Presas as paredes que as impediam de voarem, as cortinas flutuavam pelo quarto. Os papeis cobertos por traços delicados de lápis – antes descansando na mesa bagunçada –, voavam pelo quarto, assim como algumas canetas jogadas sobre os móveis.
Arrepiou-se ao sentir o ar frio. As janelas abertas do quarto abriam espaço para o ar fresco da madrugada de outono. Bagunçando os lençóis e descobrindo o corpo solitário encolhido na cama.
Seu rosto mantinhas as expressões desgostosas e a ruguinha se acentuava entre suas sobrancelhas. Suas mãos abraçavam o próprio corpo, inconscientemente imaginando um calor que sabia não ter no cômodo. Não naquele momento.
Mechas negras caiam por sua testa, enquanto remexia-se entre as cobertas cinzas, contrastando com seu tom de pele. Sua língua umedecia os lábios maltratados pelos dentes proeminentes, que mordia de minutos em minutos, descontando a frustração por estar daquela forma.
Sozinho.
Sonhava com lábios bem desenhados e braços calorosos, os clássicos que o acolhiam ternamente em noites incomodas e lhe acalmava os ânimos perturbados, aquecendo-o com um perfeito calor humano.
Deslizava de um lado ao outro da cama de casal, odiando o espaço vazio ali. Sua mente contava a si própria um conto de frustração e saudade que tentava ao máximo ignorar e, conseguir, voltar a dormir.
Bagunçou seu cabelo de forma irritada e, então, olhou de um lado ao outro do quarto. Sentiu ainda mais frio quando a brisa traiçoeira pegou seus ombros descobertos desprevenidos e enfiou-se por debaixo da manta, reclamando sozinho.
Buscou as duas pontas do tecido, levantando-se com ele ao redor de seu corpo e saiu do quarto.
Arrastava seus pés descalços de forma preguiçosa pelo pequeno apartamento, cantando baixinho uma canção de infância que soava alta pela moradia silenciosa.
O corpo de Taehyung estava adormecido de forma pacífica no sofá cinza da sala, enquanto o notebook em seu colo continuava ligado e reproduzindo o filme que ele afirmou mais cedo ir assistir. A boca entreaberta soltava a respiração calma do mais velho.
Era um dos tipos de dias que preferia evitar. Quando Taehyung afirmava passar a madrugada inteira entretido em seus passatempos, deixando Jeongguk sozinho no frio das cobertas dentro do quarto do casal. Deixando-o a sós com ele mesmo e sua mente traiçoeira que atazanava sua imaginação assustadora.
Ainda embolado na manta e incomodado com a falta de espaço para si, tirou o notebook de cima da barriga coberta pelo moletom preto e o colocou na mesa de centro, se jogando ao lado de Taehyung e enfiando seu rosto gelado no pescoço quentinho.
Seus braços circularam o corpo do outro com força, fundindo seu corpo ao dele. Aos poucos sentia que o frio o abandonava e sedia o espaço ao calor de Taehyung.
A movimentação um pouco assustada fez com que soubesse que tinha acordado o outro. Encolheu-se ainda mais quando foi abraçado de volta.
– Jeongguk? – A voz rouca e baixa de Taehyung soou sonolenta, deixando seu corpo mole e plantando secretamente o desejo de ficar ali durante todos os dias de sua vida. – O que você está fazendo aqui?
– A cama fica fria sem você, hyung. – Reclamou manhoso.
Odiava quando Taehyung lhe deixava sozinho.
– O sofá é pequeno, Gukkie. Vamos acabar caindo.
Taehyung tentou levantar, sendo preso pelos braços gelado de Jeongguk, que aproximou-se ainda mais de si.
– É só nos encolhermos mais.
Taehyung notara que voz soou mais baixa, sonolenta. Os olhos negros já se fechavam quase por completo e os fios escuros espalhavam-se por cima de seu braço, enquanto Jeongguk embarcava inteiramente no mundo dos sonhos.
Passara seus dedos sobre os lábios avermelhados, sorrindo ao ver Jeongguk sorrir discretamente. Subiu sua mão até a testa com a ruguinha marcada, pressionando um pouco e a dissipando instantaneamente.
Sua boca pousou sobre a testa macia de Jeongguk, selando-a calmamente enquanto o mais novo se escondia entre seus braços, entrelaçando as pernas de ambos e deitando a cabeça sobre seu peito.
O aroma adocicado de framboesa invadiu seu olfato, relaxando seus músculos. Acolheu Jeongguk somente para si, protegendo-o entre seus braços e fechando seus olhos, pronto para adormecer novamente.
– Boa noite, hyung.
– Boa noite, Gukkie.
Gracias por leer!
Podemos mantener a Inkspired gratis al mostrar publicidad a nuestras visitas. Por favor, apóyanos poniendo en “lista blanca” o desactivando tu AdBlocker (bloqueador de publicidad).
Después de hacerlo, por favor recarga el sitio web para continuar utilizando Inkspired normalmente.