mindokyu Mari .

"Ele era meu porto seguro. Seu sorriso era o sol que aquecia toda a neve que inundava a minha vida e me mantinha apático. Ele tirava a tristeza que havia em meu coração há tempos."


Fanfiction Bandas/Cantantes No para niños menores de 13.

#bts #yoongi #jhope #yoonseok #sope #suga #hoseok
Cuento corto
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You are my sunny side


   A luz que saia da televisão ligada não incomodava meus olhos como de costume. O vento que batia na janela não me deixava com frio, nem mesmo me arrepiava os pelos da nuca. O horário em que eu estava acordado não causava qualquer estranheza ou aquele sentimento ruim que sempre me invadia quando eu ficava acordado além da conta. Eu com sono e com fome não era nada fácil de lidar, confesso, mas tudo o que eu sentia agora era paz.

   

   Deitado no meu sofá, com um pijama quentinho e felpudo, debaixo das cobertas igualmente quentinhas e felpudas, um sorriso brincava fácil em meus lábios. Quem me conhece sabe que isso não é do meu feitio; sabe que por mais fofo que eu aparente ser, não chego nem perto de ser alguém doce. Quem me conhece também sabe que toda essa carranca, esse coração gelado (como me chamam) tem um ponto fraco; que quando é acertado, me pega em cheio e me faz quebrar em pedacinhos.


   Os dedos de pele um tanto mais escura que a minha segurava fortemente meu pijama, enroscando-se ali como se pertencesse, aninhando-se em meu peito. Os seus cabelos negros caíam por cima de meus ombros, onde sua cabeça estava apoiada. Creio que os olhos de cor escura como a noite estavam fechados, nem sequer prestando atenção no filme chato que ele mesmo escolhera para assistirmos naquela noite gelada.


   Hoseok respirava tranquilo, emanando toda sua paz para mim. Paz que eu quase nunca tinha em casa, nem no trabalho, muito menos na vida.


   Ele era meu porto seguro. Seu sorriso era o sol que aquecia toda a neve que inundava a minha vida e me mantinha apático. Ele tirava a tristeza que havia em meu coração há tempos.


   O motivo de Hoseok estar em casa era a falta de luz onde morava. Me ligara há algumas horas perguntando se podia passar a noite em casa e que logo de manhã iria embora. Eu disse que sim, sem problemas algum, claro. Pude ouvir em sua voz o medo que exalava quando perguntou se meus pais estavam em casa. Respondi que não, estávamos livres do perigo. Ele respirou aliviado do outro lado da linha, dizendo-me que logo mais estaria chegando, que seu celular estava com pouca bateria, para eu não me preocupar caso não me ligasse mais.


   E aqui estava ele. Em meus braços, como eu sempre sonhei.

   

   O vento que soprava forte conseguiu uma brecha pela janela fechada e adentrou sem permissão, fazendo com que Hoseok tremesse e apertasse mais o enlaço em meu corpo magro. Passei a mão livre por seus cabelos negros e sedosos. A outra estava ocupada segurando-o pela cintura, embaixo da coberta felpuda. Acarinhei suas madeixas por mais um tempo, temendo acordar o anjo ao meu lado. Sorri abertamente quando murmurou algo totalmente sem sentido em seu estado de sono. Ele era realmente a pessoa que eu mais amava na vida.


   Eu o amava.

   

   Eu amava Jung Hoseok mais do que eu amava a mim mesmo e isso era um fato que eu não conseguia mais esconder. Todos a minha volta sentiam no ar, sabiam que meu coração batia um tanto mais forte pelo de cabelos pretos.


   Todos notavam.


   Menos ele.


   Ele não notava.


   Se eu ainda estava vivo, respirando e aguentando toda a merda que me acontecia, era para poder ver seu sorriso. Aquele sorriso gostoso quando ele saía da aula de dança e me encontrava para tomar um café. Aquele sorriso sapeca quando eu deixava cair comida na minha roupa que eu sequer percebia. A risada alta e contagiante de quando nos juntávamos com nossos amigos para passar a noite toda conversando, comendo e bebendo, como se não tivéssemos problemas o suficiente para nos perturbar no dia seguinte.


   Com muita cautela para não acordá-lo, abaixei até a mesa de centro para pegar o controle e desligar a tevê que já não era mais necessária ali. Apertei o botão vermelho, deixando a escuridão nos consumir, mas não por completo, já que a luz da lua banhava a pequena sala, adentrando livremente pela janela.


   Não sei se pelo movimento que eu fiz ou pela falta de luz iluminando sua tez, Hoseok abriu os olhos, coçando-os com a palma da mão, como um bebê ainda sonolento.


   — O filme já acabou? — A voz saiu rouca pelo sono, deixando-me em um estado apaixonado um pouco pior do que eu estava. Eu realmente gostava de tudo nele. Até a cara de desnorteado que se encontrava.


   — Na verdade não, mas como você estava dormindo resolvi desligar, já que nenhum de nós estava prestando atenção mesmo. — disse, virando-me para fitar seus olhos, que me olhavam intensamente.


   — Estava prestando atenção no que então se não no filme? — disse Hoseok, com aquele sorriso sapeca no rosto que eu tanto gostava. Mesmo com sono ele ainda conseguia me pegar pelo coração com esses sorrisos.


   — Em você. — disse direto, como nunca fizera antes. Arregalei meus olhos em espanto, socando-me por dentro por ter deixado tal pensamento escapar meus lábios.


   — Oh, em mim? — sorriu largo. — Prestando atenção no que em mim, exatamente?

Minhas mãos tremiam e eu agradecia mentalmente por elas ainda estarem por debaixo das cobertas felpudas.

      

   — Ah... — respirei fundo, tentando o máximo desviar meu olhar de seus olhos e suas feições.


   — Min Yoongi, olha pra mim. — senti sua mão quentinha tocar-me no queixo, puxando o mesmo para que volvesse a seu lado. — Me conta, o que estava reparando em mim? — Mesmo o sorriso não estando mais em seus lábios como antes, o tom leve e descontraído podia ser ouvido em sua voz. Respirei fundo antes de responder, soltando o ar que antes segurava sem nem mesmo reparar.


   — E-eu... Eu estava reparando em seu cabelo. — disse de uma vez só, como se a dor pudesse ser menor. Dor do que nem eu mesmo sabia. Claro que eu não reparei somente em seu cabelo, mas o que mais eu poderia falar?


   — No meu cabelo? — disse em um tom brincalhão, como se não acreditasse no que eu lhe falava. Em um movimento não esperado por mim sentou-se no sofá, desenlaçando o braço do meu corpo. Estávamos frente a frente, com apenas a luz da lua norteando nossa visão no corpo alheio. Nossos joelhos se tocavam por estarmos em “posição de índio”, como minha avó falava quando eu era menor.


   — Sim — engoli seco — Estava reparando em como ele é sedoso e bonito. — As mãos de Hoseok passaram levemente pelas madeixas pretas assim que elogiei seu cabelo, jogando a franja para trás, deixando sua testa à mostra. Eu amava até mesmo a testa daquele garoto.


   — Você gosta?

   

   — Do que?

   

   — Do que reparava, claro?


   As perguntas foram respondidas com outras perguntas, deixando-me confuso.


   — Claro que gosto do que reparava.


   — Você gosta?

   

   Respirei fundo mais uma vez, olhando-o nos fundos dos olhos.


   — Gosto.


   — Do meu cabelo?

   

   — Sim, do seu cabelo.


   — Só?

   

   Onde ele queria chegar? Rolei os olhos demonstrando a falta de paciência que sempre estava presente em meu ser.


   — Claro que não.


   — E de mim?


   — O que de você, Hoseok?


   — Você gosta?

   

   Aquela brincadeira de palavras, perguntas e resposta chegou a um fim com aquela última pergunta. Arregalei meus olhos, sentindo-me encurralado pelos seus que me fitavam sem piedade. Nem a noite que nos engolia do lado de fora era tão densa quanto seu olhar.


   — Eu gosto de você. — O alívio em dizer isso em voz alta depois de tanto tempo, em confessar parte de meu sentimento pelo menino à minha frente foi enorme e aterrorizante ao mesmo tempo.


   — Gosta?


   Não sabia mesmo onde ele queria chegar com tantas perguntas. Não sabia se iria me rejeitar ou não. Se nutria o mesmo por mim ou não. Se seria o fim ou não. Eu estava confuso com a sua reação. Estava confuso com tudo.

   

   — Gosto. — Minhas mãos que antes conseguiram se manter fiel a coberta felpuda se desvencilharam da mesma, procurando pela tez macia do outro. Entrelacei nossos dedos em um ato nervoso.


   — Como amigo? — As perguntas não paravam de deixar os lábios que mais queria beijar na vida.


   — Não.


   — Não? Como o que então? — Apesar de Hoseok não demonstrar, pude senti-lo ficar tenso. Nossas palmas conectadas não o deixavam mentir, já que um leve tremor passou por elas.

   

   Respirei fundo pela milésima vez naquela noite fria, de ventania forte que fazia até mesmo os galhos da árvore chacoalharem. Eu não gostava muito de noites frias, mas aquela em especial não me dava medo algum.


   O silêncio era tão carregado quanto a escuridão que nos cercava, mesmo com a luz da lua brincando sobre nós. Ela já estava fraca diante tal conversa, nem mesmo ela conseguia reagir.


   — Eu te amo.


   E foi como se o mundo parasse só esperando pela resposta de Jung Hoseok à minha declaração.


   Minutos se passaram e nada.


  Minha mente martelava todas as possíveis respostas e reações que ele poderia ter. Poderia me dar um tapa e sair correndo? Poderia me beijar como nunca beijara alguém antes? Poderia sorrir? Chorar? E eu tinha medo de cada uma delas, sem exceção.


   O que eu realmente esperava era uma resposta com outra pergunta, do tipo “Ama?”, já que esse era o padrão de sua conversa naquela noite. Fechei os olhos, não conseguindo nem sequer olhar para seu rosto perfeito. Desejava com todas as forças que ele não me olhasse, que saísse correndo e talvez nunca mais aparecesse ali. Eu estava com medo. Todas as minhas fraquezas estavam ao vento, jogadas. Todas elas como um livro aberto, onde a ventania da noite as folheavam, mostrando todas ao mesmo tempo, deixando-as à mercê do mundo, onde todos pudessem ver e caçoar de mim. Meu coração de gelo estava à deriva, prestes a quebrar. Eu o deixei à deriva de Hoseok e não conseguiria olhar o outro destruí-lo.


   Senti um aperto em minha mão e abri apenas um de meus olhos. E a minha visão foi a mais bela que eu poderia ter. Seu sorriso era tão largo que com certeza poderia iluminar toda a cidade, levando para longe tal ventania que me afugentava, deixando a lua com uma inveja gigantesca.

   Abri o outro olho, e pude ver que haviam lágrimas em suas orbes negras como jabuticabas.

    

    — Eu também te amo, sempre amei.

   

   A certeza de que meus ouvidos me traiam foi o primeiro pensamento a saltar minha mente. Eu estava ouvindo certo? Ele disse que me amava? Sem ter uma reação de minha parte, Hobi soltou minhas mãos, que ainda acarinhavam as suas, e me abraçou, forte e súbito, quase me fazendo bater no braço do sofá.


   — Eu te amo, Yoongi. Desde a primeira vez que te vi, emburrado num canto da sala de dança. — Tudo isso foi sussurrado ao pé do meu ouvido, como se ele quisesse me segredar algo, me fazer acreditar em algo que só ele sabia.


   E agora eu também sabia.


   Ele me amava.


   — Eu te amo tanto, Hobi. — senti algumas gotas molharem minha camiseta, mostrando-me que ele chorava.


   Algumas lágrimas teimavam em rolar livremente de meus olhos também. Talvez fosse meu coração descongelando depois de tanto tempo sem vida.


   Nossos lábios não tardaram a se encontrar dando início ao beijo que eu tanto esperava, ainda que com ambas faces molhadas pelas lágrimas, deixando nosso selar um tanto salgado. Levei minhas mãos para seu rosto, passando uma delas para seu cabelo sedoso e macio. As do moreno foram para meus ombros, deixando leves apertos no local enquanto pressionava ainda mais seus lábios sobre o meu.


   Minha língua pediu passagem logo em seguida, não tendo paciência para esperar mais para poder finalmente sentir seu sabor. Sabor esse que eu sabia que seria delicioso. Tudo nele era saboroso e intenso e seus lábios não poderiam ser diferentes.


   Passei a sugar sua língua, batalhando por dominância com a faminta do outro. Elas passeavam livremente, hora dentro de sua boca, hora dentro da minha. Até mesmo sua boca continha certa maciez. Tudo nele era macio e gostoso e saboroso e me levava ao céu e de volta.


   O beijo foi simples e complexo. Foi brusco e leve. Durou minutos e horas. Foi tudo o que eu esperava e tudo o que eu nem imaginava que seria. Foi intenso, como Hoseok era.


   Ao terminar nos olhamos, e parecia que era a primeira vez que nos olhávamos de verdade. Agora tudo tinha outro sentido, sabíamos do sentimento um do outro e isso ficou claro como água cristalina que invadia a praia no verão.


   Começamos a rir sem entender o porquê ou qual a graça de tudo. Talvez fosse porque agora tudo tinha graça.

   

   Estávamos felizes, pela primeira vez em muito tempo.


   — Seus pais vão voltar hoje? — perguntou Hoseok. As nossas mãos voltaram a se unir, nossos dedos entrelaçados novamente como um novo hábito.


   — Não, acho que não. — acariciei os nós de seus dedos. — Eles saíram e não me avisaram onde iam, mas creio que voltem só amanhã pela tarde.


   — Hum... — respondeu pensativo. — Posso dormir aqui então?


   Não entendi sua pergunta, já que ele iria mesmo dormir em casa de qualquer jeito, antes mesmo dos beijos.


   — Claro! Você já não ia dormir mesmo? — A confusão provavelmente estava estampada em minhas feições, já que um outro sorriso sapeca pode ser visto nos lábios avermelhados de Hobi.


   Por mais que eu amasse seus sorrisos e conhecesse todos eles de cor, esse era novo para mim.


   — Eu ia, mas eu ia dormir no seu sofá.


   Ah!


   Agora eu entendi esse novo sorriso sapeca.


   Anotei no topo da minha lista de sorrisos de Hobi que amo.


   — E agora vai dormir onde? — perguntei, segurando meu riso.


   — Na sua cama.


   Ele era inacreditável.


   Não consegui mais segurar e cai na gargalhada. Esse ato de rir em alto e bom som não era algo comum para mim. Era estranho, mas eu estava feliz pela primeira vez em muito tempo.

   

   — Você é único, Jung Hoseok — mordi o lábio inferior. — Pelo jeito eu vou conhecer um novo lado seu.


   — O meu melhor lado, provavelmente — sorriu aberto. — Acho que você vai gostar desse.


   — Eu já te amo por completo, não se preocupe.


   Agora o sorriso em seus lábios era um tanto tímido, completamente o oposto do momento que instantes antes dividíamos ali.

Sem aviso prévio, o moreno avançou para cima do meu corpo, beijando-me mais uma vez.


   Forte e intenso e brusco e complexo e perfeito, como ele era.


   — Eu acho que deveríamos ir para seu quarto. — disse assim que separou seus lábios do meu.


   Sorri pela milionésima vez naquele dia.


   Hoseok tinha esse poder. Ele me fazia feliz, abria o céu cinzento que era minha vida e me mostrava o sol. Ele era o meu lado ensolarado. Ele era aquele dia de verão onde os pássaros cantam, as árvores chacoalham e o sol queima de um jeito gostoso.


   Hoseok me fazia feliz com os pequenos atos, desde seu sorriso até, agora, seus beijos.


  Por mais que o mundo estivesse contra mim — contra nós — nessa infeliz vida que vivíamos, juntos seríamos felizes.


  Nós seríamos as pessoas mais felizes desse mundo.

   

 Juntos, para sempre, nós faríamos nosso próprio verão ensolarado neste inverno cortante sem fim.

26 de Junio de 2018 a las 00:48 0 Reporte Insertar Seguir historia
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Fin

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Mari . 27 anos de puro fangirling / taekook hardshipper

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