Notas Iniciais:
Apenas algo que me surgiu quando me deparei com uma lembrança gostosa de infância.
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Nos domingos, Hatake Kakashi não usava máscara.
Era estranho, em verdade. Todos pareciam tão interessados em descobrir do rosto por trás daquela máscara e ele nunca entendeu bem o porquê. Nem sobre os outros tanto quererem tirar, nem sobre Kakashi tanto insistir em manter.
Para Gai, debaixo dali não havia nada demais, nem tanta beleza, nem algo tão grave assim. Ou, talvez, fossem os tantos anos por perto que já tornara comum e familiar. Não o entenda mal, não é que Kakashi deixasse de ser especial, de fato, nisso ele só fazia crescer, mas também não era como se o ocultar ou revelar de seu rosto fosse fazer qualquer diferença no fim das contas. Ou sentido.
Já chegou a achar que pudesse ser alergia, ou só sua vontade em zombar seus alunos, sabendo que Naruto perderia algumas noites de sono inventando bobagens para suprir imaginação. Mas, quando parava para pensar, desde que o conhecia existia ali aquele pano, e você pode adicionar muito tempo nessa contagem.
O mais curioso é que havia dias que Kakashi retirava sua máscara. E não adiantava o quanto seus neurônios trabalhassem, nada dava em nada e, no fim, não conseguia encontrar a lógica para tanto suspense.
Num dia comum, numa tarde qualquer, sem sol muito forte e sem missões a cumprir, Gai resolveu perguntar, sem o esperar responder.
E como se não se importasse, como se não estivesse abrindo todas as sete chaves de um dos maiores segredos do mundo, onde estava deitado Kakashi ficou, se espreguiçando na relva e revelando, com toda a tranquilidade: sentia frio.
Tinha uma estranha condição que mantinha o seu nariz feito uma pedra de gelo. Sempre que faltava calor era a primeira parte do corpo a sofrer, por isso lhe incomodava andar, ou mesmo dormir, descoberto. Com o passar das estações, acabou virando um costume que não viu problema em manter.
No fim das contas realmente não havia nada demais naquilo. Algumas pessoas sentiam frio nas mãos, outras, nos pés. Kakashi sentia no nariz. E, bom, ele não era obrigado. Então foi noutra tarde, em outro domingo, que Gai simplesmente apontou para o seu rosto, e sorriu.
– Nariz de pinguim.
A frase proferida quebrou o silêncio. Kakashi, com seu único olho a mostra, interrompeu sua leitura e buscou seu olhar, espantado por um segundo, e então, curioso. Ele abriu e fechou a boca algumas vezes enquanto tentava decifrar o comentário e elaborar uma resposta, sem sucesso algum. Por fim, franziu as sobrancelhas, desistindo.
– O quê?
– É como se chama, rival. Você tem um nariz de pinguim.
Ele repetiu, enfático. Kakashi encarou o nada por um momento, se colocando a pensar.
– Sim... Acho que sim.
Mesmo assim ainda restava um problema, uma única dúvida:
– Mas, por que você nunca o cobre quando aqui?
Um riso discreto marcou em sua boca desnuda e ele fechou o livro que lia, se inclinando mais sobre a arvore e se aconchegando contra o ombro ao seu lado. O vento soprou, derrubando algumas folhas e, como se temesse interromper a calmaria daquele momento, Kakashi soltou um suspiro e um murmúrio:
– É que é quentinho.
Nos domingos, Hatake Kakashi não usava máscara.
Ali, enrubescido debaixo do pessegueiro, Gai finalmente compreendeu o porquê.
E teve que concordar.
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