slowqueen SlowQueen

O jovem medico virou e caminhou em direção a porta, abrindo-a e esperou que Tenten passasse por ela, mas antes de continuar a voz dela soou no quarto, uma voz doce e frágil... Sasuke virou-se á tempo de ver ela se movendo na cama e sentando-se nela... A pergunta que fez antes "sente alguma dor?" lhe pareceu ridícula ao olhar para a mulher... Os braços dela estavam roxos, marcas fortes feitas por mãos grandes, assim como no pescoço, talvez feita no momento em que conseguiu imobiliza-la... E de repente ele percebeu que o corte em seu lábio inferior era apenas uma pequena parte do ataque ao qual ela havia sobrevivido...


Fanfiction Sólo para mayores de 21 (adultos).

#Romance #Drama #SasuSaku #Depressão #Uchiha Sasuke #Haruno Sakura #Universo Alternativo #Naruto #Hospital
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Capítulo Único


O som do salto alto ecoava no corredor branco, a mulher caminhava rápido com a saia lápis branca e justa, a prancheta em sua mão com alguns papeis cheios de informações, o cabelo castanho preso impecavelmente... Ela cumprimentou um senhor em uma cadeira de rodas quando passou por ele e logo entrou rápido pela porta branca...


— Sasuke... — A voz dela chamou, e o homem que levava a xícara branca até a boca desistiu e voltou os olhos para ela...

— Por favor Tenten, me deixe almoçar...

— Você não está almoçando, está tomando café, é totalmente diferente... — Respondeu, pelo simples fato de adorar incomodá-lo...


Sasuke estava sentado lendo algo e tomando o café preto, com as roupas escuras por baixo do jaleco branco... Ele fechou os olhos e contou até três antes de responder a mulher...


— O que aconteceu agora? — Viu o tom de voz dela ficar sério...

— Hoje pela manha chegou uma moça.. Acho melhor você ir vê-la. — Ela entregou a prancheta com os papeis e ele passou os olhos rapidamente por essa enquanto ouvia... — Ela chegou desacordada, fizemos os primeiros exames e foi confirmado que houve agressão sexual. Mas depois que ela acordou não deixou mais fazermos nenhum exame, nem fala com nenhuma das enfermeiras...

— Acho que Tsunade tem que ir vê-la, não eu.

— Tsunade foi ontem a noite para uma palestra, só volta daqui a dois dias. — O medico suspirou fundo lendo os papeis...

— A outra opção dessa moça é Kakashi... Ok, você fica no quarto comigo, ela vai se sentir mais segura com uma mulher presente.


Houve duas pequenas batidinhas na porta e esta foi aberta, Sasuke deu espaço para Tenten entrar primeiro, e depois de entrar no quarto fechou a porta.. A paciente estava deitada de lado, inteira coberta pelos lençóis brancos do hospital, virada em direção á janela... Sasuke coçou a garganta e começou...


— Me chamo Uchiha Sasuke, sou um dos médicos deste hospital... Esta é Tenten, uma das enfermeiras.


Sasuke contornou os pés da cama, para poder ver o rosto da mulher... Parou assim que conseguiu o que queria, e por um segundo quis não tê-lo feito, os cabelos dela eram coloridos, um tom de rosa claro que lembrava as flores, ele olhou a prancheta em suas mãos e viu o nome da paciente "Sakura", de fato combinava com ela, a boca estava cortada, um corte feio e profundo, mas foram os olhos que fizeram ele se sentir invadindo sua privacidade, os brilhantes olhos verdes que derramavam lágrimas no travesseiro branco... Sasuke curvou-se levemente e fechou os olhos...


— Me desculpe. Voltaremos em alguns minutos...


O homem virou-se e fez um leve sinal para Tenten segui-lo, saindo do quarto e fechando a porta... Ele não gostava dessa situação, achava melhor uma mulher cuidar da moça, mas eram um hospital pequeno de uma cidade pequena, apesar das muitas enfermeiras, a única medica ali era Tsunade, e se ela não estava ele não tinha outra opção... Mas não gostava dessa situação, não sabia o motivo, mas quase sentia-se culpado pelo simples fato de ser homem, não entendia o motivo de alguém fazer algo assim, e nem queria entender, era abominável e sem escrúpulos...


Aguardou alguns momentos do lado de fora em silêncio ao lado de Tenten, geralmente tão alegre, agora calada e pensativa, os minutos se passaram, e o silêncio permaneceu tanto dentro quanto fora do quarto, Sasuke bateu novamente na porta e entrou, vendo a mulher ainda deitada na cama na mesma posição... Ele não poderia ir embora novamente, haviam exames que precisavam serem feitos, e apesar de não querer interferir em seu luto, ele sabia que era para o bem dela, respirou fundo e contornou a cama, vendo o rosto da mulher e agradeceu por pelo menos ela ter parado de chorar...


— Sakura, eu sou Sasuke, sinto muito pelo que aconteceu com você.


O silêncio foi sua resposta... O moreno olhou para Tenten escorada no canto do quarto com os olhos arregalados, a cidade era pequena, coisas como aquela não aconteciam todo dia, ela se quer sabia como reagir a isso, preferiu colocar tudo nas mãos de Sasuke e aguardar calada... O Uchiha puxou a poltrona antes perto da parede para perto da cama, e percebeu os olhos verdes o acompanhando, sentou-se tentou recomeçar...


— Confesso que não sou uma pessoa muito sensível, então já lhe peço desculpas se vier a ofende-la ou constrange-la com algo. — Ela fechou os olhos por um longo segundo, e quando voltou a abri-los mirou a janela... — Eu só quero ajudá-la, nada mais, precisamos fazer alguns exames. E para fazê-los nós precisamos conversar, saber se você tem alergia á algum remédio, ou se tem alguma doença como diabetes ou hepatite...


A paciente não respondeu nada, ela não parecia que iria de forma alguma, mas ele tinha que insistir...


— Você tem alguém para contatarmos? Seus pais? Seu marido? Alguém próximo poderia responder essas perguntas e você não precisaria se incomodar com essas coisas... — Aah, ele queria tanto que ela respondesse... — Sente algo? Alguma dor?


A paciente se quer olhou-o novamente, era uma mulher jovem, Sasuke poderia chutar que tinha pouco menos que sua idade, era uma mulher bonita, os olhos claros e grandes, a pele lisa, os cabelos coloridos, ele poderia apostar que era uma moça alegre... Mas agora tudo que via nela era tristeza, e ninguém no planeta poderia julgá-la por isso... Sasuke aproximou-se dela, e ao fazer isso ele chamou a atenção da moça, que rapidamente colou os olhos assustados nele...


— Sakura, eu realmente sinto muito pelo que aconteceu com você, eu poderia dizer que posso imaginar o que você está sentindo agora, mas não posso, eu nunca poderei, pois essa dor é sua, e só você sabe o quão forte ela é. Mas eu vou estar aqui, a qualquer hora, você pode ter certeza, pois eu só quero ajudá-la no que eu puder... — Sasuke levantou-se... — Eu vou esperar pacientemente o momento em que você se sentir confortável para conversar comigo...


O jovem medico virou e caminhou em direção a porta, abrindo-a e esperou que Tenten passasse por ela, mas antes de continuar a voz dela soou no quarto, uma voz doce e frágil... Sasuke virou-se á tempo de ver ela se movendo na cama e sentando-se nela... A pergunta que fez antes "sente alguma dor?" lhe pareceu ridícula ao olhar para a mulher... Os braços dela estavam roxos, marcas fortes feitas por mãos grandes, assim como no pescoço, talvez feita no momento em que conseguiu imobilizá-la... E de repente ele percebeu que o corte em seu lábio inferior era apenas uma pequena parte do ataque ao qual ela havia sobrevivido...


— Me sinto nauseada...


A voz dela era frágil e meiga.. Sasuke tentou com todas as suas forças não demonstrar o susto que levou ao ver os ferimentos, coçou a garganta e caminhou rápido até um pequeno armário de vidro, abrindo-o e tirando alguns comprimidos lá de dentro, encheu um pequeno copo branco de água e caminhou até ela. As mãos dela estavam geladas, e ele notou isso quando colocou os dois comprimidos sobre elas, viu a mulher engoli-los e logo ela voltou a deitar-se e cobrir-se com os lençóis brancos sem falar mais nada, ou se quer olhá-lo... Sasuke voltou os olhos para Tenten, e a enfermeira pode ver o quão surpreso ele havia ficado com o estado da mulher... O Uchiha caminhou até um armário maior, pegou lá de dentro um cobertor e voltou a beira da cama, viu os olhos verdes observá-lo, e sem se aproximar muito para não assustá-la, ou algo do tipo ele colocou o cobertor sobre ela e afastou-se...


Caminhava pelo corredor ao lado de Tenten, e sua mente estava tão cheia que não estava prestando atenção no que ela falava, ele sentiu-se um idiota, como não havia esperado que ela estivesse com ferimentos como aqueles, era um idiota por se surpreender com aquilo... Conseguia imaginar quanta força havia sido usada para deixar marcas tão grandes, o que ele não conseguia imaginar era como ela estava reagindo á isso...

A voz do amigo de infância chamou a atenção dele, e quando enfim levantou a cabeça pode ver o loiro com a roupa policial no fim do corredor... Naruto tirou o quepe azul e caminhou em sua direção...


— Nos informaram que uma mulher foi atacada... — O Uzumaki iniciou...

— Sim, os exames iniciais confirmaram a agressão sexual. — Sasuke respondeu passando por ele e fazendo o loiro seguí-lo.

— Isso é um horror, o ultimo caso de estupro que houve na cidade eu nem havia me tornado oficial ainda.

— Nem me fale, as enfermeiras não sabem direito como agir... Eu não sei direito como agir. — O Uchiha confessou esfregando a ponte do nariz...

— Não se culpe, é uma cidade pequena, ninguém sabe. — Falou isso e colocou novamente o quepe na cabeça... — Bom, eu tenho que ir lá fazer algumas perguntas...

— Não. — Sasuke segurou o braço do amigo. — Ela não está preparada para perguntas.

— Ela vai ter que responder, se quiser que a gente pegue esse desgraçado.

— Acredite, ela não vai responder nada agora... — Sasuke respirou fundo... — Volte para a delegacia, eu vou tentar conversar com ela novamente daqui a pouco, "se" ela me responder algo sobre o ataque eu te aviso...

— O ideal seria que eu conversasse com ela Sasuke.

— Por favor Naruto. Não faça essa mulher passar por uma serie de perguntas agora... Eu prometo que vou colaborar, mas vamos com calma...


O oficial concordou, era um antigo amigo de Sasuke, e sabia que ele não pediria tal coisa se a situação da mulher não fosse grave, não demorou muito depois disso para partir do hospital...


Sasuke foi ver alguns dos outros pacientes, um menino que havia quebrado a perna em um acidente horrível que envolvia sua bicicleta e um muro, uma velha senhora com uma forte gripe e uma gestante que havia se sentido mal durante a manhã... Mas em nenhum momento ele conseguiu tirar a jovem moça no quarto 12 da cabeça... Tenten ficou por perto para avisá-lo se ela falasse ou pedisse algo, mas tudo o que ela tinha para lhe contar no fim da tarde é que Sakura não havia comido nada o dia inteiro... O médico passou na pequena cantina do hospital e comprou dois sanduiches recheados, um leite com chocolate e uma xícara de café preto. Foi difícil abrir a porta enquanto segurava a bandeja, e quando finalmente conseguiu viu a mulher sentada na cama...


Os cabelos coloridos dela eram mais longos do que ele havia percebido antes, iam até sua cintura, ela havia colocado um casaco, que ele reconheceu ser do hospital...


— Posso entrar? — Ela olhou para ele, e sem objeções voltou a olhar para a janela... — Se você quiser posso chamar uma das enfermeiras também...


Ele tinha medo de ela sentir-se pressionada sozinha com ele no quarto... Mas ela não pareceu ter objeção quanto a isso, quando Sasuke passou pela porta fez questão de deixá-la aberta, colocou a bandeja sobre a mesa ao lado da cama e entregou á ela um dos sanduiches, mas a mulher não moveu-se e ele então colocou sobre a cama ao lado dela, voltou até a poltrona e sentou-se nesta, tirando o fino plástico do outro sanduiche e o mordeu...


— Você precisa comer Sakura...


Ele tomou um gole do café quente e voltou os olhos escuros para a janela que ela tanto observava... A vista daquele quarto dava para o pátio interno do hospital, onde haviam algumas arvores e bancos vazios... Sasuke continuou a comer seu lanche em silencio, ele sabia que ela precisava de tempo para digerir as coisas que haviam acontecido com ela, e não iria interferir nisso, apenas estava preocupado com sua saúde, terminou o lanche e permaneceu sentado a poltrona ao lado da cama, sem fazer perguntas, sem ficar encarando-a, sem pressioná-la, apenas ficou em silêncio lhe fazendo companhia, ele não sabia como ela estava reagindo a tudo aquilo, mas pensou que talvez, e só talvez, ela não quisesse ficar sozinha em um momento como aquele...


Quando percebeu estava acordando, abriu os olhos devagar e virou o rosto em direção a janela, já era noite, ele passou a mão grande no rosto e estava prestes a pedir desculpas quando olhou para ela... Sakura estava deitada na cama, dormindo, com a respiração pesada e o travesseiro manchado pelas lagrimas... Na bandeja ao lado da cama estava a caneca com leite vazia e as bordas do sanduiche apenas... O Uchiha ficou feliz em saber que ela havia se alimentado, pegou a bandeja e saiu do quarto devagar...


Naquela manhã ele dirigiu mais rápido do que o habitual, chegou no hospital, colocou o jaleco e foi direto para o quarto 12...

Lá estava a mulher sentada na cama olhando para a janela... Sasuke entrou no quarto devagar e deixou a porta aberta atrás de si...


— Bom dia Sakura... — Ela olhou para ele e baixou os olhos, e aquela seria a única reposta que ele teria, Sasuke aproximou-se devagar... — Estive pensando, você pode não querer falar conosco, mas eu posso te emprestar meu celular, ligue para sua família, peça alguém para vir... — Ele esticou o aparelho em direção a ela. Mas ela se quer parecia ter escutado... — Por favor, eu preciso saber se você está bem, fisicamente bem... Você pode ter pego alguma doença, e eu não quero que isso aconteça... Me ajude... — Ele esperou por quase cinco minutos, calado pacientemente...

— Minha família não mora no país. — Finalmente a voz dela novamente...

— Você mora sozinha? Não tem alguma amiga? ou um namorado?


Sakura ficou em silêncio desta vez, o que fez ele acreditar que a resposta era não, ele sabia que poderia receber um enorme silêncio como resposta, mas preferiu tentar...


— Você pode me dizer se é alérgica a alguma coisa...? Precisamos fazer alguns exames...

— Não sou alérgica. Mas eu tenho crises de asma as vezes...

— Ótimo. — Ele respondeu animado, afinal, era a primeira vez que ela parecia cooperar.. — Eu preciso de uma amostra de sangue, mas não se preocupe, é bem pouco.


Sasuke falou abrindo uma das gavetas e aproximando-se dela, mas a mulher recuou, assustou-se com a forma rápida que ele se aproximou, e isso fez com que ela se encolhesse sobre a cama e se inclinasse para o lado oposto dele... Sasuke congelou nesse momento, vendo a mulher acuada sobre a cama, os enormes olhos verdes apavorados, ele sabia que na mente dela estava revivendo o ataque, e era culpa dele, se sentiu culpado por assustá-la desse jeito, e imediatamente ele se afastou, curvando-se levemente e pedindo desculpas... Saiu do quarto e culpou-se e xingou-se mentalmente enquanto caminhava pelo corredor, viu Tenten parada perto do balcão de entrada e chamou-a explicando a situação. Voltaram juntos para o quarto e ele se manteve perto da parede enquanto a enfermeira se aproximou dela...


— Eu só vou tirar uma amostra, não vai doer, eu juro.


Tenten teve todo o cuidado ao colocar a agulha longa no braço machucado dela, tirou uma seringa inteira de sangue e colocou um pequeno curativo no lugar, saindo do quarto logo em seguida... Sasuke abriu a boca para falar, mas ao olhar a mulher com olhos baixos na cama decidiu não fazê-lo, virou-se e saiu em silêncio do quarto, virando-se e com a voz baixa pediu...


— Me desculpe por assustá-la, não foi minha intenção — Fechou a porta...


O Uchiha torturou-se o resto do dia pelo incidente, cuidou de seus outros pacientes e assinou alguns papeis, ao fim da tarde ele ficou feliz ao olhar alguns dos resultados do exame de sangue de Sakura, ela aparentemente não havia contraído nenhuma doença do agressor, outros exames teriam que ser feitos a partir de agora, mas Tsunade chegaria pela manhã e assumiria a paciente, ele sabia que era o melhor pra ela, depois de uma situação extrema pela qual ela havia passado, ele sabia que ser atendida por uma mulher seria mais confortável.

Juntou suas coisas e foi para casa...


O sol se escondeu atrás das nuvens cinzas aquele dia, Sasuke desceu do carro e caminhou até a entrada do hospital, cumprimentou as enfermeiras e alguns dos pacientes pelo corredor principal, colocou o jaleco e foi em direção aos quartos de seus pacientes, alguns ainda estavam dormindo, outros já estavam reclamando por estarem mais um dia naquele lugar, ele não demorou mais de quarenta minutos para voltar a sua sala, e não muito depois disso ouviu as leves batidas na porta...


— Bom dia. — A mulher loira com o jaleco branco entrou...

— Tsunade, bom ver que chegou bem. — Ele foi educado e fez a mulher lhe sorrir ao sentar-se em frente a sua mesa...

— Então... a paciente do 12.. Horrível o que houve com ela. Já cuidei de mulheres que sofreram esse tipo de agressão antes, mas... cada caso é um caso... nunca se sabe o que esperar da paciente...

— Eu se quer posso imaginar o que ela esta passando. — Sasuke escorou os cotovelos na mesa...

— Ninguém pode. — Tsunade continuou... — Algumas mulheres se recuperam rápido, outras levam anos... Outras jamais conseguem superar... É algo que não é só físico entende?

— Sim, sim, eu compreendo. — Sasuke voltou sua atenção totalmente para ela...

— Enfim. Os psicólogos dizem que a primeira pessoa com quem a vitima entra em contato é a pessoa em que ela mais se apega, outro dizem que as vitimas passam a desconfiar de pessoas próximas se o ataque veio de um conhecido, e outros dizem outras mil coisas diferente... O fato é que ninguém, além da vitima, pode afirmar nada...

— Eu estava lendo sobre isso ontem, tudo é tão vago, nada descrito nos livros chega perto do sofrimento que vejo nos olhos dela. — Tsunade riu pra dentro ao ouvi-lo dizer isso...

— Você realmente parece disposto a ajudá-la.. preocupado até...

— É horrível para mim, como homem, como médico, vê-la passando por isso e não poder fazer nada... — Ele parecia frustrado ao concluir a frase...

— Aparentemente você pode. — E os olhos negros dele se voltaram novamente para a loira... — Ela pediu para ser atendida por você.


Sasuke bateu na porta duas vezes e abriu... Sakura estava sentada na cama, olhando para a janela, agora molhada com a chuva fina que batia contra os vidros, os braços machucados estavam de fora, os cabelos soltos e bagunçados da cama, ela virou o rosto em direção a ele e o encarou, apenas por dois segundos, voltando então a olhar a janela... Sasuke fechou a porta e entrou, talvez ela só tivesse pedido por ele pelo fato de não enchê-la de perguntas, de não forçá-la a nenhum exame ou algo do tipo, mas isso não importava agora, ela havia o escolhido para ajudá-la e ele se dedicaria totalmente a isso... Puxou a poltrona que havia sido afastada para beira da cama de novo e sentou-se... aguardando por ela...


Os minutos se transformaram, o tempo foi passando, e a chuva aumentou, o barulho das gotas batendo contra o vidro era estranhamente agradável, e depois de muito silêncio, enfim ela iniciou...


— Eu estava em casa... Abri a geladeira e percebi que não havia passado no mercado... Eu iria passar a noite estudando, então decidi que eu merecia um pote de sorvete... Foi então que... quando eu estava voltando para casa... foi quando.... — Uma grossa e solitária lagrima correu o rosto dela e pingou sobre o lençol branco... — ... Se eu não tivesse saído de casa....

— A culpa não foi sua!! Nunca seria Sakura!! — Ela limpou o rosto e baixou os olhos... — A policia está atrás de qualquer um que possa ter visto alguma coisa. Você poderá ajudá-los a pegar quem fez isso com você assim que se sentir melhor...


Sasuke não sabia o que falar, não sabia como confortá-la, e se quer sabia se algo poderia... a dor que aquela mulher carregava, a dor que ela teria que carregar pelo resto da vida... não havia palavras para descrever o quão horroroso poderia ser... O Uchiha baixou a cabeça e permaneceu em silêncio por mais algum tempo, precisava de informações sobre ela, mas não queria ficar fazendo-a lembrar, decidiu apenas conversar com ela então...


— Então veio sozinha para a cidade... — Ela pareceu gostar da ideia de mudar de assunto um pouco...

— Eu vim pelos estudos... Estou concluindo meu mestrado em arte, e os antigos templos daqui são ricos e conservados...

— Uma artista então... Chegou há pouco tempo?

— Faz menos de um mês... Eu... Não conheço ninguém aqui... Não tenho pra quem ligar...

— Poderia ligar para sua família no exterior... — Um falso sorriso apareceu nos lábios dela, mas ao contrario do que ele pensou, foi tão triste quanto vê-la chorar...

— Não, eu não poderia... Meu pai passou por uma cirurgia no coração há poucas semanas... Eu não quero assustá-lo.

— Você não está sozinha Sakura. — O homem falou firme... — Eu vou sempre estar aqui, a hora que você quiser.

— Eu agradeço a sua gentileza...


Ela disse isso e escorregou na cama, deitando-se e cobrindo os braços, e não demorou muito para ela, com a voz mais baixa do que antes, reiniciar...


— Eu vi como você me olhou quando viu meus braços... Você tinha olhos assustados, surpresos com tamanha violência... e depois... pena... Todos que entram aqui me olham da mesma forma... Eu não gosto quando olham... Poderia, por favor, ir até minha casa e buscar algumas roupas?

— Claro que sim Sakura. O que precisar...

— Eu escrevi algumas coisas que preciso, junto ao meu endereço...


Os olhos dela focaram em uma folha sobre a mesa perto da cama... Sasuke levantou-se e pegou-o, vendo uma pequena lista de coisas escritas, ele lhe sorriu e caminhou até a porta, mas antes de sair virou-se e olhou a mulher na cama, e ainda que não pudesse ver seu rosto, perguntou...


— Mais alguma coisa? — Mas ele nunca esperaria por aquela resposta...

— Eu vi seu rosto... Eu posso ver seu rosto toda vez que fecho os olhos... E sei que esse rosto vai me perseguir até o fim... E ainda assim eu jamais poderei descrevê-lo.. Pois para mim seria como descrever um monstro..


Sasuke olhou para o papel em suas mãos e para a casa a sua frente, ele tirou o chaveiro cheio de penduricalhos do bolso e subiu os três degraus até chegar a porta... a casa dela cheirava a chocolate, bolo de chocolate... haviam roupas espalhadas por cima do sofá, a televisão ligada em um volume baixinho, uma xícara de café gelado sobre a mesa, junto com alguns papeis, canetas e marca textos, uma pilha de livros ao chão ao lado da cadeira, aliás, haviam livros espalhados por todo o lugar, Sasuke caminhou até o quarto e viu a cama desarrumada, abriu o guarda-roupas e pegou uma bolsa grande, olhou o papel em suas mãos e pegou o que dizia nele, três casacos finos, cinco camisetas, duas calças e um shorts... quando ele abriu a gaveta e viu a calcinhas e sutiãs, não conteve a vermelhidão em seu rosto... Pegou o notebook aberto sobre a cama e a escova de dentes no banheiro, e enquanto voltava a sala não pode não reparar nas varias fotos presas com pequeno grampos coloridos pela parede...


O sorriso dela era lindo... Iluminado e cheio de vida. Ela estava sorrindo em todas as fotos, era uma garota sorridente e alegre, era quase uma pessoa diferente agora... Em uma das fotos ela segurava um gato branco e emburrado, ao lado estava abraçada com uma loira de olhos azuis e as duas pareciam ter acabado de chegar de uma festa daquelas, na ao lado ela estava no colo de um homem, mas nada na foto passava a ideia de casal, o ruivo tinha olhos verdes e uma enorme tatuagem na testa, segurava ela no ar enquanto sorriam... A próxima ela estava ao lado do pai, o homem estava no hospital com vários aparelhos ligados, mas estava sorrindo para a câmera com Sakura abraçada em seu pescoço... Ela parecia ser uma pessoa feliz antes do que aconteceu... Sasuke desejou, que algum dia ela pudesse voltar a ser feliz daquela forma...


Na manhã seguinte a chuva ainda não havia ido embora, o tempo nublado cobria tudo com uma bruma acinzentada e dava um ar triste as coisas, Sasuke chegou tão cedo quanto todos os dias, e antes mesmo de ir até sua sala ele foi em direção ao quarto 12... As duas batidinhas na porta ficaram pra outro momento, ele apenas entrou, e viu a mulher dormindo calmamente, como ele não tinha visto até então, deixou a bolsa com as roupas e coisas dela, bem como a chave de sua casa, e saiu do quarto...

Atendeu seus pacientes depois disso, e conversou com Tenten sobre o resto dos exames de Sakura, os resultados eram bons, e ele ficou contente e aliviado com a noticia... No inicio da tarde caminharam em silencio ao longo do corredor e Sasuke bateu na porta levemente, entrando e sendo seguido por Tenten.. A dona dos longos cabelos cor de rosa estava sentada na cama, perdida entre seus pensamentos e lembranças...


— Olá Sakura... Espero que esteja tudo certo com seus pertences... — Ela demorou um pouco, mas virou o rosto e olhou-o antes de responder...

— Sim, obrigada.


Sasuke coçou a garganta e deu dois pequenos passos para a frente, sabia que aquilo poderia ser um enorme retrocesso no avanço que havia conseguido com a mulher, mas ele não podia mais esperar para dar continuidade ao tratamento...


— Sakura eu.. eu preciso examiná-la. Tenho que saber como seu corpo esta reagindo a agressão que você sofreu, saber como tratar e o que tratar em você. Mas não se preocupe, eu jamais irei tocá-la. — Ele apontou para a enfermeira na beira da porta aguardando... — Tenten vai nos auxiliar e ajudar você com isso... Nós vamos esperar até que se sinta confiante, mas saiba que é para o seu bem, precisamos ter respostas até o fim do dia...


A Haruno pareceu entender, suspirou fundo e levou bons minutos para dar uma resposta há eles, e esta se quer foi verbal, ela levantou as cobertas e moveu devagar as pernas para fora da cama, Tenten aproximou-se dela e Sasuke deu dois passos para trás, apenas para garanti-la de que ele não se aproximaria de mais...

Sakura olhou-o antes de começar a tirar o casaco, e logo depois voltou os olhos verdes para a enfermeira a seu lado, Tenten era cuidadosa e gentil, talvez isso desse a ela um pouco mais de confiança para continuar... Assim que ela tirou o casaco Sasuke pode ver os hematomas em seus braços, o tom de roxo em ambos estava mais claro, com um pequeno tom amarelado aparecendo em seu centro.. Tenten continuou ajudando-a e desabotoou a camisa que ela vestia, descendo-a pelos braços gentilmente, e foi a primeira vez que Sasuke começou a ver a total dimensão dos ferimentos... Ela usava um sutiã branco, que Sasuke reconheceu que estava na bolsa em que ele havia trazido, a parte de cima dos seios dela estava lanhada, com algumas marcas de unhas, talvez ao tentar tirar a sua roupa durante o ataque, mas as costelas foram o que chamaram atenção dele, podia ver claramente um enorme hematoma roxo e esverdeado, Sasuke presumiu que aquele ferimento havia sido feito pelo joelho do agressor enquanto tentava imobiliza-la, ao mesmo tempo em que apertava seu pescoço... Um nó se fez na garganta do Uchiha, e ele se quer havia chegado ao fim...


Tenten abaixou-se e Sakura colocou as mãos sobre os ombros dela ao se equilibrar para tirar a calça de algodão... Sakura tinha um corpo bonito, lindas curvas, e ainda assim tudo que Sasuke conseguiu ver nela foi o quão brutal um homem poderia ser, o quanto a humanidade estava caminhando em direção a um abismo, o quão longe a maldade humana poderia chegar...

Ele não poderia dizer qual o tom de pele de suas pernas, pois tudo ali era uma grande massa roxa, hematomas tão negros que ele não conseguia dizer se aquilo havia melhorado ou não, haviam profundos arranhões perto de seus joelhos, provavelmente ao tentar forçá-la abrir as perna... Entendeu naquele momento o motivo de ela mal se mover, se quer conseguia imaginar o quão dolorida ela estava, e quando tentou fazê-lo percebeu que aqueles ferimento não eram nada comparado a ferida que havia agora dentro dela, profunda, e marcada para sempre...


Sasuke curvou o corpo para frente, com os braços junto ao corpo, curvou-se até ela não poder mais enxergar seu rosto, e com a voz tremula continuou...


— Eu sinto muito... Eu sinto muito Sakura.. Sinto que tenha passado por isso. Sinto muito que exista alguém no mundo capaz de fazer isso com você, ou com outra mulher. Eu realmente, sinto muito...


Duas lagrimas correram até a ponta de seu nariz e pingaram no chão, e ele foi homem o suficiente para levantar a cabeça e olhá-la, esfregou os olhos, limpando-os e viu a mulher observá-lo sem expressão alguma no rosto... Muitas coisas passavam pela cabeça dela naquele momento, mas a principal delas é que ela podia ver agora no médico que a tratava o que não pode ver no monstro que a atacou... compaixão.

Sasuke disse que esperaria no corredor até o exame intimo ser feito, e depois disso caminhou rápido até a porta, saindo e deixando as duas mulheres lá dentro... Sasuke ficou parado segurando a maçaneta por alguns segundos, até suas mãos começarem a tremer, ele levou a mão até o rosto e cobriu-o... Era horrível saber que um ser humano era capaz de tamanha atrocidade... Sentiu-se um inútil, sabia que por mais que ele curasse o corpo dela, ele jamais poderia livrá-la da dor das lembranças do que havia acontecido... Alguém que era capaz de fazer isso á uma mulher se quer deveria ser chamado de ser humano, de pessoa, não havia humanidade nos atos de alguém assim, não havia se quer algum resquício de empatia pelo próximo... Ele não sabia se quer o que dizer á ela, tudo lhe parecia ridículo perto do que ela havia passado...


Quando Tenten abriu a porta Sasuke estava agachado e escorado na parede, perdido em seus próprios pensamentos, a mulher disse que coletou o que era preciso para fazer os exames e que os levaria diretamente ao laboratório, Sasuke pode ver os olhos vermelhos dela ao sair rapidamente, e soube que ele não era o único a se sentir incapaz naquela situação... Levantou-se, limpou a garganta, passou as mãos no rosto e entrou novamente no quarto, vendo a mulher já vestida e sentada na cama, mas ela não olhava para a janela lá fora, por mais que a chuva fina estivesse batendo contra o vidro, ela tinha a cabeça baixa, e olhava para as próprias mãos sobre as pernas... Sasuke caminhou até a poltrona e sentou-se nesta, mas ele não aconchegou-se e observou ela desta vez, agora ele escorou os cotovelos nos joelhos e esfregou o rosto, sem tirar os olhos do chão... Sentia-se culpado, responsável por aquilo, e não sabia explicar o motivo, talvez por não ter notado a sociedade doentia em que viviam, ou não ter estado lá no momento do ataque para ajudá-la, mas poderiam ser tantas coisas, ele não sabia dizer o motivo da magoa crescente em seu peito...


— Eu não culpo você, ou todos os homens do planeta por isso... Você não precisa se desculpar... — A voz dela, mesmo baixa, ecoou no quarto...

— Eu...


Ele pensou novamente em sua resposta, e chegou a conclusão de que não sabia o que responder... Nada do que ele falasse faria sentido naquele momento... Ficou apenas calado ao lado dela, sendo sua companhia por horas em silêncio, até ela finalmente pegar no sono...


A chuva parecia ter parado na manhã seguinte, Sasuke cuidou dos pacientes, fez alguns exames, e na hora do almoço ele foi até a cantina, caminhou pelos corredores e parou em frente ao quarto 12...

Uma das enfermeiras estava servindo o almoço para Sakura quando ele chegou, o Uchiha sorriu ao ver que ela estava se alimentando melhor, entrou no quarto e caminhou até a poltrona ao lado de sua cama...


— Trouxe algo para você... — Falou colocando a pequena sacola sobre a cama...

— Se forem flores, espero que sejam amarelas... Minhas preferidas sempre são as amarelas...


Sasuke sorriu, e ficou apenas parado observando-a comer, ele podia imaginar o motivo dos movimentos lentos, escorou-se na poltrona e continuou...


— Eu gostaria que fizesse uma tomografia, seu corpo está dolorido, tenho medo de que esteja com alguma costela fraturada e não tenha percebido.


Ela concordou com a cabeça, seguiu comendo em silêncio, enquanto Sasuke permaneceu ali ao seu lado, divagava entre seus pensamentos, e vez ou outra voltava seus olhos para ela, depois de algum tempo ajudou a retirar a mesinha e o prato de comida, e só depois ele entregou a sacola para a mulher. Sakura abriu a sacola e espiou para dentro, e de repente um singelo sorriso brotou em seus lábios, um sorriso fraco, mas o primeiro desde que Sasuke a conheceu, e nada no mundo seria mais bonito para ele naquele momento... Ela tirou o conteúdo de dentro e olhou para o homem, que ironicamente tentou responder...


— Seu médico liberou você para comer bobagens...


Sakura segurava o pequeno potinho que continha mouse de chocolate e bombons picados...

Os dias foram passando devagar, Sakura estava cooperando com os exames, e até agora, alem de uma anemia, não haviam encontrado nada, os hematomas em seu corpo estavam começando a diminuir, os remédios para a dor já não eram mais tão necessários, ela apenas os tomava na hora de dormir, o corpo dela estava melhorando do terrível ataque que havia passado, o problema agora eram outros danos...

Sasuke entrou no quarto e a viu em pé ao lado da janela, ela ainda caminhava devagar, mas fazia alguns dias que ele a encontrava perambulando pelo quarto, era um bom sinal...


— Boa tarde... — Sakura olhou-o e quase sorriu... — Estava pensando, o que acha de passearmos no jardim? Você precisa caminhar...

— Eu caminho por aqui... — Ela respondeu...

— Você precisa de sol, faz muitos dias que está dentro deste quarto...


Sakura não poderia negar que sentia falta do sol batendo em seu rosto, ou do vento em seus cabelos, mas algo em seu intimo a dizia para não sair novamente, nunca mais... era ridículo, e ela sabia... A contra gosto aceitou o convite do homem...

Sasuke caminhou ao seu lado por todo o corredor, e todas as pessoas que ela viu pelo caminho frequentavam seu quarto, para lhe entregar a comida, ou os remédios, levá-la até a sala onde os exames eram feitos, e coisas do tipo... Sasuke abriu a porta que dava a rua e a luz do sol fez ela espremer os olhos por um instante, vê-lo pelo vidro do quarto, e senti-lo batendo em sua pele eram coisas diferentes...


O médico ficou feliz em vê-la sair pela porta e levar a mão até o rosto no primeiro momento... aos poucos ela foi se reacostumando ao sol, caminhou devagar ao lado dela, e sentiu-se feliz em vê-la fora daquele quarto...


— Seu pai está melhor? — Ele iniciou...

— Sim, como ele estava debilitado com a cirurgia recente, a gripe se tornou forte, mas ele já teve alta.

— Fico feliz em saber...


O Uchiha respondeu e voltou a olhar para o caminho que seguiam, não sabia o que falar com ela naquele momento, por algum motivo estava nervoso... Então ficou feliz quando ela tentou desta vez...


— O livro que me trouxe já acabou.. Quando você puder, pode passar na minha casa e pegar outro?

— Claro, mas não acho que será necessário, você está reagindo bem, em pouco tempo receberá alta também.


Sakura voltou os olhos para ele, o homem tinha uma expressão leve em seu rosto, talvez por isso não tenha percebido o pavor que surgiu nos olhos verdes dela, sentia-se segura naquele lugar, o hospital havia tornado-se um lugar seguro para ela, ninguém poderia entrar ali para feri-la, e pensar em voltar para a casa sozinha, pensar que teria que sair na rua a todo momento, que não haveria ninguém ao seu lado era apavorante, sentiu seu peito fechar, o pavor tomou conta dela, e ela sabia o que estava prestes a acontecer, já havia passado por isso antes, segurou o jaleco dele... Sasuke voltou os olhos para a mulher, parada ao seu lado com os olhos arregalados, e por um segundo ele não compreendeu, mas assim que ela tentou puxar o ar ele pode ouvir o chiado em seu peito, foi tão rápido e ela caiu, Sasuke amparou-a antes de chegar ao chão, o chiado apenas aumentava e a mulher já não estava mais consciente, era a primeira vez que ele tocava nela desde que a tinha conhecido, uma mão enrolava sua cintura e a outra segurava o rosto desacordado...


Sasuke entrou com ela nos braços as pressas, os longos cabelos dela balançavam com os passos rápidos e assim que as enfermeiras os viram correram em sua direção. Sasuke deitou-a na cama e pegou algum remédio de dentro do armário de vidro, puxou o liquido transparente com a seringa e quando se virou ela já estava com a mascara de oxigênio no rosto, com pressa ele cravou a agulha no braço dela e injetou o remédio, sabendo que aquilo deixaria mais um hematoma em seu braço...

O Uchiha sentiu os dedos dela mexerem entre suas mãos, ela estava deitada sobre a cama e ele escorado nesta, segurando com suas duas mãos á dela, viu a mulher virar o rosto em sua direção, ainda usava a mascara de oxigênio e ele não arriscaria tirar agora... Já era noite quando ela acordou, e ele não havia saído de seu lado um único minuto...


— Eu sinto muito... Foi minha culpa, você não estava preparada para sair, eu devia ter percebido. — O silêncio tomou conta do lugar... e só depois de um longo tempo ela iniciou com a voz fraca...

— Eu não quero ir embora ainda... Não quero voltar para a casa... sozinha...

— Você não vai estar sozinha. Eu não vou deixar que fique sozinha...


Sasuke olhava o loiro se aproximando a passos lentos, lentos demais para seu gosto... Naruto tirou quepe e sorriu para o Uchiha. Não falaram muito ao caminharem pelo corredor e logo estavam parados diante da porta do quarto 12... Naruto coçou a garganta e então Sasuke abriu a porta... Sakura estava sentada na cama, os braços tinham leves manchas amareladas, nada comparado as fotografias do dia em que chegou ao hospital, ele pediu licença e entrou no quarto, sendo seguido por Sasuke e Tenten...


— Eu sou Uzumaki Naruto, sou da policia. Sasuke me ligou hoje pela manhã e disse que você estava disposta a dar um depoimento...

— Eu vou tentar ajudar no que puder... — Ela concordou, e viu o homem se sentar na poltrona geralmente ocupada por Sasuke...

— Isso será ótimo, saiba que todos nós da corporação queremos pegar quem fez isso com você... — O loiro parecia nervoso... — Sasuke me disse que você saiu para comprar algo na venda e na volta foi atacada, também disse que você é incapaz de descrever o rosto do agressor...

— Sinto muito..

— Não sinta, por favor. Eu vou fazer algumas perguntas, e se você puder, você as responde tudo bem? — Ela respondeu com um simples gesto com a cabeça, e Naruto abriu um pequeno bloquinho antes de continuar... — Você conhecia ele?

— Não.

— Já o tinha visto antes?

— Sim. — Sasuke arregalou os olhos com a resposta, e Naruto pareceu ficar ainda mais nervoso... — Eu o vi algumas vezes, duas ou três, não mais que isso, sempre perto de onde eu moro...

— Você o viu antes do ataque?

— Sim.. Ele estava na loja onde eu comprei o sorvete que sai para comprar... — Naruto coçou a cabeça e comunicou...

— Infelizmente nós fomos até a loja e não há sistema de câmeras. Você lembra de alguma tatuagem ou cicatriz?

— Não, me desculpe eu não lembro.

— Não se desculpe... Lembra de algo que possa facilitar o reconhecimento dele?

— Eu sinto muito... — Sakura balançou a cabeça negativamente...

— Você disse que o viu perto de sua casa, acha que ele poderia estar te seguindo?

— Eu não sei dizer.. Não pensei sobre isso antes de ele me atacar, eu nunca me senti sendo observada, acho que pensei que ele fosse algum vizinho, ou algo assim...

— Ok, ok... Você... seria capaz de reconhecê-lo se o visse.?

— Com certeza.


Sasuke e Naruto caminharam pelo corredor dentro de um longo silêncio, o sol estava se pondo, Naruto havia conseguido muitas informações úteis, ainda assim ele não tinha certeza se elas ajudariam em algo, seria difícil, ele sabia que sim, mas não desistiria de tentar pegar o maldito que havia feito aquilo com uma jovem...


Sasuke deixou o amigo na entrada e foi ver um de seus pacientes antes de voltar ao quarto 12... Sakura estava em pé ao lado da grande janela, o braços cruzados na frente do corpo, o olhar perdido no movimento das arvores lá fora, Sasuke fechou a porta atrás de si e largou a pequena bandeja com o sanduiche e o pedaço de bolo de chocolate sobre a cama e aproximou-se dela...


— Você está bem? — Perguntou parando atrás da mulher... — Naruto fez varias perguntas, deve estar cansada...

— Minha mãe morreu quando eu era muito jovem... — Ela externava os pensamentos que passavam por sua cabeça agora, e o Uchiha ficou apenas ouvindo... — Meu pai é um homem gentil... Meu melhor amigo também é um homem... Ele tem uma cara de ruivo brabo mas é uma das pessoas mais amáveis que já conheci na vida... Eles são homens bons, como você... Talvez por isso eu jamais tenha realmente acreditado que existiam homens ruins como o que me atacou...

— Ele é um doente Sakura.

— Ele não me parecia doente... Eu podia ver seus olhos, e ele sabia muito bem o que estava fazendo...


Sakura virou-se e encarou o médico há poucos passos de distância...


— Ele olhava pra mim como um animal olha pra sua presa... Ele sabia que não estava só ferindo meu corpo, não... Ele sabia que estava deixando marcas muito mais profundas... Sabia que eu jamais esqueceria dele, do olhar dele, do cheiro a cigarro que vinha dele, da sensação das mãos dele tocando meu corpo...


Os grandes olhos verdes marejaram, se vestiram d'água, e ela chorou, chorou enquanto abraçada o próprio corpo, acuada como um animal ferido, tremula como uma chama... Ela chorou... chorou por todos os dias em silêncio, por toda a dor interior... chorou como uma criança perdida entre a multidão, clamando por socorro...


— Eu jamais poderei me livrar das lembranças dele...


Sasuke abraçou-a, protetoramente, os joelhos de Sakura fraquejaram e ela foi ao chão, entre lagrimas com Sasuke cobrindo o corpo dela com o seu, mostrando á ela que não estava mais sozinha ali, ele estaria lá por ela em momentos difíceis, amparando-a e lhe dando apoio para continuar em frente, cuidando e protegendo-a, como o pai ou o melhor amigo fariam se estivessem ali...


Sasuke não bateu na porta ao entrar, o sol estava forte aquele dia, e o quarto branco estava iluminado... Sakura estava na cama, com o notebook sobre a mesinha, ela desviou os olhos para ele por um segundo e depois de digitar algo rápido fechou o aparelho, afastando-o do corpo... O Uchiha lhe sorriu, e aproximou-se colocando o maldito estetoscópio gelado em seu peito... Ela arrepiou-se, mas não falou nada, e nem poderia, havia tido outra crise respiratória na noite passada e o médico estava preocupado...


— Estava falando com seu pai? — Perguntou enquanto tirava o aparelho dos ouvidos...

— Não... Estava falando com um amigo...

— O amigo das fotos? — Ele arrependeu-se da pergunta assim que terminou de proferi-la...

— Sim. O nome dele é Gaara...

— E você contou ao Gaara o que aconteceu? — A pergunta era simples, e o silêncio o respondeu... — Você tem que contar há alguém Sakura... Fará bem pra você...

— Eu contei há você como me sinto...


Sasuke colocou o aparelho sobre os ombros e sentou-se na poltrona ao lado da cama, suspirando fundo e reiniciando a conversa...


— É diferente, eles são seus amigos, sua família...

— Eu pensei que você também era um amigo... — Ela o pegou nessa, mas o Uchiha não poderia desistir tão fácil...

— Você sabe que sim. Me preocupo com você, por isso acho que devia parar de esconder isso dos outros... — Ela escorregou pela cama como sempre fazia quando queria terminar uma conversa...

— Ele ou Ino pegariam o primeiro avião para cá... Chegariam e não me deixariam pensar direito, fazendo perguntas, fazendo eu contar tudo novamente... Eu não quero ficar revivendo isso... não agora...


Sasuke entendia o pensamento dela, sabia o quão torturante devia ser toda vez que tinha que colocar em palavras o que havia passado... Escorou as costas no estofado da poltrona e observou-a, ele já não podia mais ver seu rosto, tudo o que enxergava eram os lençóis brancos e os cabelos cor de rosa espalhados por este...

Sasuke estava em sua sala revisando alguns exames de um dos seus pacientes quando ouviu as leves batidinhas na porta, se quer deu bola para a porta abrindo até ouvir a voz da mulher...


— Então é aqui que se esconde de mim.


Sasuke surpreendeu-se em ver a dona dos cabelos rosados em sua sala, surpreendeu-se tanto que levantou bruscamente da cadeira, batendo as pernas contra a mesa e derrubando tudo que havia encima desta...


— Sakura.. o que faz aqui? — Perguntou juntando as canetas e tentando não passar mais vergonha...

— Você me mandou caminhar lembra? Sair um pouco do quarto...

— Sim.. sim claro. Eu só não imaginei que viria para cá...


A mulher aproximou-se da mesa e pegou o porta-retratos sobre essa, reconheceu na hora o irmão de Sasuke, não era preciso perguntar isso para ter certeza, eles eram iguais... Ela colocou o objeto sobre a mesa e passou a observar o resto da sala...


— Na verdade eu vim lhe fazer um pedido...

— Pode falar Sakura.

— Acho que estou pronta agora... — A mulher virou-se e olhou-o... — Acho que eu quero ir pra casa...

— Casa? — A frase soava estranha para ele... — Você diz, sua casa aqui... ou a casa do deu pai? sabe... em outro país..?

— Eu não decidi ainda...


Sasuke sabia que devia ficar feliz com a notícia, afinal ela estava pronta para dar um passo adiante, sair do hospital e tentar tocar sua vida, era bom para ela, ele sabia, ainda assim... não pode negar que sentiu-se triste em imaginar que não há veria mais todos os dias, não cuidaria mais dela, nem passaria longas horas em silêncio há seu lado... Fazia dois meses que estava com ela há aquela altura... E pensar em se afastar dela assim tão bruscamente lhe pareceu... Solitário...


Sasuke bateu na porta do quarto 12, talvez pela ultima vez... Abriu esta e viu a mulher dobrando algumas roupas e colocando dentro da bolsa que ele havia trazido... A mulher lhe cobriu com os olhos verdes por algum tempo e logo voltou a arrumar suas coisas...


— Já assinei seus papeis, os exames estão no balcão de atendimento com Tenten...

— Obrigada, mas não acho que vou precisar dos exames... — Ela colocou outra peça de roupa dentro da bolsa, fazia quase uma semana que havia pedido alta, e agora finalmente sairia do hospital...

— Eu trouxe algo... — Sasuke mostrou há ela um pequeno pote... E a viu se aproximar lentamente... — Nossa ultima refeição juntos...

— Tem que ser algo muito especial. — Ela falou em um tom divertido... E quando abriu o pote não conteve o pequeno sorriso...

— Bolo de chocolate...

— Não encontrei algo mais especial na cantina...

— É a refeição perfeita para uma despedida...


Conversaram por algum tempo, Sasuke ficou feliz em saber que ela iria tentar ficar na cidade, concluir a tese do mestrado, só iria para a casa se achasse que não suportaria mais aquela cidade, e ele entenderia se ela decidisse ir embora, imaginava o quão difícil devia ser caminhar por aquelas ruas sozinhas... Mas no fundo, ele gostaria que ela ficasse...

Sasuke pegou a bolsa enorme e colocou sobre o ombro, abriu a porta e deixou-a passar, a Haruno agradeceu Tenten e as outras enfermeiras pelos cuidados, e depois disso disse que havia chamado um taxi para levá-la para casa. O Uchiha há acompanhou até fora do portão, e foi bom ver que ela estava reagindo bem a tudo...


— É estranho dizer isso mas... se quiser vir algum dia... sabe, visitar as meninas.

— As meninas? — A pergunta era retórica, e ele não ousou responder... — Vou pensar sobre isso.. mas tenho muito trabalho acumulado para colocar em dia...

— As visitas aos templos...

— Mas... se eu precisar de companhia, posso ligar não é?

— É claro. — Sasuke sorriu... — Eu a acompanharia com prazer...


O silêncio se fez ouvir, uma pausa constrangedora entre os dois, e Sasuke ficou em duvida de odiar ou agradecer quando ouviu a voz do amigo...


— E ai Sasuke... — Naruto estava escorado na viatura...

— O que faz aqui? — O Uchiha perguntou...

— Aah, um idiota foi assaltar uma casa e quando pulou o muro quebrou o braço. — O loiro voltou os olhos azuis para Sakura... — Fico feliz que você esteja seguindo em frente. É muito bom vê-la bem

— Eu agradeço... — Sakura curvou-se um pouquinho em direção aos dois... — Agradeço por tudo.

— Ora.. é o nosso trabalho. — Naruto riu encabulado e coçou a cabeça...

— Pode sempre contar conosco... — Sasuke completou, e o pequeno sorriso brotou nos lábios dela novamente...

— Quer uma carona pra casa? — Não sabiam se era certo aceitar uma carona da polícia, mas de qualquer modo Sakura recusou..

— Eu já chamei um taxi, mas obrigada.

— Ok então. Eu estou indo, tenho que fazer a fixa desse cara...


Naruto abriu a porta traseira da viatura e escorou-se nela... E foi quando os dois se viraram para ver o outro oficial que vinha ao lado de um homem, um homem alto, cabelo castanho, um óculos redondo sobre o rosto, vestindo roupas neutras, e o gesso no braço... Alguém normal, alguém que passaria despercebido por qualquer um... Mas não por ela... Sakura segurou a mão de Sasuke e o Uchiha surpreendeu-se, olhou para a mão que agora segurava, e sentiu-a gelada e suando, e então voltou os olhos pra o rosto da mulher há seu lado... O pavor havia tomado conta do rosto dela, ele pode ver o sangue sumindo de seu rosto, a boca aberta sem que o grito saísse, os olhos vestidos d'água... Ele soube naquele momento o que ela estava vendo... Ela estava vendo um monstro...


Quatro passos grandes foram o suficiente para Sasuke aproximar-se, antes de pensar em nada, consequências, problemas, duvidas, tudo o que ele fez foi fechar a mão e transformar toda a sua raiva em força... Acertou o homem em cheio, quebrando os óculos em seu rosto e derrubando-o no chão, o oficial surpreso tentou segurá-lo, mas Sasuke era um homem grande e forte, empurrou o homem com força o suficiente para lançado ao chão, o médico então voltou sua atenção para o monstro a sua frente, subiu encima dele e lhe deu outro soco, e outro soco, e outro, e outro, e mais quantos pudesse dar, e ainda assim seria pouco, destruir o rosto dele ainda seria pouco, Sasuke batia nele com toda a fúria que havia sentido, com toda a vergonha que tinha de um ser como aquele, com todo o ódio que nutriu durante todas as vezes que viu Sakura chorar por causa dele.. O sangue espirrava alto, o jaleco branco já estava todo manchado, a mancha vermelha no chão, o rosto de Sasuke pingoteado, não se poderia mais identificar aquele homem embaixo dele, nem mesmo se quisessem, Sasuke continuava há socá-lo com fúria... Naruto tentou segurar o Uchiha, mas o moreno o derrubou e seguiu batendo naquele homem embaixo de si, e depois de Naruto e o outro oficial se levantarem novamente, e as enfermeiras correrem para o local, os dois políciais conseguiram segurar o medico... Tiraram Sasuke arrastado de cima do homem banhado em sangue...


— Me solta Naruto. — Ele gritava... — Foi ele. A culpa é dele.. Foi ele.


Sasuke gritava e se debatia entra os dois oficiais, as enfermeiras se aproximaram do homem desmaiado no chão coberto de sangue, e nenhuma delas foi capaz de ajudá-lo... Todas entenderam o que Sasuke estava dizendo, e nenhuma delas sentiu que deveria ajudar um homem como aquele... Todas elas vivenciaram o sofrimento de Sakura, e não foram capazes, naquele momento, de serem imparciais... A única coisa que fez com que Sasuke parasse de se debater com a voz de Tenten ao gritar o nome de Sakura e correr em sua direção...

A Haruno segurava o peito, e o chiado era tão grande que poderia ser escutado de longe, Sasuke arregalou os olhos e tentou socorrê-la, mas estava imobilizado pelos dois homens vestidos de políciais, a mulher desmaiou no colo de Tenten...


— Me deixe ajudá-la Naruto.. Me deixe ajudá-la... Sakura!! ... Sakura!!!


Ele implorava aos gritos, mas suas preces não foram ouvidas, foi jogado para dentro do carro da polícia e a porta se fechou, Sasuke tentou abri-la, mas por dentro era impossível, as grades que separavam os bancos de trás dos da frente o impediram de fazer qualquer coisa, Naruto correu de volta para o tumulto que se formava na frente do hospital, abaixando-se na beira de Sakura e levantando-a, correndo com ela nos braços para dentro do prédio, enquanto dois enfermeiros homens viam a situação do homem com o braço quebrado caído no chão... O carro policial partiu...


Sasuke estava sentado na cela escura, o rosto e as roupas sujas de sangue, bem como suas mãos, as juntas delas estavam feridas de tanto bater no rosto daquele homem sem escrúpulos, ele estava com a cabeça baixa e os cotovelos escorados nos joelhos, e só se moveu quando ouviu a voz de Naruto... Levantou-se as pressas e agarrou-se as barras de ferro...


— Como ela está? — Perguntou aflito...

— Ela está bem. Vai ficar bem. Ela teve uma crise de asma com o susto que foi ver aquele homem em sua frente...

— Me solte, eu quero ir vê-la. — Naruto aproximou-se dele e falou em um tom brabo...

— Eu não posso soltá-lo, você agrediu dois policiais e quase matou um homem algemado.

— Ele foi o agressor.

— Eu sei disso.. — O tom de Naruto era um sussurro baixo mas forte... — E acredite, se você não tivesse feito, eu teria, mas não posso soltá-lo.


Naruto ficou por perto da cela em que o médico estava todo o tempo, Sasuke pode vê-lo correndo atrás de seus superiores tentando explicar a situação, poucos deles pararam para ouvi-lo, mas ele não desistiu, não desistiu durante aquela noite, nem durante o dia seguinte...


Já faziam três dias que Sasuke estava preso naquele lugar, e tudo que ele conseguia pensar ela na jovem de cabelos rosados, mas depois de assinar alguns papeis se responsabilizando pelo que aconteceu e pagar uma fiança de quase o seu salário do mês ele foi solto...


A noite estava chuvosa, Sakura ouviu as batidas em sua porta e se arrepiou inteira, suspirou fundo antes de caminhar até ela e abri-la... O homem estava encharcado da chuva, as roupas pretas pingavam, assim como os cabelos negros e pesados, e a solitária rosa amarela em sua mão, perto do peito... mas os olhos... Ela respirou fundo olhando naqueles olhos negros dele...


— Me desculpe Sakura...

— Pelo que?

— Por perder o controle. Por não estar lá quando você precisou...


Os olhos verdes dela focaram o chão por um longo minuto, e logo voltaram a mirá-lo...


— Eu sei que pareceu ruim, mas... teria sido muito pior se você não estivesse lá para eu segurar a sua mão...

— Eu perdi o controle... A raiva tomou conta de mim... Por favor me desculpe...

— Você tem que prometer...

— O que você quiser, eu prometo...

— Tem que prometer que não vai mais largar minha mão.. Não importa o que aconteça..

— Eu prometo há você Sakura.. Nunca mais largarei você.


Sasuke viu naquele momento, pela primeira vez, o grande sorriso que só tinha visto nas fotos, o sorriso largo e iluminado que apareceu no rosto dela, aquele sorriso sem medo, confiante, que fazia seus olhos brilharem ainda mais... O Uchiha então tirou a outra mão de trás das costas e esticou em direção há ela...


— Eu trouxe sorvete...


Sakura manteve o sorriso enquanto se afastava devagar... Sasuke entrou e fechou a porta atrás de si... 

26 de Febrero de 2018 a las 13:10 3 Reporte Insertar Seguir historia
5
Fin

Conoce al autor

SlowQueen Sempre que alguém inicia uma frase com "há quem diga", me questiono que rosto tem esse quem. como se parece? tem cheiro? de que cor são seus olhos? mas acima de tudo, esse quem acredita no que diz? não importa... Há quem diga que uma vida é uma insignificante letra perdida em um livro de letras insignificantes. sozinhas são isentas de significado, e quando agrupadas perdem o peso de sua individualidade... E é assim, perdida em um mar de letras indistintas que rebusco minha letra estilhaçada.

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IM Isadora Marques
Achei muito linda a forma como descreveu tudo, mesmo que em suma seja triste e angustiante ler e imaginar a dor da Sakura, foi lindo encontrar uma história em que não tem aquela pressa em SasuSaku, pois a Haruno está machucada, marcada fisicamente e psicologicamente... Não tem espaço para romance, não quando ela está tão machucada, então ler algo assim onde o foco é somente a ajuda na recuperação dela, Sasuke foi essencial para isso, mas partiu dela a força. E ler algo que trate a violência sexual como a realidade dolorosa que ela é, me deixou MUITO, extremamente, tocada. Obrigada por escrever e compartilhar.
March 22, 2018, 20:42
Mitty Porto Mitty Porto
Sempre que eu leio essa fanfic eu me debulho em lagrimas !! Lindaa
February 27, 2018, 19:32
~