquele jeito.

“Eu não preparei a minha aula”, Baekhyun disse começando a ficar sonolento, a fumaça do café esquentando o seu rosto que começava a pesar em sua mão, trazendo uma cena linda para o policial que segurava a risada enquanto tirava a xícara de café da frente do marido, que fechava os olhos aos poucos.

“Acho melhor você se apressar para preparar a aula e ainda conseguir chegar a tempo”, Chanyeol disse baixinho, vendo o marido dormir naquela mesma posição que estava, a cabeça indo para frente e escorregando da mão, fazendo o professor acordar assustado enquanto ouvia a risada do policial.

“Para de rir! ”, Baekhyun disse irritado, se levantando da mesma e caminhando até a pia, lavando o rosto para acordar. “Yeol, você já está atrasado e eu nem fiz algo para você comer antes”, o professor voltou a falar, o rosto ainda molhado enquanto apertava os olhos para enxergar o relógio pendurado na janela.

“Eu compro alguma coisa para comer no caminho”, o policial disse, entregando o pano para o marido que enxugou o rosto, dando de cara com o distintivo que Chanyeol carregava no peito.

“Volta inteiro, ok?”, Baekhyun pediu, olhando para cima enquanto via os cabelos encaracolados do marido quase cobrindo seus olhos e o sorriso que tanto gostava.

“Você sabe que eu sempre vou voltar inteiro, Bae”, Chanyeol disse passando as mãos pelos cabelos do professor os penteando com os dedos, tirando os pequenos nós dos fios loiros.

“Te amo Chanyeol”, Baekhyun disse ainda de olhos fechados, sentindo os lábios do policial colarem nos seus, em um selar demorado e cheio de carinho.

“Também te amo Baekhyun”, Chanyeol disse, beijando logo em seguida a testa do marido, se afastando e pegando o resto de suas coisas.

“Até mais tarde”, o policial disse enquanto pegava as chaves de casa e o capacete da moto, saindo de casa, deixando o professor sozinho naquele mesmo lugar, o sorriso bobo no rosto enquanto observava a porta de entrada daquela grande casa.

E aquela era a rotina deles, sempre a mesma coisa, sempre o mesmo carinho e amor que um tinha pelo o outro, mas assim que aquela porta era fechada, aquela enorme casa ficava vazia demais na visão de Baekhyun, que terminava de tomar o seu café e voltava para o seu quarto, indo para o banho, somente esperando seu horário para ir para o seu trabalho.

🌼


Junmyeon ouvia as outras crianças bagunçarem atrás de si, pulando nas camas desarrumadas e fazendo a maior bagunça; pelo menos elas se divertiam, era isso que o pequeno Junmyeon pensava enquanto se olhava naquele espelho grande demais. Aprendera a se arrumar sozinho já fazia um bom tempo, por isso assim que acordava, era o único do seu quarto que já levantava da cama e ia direto para o banheiro no final do corredor, escovando os dentes e lavando o rosto, – como todas as noonas tinham o ensinado.

Ele se trocava sozinho, somente pedindo para uma das noonas darem o nó de sua gravata. Poderia ser considerado um homenzinho, que já conseguia fazer muitas coisas sozinhos, bem diferentes de todas as crianças daquele orfanato. Mas talvez, aquele fosse todo o problema, o pequeno Junmyeon já era um menino responsável, diferente de todas aquelas crianças, que preferiam comer terra do que fazer a lição de casa.

Talvez comer terra fosse o que todos aqueles casais quisessem. Talvez eles quisessem uma criança que brincasse mais do que fizesse as lições de casa, talvez todas as famílias só quisessem uma criança que fosse igual aos seus coleguinhas de quarto, que atacavam as coisas uns nos outros e depois choravam por ter se machucado. Talvez eles só quisessem bebês, – e para os olhos de todos, Junmyeon não era mais um bebê.

Era isso que o pequeno acreditava. Ele era muito diferente de todas as crianças, e todos os adultos que conhecia o consideravam um menino grande demais, não era do jeito que eles imaginavam. O pequeno Junmyeon costumava a ficar muito chateado quando via mais uma vez um casal falar a mesma coisa, pois era sempre o mesmo motivo. Talvez aquele também fosse um dos motivos de ter sido abandonado, – não na frente do orfanato como metade das crianças daquele lugar foram deixadas.

Junmyeon foi diferente.

O menino se lembrava perfeitamente quando Sooyoung o resgatou, tinha pesadelos por causa daquilo ainda, mas ninguém conseguia o entender. E por esse motivo também, tinha muito medo de ficar sozinho novamente, principalmente na rua. Ele tinha medo da rua e não do escuro, como muitas crianças tinham. Junmyeon tinha medo de acabar sozinho na rua novamente, e isso o assustava, pois cada vez que era rejeitado por aqueles casais, o medo de ser abandonado na rua novamente, aumentava.

“CRIANÇAS!” a voz aguda da dona Lee ecoou pelo quarto, fazendo todas as crianças que brincavam pararem o que faziam, até o pequeno Jongdae, que chorava pela almofada que tinha perdido, parou. O único que não parou foi Junmyeon, que continuou sentado na sua cama, que já estava arrumadinha, mesmo que não do mesmo jeito que a noona deixava.

“O que eu falei sobre esse tipo de brincadeira? ”, a mulher perguntou, vendo todas as crianças se sentarem quietas, cada uma em sua devida cama. “Não acredito que vocês me desobedeceram”, ela disse, cruzando os braços e ouvindo um pedido de desculpa coletivo, todos os pequenos garotos daquele quarto pareciam realmente arrependidos pela bagunça que fizeram logo de manhã.

“Todos para o banheiro!”, dona Lee mandou, vendo todos se levantarem e correr juntos até o banheiro, fazendo o quarto se esvaziar rapidinho, sobrando somente Junmyeon, que já estava perfeitamente arrumado, somente com a gravatinha pendurada envolta do pescoço. “Junmyeon”, a mulher disse baixinho, vendo que naquela manhã, o seu pequeno menino não estava tão bem.

Lee Sooyoung era uma das fundadoras daquele orfanato, era a mais nova das três irmãs que cuidava daquele lugar, e com certeza, era a mulher mais apegada a cada criancinha que vivia ali, mas existia um carinho maior por Junmyeon, principalmente quando fora ela que o encontrou. Sooyoung se lembrava perfeitamente de ver o menino todo encolhido aquele lugar sujo, e ela entendia o medo dele, pois conseguiu ver naquele dia que o resgatou, que ele tinha medo dali, e todos que tivessem na mesma situação que ele, também teriam.

“O que aconteceu?”, Sooyoung perguntou enquanto se abaixava em frente a Junmyeon, vendo os olhinhos pequenos e escuros cheios de lágrimas acumuladas e com as olheiras profundas. “Não conseguiu dormir?”, ela voltou a perguntar, vendo as mãozinhas pequenas apertarem a camisa do uniforme em nervosismo.

“Não aconteceu nada, noona”, o menino disse, a voz baixinha e sonolenta, ele parecia cansado, mas Sooyoung não sabia dizer se era somente aquilo. “Estou só esperando o café da manhã”, ele voltou a dizer, piscando os olhinhos inchados rapidamente, disfarçando as lágrimas e abrindo um pequeno sorriso para a mulher a sua frente.

“Então vamos”, Sooyoung disse, se levantando no chão e estendendo a mão para Junmyeon, que segurou a mesma com cuidado, – coisa que ele tinha de sobra, pois ele tinha medo de machucar os outros como já o machucaram, – “Vou eu mesma lhe servir o café hoje”, ela disse, saindo do quarto bagunçado, somente ouvindo as risadas dos meninos que ainda estavam no banheiro.

🌼


Baekhyun esperava atentamente na frente da porta decorada com várias mãozinhas.

O suéter azul marinho e a calça social cinza fazia o professor parecer muito mais simpático do que ele normalmente já era. Os cabelos loiros arrumados e limpos, os óculos redondos sobre o rosto e o sorriso gentil no rosto era o de sempre de Baekhyun, que esperava todos os seus alunos na porta da sala, cumprimentando cada um e vendo quem tinha ou não faltado.

E na sala de Baekhyun, havia quatro crianças que o professor sabia que eram especiais. Duas delas por terem problemas de saúde e as outras por serem do orfanato da cidade. Não que somente ele tivesse uma sala com aqueles alunos, na verdade, Baekhyun somente tinha um cuidado especial com cada uma de suas crianças, mas com elas era um pouco mais especial.

E assim que o loiro avistou a sorridente e doce Nayeon, ele já se apressou em limpar as mãos nas calças e se aproximar mais da sua aluna, – e era incrível como ele conseguia deixar aquela criança mais agitada do que já era, na verdade, todos os seus alunos mostravam um carinho enorme por aquele professor. “Eu não acredito que você cortou o cabelo, Nayeon!”, Baekhyun disse tocando o rosto da menina que lhe abriu um enorme sorriso enquanto as bochechas ficando rosadas pela vergonha, “Conseguiu ficar ainda mais linda”, ele disse para era, que se curvou minimamente para o professor.

“Bom dia, professor Baek”, Nayeon disse, vendo o professor pegar a mochila no seu colo e ir para trás da cadeira cor de rosa que usava, a empurrando para dentro da sala de aula, vendo seus alunos que já esperavam na sala de aula virem o ajudar. “Professor, acho que o Min desmaiou”, Yeeun disse enquanto arrumava o lugar para a sua amiga ficar, a voz fininha da menina fazendo Baekhyun sorrir enquanto encaixava a cadeira de rodas na mesinha colorida.

“Como assim, Yeeun?”, ele perguntou, colocando a mochila florida de Nayeon na mesinha, ouvindo o agradecimento baixinho dela. “Ele ‘tá dormindo desde quando chegou, tio”, Yeeun disse, as trancinhas balançando enquanto falava e os óculos escorrendo pelo nariz pequeno, dando uma visão incrivelmente fofa para o professor.

Baekhyun se abaixou, arrumando os óculos da menina, e lhe estendeu a mão quando a mesma voltou a falar desesperadamente de que provavelmente seu colega tinha desmaiado. Era sempre assim, e o loiro não se importava de ouvir cada uma daquela crianças, às vezes rindo dos absurdos que elas falavam, outras vezes até dando uma bronca, mas sempre às ouvindo. “Ele não está desmaiado, Yeeun”, Baekhyun disse, vendo o pequeno Minseok ressonar baixinho enquanto dormia em cima da própria mochila. “Ele só está dormindo, meu anjo. Agora vá fazer companhia para Nayeon, daqui a pouco eu começo a aula”, o professor disse, acariciando os fios castanhos de Yeeun, vendo a mesma dar de ombros e ir toda saltitante para perto de Nayeon, que pintava distraída algum desenho.

E o professor sorriu ao voltar para a porta, observando cada aluno chegar e lhe cumprimentando e o levando até o lugar, ouvindo como foi o seu final de semana, algumas crianças mais agitadas do que outras, mas todas estavam com aquele sorriso que fazia o coração de Baekhyun se aquecer, – e como Chanyeol costumava dizer, o loiro somente tinha um coração de manteiga com as crianças, e isso era um fato muito comprovado.

Mas enquanto voltava para a porta novamente, depois de ter ajudado com a mochila do futebol de um dos seus alunos, Baekhyun percebeu que enquanto o único chinês da sua turma caminhava todo sonolento até a sala, uma pessoa estava fazendo falta. Para ser mais específico, uma criança estava fazendo muita falta. “Oi Yixing”, Baekhyun disse, vendo a camisa social do uniforme do mesmo abotoada errada, como era o costume de todas as manhãs. “Espera um pouco. Vou arrumar a sua camisa”, o loiro disse, vendo o menino parar na sua frente, os olhinhos inchados e o rosto amassado, esse era o visual do pequeno Yixing de todas as segundas.

“Agora sim, bom dia, meu chinês preferido”, Baekhyun disse, vendo o menino tirar os cabelos escuros dos olhos e coçar os mesmos com as mãozinhas, sorrindo para o professor, se curvando pelo menos umas três vezes antes de falar, de um jeito muito desajeitado por causa do coreano que estava aprendendo aos poucos. “Bom dia, professor Baek”, Yixing disse, sorrindo para o professor que devolveu o sorriso, mas logo fazendo uma careta, tirando uma risada do pequeno chinês. “Xing, onde está Junmyeon?”,Baekhyun perguntou, vendo o menino dar de ombros e entrar na sala, se sentando no seu lugar.

Todos já tinham chegado, somente Junmyeon não tinha entrado na sala de aula, e como era costume de quando uma criança do orfanato estava doente, uma das cuidadoras sempre avisam os professores, Baekhyun achou aquilo estranho, pois ninguém veio o avisar e o Yixing, que também era do orfanato, não sabia onde ele estava.

E fechando a porta colorida da sua sala, Baekhyun sentiu um aperto no coração enquanto pensava. Ele não gostava de não saber se seus alunos não estavam bem, mas com Junmyeon era diferente, ele sabia que o menino era diferente, e ele tinha um apego muito grande com o menino, por isso que estava preocupado, não queria que nada acontecesse com ele novamente.

🌼


Quando Junmyeon ingressou na escolinha, o seu primeiro professor foi Baekhyun. Poderia até soar esquisito, mas como a escolinha funcionava com um sistema de sorteio dos professores para cada sala, Baekhyun foi a primeira pessoa conhecer Junmyeon um ano depois do menino ser resgatado da rua.

E o professor logo na primeira aula que lhe dera, já tinha percebido que ele era diferente. Não sorria muito e costumava ficar quieto a aula inteira, diferente de todos os coleguinhas que não paravam quietos. Era o único que não dormia na hora da soneca e o único que costumava chegar no professor na hora do seu intervalo e perguntar com aquela voz infantil e quase nula de tão baixinha que era, se o professor não estava com fome, oferecendo o próprio lanchinho, – e Junmyeon tinha somente três anos.

Com o passar dos anos, aquilo não mudou no menino, a única coisa que poderia se acrescentar, era que ele amava quando algo novo era lhe ensinado, sempre abrindo aquele sorriso enorme e fofo que ele possuía. Baekhyun já teve a oportunidade de ver aquele sorriso várias vezes enquanto via quando ele conseguia fazer a nova letra que aprendera ou quando ele escreveu o seu nome sozinho pela primeira vez.

Quando Baekhyun percebeu, tinha se apegado aquela criança mais do que a todos os seus alunos, e não era pela história que ele tinha, e sim por aqueles momentos em que Junmyeon se mostrava totalmente para o professor. Todas as vezes em que o menino acabou dormindo no seu colo porque não conseguia dormir no chão igual a seus colegas, todas as vezes que as mãozinhas pequenininhas dividiram o sanduíche e lhe ofereceram, todas as vezes que ele fazia uma careta com alguma coisa que não entendia muito bem. E todas as vezes que ele aparecera sozinho, os olhos cheios de lágrimas, pedindo por colo, pois estava com medo de ficar sozinho novamente.

Baekhyun tinha um amor muito grande por Junmyeon, tão grande que já tentou duas vezes adotá-lo, mas como sempre, foi recusado nas duas vezes. E com os anos se passando, o apego não diminuiu, pois ele estava vendo, mesmo que indiretamente, Junmyeon crescer. Viu o as primeiras palavras que ele escreveu, a primeira continha que resolveu sozinho, a amizade que estava formando e a forma que ele crescia, fazendo aquele corpinho infantil espichar alguns centímetros a cada ano. O professor estava presente em seu crescimento, e queria estar presente em sua vida diretamente, pois sabia da confiança que Junmyeon tinha em si.

Por isso enquanto via seus alunos brincando no parquinho, tanto na parte de areia, quando na parte do gramado, Baekhyun não conseguia se concentrar de verdade em tomar conta das crianças, pois o aperto em seu peito continuava. Já tinha pedido para ligar para o orfanato para perguntar se o menino estaria por lá, ou qualquer outra coisa, mas até agora não tinha recebido nenhuma resposta, e isso o angustiava. Estava preocupado com Junmyeon, pois o mesmo não era de desaparecer, a última vez que algo parecido aconteceu, foi por uma crise de pânico que acontecera com ele, que ficou trancado no guarda-roupa do orfanato.

E todos sabiam que ele tinha daquelas coisas desde que entrou no orfanato, era um trauma, por isso todos os professores tinham um cuidado especial com o menino, e por isso ele estava na lista de alunos especiais, pois ninguém sabia o que poderia acontecer com ele. E aquilo estava fazendo o professor se desesperar.

“Baekhyun”, a voz feminina da nova professora fez o loiro se assustar, saindo do transe que estava enquanto olhava as crianças. “Te assustei? ”, a mulher disse, parando ao lado do professor que a olhou, vendo o vestido florido e grande que ela usava, era mais nova que si, tinha certeza, mas ela levava um jeito com crianças que deixava todos os outros professores de boca aberta.

“Não me assustou, não”, Baekhyun disse arrumando a sua blusa, se concentrando nas crianças, vendo Nayeon e Minseok brincarem distraidamente na areia, o menino fazendo brincadeira para que Nayeon não ficasse de fora por causa da cadeira de rodas. “Mas o que veio fazer aqui?”, o professor perguntou, vendo a mulher se mexer desconfortável do seu lado.

“Não acharam o Junmyeon em nenhum lugar”, ela disse mais baixinho, provavelmente para nenhuma criança ouvir. “Estão desesperados, pois ele entrou na van e veio para a escola, mas ninguém sabe onde ele está, ou se aconteceu alguma coisa”, ela voltou a dizer, arrumando a franjinha em uma atitude nervosa, vendo nos olhos do loiro a preocupação aumentando. “Pediram para eu vir lhe avisar, pois está preocupado, na verdade, todos estão preocupados”, ela disse, nem se importando quando o professor não lhe deu nenhuma explicação assim que virou de costas e deixou a sua sala sozinha no parquinho.

Baekhyun entrou às pressas na sua sala, pegando na mochila que carregava o seu celular que estava desligado. Seu coração batia rápido no peito e os olhos já estavam lotados de lágrimas, não sabia explicar o que sentia, mas estava desesperado ao ponto de estar discando o número que já tinha decorado do orfanato, ouvindo chamar enquanto caminhava agitado demais pela sala, observando as carteiras coloridas dos seus alunos.

Alô?”, a voz doce de Sooyoung ecoou na cabeça de Baekhyun, que suspirou por pelo menos ser atendido daquela vez.

“Oi, Sooyoung, sou eu, Baekhyun, professor do Junmyeon”, o loiro disse, se sentando em cima da sua mesa, mordendo a ponta do dedão em um nervosismo evidente.

Ah, oi senhor Park”, Baekhyun ouviu o desânimo na voz da mulher, suspirando em frustração logo em seguida, “O que deseja?”, Sooyoung perguntou em um grande desinteresse a ligação do professor.

“Eu quero saber como posso ajudar a procurar Junmyeon”, o loiro disse, irritado pelo fato de ser tratado daquele jeito. “Não estou ligando para saber de adoção ou qualquer outra coisa, somente quero saber o que posso fazer para ajudar, estou tão preocupado quanto vocês, já que eu sou o professor dele”, Baekhyun disse, pulando da mesa e indo em direção às janelas da sala de aula, vendo seus alunos de longe se divertirem no parquinho, ouvindo do outro lado da linha um suspiro de Sooyoung.

Senhor, ele foi para a escola, essa é uma das certezas, mas não fazemos ideia do que poderia ter acontecido”, a mulher disse do outro lado da linha como se estivesse frustrada de estar dizendo aquilo. “Já ligamos para a polícia, e a responsabilidade da criança é toda nossa, mas não podemos fazer muita coisa, não se ele tiver fugido”, Sooyoung disse do outro lado e Baekhyun sentiu o coração doer do aquilo, como assim não poderiam fazer nada se ele tivesse fugido?

“Mas como ele estava hoje de manhã?”, o professor voltou a perguntar, um nó se formando na sua garganta pelo desespero que estava entrando, os olhos já ardiam em um choro que com certeza não poderia demonstrar. “Quer dizer, ele acordou bem? Tinha algo de estranho nele?”, perguntou, ouvindo mais um suspiro do outro lado da linha.

Me desculpe senhor Park, mas não podemos dar esse tipo de informação para o senhor. São regras, me desculpe”, Sooyoung disse, desligando a chamada logo em seguida, deixando Baekhyun com um enorme vazio dentro do peito, sabia que não tinha o direito de receber informações da criança, mas ele estava desaparecido, e ele precisava encontrá-lo.

Então em um desespero, buscou por um número no celular, ligando para o mesmo e deixando um suspiro choroso escapar dos lábios assim que ouviu a voz grave do marido do outro lado da linha. “O que aconteceu, Bae?”, Chanyeol perguntou em uma óbvia preocupação, pois o marido não era de ligar assim, do nada. “Me ajuda, Chanyeol”, Baekhyun disse, sentindo os olhos se encherem mais de lagrimas.

🌼

29 de Junio de 2018 a las 02:54 1 Reporte Insertar Seguir historia
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Buyoung Nam Buyoung Nam
Mal comecei a ler e já me apaixonei. Confesso que tenho um pequeno ponto fraco com histórias que envolvam adoção e etc. Linda demais essa história
July 03, 2018, 13:12
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