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Yuri estava cheio daquela vida. Tudo que queria era andar pelas ruas como uma pessoa comum e viver da sua música, como sempre sonhou. Mas cada lugar em que pisava deixava claro que nada poderia ser normal pra ele. Será que não podia mesmo? Durante uma noite, depois de ser salvo por um estranho – terrivelmente quente – das dezenas de paparazzi que o cercavam, Yuri sentiu que, talvez, ainda pudesse alcançar a liberdade que queria.


Fanfiction Sólo para mayores de 18.

#songfic #yurionice #Otabek-Yuri #otayuri #lemon #hardlemon #romance #LadyGaga
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I'm so into You

A boate estava cheia. Centenas de corpos suados, extasiados pela bebida, pessoas dançando e se divertindo, alheias aos problemas que tinham fora daquele lugar. Ali a única coisa que importava era a música.

Yuri ficava em um camarote separado das outras pessoas, mas ainda assim ele conseguia aproveitar a festa, os amigos se divertiam enquanto sorviam da bebida que o loiro havia pedido, alguns até mesmo faziam uso de algumas drogas. Yuri não julgava, cada um com seus vícios, até mesmo ele teve seus momentos com a substância, mas não naquela noite. Enquanto se apoiava na barra de proteção que o separava da pista de dança, observava um certo moreno que não despregou os olhos dos seus desde que chegara. O rapaz tinha um olhar misterioso e ao mesmo tempo selvagem, olhava sedutoramente em sua direção enquanto bebia seu whisky, o russo pensava se deveria ou não descer até lá para conversar com ele.

O fato era que Yuri não podia se dar a tal luxo, isso porque ele era uma figura pública e assim que ele colocasse os pés fora daquele camarote, onde seus seguranças não poderiam o proteger, as pessoas iriam atacá-lo como se ele fosse um pedaço de carne a amostra no açougue. E Yuri odiava isso.

Ele amava a música, amava sua arte e amava seus fãs. Mas ele odiava a fama, ela era como um demônio que o consumia. E desde que ele tinha caído no estrelato, sua vida tinha se tornado um inferno. Ele não podia sair de casa, não podia ir a lugar algum, porque os malditos paparazzis estavam sempre lá, plantados esperando que ele fizesse qualquer coisa. E por ele ter um temperamento explosivo, as fotos que mais circulavam, eram as do loiro tentando escapar dos fotógrafos, mostrando o dedo do meio, gritando palavrões e insultos. E por isso ele tinha ficado conhecido como mimado, que não valoriza seus fãs. A mídia tinha o pintado como um grande babaca, viciado em drogas, esnobe e mesquinho, que não tinha amigos e que não conseguia se manter em um relacionamento porque só se importava com a fama. E isso era uma grande mentira.

Yuri era apenas um rapaz comum, que queria ter uma vida normal, ir comprar pão fresquinho de manhã e acordar ao lado de alguém que estivesse consigo por quem ele era, e não pelo personagem que ele criara para subir aos palcos.

E dado ao fato de o cantor não dar brecha para os fotografos em momentos mais reservados, qualquer foto que fosse mais íntima dele, era como um grande prêmio. E isso o irritava muito.

Tudo o que ele queria era descer daquele camarote, ir até o moreno misterioso e chamá-lo para dançar, como um pessoa normal faria.

Sem saber como ou o que estava acontecendo, o local foi tomado por uma fumaça de gelo seco muito densa, algumas pessoas começaram a gritar, Yuri ficou assustado e tentou descer do camarote, procurava um de seus seguranças, mas eles estavam muito longe. Inúteis. Não demorou pra ele ver flashes vindo de todos os lados, os paparazzi tinham tomado o local, e ele queria apenas sair dali.

O moreno misterioso apareceu em sua visão, em frente a uma das portas de acesso restrito da boate, e fez sinal pra que Yuri fosse até lá. Mesmo sem saber se podia confiar nele, o russo seguiu até lá. Quando adentrou o corredor atrás daquela porta, o moreno já não se encontrava a vista, e não demorou muito para os paparazzis surgirem em suas costas. Correndo na direção oposta a que veio, Yuri avistou uma porta de saída, que dava para um beco na lateral da boate. Pelo menos havia escapado dos fotógrafos, ofegante, ele colocou as mãos nos joelhos, na tentativa de se acalmar. Ouviu barulho de uma moto se aproximando e temeu ser um dos paparazzi.

— Toma isso e sobe - disse a voz por trás do capacete. O cantor semicerrou os olhos tentando ver se reconhecia aquela pessoa, sem sucesso, então o motoqueiro abriu a viseira mostrando-se - Eu só quero te ajudar, os fotógrafos vão chegar em breve, seus seguranças não vão conseguir segurá-los, confia em mim.

Enquanto o russo ponderava se seguia com o estranho ou não, ouviu um barulho vindo da porta de onde saíra, sem pensar direito, Yuri vestiu o capacete que lhe foi oferecido e subiu na garupa do estranho, deixando os fotógrafos que tinham saído da boate pra trás.

O vento balançava os cabelos loiros enquanto Yuri, segurando-se no apoio traseiro da moto, olhava para o céu, estava limpo, sem nuvens e sem estrelas, apenas a lua se fazia presente. O moreno misterioso seguia pelas ruas de Los Angeles, era sexta a noite e, apesar de já ser madrugada, a cidade estava acordada. Pararam no sinal vermelho, e o moreno virou-se para o loiro abrindo a viseira.

— Pra onde você quer ir? Onde mora? - perguntou olhando-o nos olhos, Yuri não prestava atenção, estava ocupado reparando como a boca fina do outro contrastava bem com seus olhos levemente puxados.

— Você é bonito! - soltou sem ao menos perceber, recebeu um levantar de sobrancelhas em resposta - Digo, sou Yuri, Yuri Plisetsky. - riu nervoso.

— Eu sem quem você é, o mundo todo sabe, me chamo Otabek, a propósito.

— Yuri - voltou a afirmar, sentindo-se ridículo por estar tão nervoso, o moreno apenas riu.

— Então, Yuri, onde quer que eu te deixe?

— Onde você quiser. Pra onde estava indo? Me leve pra onde iria. - o loiro falava tudo de forma apressada - Qu-quer dizer, os fotógrafos estarão na minha porta… E eu realmente não quero lidar com eles… Eu… Se importa em me deixar ficar essa noite com você?

— Como? - o maior agora ria mais largo e Yuri notou como aquilo devia soar. Não que ele não quisesse realmente dormir com moreno, ele queria, queria muito. Mas não era exatamente isso que estava querendo dizer, queria poder se enfiar em um buraco, mas ao contrário disso apenas enterrou o rosto nas costas do outro, enquanto deixava que a vergonha o tomasse, o sinal abriu e Otabek voltou a acelerar - Muito bem, minha casa então, segure-se assim - dizia pegando as mãos do loiro e fazendo-as contornar sua cintura. - É um longo caminho.

Enquanto via a cidade ficar pra trás e a visão ser tomada por paisagens calmas, Yuri apertava forte o corpo alheio contra o seu, o cheiro que vinha do outro a sua frente o entorpecia, e ele se perguntava como tinha se colocado naquela situação; na garupa de um estranho, indo pra um lugar que ele não fazia idéia de onde era, sem celular e sem avisar ninguém. Viktor e Yuuri ficariam loucos, o pensamento o agradou. O assessor e o empresário, embora fossem muito próximos a ele, estavam sempre tentando controlá-lo como se fossem seus pais, e mesmo que Yuri os quisesse muito bem, se irritava com isso. Ele já era adulto, sabia cuidar do próprio nariz.

A paisagem desértica aos poucos foi sendo tomada por uma cidadezinha pacata, a beira da rodovia, lembrava as cidades que Yuri vira em filmes antigos. Pensou que Otabek morasse por ali, mas o mesmo seguiu adiante na estrada, voltando a paisagem monótona. Ao longe o russo avistou um vasto campo de girassóis, que se seguia por o que pareciam vários quilômetros. Distraído pela beleza do lugar, não percebeu quando saíram da estrada de asfalto, e entraram num pequeno caminho de terra que ficava entre os campos de flores. Yuri sentiu-se no céu, a fragrância que vinha das flores, assim como o calor do corpo alheio colado ao seu, os transmitiam uma sensação de aconchego, e involuntariamente, apertou mais os braços ao redor do motorista, que tirou uma das mãos do guidão para entrelaçar a sua, o menor sentiu suas bochechas corarem com o gesto.

A motocicleta parou em frente a um trailer que ficava em meio aos girassóis, ao seu lado uma caminhonete antiga, estacionada abaixo de uma grande árvore, eram as únicas coisas entre as flores, e Yuri se perguntava que lugar era aquele, era...Mágico.

Otabek desceu do veículo e tirou o capacete, ajeitando os cabelos com as mãos, e o menor não reparou que o secava até ser encarado com um leve levantar de sobrancelhas, desviou os olhos e virou o rosto corado.

— Venha, chegamos! - o moreno estendeu a mão para ajudá-lo a descer da moto - Está com frio? Você ‘tá gelado.

— E..Eu...Eu… Você mora aqui? É lindo!

O outro se ocupava em abrir o fecho no capacete de Yuri, que sentiu um arrepio lhe correr a coluna, ao ter os dedos gelados em seu pescoço. Logo, o loiro estava livre do objeto e tinha os cabelos acariciados pelas mãos que antes estavam em sua pele. Encarava com curiosidade o maior a sua frente, ele tinha os lábios finos, e os lambia de leve enquanto falava, Yuri queria saber que gosto tinham.

— Os campos são da minha família, meus avós tem uma casa a alguns quilômetros daqui, eu gosto de ficar afastado. - levou a mão que acariciava entre os cabelos de Yuri até a nuca e ouviu um gemido em resposta o que o fez rir - Eu vou te beijar agora, tudo bem?

O cantor afirmou em resposta, sentindo cada célula do seu corpo reagir aquela frase, fechou os olhos em antecipação, e sentiu o aperto na nuca o puxar para mais perto, logo os lábios fino que antes encarava, estavam sobre os seus, Otabek puxou de leve seus lábios com os dentes, para voltar a beijá-lo, agora usando a língua, explorando cada canto da boca de Yuri. O loiro descobrira que o moreno tinha gosto de whisky com bala de menta, e pensou que o sabor combinava com ele. O beijo calmo durou alguns minutos, a mão antes livre do maior agora repousava sobre a cintura do russo, que tinha rodeado os braços pelo pescoço alheio.

— Vamos entrar! - Otabek disse após um tempo, de olhos fechados e com a testa colada na de Yuri, que balançou a cabeça, querendo gravar aquele momento que compartilhavam para sempre em sua memória.

O maior o guiou para a pequena porta do trailer, com a mão entrelaçada a sua.

— É um local simples, não deve ser parecido com nada que você esteja acostumado.

— Por que diz isso? Eu pareço com o fresco mimado e arrogante que dizem nas revistas? - Otabek acendeu a luz e Yuri ficou fascinado com o quão aconchegante era - Uau, é lindo!

— Obrigado -respondeu enquanto se livrava da jaqueta de couro que vestia - Na verdade, você não se parece em nada com o que dizem nas revistas. - o Moreno o puxou e voltou a beijá-lo, Yuri fechou os olhos se deixando levar pelo momento.

Quando o cantor deu por si, estava deitado na cama macia, havia se livrado do coturno que usava em algum momento, tinha o corpo de Otabek sobre o seu, enquanto lhe beijava o pescoço, dando leves chupões e tirando-lhe o casaco que vestia, fez o mesmo com a regata preta, e logo o loiro estava com o tronco despido, Otabek passeava com a boca por seu peito e barriga, enquanto usava as mãos para abrir os botões da calça do russo. Yuri apenas gemia em antecipação pelo que viria a seguir, puxou a camiseta branca para cima, arranhando com forças as costas do moreno, que levantou o tronco e os braços para se livrar da peça e assim que ela foi ao chão voltou a beijar os lábios do pequeno abaixo de si.

— Você quer...Quer continuar? - perguntou olhando em seus olhos.

— Me foda Otabek!

— Eu não quero foder você Yuri - o loiro arregalou os olhos sentindo-se rejeitado - Quer dizer, eu não quero só te foder, quero que seja especial, entende?

— Você fala demais!

O loiro virou-se apoiando os joelhos na lateral do corpo de Otabek e ficando por cima. Agora ele tinha o controle.

Desceu os beijos e mordidas, pelo rosto e pescoço, seguindo para os ombros, as mãos do moreno apertavam com força sua cintura, ficaria marcado - o pensamento o excitava - desceu os lábios em torno dos mamilos, mas não ficou ali por muito tempo, passou a língua em torno do caminho de pelos ao redor de seu umbigo e desceu querendo encontrar o que vinha mais abaixo, as mãos trêmulas pela ansiedade, abriram o botão e zíper da calça, e Otabek levantou o quadril para que Yuri a puxasse para baixo. O moreno ajudou Yuri a se livrar da própria calça também, agora os dois estavam nus.

Otabek sentou-se à beira da cama, trazendo Yuri para perto para que pudesse o beijá-lo, o menor estava inquieto, logo se colocou ao lado do moreno, ficando de quatro e abocanhou o membro rijo, o maior suspirou jogando a cabeça para trás, tomando os longos fios loiros em punho, de forma que conseguia guiar os movimentos do loiro. Usando da mãos livre para apertar a carne leitosa das coxas e bunda do russo. Ver ele todo empinado o chupando daquela forma, poderia levar Otabek a seu limite. Levantou-se querendo também dar prazer ao loiro, fez um gesto pedindo para que Yuri se mantivesse daquele jeito, de quatro, aberto pra ele, e sem delongas enterrou seu rosto ali, passando a língua ao redor da entrada do russo, que gemia sôfrego.

A sensação era indescritível. O toque úmido e quente fez um arrepio subir pela espinha de Yuri, o membro negligenciado pulsou de tesão. A língua do moreno subia e descia na entrada do outro no beijo mais sensual possível e Yuri já sentia a mente nublar. Quando Otabek parecia querer penetrá-lo com a língua, Yuri não pode mais se segurar...

— Beka, eu quero você. - Yuri disse achando não ser mais capaz de aguentar receber aquele prazer, queria sentir Otabek dentro de si antes de se derramar.

— Eu não quero te machucar, você não está pronto.

— Me deita e me come porra, eu não vou quebrar.

Otabek riu da impaciência do mais novo, levantou-se indo até a cômoda e voltou de lá com preservativos e um frasco de lubrificantes. Vestiu a camisinha, e lambuzou dois dedos com o lubrificante, os enterrando a seguir em Yuri, que soltou um grito ao ter a próstata atingida assim de repente. O moreno se aproximou dos lábios do russo lhe dando um beijo lascivo, enquanto mexia os dedos dentro dele, fazendo movimento de tesoura, alargando-o.

— Beka...Por favor - Yuri implorou mais uma vez e dessa vez foi atendido.

Otabek se colocou de joelhos à sua frente, levantado suas pernas de modo que ficassem levantadas sobre seu peito até os ombros e se enterrou no outro sem cerimônia. Yuri deu um grito, que Otabek não soube dizer se era dor ou prazer, mas logo o loiro começou a rebolar contra seu quadril,fazendo-o deduzir que estava bom. Continuou metendo com força, agarrando-se às pernas do loiro ao redor de si, sabia que estava o machucando mas não podia evitar. Deu alguns chupões nas pernas do loiro, numa tentativa de não gemer alto.

— Você é um filho da puta gostoso do caralho! - Yuri insultava o moreno em meio os gemidos, e Otabek se perguntava como ser insultado poderia soar tão erótico.

— Você é tão apertado Yuri, eu poderia ficar assim pra sempre.

Otabek abaixou as pernas do loiro, fazendo com que ele as prendesse contra sua cintura, as mãos pequenas foram para suas costas o arrando com força, um pedido silencioso para que ele continuasse, agora ele tinha diminuído o ritmo e se enterrava em Yuri mais lentamente, sentindo-se ser engolido aos poucos pelo outro.

Ficou naquele vai vem torturante por alguns minutos, até que Yuri, impaciente como era, inverteu as posições, ficando por cima e sentou-se devagar no membro de Otabek, sendo preenchido por toda aquela extensão, indo cada vez mais fundo. Jogou a cabeça para trás quando o moreno estocou com força dentro de si e tocou em seu ponto sensível. Sentia que não aguentaria muito mais, então começou a rebolar, subindo e descendo de maneira frenética, fazendo barulho quando seu traseiro se chocava contra o quadril de Otabek. Percebendo que Yuri estava quase, o moreno levou um da mãos que estava na cintura do loiro para seu membro, o masturbando, e a outra entrelaçou a de Yuri que se apoiava na cama.

— Você é tão lindo quando está assim corado de tesão Yuri, eu quero ver você gozar chamando o meu nome.

O Russo rebolou mais algumas vezes antes de se derramar por inteiro nas mãos do moreno enquanto gritava seu nome, Otabek por sua vez, teve seu orgasmo assim que teve a mão que estava junto a do loiro apertada e ouviu seu recém ganhado apelido, em meio aos gemidos loiro.

Sentindo todo seu corpo reagir aos espasmos pós orgasmo, Yuri se deixou cair sobre o corpo do seu moreno misterioso.

— Isso foi…

— Incrível! - Otabek terminou a frase por ele.

— Eu ia dizer fodidamente perfeito, mas incrível também serve.

— Você tem a boca fodidamente suja - o mais velho o beijou com ternura - E eu adoro isso.

— Não é só minha boca que é suja, eu preciso de um banho, me diz que tem um chuveiro aqui.

Otabek apenas riu, e o carregou até o chuveiro, não demorou mais do que dois minutos para que o moreno o prensasse contra o vidro embaçado, e o fodesse de novo, com as mãos entrelaçadas a suas, e desta vez com mais força. Por fim a água quente acabou e Yuri quase chorou por ter de se lavar na água gelada.

Quando finalmente deitaram-se na cama, estavam exaustos demais para conversarem, Yuri apenas deitou-se no peitoral de seu moreno, e deixou que os sonhos o tomassem.

Quando Yuri acordou, sentia que estava sendo observado, estava de bruços, o corpo nu coberto até a cintura, e os cabelos espalhados por todos os lados. Sentia-se levemente dolorido na cintura, e podia ver algumas marcas arroxeadas nos braços, mas não se arrependia de nada. Sentiu a capa afundar, e logo os lábios de Otabek estavam em sua nuca, lhe causando arrepios.

— Bom dia gatinho! - Yuri apenas gemeu em deleite - acho que eu te machuquei um pouco. - As mãos grandes passeavam pelas marcas de dedos nos braços e cintura do loiro, este virou-se para o lado, observando como seu moreno misterioso ficava pela manhã.

— Você não está muito diferente - Yuri levou as mãos até as costas do outro, passando de leve os dedos pelas marcas de unhas que havia deixado por ali.

— Fique a vontade pra fazer isso sempre que quiser - Otabek se aproximou querendo beijar o loiro, mas este virou o rosto, afundando-o no travesseiro.

— Eu não escovei os dentes, e eu devo estar parecendo uma bruxa, enquanto você parece ter saído de um comercial de margarina.

— Eu não ligo pra isso, venha cá - puxou ele, fazendo com que se afasta-se do travesseiro e selou-lhe os lábios em um selinho demorado. - O que quer fazer? Quer voltar pra cidade?

— Você já está querendo se livrar de mim? - Yuri fez um bico e Otabek o mordeu.

— Longe disso, por mim você ficaria aqui pra sempre, mas tenho medo de ser acusado por sequestro.

— Para sempre não posso prometer, mas e se eu ficar o final de semana? Digo, se você quiser claro.

— Seria perfeito - o moreno voltou a beijá-lo, agora mais profundamente, se separaram quando o estômago de Yuri roncou e esse ficou vermelho - Parece que tem alguém com fome.

— Eu...Oh meu deus isso é tão constrangedor.

— Você se importa se irmos tomar café em uma lanchonete? Eu fico a semana toda no apartamento da cidade por causa do trabalho, então não tenho nada pra comermos aqui.

— Você acha que vai ter algum paparazzi por lá? - Yuri perguntou preocupado, não queria ter os momentos com Otabek estampados nas revistas.

— Eu acredito que não, estamos longe, e o pessoal daqui não é muito fã da sua música. Sem ofensas. - Yuri riu - Mas se preferir posso ir sozinho e trazer algo, tem uma loja de waffles não muito longe daqui e…

— Eu quero ir - Yuri quase gritou - Eu nunca estive em uma dessas lanchonetes de beira de estrada, essas dos filmes, eu quero ir.

— Você é, definitivamente, diferente do que dizem as revistas.

— E isso é bom?

— É ótimo! - Otabek o beijou mais uma vez antes de lhe puxar para que se levantasse - Venha vamos arranjar um “disfarce” pra você.

Yuri tentou levantar, mas sentiu uma pontada no quadril, e sento-se.

— Vou precisar de um analgésico também.

***

Faziam cerca de dez minutos que estavam na lanchonete, o local se parecia mesmo com as lanchonetes do filmes e Yuri parecia uma criança no parque de diversões. Aparentemente ninguém o havia notado e ele podia sentir pela primeira vez que era alguém normal, tomando café com o namorado. Namorado? Não, ele o Otabek estavam apenas aproveitando o tempo juntos, não queria nomear aquilo que estavam tendo.

Mesmo assim, ele havia se “disfarçado” como Otabek havia sugerido. O casaco de animal print que usava na noite anterior havia sido substituído por uma camiseta vermelha de Otabek que ficava enorme no loiro, e seus longos cabelos estavam presos dentro de um boné. Estava de fato, muito diferente de como costumava andar, afinal, ele era conhecido por ser um ícone no mundo da moda, sempre com seus looks andróginos extravagantes.

— Tem uma jukebox ali no canto - disse depois de um tempo reparando o local, que era muito colorido e com toques rústicos - Eu queria poder cantar.

— Não acho que esses velhinhos irão reconhecer sua voz. Não vejo porque não deveria.

— Você acha? Eu nunca fui em um karaokê sabe? Eu nunca fiz essas coisas normais. Minha mãe sempre esteve cercada pela mídia, e depois que ela se foi, tudo se jogou no meu colo. Eu só queria sentar em frente ao meu piano e cantar… Mas quando me dei conta, estava em uma turnê cheia de bailarinos, com cinco cenários diferentes, dez trocas de roupas por show. Fico pensando se as pessoas gostam realmente da minha música, ou se vão para ver um espetáculo. Quer dizer, eu amo performar, amo dançar, mas as vezes eu só queria sentar com o microfone e cantar, sem arranjos, sem nada.

— E por que não faz isso Yuri?

— O que?

— Cantar apenas com o seu piano, tenho certeza que seus fãs irão amar.

— Não sei se meu empresário aprovaria.

Logo os waffles chegaram e Otabek se divertia com as expressões de prazer e gemidinhos que o russo dava após mastigar o bacon ou os ovos, e achou graça quando o loiro decidiu jogar mel em cima de tudo.

— Puta que pariu, isso é muito bom! - disse de boca cheia. - Viktor me mataria se me visse agora, comendo essa quantidade de gordura. - Me empresta teu celular - O moreno alcançou o telefone e Yuri fez um bico enquanto segurava o prato cheio de bacon e tirava uma selfie. - Depois você me manda. O porco e o velho vão ficar loucos.

Otabek quis perguntar quem eram essas pessoas, porque apesar de Yuri se referir a eles com insultos, tinha muito carinho em sua voz, mas deixou isso pra outra hora.

— Você parece uma criança no natal - o moreno tinha um sorriso sincero no rosto, ver Yuri tão a vontade o aquecia - Veja, estão cantando.

Yuri virou-se na direção da jukebox e viu duas garotas, que deveriam ter a idade dele finalizando uma música, elas olhavam na direção de dois garotos sentados logo a frente delas, e tinham sorrisos constrangidos nos lábios, mas ainda assim, se divertiam.

— Quer saber? Que se foda! Eu vou lá. -levantou-se ajeitando o boné, colocou os óculos escuros que Otabek o emprestara e seguiu até a máquina.

Escolheu uma de suas músicas favoritas e percebeu que a única pessoa a lhe dar atenção era Otabek, então ficou um pouco mais tranquilo. Era ridículo se sentir nervoso ao cantar em uma lanchonete, quando já tinha se apresentado para um estádio lotado?

O solo de guitarra iniciou na jukebox e Yuri segurou o microfone com força pronto para começar a cantar.

(I saw him dancing there by the record machine

I knew he must have been about 17

The beat was going strong

playing my favorite song

And I could tell it wouldn't be long

till he was with me

Yeah with me

And I could tell it wouldn't be long

till he was with me

Yeah with me)

Yuri cantava envergonhado, sem usar sua voz de fato, estava nervoso e envergonhado, levantou o rosto e percebeu Otabek o olhar sorrindo, algumas pessoas o olhavam curiosos, mas ele não se importou, logo o refrão chegou e ele decidiu cantar de verdade.

(Singin' I love rock and roll

So put another dime in the jukebox baby

I love rock and roll

So come on take some time and dance with me)

Cantou o refrão com todo o coração e de olhos fechados, e quando finalmente teve coragem para abri-los, havia se formado uma pequena platéia ao seu redor, todos batendo palmas e os pés, Yuri se sentiu acolhido, ninguém ali sabia quem ele era, e ainda assim tinham se sentido tocados por sua música.

Continuou cantando, sentindo toda energia que o local o transmitia, e quando a canção chegou ao fim, todos o aplaudiram, ele tirou o boné, deixando os cabelos caírem e fez uma reverência em agradecimento.

— É O YURI PLISESTKY - gritou uma garota que adentrava o local, Yuri olhou em pânico para Otabek, que já estava de pé deixando uma quantia em dinheiro na mesa, correu até ele que pegou de forma possessiva em sua cintura e deixaram o estabelecimento. Algumas pessoas ainda se perguntando quem era Yuri Plisestky os seguiram até a porta, mas eles já estavam em cima da moto prontos para partir.

Durante o resto do final de semana, Yuri ficou a maior parte do tempo no trailer, havia descoberto que Otabek gostava de fotografar, principalmente paisagens e coisas do cotidiano, fazia sentido ele morar entre os girassóis, trabalhava como produtor musical e dj, e havia tocado na boate na noite em que se conheceram. Haviam conversado muito, e o loiro sentia-se cada vez mais conectado com o outro, queria poder congelar o tempo e ficar naquele campo para sempre.

Havia ligado para Viktor avisando que estava bem e teve de se segurar para não desligar em sua cara, o platinado ficou gritando e o chamando de irresponsável, que não devia sair com estranhos, que poderiam estar se aproveitando dele, e bláblá, Yuri apenas ignorou e disse que voltava pra casa no domingo a noite, Viktor tinha ressaltado umas dez vezes que ele tinha uma entrevista importante na segunda de manhã e não podia perder.

No sábado antes do anoitecer, Otabek saiu para comprar comida, deixando o russo sentado sobre o velho balanço que havia na grande árvore ao lado do trailer, ficou sentado lá por muitos minutos pensando em sua vida, e em como ele estava cansado de tudo.

Resolveu caminhar entre os girassóis, tinha viajado o mundo todo, e nunca tinha visto um lugar tão lindo, poderia viver ali. Era loucura pensar em morar ali com Otabek? Eles tinham se conhecido na noite anterior, e Yuri sentia que o conhecia desde sempre.

Quando Otabek retornou, trouxe consigo pizza e vinho, ele beberam e comeram sentados em um cobertor que fora colocado no teto do trailer, logo estavam saciados e não demorou muito para a garrafa esvaziar, deitaram-se para olhar as estrelas, o céu ali era limpo e transmitia paz. Em certo momento Yuri que olhava para cima virou-se de lado e Otabek o observava, com um olhar diferente. Sem precisarem trocar mais palavras, eles se beijaram e fizeram amor, com as estrelas como testemunhas.

***

Quando o domingo a noite chegou, Otabek deixou Yuri em frente ao seu prédio, não haviam fotógrafos e eles ficaram mais de uma hora conversando sentados na garupa da moto, haviam combinado de se encontrarem no dia seguinte, e Yuri já sentia saudades.

Deitado sobre a cama, enquanto pensava em tudo o que tinha acontecido naquele fim de semana, ele conversava com Yuuri, que era um pouco mais compreensivo que Viktor, mas ainda assim chato. O japonês morava no andar debaixo ao seu, e perguntou muitas vezes se Yuri não queria conversar sobre o que tinha feito, Yuri estava cansado e prometeu contar no dia seguinte.

Não demorou muito para receber uma mensagem de Otabek, dizendo que tinha chegado no apartamento, não era muito longe de onde Yuri vivia, ele dividia a casa com um amigo, também fotógrafo, e ia para os campos nos finais de semana.

Ficaram conversando por mensagem durante muito tempo, Yuri acabou pegando no sono, sentindo o cheiro do moreno que vinha das roupas que vestia, mal podia esperar para estar novamente em seus braços.

Assim que o dia amanheceu, Yuri tomou um banho, e vestiu novamente as roupas que Yuri Plisetsky vestiria, a feição calma a serena que havia tomado seu rosto durante o final de semana foi substituída pela carranca de tédio costumeira, e ele entrou no elevador a espera dos assessores.

Assim que Viktor entrou na caixa preta, começou a falar sem parar sobre como o loiro tinha sido irresponsável e ingrato, e que ele não os merecia, que Yuuri tinha acordado mais cedo para ir comprar o maldito capuccino que o mais novo gostava, Yuri apenas vestiu os óculos e colocou os fones, deixando que a música de Joan Jett o trouxesse as memórias das noites anteriores.

Chegaram ao saguão e como já esperado a entrada do prédio estava tomada por paparazzi, Yuri revirou os olhos por trás das lentes, mas lá, em meio aquela multidão de flashes, ele avistou o olhar fixo de seu moreno misterioso sobre si, Yuri não pode evitar abrir um sorriso largo, o que fez com que os fotógrafos praticamente se batessem para ver quem tirava a melhor foto, o russo ignorava tudo a sua volta, ele só queria chegar mais perto e abraçar seu Beka. Alheio ao que ocorria ao redor, nem percebeu o japones que havia se aproximado, gesticulando em sua frente enquanto gritava algo. Yuri notou que Otabek tinha uma expressão triste, ele sussurrava algo que Yuri não conseguia entender. “Me desculpe?” foi o que ele pensou ter entendido. Logo, os fones de ouvido foram arrancados com certa brutalidades e ele se virou pra o moreno de óculos ao seu lado.

— Mas que porra você ‘tá fazendo? - Gritou encarando o japonês com furia.

— Eu que te pergunto Yuri, que porra é essa?

Ele apontava uma revista em frente ao rosto do russo, uma revista que tinha o cantor como capa.

Deitado de bruços, com a parte do tronco exposta e marcada em tons de roxo e vermelho, chupões e arranhões, Yuri tinhas os braços pra cima e os cabelos espalhados, enquanto dormia serenamente na cama do seu moreno.

Olhou em direção ao fotógrafos, os olhos marejados, não querendo acreditar no que via.

Otabek sussurrava “Me desculpe!”

25 de Febrero de 2018 a las 14:26 0 Reporte Insertar Seguir historia
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