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Lanny Barbosa


Segundo a Mitologia, Estige era o gelado rio dos horrores, no qual os Deuses faziam seus juramentos, assim considerado o rio do ódio e caminho para o reino de Hades, o reino das almas. Aiolos e Aiolia Argenkland cresceram ambos fascinados por essa lenda e agora buscam prová-la, mal sabiam eles que na busca pelos segredos da mitologia grega eles se deparariam com as descobertas sobre si mesmo, sobre seus corações. Aiolos descobre que a descoberta do caminho do Estige pode lhe trazer aquele que vai completar sua outra metade. Aiolia descobre que das águas do ódio, nascem então o amor verdadeiro.


Fanfiction Anime/Manga Sólo para mayores de 18.

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Capítulo 01

Dois homens estavam debruçados sobre um mapa muito antigo, ao redor haviam muitas escrituras em uma língua morta, algum dialeto antigo de civilizações que habitavam o Egito há milhares de anos.

— Sabe o que significa Aiolos? Que o inicio do rio Estige é no Egito, há muitos relatos sobre o caminho dos mortos e o barqueiro lá, só precisamos chegar lá e procurar porque a localização nós já temos! O culto a Sokar que era transportado na sua barca sagrada, cujo nome era henu, aos ombros de dezesseis sacerdotes. Esta barca tinha uma forma peculiar, com uma proa na qual se encontrava representada a cabeça de um antílope ou de um boi, e onde também figuravam o peixe-inet e aves; na popa existiam dois ou três pequenos remos. – leu um manuscrito para ter certeza – Não há dúvidas que estamos vendo outra representação de Caronte! Precisamos ir lá para constatar e assim provar a sua tese.

— Sem um guia tudo que vamos conseguir é morrer no meio do deserto! Não vamos achar nada baseados em suposições, se houvesse alguém que conhecesse o lugar ajudaria muito Aiolia. – o Argenkland mais novo olhou o irmão com atenção, o grego mais velho passou andar de um lado para o outro refletindo – Partir de Memphis é fácil, mas e quando estivermos no deserto?

Aiolos Argenkland era o mais jovem estudioso historiador da Grécia, graças ao prestigio e fortuna da família o jovem grego tinham todos os recursos para se dedicar a paixão pela arqueologia. Paixão herdade pelas gerações de Argenkland ao longo dos tempos, Aiolia seguira a carreira de advogado, mas não deixava de ajudar o irmão em suas explorações pelo mundo.

— Não conheço alguém assim. – continuou Aiolos. Era o mais velho, por volta dos trinta e quatro anos e os cabelos possuíam um tom castanho chocolate natural que harmonizava com a pele bronzeada do sol da Grécia, olhos verdes e sorriso doce, Aiolos era um belo homem em todo caso. Havia um mundo de moças que suspiravam por ele como seu tio lhe dizia, mas Aiolos era afeito a outros prazeres – Talvez Saga conheça o Cairo, ele vive lá.

Sim! O nome de seus outros prazeres era Saga Papadopoulos, jovem negociador de pedras preciosas que também vinha de uma família muito rica e influente, os Papadopoulos da Grécia seriam considerados a realeza se a Grécia tivesse uma. Conheciam-se desde a mais tenra infância e da amizade surgira o relacionamento proibido por muitos, ignorado pelos pais, apoiado pelos amigos muito próximos. O “segredo” era por conta da família de Saga uma vez que o Argenkland mais velho não se importava. Aiolos era bem resolvido quanto a isso e sua família não ligava para os maus dizeres, seu tio Agamenon só queria que seus sobrinhos fossem felizes.

— Ah Saga. – Aiolia revirou os olhos. Tinha seus motivos para não aprovar o “cunhado”, mas o irmão era um tolo apaixonado em sua opinião então precisava ver para crer. Já trabalhava nisso – No entanto, meu caro irmão eu já tenho a pessoa certa para essa empreitada.

Aiolia estava satisfeito, não ele estava felicíssimo! Os olhos verdes tão parecidos com os do irmão tinham um brilho triunfante. O Argenkland mais novo era parecido com Aiolos, apenas os cabelos eram mais claros e tinha dez anos menos. Aiolia era mais impulsivo e passional, tinha um coração generoso e amava o irmão tanto quanto amava a si próprio!

— Quem?

— Shura Viega. É um explorador espanhol relativamente conhecido no meio, já ouviu falar dele! Soube que ele está também percorrendo o caminho do Estige, inclusive que já foi duas vezes ao Egito e quase conseguiu chegar lá. Acontece que Viega necessita de recursos para continuar a pesquisa e apesar da fama, ele não é um homem rico.

— Não sei se é uma boa ideia. – Aiolos mordeu o canto da boca.

— Nós só vamos precisar dividir os créditos da descoberta, o que não é tão ruim diante do prêmio. Vamos falar com ele primeiro e conhecê-lo, Milo me deu ótimas referências dele e até o hospeda em sua casa quando o espanhol está em Atenas. Você sabe que Milo não é amigo de qualquer um.

— Milo é? Faz tempo que não falo com aquele safado, mas segundo Saga ele ainda continua frequentando a Psiri com muita frequência, Kanon sempre o vê por lá.

— Ele está às voltas com um prostituto ruivo! – segredou Aiolia para espanto de Aiolos que o olhou boquiaberto – É! Parece que desde que provou a fruta Milo não quer mais parar. – e começou a rir.

Os dois riram, Milo Savalas era outro amigo de infância e de família tão influente quanto à de Saga. No caso de Milo ele estava de casamento marcado e tudo mais, Shina era sua noiva bela e educada, o orgulho dos pais do filho único. E Milo parecia verdadeiramente apaixonado por ela, pelo menos até recentemente quando conheceu outras formas de prazer.

— Milo está assim por causa do desafio, ele está fascinado com Camus por causa da novidade... Ou não! – Aiolos deu de ombros – Enfim, marque um jantar com o senhor Viega e o Milo. Vamos conversar com ele primeiro para decidir.

— Só a gente, sem o Saga!

— Mas que inferno! Já estou farto dessa guerra entre vocês dois!

Aiolia apenas desviou o olhar, mas toda a sua atitude era clara de que não queria Saga no jantar e nem na vida do irmão. Já haviam discutido isso inúmeras vezes e nenhuma resolução havia saído disso.

— Saga está viajando e só volta no fim de semana, marque o jantar para amanhã. – concedeu o sagitariano derrotado. E o mais novo apenas sorriu triunfante.

***

— Não custa nada você aceitar o convite dos irmãos Argenkland, sondar o terreno primeiro e ver no que dá. Não precisa dar uma resposta logo.

— Eu precisava ficar na Grécia por pelo menos dois meses ou vou acabar sem namorado. – Shura arrumava suas roupas de frente ao aparelho enquanto conversava com Milo e Ettore no quarto em que ocupava na casa do grego, este olhava o amigo espanhol com um ar de enfado enquanto o ouvia justificar sua relutância.

—Não acredito que vai dispensar uma ótima oportunidade de realizar seu sonho de anos apenas por um par de calças! – o italiano Ettore Masquera bufou se apoiando na cama com os braços – Só você mesmo Shura!

—Não é apenas um par de calças carcamano! É meu companheiro, alguém muito importante para mim.

—Companheiro? Não vi aliança, na verdade não vi nem o noivo! – Milo debochou – Quando vamos enfim conhecer o senhor misterioso?

—Quando nossas agendas coincidirem. Agora me deixa ir porque preciso realmente sair e... – Shura pegou seu celular e carteira e olhou para Milo e Ettore que o fitavam ainda como se esperassem sua resposta – Tudo bem! Marquem com os irmãos gregos e vamos ver o que eles querem.

Milo e Ettore acompanharam Shura até a saída e voltaram para dentro do palacete se instalando na saleta para voltarem a conversar.

—Por que sinto que há mais nesse jantar do que simples interesse profissional? – Ettore se acomodou na poltrona perto da janela.

Ettore Masquera era amigo de Shura de longa data, ambos exploradores de relíquias até terminarem a universidade de arqueologia. Viveram poucas e boas até chegarem à fama de exploradores, isso graças a certa dose de loucura e aventura que fez a amizade se tornar inabalável. A universidade em Atenas trouxe Milo para a vida deles e desde então sempre que estavam na Grécia ficavam com o grego, que relegara a vida de explorador para cuidar do escritório de advocacia da família junto com o pai.

—Desconfio desse “grande amor” da vida de Shura seja alguém que conheço e se for. – Milo junto os dedos em torre sobre os lábios carnudos olhando um ponto qualquer à sua frente, os olhos de mar do caribe tinham um brilho inflexível – Se for verdade eu mesmo tiro o escalpo daquele filho da puta!

—Hum... Cortem a cabeça! – e os dois gargalharam, mas Milo não estava mentindo.

***

Saga Papadopoulos vestiu o roupão para receber seu convidado na suíte do hotel Windsor, um dos hotéis mais luxuosos da Grécia. Kanon seu irmão gêmeo riu de lado ao ver a empolgação do outro, estava ali como álibi e aproveitava para revisar alguns contratos. Enquanto Saga cuidava do operacional da empresa, Kanon cuidava do administrativo. Jovens e ricos, os gêmeos Papadopoulos eram a nata da sociedade ateniense e usufruíam do prestígio e riqueza como lhe bem aprouvessem.

Kanon viu o irmão três minutos mais velho introduzir seu visitante direto para a alcova e se fechar lá com ele, os fios escuros balançaram em volta do rosto bonito enquanto ele ria. Intimamente Kanon felicitava o irmão pelo bom gosto, o espanhol era muito bonito mesmo que um tanto sisudo, tinha certa agressividade que rivalizava com a doçura de Aiolos e talvez por isso, Kanon concluía que fosse tão difícil para Saga escolher entre os dois.

No quarto, Saga imprensava Shura na porta para tomar os lábios carnudos nos seus e matar a saudade de quase meses de afastamento. Shura estava em mais uma de suas viagens para o Egito e Saga na Oceania negociando pedras preciosas, assim não conseguiam se encontrar.

— Estava louco para fazer isso! – Saga se afastou um pouco para fitar o rosto afogueado do "amante" e os olhos amendoados que o fitaram cheios de amor e desejo – Sabe quanta falta senti de você? Porque não desiste de uma vez do "caminho do Estige"? Eu tenho uma sucursal da Gemini esperando você em Madri!

—Madri ou Atenas não vai ser muito diferente já que você vive viajando. – Shura inclinou a cabeça para Saga ter mais acesso ao pescoço, a sensação dos lábios do namorado naquele ponto sensível era indescritível – E o que eu faria na sede da Gemini em Madri?

—Você está desperdiçando beleza e talento no deserto, já disse amor que você é um homem inteligente e de visão que teria muitas possibilidades à frente da Gemini. – Saga afastou o paletó e a camisa de Shura para alcançar o ombro desnudo – A arqueologia é para os aventureiros endinheirados, está na hora de você pensar no seu futuro amor.

Foram para a cama deixando as roupas pelo caminho, olhos esmeraldas dentro dos olhos de ônix.

— Madri não será como agora. Eu passo boa parte do ano lá e nos veríamos com mais frequência, sem falar que você poderia ficar mais perto da sua família.

—Talvez... – Shura mordeu o lábio ao sentir os dentes de Saga em um dos seus mamilos – Eu consegui financiamento para uma nova expedição do Estige, ainda não falei com os interessados, mas já fiz uma verificação e parece que dessa vez vai dar certo.

—É? – Saga levantou a cabeça de repente – Que financiamento? Qual universidade?

- Nenhuma. São uns irmãos gregos, Argenkland se não me engano. – Shura deu de ombros – Eles estão com os estudos bem adiantados, mas não conhecem o Egito como eu conheço de forma que seria uma parceria.

Saga se ergueu um pouco mais, a saudade relegada por um momento para a preocupação que se manifestou em um franzir de sobrancelhas.

—O que foi? Conhece os irmãos?

—Sim, são conhecidos de minha família há muito tempo. São pessoas de bem se é isso que o preocupa, mas a questão aqui é que eu me preocupo em como essa parceira pode afetar você. – Saga acariciou o rosto do amante – Os Argenkland têm prestigio e muito dinheiro, eles são bem respeitados no meio acadêmico também e o que você é Shura? Eles podem simplesmente excluir você e ficar com os créditos. Transformar você em um simples explorador.

—Acha que fariam isso?

—É apenas uma preocupação lógica. Melhor que você marque uma reunião com eles e Kanon vá junto com você para o caso...

—Não sou idiota Saga! Sei me cuidar e Ettore estará comigo. – Shura se desvencilhou do grego deitando de bruços com um ar emburrado – Milo está intermediando tudo e é meu amigo também, não preciso do seu irmão! Se aparecesse nas reuniões que eu marco com os meus amigos, saberia que eu estou em boas mãos.

—Tudo bem, tudo bem! Não vamos brigar por uma bobagem. – Saga o beijou entre as omoplatas, mas Shura não se moveu. Odiava quando Saga aprecia superprotetor e queria controlar sua vida.

***

Mais tarde enquanto contemplava o espanhol adormecido ao seu lado, Saga pensava naquela estranha coincidência que estava prestes a juntar os dois homens que ocupavam seus pensamentos e seu coração. Parecia uma brincadeira de mau gosto que seus dois amores tivessem o mesmo amor pela arqueologia e aquela maldita ideia fixa sobre a descoberta do rio da morte que fascinava tanto gregos quanto egípcios. De fato havia muitas semelhanças entre Shura e Aiolos, mas eram as diferenças que faziam com que Saga não conseguisse escolher entre os dois.

Shura era sério, agressivo e arredio, tinha uma personalidade marcante e não se deixava dominar, instigando em Saga a vontade de subjugar aquele espirito. Ter Shura era a promessa de um romance tórrido, apimentado e aventureiro que deixava Saga nas nuvens! Amava aquele espanhol e desde que o encontrara há quatro anos não se via sem ele.

Mas havia Aiolos, seu amigo de infância que era o grande amor da sua vida, seu companheiro de longas conversas e confidências, aquele que acalmava seu lado cheio de dúvidas e anseios. Aiolos era a sua razão! Seu doce e amável amante repleto de ternura que não tinha coragem de magoar. Então o que fazer se não conseguia ficar sem os dois?

Por quatro anos tudo estava sob controle. Com o trabalho de Shura ele conseguia administrar sua relação com o espanhol de forma satisfatória, pouco se viam e sua vida com Aiolos era de total desconhecimento do outro. O caminho com Aiolos era bem parecido então estava tudo bem, os dois não se conheciam o que melhorava tudo. Agora havia aquela expedição que estava prestes a uni-los e isso Saga não devia permitir.

Todavia não poderia forçar Shura, o espanhol era desconfiado demais e poderia começar a suspeitar de algo. O lado trabalhado deveria ser Aiolos, que confiava em Saga plenamente e por isso não desconfiaria de nada. Com sorte não precisaria intervir efetivamente, já que em jogo estava a glória de uma descoberta arqueológica de milênios, era provável que Aiolos e Shura não chegassem a um acordo quanto aos créditos. Talvez mesmo se detestassem.

Sorriu prometendo a si mesmo apenas ficar de olho em tudo para que nada saísse do planejado. Seu ego lhe impelia a deixar que se aproximassem se conhecessem e quem sabe tivesse a oportunidade de ver os dois juntos no mesmo lugar? Era deliciosamente tentador.

***

Aiolos acordou no dia seguinte e ao descer para o café teve uma agradável surpresa.

—Bom dia! – Saga sorriu ao ver o outro grego entrar na sala de jantar onde o café estava sendo servido, o empresário inclusive já estava devidamente servido como se fosse o dono do lugar.

—Finalmente o encontro! – Aiolos se inclinou para beijar o namorado – Quando chegou?

—Ontem. Então fui direto para Patras para a casa dos meus pais porque você sabe que minha mãe não fica muito feliz quando eu me ausento tanto tempo, cheguei há pouco e subi para vê-lo, mas fiquei com pena de acordá-lo.

—Quem atencioso. – Aiolos se sentou à cabeceira da mesa e começou a se servir do farto café da manhã – Vai ficar mais tempo dessa vez?

—Depende de você. Quanto tempo vai ficar em Atenas para enfim pensarmos em nós? Já desistiu da expedição sobre o caminho do Estige?

—Não, inclusive eu e Aiolia estamos organizando outra expedição e Aiolia conseguiu uma colaboração com outro pesquisador, vamos acertar tudo em um jantar logo mais.

—Já vi que vou ter que ir dessa vez ou não vamos passar nenhum momento juntos. – Saga limpou a boca olhando o namorado com um sorriso presunçoso – O que acha de ter esse guia esplendido guiando-o pelo Egito por três meses?

—Você?!

—Conheço aquele lugar como a palma da minha mão. – Saga deu ombros – Não será fácil viajar pelas indicações dos seus estudos e caso não se sinta seguro, nós contratamos guias por lá. Eu falo árabe e pelo menos três outros dialetos fluentemente.

—Tudo bem Saga já pode parar de se exibir. – Aiolia entrou na sala recendendo a cheiro de sabonete e frescor, apertou os lábios ao ver que o moreno estava sentado na sua cadeira, mas Saga não pareceu com disposição de sair dela quando Aiolia se aproximou – Bom dia.

—Bom dia Aiolia! Eu estava apenas falando ao seu irmão...

—Eu ouvi e achei essa ideia excelente! Só acho que eu pelo menos devo ir jantar com o senhor Viega para comunicar que não vamos precisar mais dos serviços dele. – Aiolia disse se sentando em outro lugar um pouco afastado de Saga.

—Faça isso Aiolia, por favor.

Aiolia deu de ombros e começou a se servir do café sob o olhar atento de Saga que depois de um minuto, acabou por deixar suas desconfianças de lado. Ele e o cunhado não se davam tão bem, mas Aiolia não se metia tanto no relacionamento entre ele e Aiolos. Estava tudo sob controle.

Se Saga tivesse pensado melhor teria dissuadido Aiolia a não ir nesse jantar, o melhor seria que ele não tivesse nenhum contato com Shura Viega. Talvez se tivesse feito isso seu segredo ainda estivesse seguro, ao invés disso deixou Aiolia livre e concentrou-se em convencer Aiolos de que viajar para o Egito seria como uma lua de mel.

Aiolia saiu de casa mais cedo da hora marcada para o jantar, precisava rever seus planos com seu cumplice, mas nada muito alarmante. Na verdade Saga lhe dera uma ótima oportunidade.

—O Saga se ofereceu para ir ao lugar de guia na viagem do Estige. – disse assim que Afrodite Strauss abriu a porta para ele.

Afrodite era mais um dos filhos endinheirados de Atenas, primo de Milo e fruto de uma união não muito aceita do tio Rugonis com uma modelo sueca. Cresceram juntos, Afrodite era muito próximo dos gêmeos Papadopoulos assim como dos irmãos Argenkland.

—Filho da puta. – o belo sueco torceu os lábios enquanto introduzia o seu visitante no vestíbulo – Estou quase terminando de me arrumar. Quinze minutos!

Os quinze minutos se transformou em meia hora e Aiolia estava impaciente com o amigo. Por fim o viu aparecer na sala, já pronto para sair.

—Os planos não mudam, vamos acertar os detalhes com Viega e manter a aproximação! Estou quase querendo ir para o deserto só para ver a cara do Saga quando ver os dois juntos. – um sorriso ladino se fez ver, Afrodite ainda se olhou no espelho do corredor antes de sair definitivamente de casa, fazendo Aiolia revirar os olhos. Aiolia sabia-se vaidoso, mas para ele Afrodite era narcisista.

Ambos se vestiram com esmero para jantar, aparentemente um jantar sem qualquer interesse, mas ninguém poderia prever nada. Foram ao restaurante aguardar Shura Viega chegar com Milo, ambos acabaram chegando juntos com um italiano que eles não conheciam, Ettore Masquera.

Aiolia avaliou ambos os homens desconhecidos que se sentaram à mesa depois das devidas apresentações. Constatou que Shura tinha uma figura marcante, belo à sua maneira e diferente do seu irmão Aiolos em muitos aspectos depois de horas de conversa a fio. O jovem advogado soube que não estava lidando com alguém fútil e tolo, de forma alguma leviano. Teve certeza que o espanhol nada sabia sobre o relacionamento de Saga com Aiolos, além de ser muito discreto também. Em suma, Saga estava ainda mais encrencado por Aiolia constatar que ele enganava a ambos.

O amigo do espanhol era outra história. O italiano era desconfiado em demasia, o bombardeou com perguntas e fez questão de discutir todos os pontos da parceria e firmar um contrato, mostrando que daria um ótimo advogado se a história não tivesse lhe roubado o coração. Tinha um jeito meio debochado e fanfarrão apesar de tudo e era perdidamente atraente, mas parecia uma encrenca também com aquele jeito todo durão por fora e passional por dentro. Bastava ver como cuidava do amigo espanhol como um irmão ciumento. Mais e mais não queria estar na pele de Papadopoulos quando tudo viesse à tona, Aiolos poderia ficar magoado e triste, mas tinha certeza que Shura e Ettore tratariam de fazer justiça com as próprias mãos.

— Estou impressionado com suas descobertas Shura. – se pegou admitindo para Shura a certa altura – O modo como conseguiu chegar às mesmas conclusões de Aiolos com tão poucos recursos é impressionante.

— Empenho senhor Argenkland, não foi fácil e só deus e Ettore sabem o que precisei fazer para conseguir.

— Pare de chamar Aiolia de senhor, ele não tem gabarito para o tratamento. Ainda está cheirando a leite o bichano. – Afrodite comentou displicentemente, fazendo os outros dois rirem discretamente e Aiolia revirar os olhos. De fato Aiolia Argenkland era o mais novo dentre os amigos, poderia ser considerado o mascote da turma e por muito tempo o foi – Que tal esticarmos a noite? Está tudo resolvido certo? A noite é uma criança e eu estou arrumado demais para voltar para casa e dormir, vocês também pelo que vejo.

—Amanhã Ettore pode passar no meu escritório para redigirmos o contrato e acertarmos os detalhes da viagem. – Aiolia bateu as mãos, estava satisfeito e sorriu – Vamos acatar a sugestão do “senhor” Strauss – fez questão de frisar o senhor – e nos divertir.

—Vou acompanhá-los, mas não prometo ficar muito porque tenho um compromisso. – Milo disse consultando o celular.

Shura e Ettore deram e ombros, não perderiam a oportunidade de curtir com a alta roda de Atenas.

***

—Estou me sentindo culpado. O Shura é uma ótima pessoa, não sei se é certo que estamos fazendo – Afrodite fungou enquanto Milo quase o carregava para dentro de casa.

—Só bêbado para lembrar que existe culpa Afrodite! – Milo soltou uma gargalhada e Aiolia mais atrás ria também.

—Pense que não estamos livrando duas pessoas maravilhosas de um calhorda. – Aiolia ajudou Milo a colocar Afrodite no sofá depois que mordomo os introduziu na casa do herdeiro do conglomerado industrial Strauss S.A – Eu até apoiaria que Aiolos e Shura ficassem juntos.

—Duas patricinhas alcoviteiras vocês estão me saindo. – Milo olhou de modo cético para Afrodite que já estava apagado no sofá – Vamos deixa-lo aí?

—Joah cuida dele. Vamos embora, você não estava cheio de compromissos? Bico calado escorpião e não se esqueça de ir amanhã com o italiano no escritório.

—Vai investir? Pensei que você tinha deixado os caras de lado. – Milo riu de lado, Aiolia deu de ombros. Era bissexual e ultimamente tinha decidido não se meter em qualquer relacionamento, mas aquele italiano lhe despertara algum interesse.

—Quem sabe uma transa ocasional?

Ambos se despediram do mordomo e saíram em seguida da casa de Afrodite tomando lados opostos. Aiolia para casa e Milo para Psiri embora quisesse evitar, mas não conseguia.

Rodou pelos bares e boates até avistar seu objeto de fascínio, continuou olhando de longe o homem ruivo conversar e rir com outro homem que ele não conhecia. Não iria atrapalhar o trabalho do outro uma vez que nem ligara, pensou que teria sorte de encontrá-lo sozinho. Ficou observando de longe o perfil afilado de traços suaves, os cílios longos que emolduravam os olhos naquele tom incomum de castanho cobre, Milo gostava de ver o brilho de excitação naqueles olhos.

Camus Saint Morriz era o nome que ele dizia ter, mas um profissional do sexo podia dizer muitas coisas sobre si e nenhuma delas ser verdadeira. A Milo parecia uma deliciosa ilusão que o deixava fascinado. Mais do que sua conduta de amigo exigia, que sua conduta de homem e noivo a poucos dias de subir ao altar lhe permitia. Contudo a atitude misteriosa e inconstante do francês ao mesmo tempo em que o repelia o instigava e Milo não sabia o que fazer então se entregava. Camus era um poço de problemas desde o momento que o conheceu e cada vez que descobria mais do belo prostituto, mais sua preocupação aumentava.

O conheceu há alguns meses em uma das festas de Afrodite, Camus era barman na festa e no final da noite Milo descobriu que ele era um garoto de programa também. Teve a oportunidade de vê-lo em ação na mesma noite depois do desfile com Kanon e Afrodite, reservou-se o direito de voyeur no threesome com os amigos, mas nunca esqueceu o ruivo que conhecera. A segunda oportunidade a própria Shina lhe apresentou quando sugeriu apimentar uma noite entre eles, chamando o prostituto para e então Camus estava lá a mercê de Milo. Shina era uma mulher acima de todos os preconceitos e por isso Milo se apaixonara por ela.

Contudo, se aproximou de Camus para mais um programa e pouco a pouco começou a se acercar da vida do francês, fazer perguntas enquanto o convidava sem interesse para tomar um café ou jantar com ele. Arredio, Camus só aceitava se Milo firmasse um programa porque não queria estreitar laços com o grego e ali começou a estranha relação deles.

— Dispensou seus clientes? – Milo se aproximou assim que o ruivo ficou sozinho encostado no bar da boate com uma gin tônica.

— Eu estava me despedindo. – o francês levou a taça à boca carnuda e vermelha e Milo acompanhou aquele movimento com um interesse maior – Só tenho essa noite para falar com os “amigos”.

—Só essa noite? Você vai embora? – Milo piscou confuso.

—Vamos sair daqui para conversar melhor?

—Era o que eu pretendia desde o inicio.

Em quinze minutos estavam no hotel mediano no subúrbio, Milo era facilmente reconhecível no centro da cidade então era melhor não arriscar, seus pais lhe matariam se soubessem que andava com homens, mesmo que prostitutos.

—Eu conheci um cara que vai me bancar a partir de agora, é raro isso acontecer e principalmente com putos de rua, mas esse cara ficou louco por mim. – ele se permitiu um meio sorriso – Então meio que eu não posso te ver mais.

—Ah você vai se tornar um amante exclusivo. – Milo estava demorando a engolir que não veria mais o ruivo, demorando mais do que imaginava – Tudo bem.

Não era o que Milo realmente queria dizer e nem o que Camus esperava ouvir, mas a fachada indiferente do francês não se alterou. Camus não deixava que vissem quando desmoronava, não faria diferente ali na frente de Milo. Henry lhe dissera que o interesse de Milo era apenas pela novidade, que ele aproveitasse para arrancar o máximo que pudesse do jovem grego e só, mas não esperasse que ele lhe amasse. Teve sorte de outro jovem e inconsequente grego lhe propusesse a torná-lo um amante exclusivo.

—Vai querer hoje Milo? Que tal começar a se mexer? – Camus começou a tirar a roupa, colocando seu profissional para aplacar a decepção que lhe tomava. Era bem melhor que esquecesse aquele homem de uma vez.

—Camus...

—Não tenho a noite toda Milo! Preciso me despedir de Atenas inteira em uma noite. – Camus riu debochado indo para a cama sem esperar pelo grego que ficou apenas ali parado com as mãos nos bolsos tentando decifrar aquela noite, aquela atitude do outro.

—Nós não vamos nem poder nos ver de novo, como amigos Camus?

—Você não é meu amigo Milo, é meu cliente e sempre deixou muito claro isso. – Camus deitou o corpo delgado na cama macia, Milo sentia seu sangue correr mais rápido só de ver a pele de alabastro e os cabelos ruivos, aquele rosto e corpo que sabiam dar prazer como ninguém. “É o trabalho dele certo?” pensou “Fingir prazer também faz parte do que ele faz não se sinta tocado apenas por achar que ele sente prazer com você”.

—Então Camus, uma ultima noite. Para nos despedirmos.

Muito tempo depois, antes de dormir Milo se perguntou se não era tão cafajeste quanto Saga por manter Camus todos aqueles dias e estar de casamento marcado. Porém, agora a vida se encarregava de tirar o francês da sua vida e em breve Milo o esqueceria, seguindo sua vida como Camus seguiria a vida dele. Era melhor assim. 

20 de Mayo de 2018 a las 14:28 0 Reporte Insertar Seguir historia
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