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Namjoon gostava dos encontros não marcados com seu vizinho, pois poderia passar algum tempo o observando pintar e sendo extremamente lindo enquanto fazia isso. Seria apenas mais um dia olhando o homem atrás do quadro em que trabalhava, mas quando voltou para o quintal foi surpreendido ao encontrar um bilhete dele dentro de seu livro. O bilhete trouxe consigo a dose final de coragem que faltava para finalmente convidar o vizinho para um encontro realmente marcado. || Threeshot! || Capa por @springrafic(Wattpad) || Betagem por Julia, @filhosdosol_(twitter)


Fanfiction Bandas/Cantantes Sólo para mayores de 18.

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Primeiro encontro marcado

Boa leitura( ˘ ³˘)

Minuciosamente, Namjoon escolhia a roupa que vestiria após o banho. Verificava se tudo ornava nas peças: as cores tinham que combinar entre si e os tecidos se abraçarem. Tudo isso sem parecer que ele passou algum tempo em frente ao guarda-roupa.

Tinha um encontro, encontro esse que nunca fora marcado. Não houve um convite, tampouco anunciou esse compromisso, ele simplesmente sabia.

Nas últimas três semanas, ele notou, todos os dias por volta das 17:30, que ele e o seu vizinho se encontravam, sem realmente estarem juntos. O que acontecia é que, quando saía para ler, o homem da casa ao lado também estava no quintal, pintando um quadro.

A vizinhança era tranquila, sem grandes alvoroços e movimentações. Então, todos os vizinhos notaram quando há dois meses atrás, a mudança do novo morador aconteceu, muitos até mesmo ajudaram a guardar os móveis. Por isso, quando chegou do trabalho naquele dia, Namjoon soube que tinha um novo vizinho.

Foi uma surpresa saber que era um rapaz sozinho que moraria naquela casa grande o suficiente para uma família de cinco pessoas. Entretanto, desde que ele se mudou, tudo no local tinha a sua cara. Do telhado da construção, até a grama no quintal, absolutamente tudo combinava com sua aura tão pacífica e doce.

Namjoon nunca viu o quadro que estava sendo pintado, pois o cavalete apoiava a frente da tela para onde seus olhos não alcançavam, mas via o homem atrás dele concentrado em sua arte.

Apesar de muitas vezes não conseguir ter um vislumbre da face tão concentrada de acordo com as pinceladas dadas, ele ainda admirava cada movimento milimetricamente calculado pelo homem. A pele pálida combinava tanto com as colorações tão quentes da aquarela usada, o cabelo loiro contrastava tão bem com o verde das plantas e o azul da casa. Namjoon suspirava, rendido, encantado pelo vizinho sempre que o observava.

Por isso, empenhava-se em se arrumar de forma sutil o suficiente para ser notado, sem chamar atenção demais. Já no perfume não havia sutileza, pois, queria que, do outro lado da pequena cerca, o loiro sentisse seu cheiro.

Quando se sentou na cadeira confortável no quintal de sua casa, Namjoon começou a ler o livro que tinha escolhido, perdendo-se completamente nas palavras impressas. Atento ao objeto em suas mãos, ele não notou o movimento do outro lado da cerca.

Yoongi vinha cantarolando baixinho uma música calma, carregando nas mãos o quadro e o cavalete. Quando chegou no local desejado, apoiou os dois com maestria e voltou para dentro de casa.

No quarto reservado somente para suas pinturas, ele procurou pelos pincéis, pelas tintas certas e novos frascos que substituiriam os antigos. Quando achou tudo o que desejava, Yoongi voltou ao quintal. Continuar pintando.

Havia uma pequena mesa redonda próxima ao cavalete. Era nela que o loiro colocava todas as tintas e pincéis que usaria. Organizava por cor e espessura, para só então voltar ao trabalho sobre o quadro.

Suspirou e se alongou, como se fosse correr por uma maratona de 6 quilômetros. Ele sabia que as pessoas achariam isso bastante estranho, mas essa era a forma de acordar o corpo e sacudir a inspiração que morava dentro de si.

Estava silencioso demais naquele dia, não ouvia sequer o tão costumeiro som de pássaros. Yoongi gostava da calmaria, mas não do silêncio absoluto. Por isso, buscou em seu celular, uma playlist de músicas tranquilas que agradavam seus ouvidos a cada segundo, logo conectando seus fones de ouvido.

Agora estava realmente pronto para pintar. Observou com atenção o trabalho já feito sobre a tela. O céu da imagem era como o do pôr do sol, colorido de rosa, laranja e amarelo, cores quentes que se misturavam e formavam uma das imagens mais belas de serem contempladas.

Sob o ocaso, havia uma imensidão azul, o oceano. Pintado de forma tão excelente que parecia ter vida, algumas ondas pareciam se mexer. Yoongi sorriu, estava lindo, com mais algum esforço, diria que estava perfeito.

A imagem estava incompleta, então Yoongi buscou o pincel e tinta correta e começou a esboçar uma baleia 52 hertz, no canto inferior esquerdo. Cada detalhe dela era feito com perfeição, cada curva, sombra, ponto de luz, tudo perfeitamente delineado no local e com a cor certa.

O loiro tinha prática e técnica, desde a infância pintava em qualquer oportunidade, ou local que podia. Para ele, a pintura era escape, alívio, mas, acima de tudo, conexão. Yoongi se conectava consigo mesmo, com as tintas e com o ambiente ao seu redor. Com isso, o resultado sempre carregava o mesmo tom de amor.

Amor e pintar eram sinônimos.

Em cada coloração e espessura de tinta sobre a tela, havia sentimentos que habitavam algum canto dentro de si. Por esse motivo, ficava tão focado nos movimentos que fazia para externalizar algo que originalmente se formou em sua imaginação.

Os insetos que por vezes voavam perto, ou até mesmo Holly, seu cachorro, que vez ou outra vinha buscar atenção, nada disso importava o suficiente para o distraí-lo do foco principal naquele momento.

Sempre foi assim. Yoongi se desligava do mundo e se ligava à tela que fazia. Mas isso mudou quando, dias atrás, notou seu vizinho alguns metros à sua frente lendo um livro.

Pela primeira vez, alguém chamou sua atenção enquanto fazia o que mais amava. E tem sido assim durante os dias que se seguiram, por isso após finalizar a baleia, Yoongi desviou os olhos para o território vizinho.

Lá estava ele, focado no livro de capa verde em suas mãos. O loiro sorriu levemente o observando. Ele vestia uma calça jeans preta justa ao corpo, uma blusa branca um pouco larga e havia uma jaqueta jeans azul sobre suas coxas. Também usava alguns acessórios, pulseiras pratas e douradas, brincos pequenos e anéis nos dedos anelares e indicadores.

Mas o que mais chamava a atenção de Yoongi naquele momento, era o cabelo num tom de rosa claro. Na tarde anterior não estava assim, ele tinha a cor natural dos fios. Estava lindo, a cor combinava muito com a melanina que adornava sua pele.

Yoongi admirou Namjoon da cabeça ao tornozelo, pois, quando alcançou os pés dele, gargalhou. Ele usava um par de meias com desenhos de golfinhos e caranguejos. Os desenhos tão fofos não combinavam em nada com a imagem do homem tão másculo que os usava.

Percebendo que o vizinho ouviu sua gargalhada, Yoongi rapidamente voltou a olhar o quadro disfarçando o motivo da risada.

Quando ouviu o som, Namjoon ficou surpreso. Era a primeira vez que presenciava isso. Sequer tinha visto muitas vezes um sorriso largo do loiro. De imediato, buscou a origem do som e suspirou frustrado ao notar que Yoongi ria para o quadro. Devia ter feito algo engraçado na imagem, foi o que ele pensou.

Nos próximos instantes, Namjoon admirou que mesmo usando apenas um conjunto simples de moletom preto, Yoongi continuava bonito. Suspirou encantado.

O loiro ouviu o suspiro e disfarçadamente olhou para Namjoon, sem que esse notasse. Era sempre assim, Yoongi percebia o homem lhe observando, mas fingia não notar, ele sabia também que o de cabelos rosas se arrumava o suficiente para esses encontros-não-encontros.

Quando Namjoon voltou a ler o livro, Yoongi também desviou os olhos para o quadro. Atentou-se a ele e repetiu em sua cabeça "pôr do sol, oceano e baleia... o que mais falta?" Com o questionamento em mente, ele passou a observar tudo ao seu redor.

Quando novamente seus olhos alcançaram o vizinho, Yoongi sorriu. Agora já sabia o que faltava na imagem. Buscou as tintas certas e então começou a desenhar.

Sobre a imensidão azul na tela, ele esboçou um pequeno barco, navegando nas ondas não tão calmas. Ele era branco por fora e, do lado de dentro, tinha cor de madeira envernizada.

Ele flutuava a certa distância da baleia que morava no oceano, mas não tão longe dela. Em um mar verdadeiro, o barco não estaria a mais que três metros do animal.

Yoongi olhou atento cada detalhe do desenho recente. Estava tudo certo, exatamente como deveria estar. Agora precisaria que o barco secasse para desenhar por cima dele, então, partiu para outro detalhe que acrescentaria.

Acima do objeto flutuante, com o ocaso de fundo, ele pensou nas distancias corretas que seriam necessárias. Imaginou rapidamente onde tudo iria se encaixar, para em seguida pegar as tintas com as cores desejadas.

Com pinceladas suaves começou desenhando uma pequena criatura com asas, uma fada. Ela era completamente preta, o tom de pele, o vestido rodado e até mesmo as asas.

Atrás dela vinha outra vermelha voando a uma certa distância. Mas elas não seriam as únicas, pois, de forma displicente, Yoongi desenhou mais quatro seres místicos. Eram uma roxa, outra verde, seguidas uma rosa e, ao fim, uma dourada, todas inteiramente de uma única cor.

Yoongi olhou atento as seis fadas que estavam ali na pintura, corrigiu qualquer detalhe que não o agradou, iluminou, sombreou. Sorriu, satisfeito. Estavam perfeitas, como ele tinha imaginado. Não sabia o porquê de desenhá-las ali, mas somente isso fez seu coração ficar quentinho, foi como se, de algum modo, fizesse parte daquela pintura.

Notando que o barco já estava seco o suficiente, Yoongi esboçou ali um homem. Ele estava deitado na embarcação, com o braço esquerdo esticado para dentro da água, na direção da 52 hertz que nadava em sua direção.

Seu braço direito dele estava esticado na direção das fadas, e a que era completamente preta, pousava lindamente em sua mão. As outras cinco voavam com o mesmo propósito de pouso.

O homem dentro do barco sorria largo, de tal maneira que seus olhos quase sumiam, e em suas bochechas, adoráveis covinhas enfeitavam o local com doçura. Ele usava camisa branca, calça jeans preta e, nos pés, meias com caranguejos e golfinhos. A única diferença para a pessoa no barco e a pessoa no banco em frente ao loiro, era o cabelo. O Namjoon navegante tinha os cabelos castanhos.

Quando visualizou a pintura quase pronta, Yoongi se perguntava o porquê de fazê-la daquela forma, e se não seria completamente absurdo ou estranho pintar seu vizinho sendo que sequer sabia seu nome. Entretanto, não poderia negar que o conjunto de formas, luzes e sombras sobre a tela, formavam nada mais que arte.

Tudo estava no local certo e de maneira perfeita, mas o loiro sentiu falta de algo. Então, pegou a tinta necessária e, ao redor do navegante e das fadas, ele fez várias luzes brilhando. Eram como vaga-lumes iluminando o caminho para onde o barco deveria seguir, sem tamanhos iguais ou predestinados, cada ponto brilhante era único e especial naquela pintura e naquele caminho a ser seguido.

Cada detalhe daquela arte tinha um pedacinho de sentimentos que Yoongi não compreendia, nem mesmo buscava razão. Só sentiu e então deixou sua imaginação e seu coração ditarem qual linha, cor e espessura deveria ser pintada. E, no fim de tudo, ele sabia que aquela cena um dia, ou por único momento, morou dentro de si, e agora o mundo inteiro poderia ver uma parte sua que, se não fosse pela aquarela e pincéis corretos, ninguém jamais veria ou tentaria entender o que aquilo significava.

Yoongi foi despertado de seus pensamentos quando ouviu um celular tocando, seu vizinho atendendo e saindo do banco que estava. Quando Namjoon entrou em casa para falar ao telefone, foi o momento em que ele pensou "e se...". Por causa disso, correu para dentro de casa, buscou uma agenda e caneta, escreveu um bilhete, arrancou a folha e a dobrou ao meio.

Olhou para o quintal vizinho e o homem ainda não tinha voltado. Yoongi se aproximou da pequena cerca e, com pouca dificuldade, a pulou. Andou rapidamente até o local onde Namjoon lia e, sobre a pequena mesinha que tinha ali, ele colocou o bilhete, mas, pensando que este poderia voar, mudou de ideia e o guardou dentro do livro que estava no banco.

Yoongi deixou o bilhete ali e correu de volta para sua casa. Guardou o quadro, as tintas, a aquarela, seu celular e fone de ouvido. E ,sentado na cozinha, com as persianas cobrindo a visão de seu corpo, ele ficou olhando o quintal vizinho, aguardando o homem voltar e ler o bilhete.

Do outro lado da cerca, após finalizar a ligação, Namjoon saía de casa, voltando para o banco. Já estava escurecendo então ele esperava poder olhar ainda mais para o vizinho pintando.

Mas, quando chegou ao banco, viu que ele não estava mais lá. Não tinha sequer rastro ou sinal de que voltaria. Suspirou, frustrado por agora estar sozinho.

Sentou desajeitado no banco e pegou o livro para continuar lendo um pouco mais. A surpresa veio quando o abriu na página marcada. A folha dobrada ali no meio o deixou confuso, pois ela não estava lá antes.

Quando abriu o papel, encontrou as seguintes palavras:

"Ei, bonitão. Quando vai parar de me olhar e finalmente me convidar para um encontro de verdade? Ainda não se cansou de me admirar à distância?

Não voltarei a pintar no quintal até que você me convide para sairmos juntos(essa é minha forma de te encorajar).

Aliás, gostei das meias.

Min Yoongi, seu vizinho"

Namjoon sentiu seu coração acelerar por um instante, mas principalmente seu rosto e orelhas esquentarem tanto que, com certeza, estavam completamente vermelhos. Ele riu tímido pelo conteúdo tão direto do bilhete, sentindo-se envergonhado.

Da cozinha, Yoongi sorriu largo vendo a reação do vizinho ficando vermelho de vergonha, achou-o completamente fofo. Agora só esperaria o convite e escolheria uma roupa muito bonita para cativar Namjoon como queria.

Foi com um enorme sorriso no rosto que Namjoon voltou para dentro de casa. Agora com a vergonha se esvaindo, ele já se sentia mais animado, pois, ao que parecia, Min Yoongi, seu vizinho, aceitaria sair consigo e somente aguardava seu convite.

Namjoon já se sentia nervoso só de pensar em como deveria fazer para convidá-lo. Deveria bater em sua porta? Ou talvez procurá-lo em alguma rede social? Escrever um bilhete? Mandar um pombo correio? Mensagem nas estrelas?

Riu quando percebeu que estava cogitando situações ilusórias demais, precisava ser simples e preciso. Então, pensando um pouco mais, resolveu que lhe mandaria um bilhete. Procurou folha e caneta e caprichou na letra escrevendo:

"Caro Min Yoongi, venho por meio deste, convidá-lo para sairmos juntos..."

Quando percebeu que escrevia de maneira formal demais, Namjoon parou e rabiscou as palavras. Parecia que convidaria Yoongi para uma reunião de negócios e essa não era a intenção. Então de novo iniciou o bilhete noutra folha.

"Olá, Min Yoongi. Eu achei que fosse melhor em disfarçar meus olhares admirando você fazer arte em seu quintal. Espero não ter te deixado desconfortável em nenhum momento. E não, não cansei de te admirar à distância, você é bonito demais para que eu possa me cansar de olhar cada detalhe seu.

Se me permite dizer, das artes mais belas, a mais encantadora, apaixonante e brilhante, está guardada sob seus lábios, pois o sorriso gengival que eu tive o vislumbre de ver, é e será para sempre a pintura vívida que transmite amor e sobretudo, beleza incalculável. Já pensou em fazer um auto retrato? Pois, tenho certeza que de todos os desenhos que você já fez, este seria em disparada, inegavelmente, o mais gracioso, angelical e deslumbrante contorno já feito por suas mãos. Espero contemplar mais vezes este sublime riso, unicamente seu.

Te chamar para um encontro é algo que eu queria, mas ainda não tinha encontrado dentro de mim, motivos suficientes para que me sentisse à vontade para falar contigo sem parecer te incomodar. Entretanto, admito que seu curto bilhete, foi o bastante para expulsar qualquer receio de falar com você.

Não estarei em casa nos próximos dias, então, me mande mensagem, vamos nos conhecer enquanto não saímos juntos.

Aqui o meu número 22980024.

Kim Namjoon, seu vizinho."

Leu e releu a carta garantindo que não tinha nada de errado e no fim sorriu, contente. Estava depositando naquelas palavras toda a sua sinceridade.

Namjoon não mentiu quando disse que estaria fora de casa. A ligação recebida anteriormente foi de seu assessor lembrando-o da viagem que fariam na madrugada seguinte. Por isso, ele foi para o quarto fazer a mala que levaria.

Ser modelo de passarela não era o sonho de infância que Namjoon almejava realizar, mas foi algo que descobriu amar fazer. Estar nas passarelas mostrando seu caminhar, seu olhar seguro de si mesmo e seu jeito admirado pela moda lhe fazia bem.

Ser modelo foi o sonho que ele cultivou pouco a pouco, para enfim amar cada passo dado no meio de uma multidão que admirava não só as peças de roupa que usava, mas também seu corpo e rosto.

A beleza que é relativa para tudo e todos, jamais seria questionada com Namjoon desfilando com toda sua confiança. Não. Ali, nas passarelas, ele estava no topo do mundo e ninguém duvidaria do quão belo ele é.

A viagem estava marcada para às 05:30 da manhã, para que chegasse cedo no local do desfile e pudesse fazer a prova das roupas e, se necessário, realizar qualquer ajuste para ficar com o caimento perfeito em seu corpo.

Namjoon escolheu as poucas roupas que levaria para os três dias que ficaria fora. Dobrou e organizou tudo perfeitamente em sua mala.

Quando acabava de fechar o zíper, ouviu seus pais chegando em casa e foi ao encontro deles. Beijou as bochechas de ambos e aguardou o que eles falariam de seu novo cabelo.

— Tá parecendo um algodão doce, filho. Bem gay, combina com você. — seu pai disse tocando no cabelo.

— Tá fofinho, Monie. Não estragou seu cabelo, né?! — a mãe questionou preocupada.

— Não estragou não, mãe. Tá tudo certo e vou cuidar direitinho. — ele respondeu a mulher com um sorriso. — E o que a cor do cabelo tem a ver com sexualidade, pai?

— Nada. Mas você é gay, então tudo que você fizer vai ser bem gay que é pra combinar contigo. — o homem sorriu ao fim da frase.

Namjoon riu com a fala do pai. Sempre achava engraçada a maneira que ele falava de sua orientação sexual de forma humorada.

— Ok, senhor Kim, dessa vez você ganhou. — Namjoon lhe respondeu sorrindo.

— E aí, filho, já parou de encarar o vizinho e foi falar com ele? Eu tô vendo a hora de eu mesma ter que arranjar um encontro pra vocês. — Jiyeong disse indo para a cozinha, fazendo com que o marido e o filho a seguissem até o local. — Não sabe mais paquerar?

— Paquerar é bem coisa de velho mesmo, por isso que não sei. — o filho lhe respondeu com um sorriso arteiro. — Não precisa marcar encontro pra ninguém, a gente vai conversar, só espera.

— Olha, amor, nosso filho chamando a gente de velho, sendo que é ele quem tá ficando pra titio. — Sehoon dizia sorrindo, indo guardar as compras com a esposa.

A mulher riu soprado. Era comum na família fazerem esse tipo de brincadeira, pois em nenhum momento eles levavam como algo que magoasse. De forma leve eles recebiam as piadinhas que só duravam alguns instantes, já que, no fim, continuavam sendo a família Kim, que não se desmancharia por coisas tão simples.

— Não sei se vocês estão sabendo, mas eu tenho apenas — deu ênfase na última palavra — 26 anos.

— Justamente. — o casal respondeu em conjunto, sorrindo.

Namjoon se deu por vencido e somente riu. Era só mais um dia comum na família Kim.

As horas passaram depressa na casa. O jantar foi como era de costume e logo todos estavam em suas camas prontos para dormir. Para Namjoon foi um pouco mais difícil, pois se sentia ansioso para entregar sua carta e receber mensagens de Min Yoongi; mas, com o passar dos minutos a sonolência foi o suficiente para fazê-lo descansar.

Eram 05:00 quando o despertador tocou, acordando-o. Após 15 minutos ele estava pronto. Só precisava tomar café da manhã e aguardar Jimin, seu assessor, e Seokjin, outro modelo, chegarem, para enfim irem para a cidade onde aconteceriam os três dias de desfile.

Namjoon usava calça de alfaiataria preta, blusa vinho com gola alta, sobretudo bege e nos pés, sapatos sociais pretos, o cabelo dividido na lateral e penteado para trás. Estava tão elegante quanto qualquer modelo prestes a posar para fotos.

Chegando na cozinha, Namjoon se lembrou da carta para Min Yoongi. Rapidamente voltou e a pegou. Agora, só precisava ir até lá, então ele foi. Andava pelos poucos metros da mesma maneira que desfilava em uma passarela, simplesmente porque se sentia muito confiante.

Em frente à casa azul, ele procurou pela caixa de correio e quando encontrou, colocou o papel dobrado ali. Após, ele voltou para casa, tomou sua vitamina de frutas e esperou Jimin e Seokjin chegarem. Dessa forma, Namjoon seguiu para a cidade vizinha.

Às 07:00 Yoongi acordou. Tinha que sair para o trabalho dali meia hora. Era o tempo suficiente para fazer tudo e ir com calma até o estúdio que ficava a alguns quilômetros do bairro em que morava.

O dia sempre passava rápido para ele, pois trabalhar produzindo música era aconchegante. Organizar beats, vozes e instrumentais era gostoso de fazer, e, ver o resultado tão perfeito, tornava o trabalho ainda mais satisfatório.

Mesmo que passasse horas sentado na mesma posição, ouvindo repetidas vezes a mesma coisa, Yoongi ainda tinha a impressão desse tempo passar demasiadamente rápido ali. Foi assim que chegou ao fim do expediente no estúdio, e, às 17:30, já estava de volta em casa.

Era o dia oito do mês, e se aproximava da data que as contas venceriam. Por isso ele foi até sua caixa de correio buscar as que deveriam estar lá.

Para ele, foi inesperado ver aquela folha avulsa sobre os envelopes, não esperava nada mais que boletos naquele aglomerado de papéis. Mas assim que se sentou no sofá, com Holly em seu colo, e abriu a folha lendo as palavras ali, Min Yoongi soube o que significava.

Agradecia mentalmente por estar sozinho. Sem ninguém para observá-lo, ele poderia sorrir largamente sem sentir vergonha de olhares sobre si. Yoongi admirou a forma como Namjoon escreveu as palavras de maneira tão encantadora e galanteadora. A forma como ele o elogiou fez as borboletas voarem em seu estômago como há muito tempo não faziam.

Quando acabou de ler o conteúdo da carta, ele buscou o celular, salvou o contato de Kim Namjoon e gastou alguns minutos somente vendo a foto de perfil dele usando um conjunto de moletom bege, em frente a um local cheio de verde.

Apesar de ser uma roupa simples e de cor neutra, o homem dentro dela ainda exalava beleza e elegância. Um tanto nervoso, Yoongi entrou no chat de mensagens enviando:

Você por acaso é escritor, Kim Namjoon?|

E muito obrigado por tantos elogios tão esplendorosos.(talvez eu também saiba usar palavras que geralmente não são usadas no cotidiano)|

Então você iria me convidar para sairmos? Para onde você me levaria?|

Fico feliz por ter te dado a coragem que faltava|

Era fim do dia, estava nublado e frio, o clima perfeito para ficar sob um cobertor quentinho e vendo algum filme que gostasse. Esse sempre seria o plano perfeito de Yoongi em dias com temperaturas amenas. Por isso, logo se encaminhou para colocá-lo em prática. O primeiro passo era tomar um banho morno, para em seguida fazer um chocolate quente.

Após 20 minutos, ele estava de volta ao sofá com um cobertor sobre as pernas, Holly deitado próximo de seus pés. Segurando uma caneca de chocolate quente na mão esquerda e, na direita, clicava nos botões do controle remoto procurando o filme que desejava.

Quando finalmente o encontrou, ajeitou-se de maneira confortável no estofado e, com os olhos focados na TV, ele assistia um clichê de natal. Yoongi achava estranho gostar desse tipo de filme, ainda assim, não conseguia evitar e sempre assistia variados clichês natalinos.

O chocolate quente estava pela metade quando seu celular tocou, indicando a chegada de novas mensagens, Yoongi o pegou, sem prestar muita atenção, clicou na notificação e abriu a conversa.

|Às vezes, eu escrevo sim, Min Yoongi.

|Imagina. Mesmo com tantas palavras ditas, ainda não seriam suficientes para demonstrar tamanha beleza que você carrega.

|Eu não sei exatamente para onde iríamos, pois antes de sairmos teríamos uma conversa sobre isso. Talvez após nos conhecermos essa resposta apareça junto com nossa saída. Então, vamos nos conhecer enquanto isso?

A essa altura, o filme não era mais nem um pouco interessante, porque toda a atenção de Yoongi agora estava no celular.

Que tipo de coisa você escreve?|

Ok, já basta de elogio, logo vou ficar sem nem ter como agradecer|

Sim, claro, vamos nos conhecer|

Você viajou pra fazer o quê?|

Surpreendentemente — ou não — as respostas vieram em seguida.

|Eu tenho um livro de contos e escrevo poemas aleatoriamente, que não são publicados. Somente eu os vejo.

|Ok, sem mais elogios por hoje.

|Viajei a trabalho mesmo, vim desfilar aqui na semana de moda, que na verdade são três dias.

|Agora você sabe que sou modelo. E você, o que faz? É pintor?

Você tem mesmo porte pra modelo, é alto e bonito|

Espero que sejam bons dias por aí|

Sou produtor, tenho um estúdio num bairro próximo do centro|

A pintura é um hobby, mas às vezes eu coloco minhas telas em exposição e até vendo algumas|

|Ah, obrigado.

|Música combina com mesmo com você.

|Me chame para a próxima exposição, vou amar ver suas artes e até mesmo comprar alguma.

A próxima é daqui a dois dias, você não vai estar fora?|

|É o último dia de desfile, volto para casa às 18:00. Chego a tempo de prestigiar seu trabalho?

Talvez sim, Kim Namjoon|

Vai ser 19:30|

|Então está marcado, iremos nos ver na sua exposição. É um encontro?

Depende...|

Você me convidou para um? Ou eu convidei?|

|Não seja por isso, depois da exposição, você quer sair para jantar comigo, Min Yoongi?

|Conheço um lugar muito bom, aposto que você vai gostar.

Irei aceitar seu convite, Kim Namjoon|

Você segue alguma dieta, ou algo assim?|

|Ah, sou vegetariano, não tenho nenhuma dieta além disso.

|Aliás, qual a sua idade? Nenhum de nós fez essa pergunta.

Ok, então sem carne pra você|

Tenho 27 e você?|

| Sou um ano mais novo.

| Acredita em signos?

Você acha que algo fora da terra pode influenciar de algum modo na minha personalidade????|

Porque eu acredito sim|

Era dessa forma que mantinham a troca de mensagens, de maneira simples e fluída. Falavam sobre qualquer assunto sem se importarem em esconder algo ou serem sinceros. Ambos estavam dispostos a conhecerem um ou outro do mesmo jeito que permitiam serem conhecidos.

Na cidade vizinha, num quarto de hotel, Namjoon falava sobre qualquer coisa que o fizesse conhecer um pouco mais sobre Min Yoongi, e se sentia realmente feliz por isso. Mesmo falando por mensagens, notava que ele era carismático, e que, se não podasse, poderia facilmente se deixar levar para uma paixão que só pararia de crescer quando fosse denominada amor.

Mesmo tendo Seokjin e Jimin lhe atormentando a cada mínimo sorriso, Namjoon não deixava de sorrir ou mandar ainda mais mensagens para Yoongi. Mesmo que se sentisse tímido em meio aos dois, ele permanecia focado em conhecer melhor seu vizinho.

O loiro não assistiu ao filme, pois toda a sua atenção presa na tela do celular, não lhe permitindo de maneira nenhuma desviar seus olhos. A conversa com Namjoon era demasiadamente divertida, e Yoongi estava adorando saber mais sobre o vizinho. Ele sequer notou quando o filme acabou e Holly ressonando sereno próximo de seus pés.

Foi somente quando seu celular apitou, notificando que a bateria estava prestes a acabar ,que ele notou há quanto tempo estava parado no mesmo lugar falando com Namjoon. Sentiu-se como um adolescente que perdia horas vendo memes na internet. Já era próximo das onze da noite e nenhum deles havia dado indícios de que iria dormir, mas Yoongi tinha plena consciência de que precisaria trabalhar na manhã seguinte e também sabia que o mais novo tinha o mesmo compromisso.

Então, logo estava se despedindo de Namjoon para que pudesse dormir, e os dois mantinham um acordo de que continuariam a trocar mensagens enquanto não saíssem juntos.

Os dois dias seguintes seguiram como era para ser, tudo corria de acordo com os planos. Yoongi trabalhava no estúdio, depois voltava para casa e, se tivesse inspiração, pintava uma tela inteira. Depois falava com Namjoon por algumas horas sobre como foram seus dias, ou qualquer coisa que sentissem vontade de compartilhar com o outro.

Os dias de desfile foram realmente especiais para Namjoon, pois conheceu os outros modelos que participaram do evento. Tornando-se amigos com facilidade. Jungkook e Taehyung formavam um casal extremamente lindo, além de demonstrarem tanto amor que qualquer pessoa que os olhasse, sentia falta de ter um relacionamento como o deles.

Agora, voltando para sua cidade, Namjoon, Jimin e Seokjin conversavam no banco de trás do carro, até que chegassem ao destino. O mais velho falava sobre como as roupas do desfile pareciam desconfortáveis, o mais baixo concordava e o mais alto somente acenava com a cabeça, pois pensava em como deveria agir com Yoongi quando o encontrasse.

Deveria cumprimentá-lo com um aperto de mão ou o abraçar? Pegar sua mão quando andassem lado a lado? Estava pensando demais sobre isso? Seria invasivo? Não deveria se aproximar muito?

Não tinha respostas, mas seu cérebro não parava de questionar e imaginar diversos prováveis cenários que poderiam acontecer.

— Mas o Namjoon é um gato de botas que luta sim contra o homem de ferro, não é, Nam? — Jimin questionou, somente para ter certeza de que o amigo não prestava atenção no assunto que ele e Seokjin falavam.

Como suspeitavam, Namjoon afirmou com a cabeça sem sequer ter compreendido a fala do amigo. Só ouviu seu nome e respondeu com o aceno. Achava estar disfarçando dessa forma.

— Então, hoje você vai usar botas e chapéu para travar uma batalha pesada com o Tony Stark, Namjoon? — Seokjin prendia a gargalhada na garganta, esperando o amigo responder.

Mais uma vez, o aceno positivo foi a resposta. Seokjin não aguentou segurar o riso, então o carro foi preenchido pelo som de sua gargalhada. Só nesse momento que Namjoon foi tirado de seus pensamento e agora se perguntava qual o motivo da graça.

Jimin e Seokjin negavam com a cabeça e riam sem responder o rosto confuso de Namjoon.

— O que foi que eu perdi? — ele questionou com o cenho franzido.

— Nada demais. — Jimin respondeu, parando de rir. — O que é que você tanto pensa?

Seokjin ainda tentava controlar a risada, estava praticamente numa crise de riso.

— No que devo fazer quando ver Yoongi. — Namjoon disse, passando a mão pelos cabelos. — Será que vai ser estranho quando nos vermos?

— Ah, não, Nam. Não vai ter nada estranho, sabe por quê? Porque você vai até a galeria, vai se distrair com os quadros e quando perceber já vai estar a minutos falando sobre arte com ele, e aí o assunto vai fluir muito bem. — Jimin disse como se fosse óbvio. Para ele, realmente era.

A face de Namjoon se transformou em surpresa. Agora já parecia bobeira ter se preocupado tanto com isso.

— Nossa, verdade. — foi o que respondeu.

Agora, Seokjin tinha finalmente parado de rir. Mesmo que por algum tempo somente ele risse naquele carro, não conseguia se controlar. Era como se a cena engraçada estivesse se repetindo na sua cabeça, pois a memória estava fresca demais.

Finalmente livre da risada, ele disse:

— Você contou pra ele que é um escritor incrível? E que tem um livro ainda mais incrível? Acho que ele se apaixonaria fácil com essa informação, viu?!

— Contei que escrevo e tenho livro, mas não dessa forma, né? Iria parecer que me acho ou algo semelhante. E não quero levar uma paixão assim. Se for pra ser, que seja porque ele me conhece, e não porque sou escritor. E você nem leu meu livro para estar dizendo isso.

— Tá certo, Nam. — Jimin dizia, sorrindo orgulhoso.

— Rapaz, não precisa levar tão a sério, foi só um modo de dizer. Acho que você tá muito nervoso, então vamos mudar de assunto. Eu li seu livro. Quer dizer, tô lendo.

— Ele é incrível mesmo, Jin! — Jimin expressou, sincero.

— Sim, ainda tô nos contos do começo. Mas aquele sobre água e óleo, Namjoon, aquele me pegou de um jeito que parecia ser feito sobre mim.

— Sério? Acho realmente incrível se identificar com algo que eu escrevi, me faz feliz tocar o leitor de algum modo. Obrigado por ler, Jin.

— O meu preferido é o da borboleta. Quando chegar nesse, você vai achar incrível, Jin. Leia logo o livro todo pra gente poder falar sobre ele.

O ambiente se tornou mais agradável agora que todos se mantinham na conversa. Falar sobre seu livro fazia Namjoon esquecer sobre qualquer coisa. Então enquanto estava ali ouvindo opiniões cheias de elogios, e falava sobre como foi escrever, ele esqueceu de todo o nervosismo que sentia anteriormente.

O resto da viagem pareceu rápida, com ssuntos que não davam espaço para o tédio. Às 19:00 o carro estava parando em frente à casa de Namjoon, ele teria 30 minutos para o banho, arrumar-se e ir até a galeria.

Cumprimentou os pais com pressa, contou que tinha uma encontro com Yoongi e viu a surpresa passar pelos rostos antes de eles sorrirem e lhe darem parabéns como se tivesse ganhado um prêmio muito importante.

Namjoon tomou banho rindo da reação dos pais e da forma como lhe parabenizaram. Quando saiu de casa às 19:20, ele tinha um sorriso na face, já que sua mãe havia dado uma rosa vermelha para que ele presenteasse Yoongi.

Dez minutos depois, o uber parou em frente à galeria, Namjoon o agradeceu antes de descer e entrar no local.

As paredes brancas davam um ar de limpeza e paz por todo o local. Mesmo que ainda estivesse na recepção, Namjoon já admirava tudo que seus olhos alcançavam.

Minutos depois de informar o nome e receber o crachá de visitante, ele seguia para a ala onde se iniciava a exposição de artes.

As pessoas no evento eram diferenciadas por crachás: os dos visitantes eram azuis, os dos artistas rosas e os dos seguranças cinzas. Namjoon admirou a forma como tudo ali era muito bem organizado, e se sentiu feliz por Yoongi ter suas telas expostas num local que cuidava muito bem de tudo.

A primeira ala que entrou era a de esculturas, ele olhou todas brevemente, pois não queria perder muito tempo ali. Queria encontrar Yoongi logo.

A segunda ala era recheada de desenhos dos mais variados, e todos carregavam significado ímpar. Namjoon soube que poderia passar bastante tempo analisando cada um deles.

Já na terceira estavam as pinturas. Quando adentrou o local e viu que eram telas pintadas, já se sentiu demasiadamente nervoso, pois significava que Yoongi estava muito próximo agora. Procurou-o brevemente pelo local, mas não o viu, então focou sua atenção nos quadros que o rodeavam.

Perdeu-se admirando a arte em sua frente, tentando entender todo o significado que ela carregava. Muito focado, Namjoon não notou Yoongi chegando ali.

Yoongi voltava do banheiro quando viu Namjoon completamente atento à tela de uma floresta verde e sombria.

Ele usava calça jeans frouxa nas pernas, uma camisa xadrez azul e laranja sobre a camiseta branca, e, nos pés, tênis azuis. Estava simples na mesma proporção em que estava bonito, Yoongi sorriu minimamente antes de se aproximar e parar próximo do mais alto.

— Você não acha essa pintura sombria demais? — Yoongi perguntou.

Nos dias em que estavam a quilômetros de distância, eles jamais mandaram áudios ou fizeram uma ligação, então não reconheceriam a voz um do outro. Assim, não foi surpresa para o mais velho, quando Namjoon sequer desviou os olhos da tela para lhe responder.

— Não, ela me parece encantadora demais. Quase tudo aqui é verde e cinzento, mas, olhe, no meio do caminho seco, há uma flor viva. O vermelho vivo capta toda a minha atenção para esse local. É realmente magnífico a forma como quem pintou fez um trabalho tão excelente.

Yoongi sorriu diante a fala de Namjoon. Poucas foram as vezes que as pessoas notaram a flor ali, sendo que esta era a parte mais viva e mais linda da tela.

— Você é um ótimo observador, Namjoon.

Imediatamente após ouvir seu nome, Namjoon virou o rosto para o lado e viu Yoongi ali. Ele estava bonito com a calça jeans justa ao corpo, tênis brancos e moletom cor salmão. Ainda assim, o que havia de mais mais belo estava em seu rosto, no sorriso gengival que ele ostentava.

Sorriu com direito a covinhas profundas antes de lhe dizer:

— Oi, Yoongi. — sentiu-se tímido e sem saber o que fazer agora, então voltou o foco para a pintura. — Esse quadro é seu?

— É sim, o que achou? Era algo assim que você imaginava que eu pintava?

Namjoon suspirou olhando o quadro mais uma vez.

— Ele é incrivelmente lindo. E, eu imaginava que você fizesse artes belíssimas, mas mesmo assim fiquei surpreso. Você é magnífico na pintura, Yoongi. — disse, admirado.

O loiro sorriu, contente pelo elogio que transbordava sinceridade.

— Obrigado, Nam. — pela primeira vez Yoongi chamou o outro por um apelido, de forma tão natural que passou despercebido por si mesmo.

Namjoon sorriu ao notar, e preferiu por não dizer nada sobre.

— Quais os seus outros quadros? Eu poderia passar longas horas admirando suas pinturas.

Yoongi o guiou para outras telas, ele tinha cerca de dez naquela exposição. Namjoon olhou todas com atenção, buscando sempre entender qual a mensagem a ser passada.

Passaram quase uma hora no recinto, compartilhando opiniões e fazendo observações. Ambos souberam que esse era mais um assunto em comum que poderia lhes render horas de conversa.

Namjoon ficou encantado por um quadro que tinha a imagem de um pássaro caindo num vasto campo florido de camélias rosas e jasmins brancos. Sem nem questionar o preço, ele o reservou. Voltaria no outro dia, compraria-o e levaria para casa.

Às 20:15 eles caminhavam lado a lado para o restaurante onde seria o encontro oficial que tinham marcado. O restaurante era requintado e transbordava elegância a cada metro quadrado. A roupa que os dois homens usavam não combinava com o ambiente, mas eles não se importavam.

Sentaram-se à mesa que tinha sido reservada pelo mais novo anteriormente, riram juntos notando que destoavam totalmente do aspecto social do local, Namjoon até mesmo se desculpou por não ter se atentado a isso e avisado o mais velho.

Eles conversavam sobre tudo que pensavam ou tinham curiosidade, sem amarras e sem receios, eram sinceros em tudo. A maneira fluída como interagiam dava a impressão de serem amigos de longa data e isso deixava o clima leve e a conversa fácil de ser levada.

Em momento algum eles falaram algo que envolvesse beijos ou qualquer coisa semelhante, mas a linguagem corporal de ambos demonstrava que havia certa tensão os rondando. Havia desejo ali, em seus olhos, nas mãos que sempre buscavam se esbarrar, nos pés minimamente encostados. Tudo isso demonstrava o quanto seus corpos queriam estar ainda mais próximos.

Namjoon e Yoongi queriam se tocar, acariciar, beijar... só precisavam verbalizar essa vontade, para enfim, terem passe livre para fazerem tudo isso. Entretanto, não o faziam.

O jantar durou uma hora completa, mas em momento algum houve tédio na mesa deles. Quando não falavam, aproveitavam a comida que lhes era servida, da entrada até sobremesa, tudo estava saboroso e muito bem montado.

Já a volta para casa foi silenciosa, pois preferiram se manter quietos dentro do carro. Namjoon, atrás do banco do carona, olhava pela janela pensando se teria coragem o suficiente para tentar beijar Yoongi, ou se falaria sobre o assunto.

Sentado atrás do banco do motorista, Yoongi mandava e recebia mensagens de Hoseok que o dizia a todo minuto para beijar logo Namjoon e não deixar esse homem escapar. O mais velho sorria lendo as palavras e pensando se deveria mesmo fazer o que o amigo o aconselhava.

Minutos depois, quando o carro parou em frente à casa de Namjoon e ambos desceram, era notável o clima estranho que os rondava. Estavam tensos e pareciam não saber o que fazer. Havia desejo ali, contudo, faltava iniciativa.

Na calçada eles não conversavam e isso deixava tudo ainda mais esquisito. Namjoon suspirou antes de dizer:

— Te acompanho até sua porta.

— Está me mandando embora, Kim Namjoon? — o mais velho perguntou tentando manter a face séria. — Minha companhia foi tão ruim assim? Tudo bem, você pode me acompanhar.

— Não, nunca! — respondeu exasperado. — É só que é o fim do encontro, né?

— Estou brincando, bobo. Não precisa ficar nervoso. Vamos me acompanhe até minha porta. — Yoongi disse sorrindo. Esticou o braço e oferecendo a mão para ser segurada.

Namjoon sorriu largo, pegando a mão do loiro e começando a curta caminhada até a porta vizinha.

Quando alcançaram a entrada, ainda sorrindo Namjoon disse:

— Obrigado pela noite incrível, Yoongi. Foi ótimo estar com você, espero que nos encontremos mais vezes

— Eu que agradeço pelo convite, Nam. Você é uma companhia incrível.

Estavam frente a frente, olhando e sorrindo um para o outro. A noite estrelada combinava com o brilho dos olhos ,que se olhavam sem vacilar. A temperatura amena da cidade contrastava agora com o clima tão quente que rondava seus corpos.

Yoongi lambeu os lábios com uma sutileza inigualável, trazendo ainda mais a atenção do mais alto que já tinha os olhos focados na região. A boca avermelhada e molhada fazia algo se revirar dentro de Namjoon. Era desejo, vontade de beijá-la até lhe faltar ar.

O Min sorriu minimamente, observando os olhos atentos em sua boca. Com igual delicadeza, ele mordeu o lábio inferior por um curto segundo, e notou Namjoon lambendo os próprios lábios.

Subiu a mão pelo braço direito do mais alto em uma carícia singela. Quando alcançou o pescoço, seus dedos adentraram os cabelos rosas da nuca, num breve cafuné. Yoongi deslizou as unhas suavemente pelo pescoço de Namjoon, vendo a pele se arrepiar e ele suspirar. Estava rendido. Kim Namjoon estava em suas mãos e Min Yoongi sorria contente.

O mais velho olhou profundamente nos olhos do Kim, aproximou-se com cautela e o abraçou. Yoongi pôde sentir levemente o coração acelerado de Namjoon. Estava amando perceber as sensações que causava.

O abraço quente permitiu a Namjoon sentir o cheiro cítrico e adocicado que exalava do mais velho, seu olfato foi preenchido com a fragrância única. Estava prestes a falar sobre o cheiro quando sentiu um toque gelado em seu pescoço.

Yoongi deslizou a ponta do nariz delicadamente inalando o cheiro amadeirado do perfume que o mais alto usava. Expirou sobre a área e sentiu Namjoon tremer levemente sob o calor que depositou no local e sorriu.

Molhou os lábios e depositou na região um singelo beijo, Namjoon inclinou a cabeça para o lado dando-lhe mais acesso, segurou com posse sua cintura e, dessa vez, foi o Min quem suspirou pelo toque forte.

Abriu brevemente a boca e sugou minimamente a pele dourada. Excitação corria por seus corpos, o calor se alastrava como fogo sob suas peles, Namjoon e Yoongi poderiam entrar em chamas e sequer tinham se beijado na boca.

Com as mãos guiando a cabeça do mais alto, Yoongi aproximou seu rosto do dele lentamente. Olhava unicamente para os lábios carnudos e avermelhados do mais alto. Namjoon estava prestes a pedir por favor quando sentiu a boca na sua.

O beijo começou lento de maneira que pudessem conhecer a boca alheia, as línguas se tocaram de forma tímida pela primeira vez, e ambos suspiraram pelo toque quente e úmido.

Yoongi comandava a velocidade do beijo, para qual direção deveria virar a cabeça e quanta pressão ele queria sentir em sua boca. Namjoon se deixava levar, pois as ordens implícitas o deixavam ainda mais quente, e ele se entregava por inteiro da forma que o mais baixo desejava.

Não havia sentimentos ali, nem paixão ou nada romântico. Não, nada disso. Em frente à porta marrom da casa azul, dois homens se beijavam com luxúria, com todo o desejo que seus corpos sentiam. Ali era rodeado de tensão sexual, apenas desejo de sexo e nada mais que isso. E eles sabiam disso, seus corpos quentes falavam entre si o quanto se desejavam.

Namjoon deslizou as mãos para dentro do moletom de Yoongi, e o mais velho gemeu suave em meio ao beijo quando sentiu as palmas geladas em contato com sua pele quente. O mais alto o tocava com firmeza, apertava-o com possessão, fazendo com que se arrepiasse com a pegada tão forte.

Apesar de manterem o beijo num ritmo certeiro, a vontade de se beijarem ainda se fazia presente. Por mais que tenham sentido tanto da boca alheia, o desejo continuava ali, sem dar indícios de que seria saciado tão cedo. Eles queriam mais, seus corpos precisavam de mais. Por isso, Yoongi separou os lábios e murmurou num tom de voz níveis mais grave, pois estava carregado de excitação:

— Você quer entrar, Kim Namjoon? — deslizou suavemente a boca na do mais alto.

— Seria um prazer imenso entrar, Min Yoongi. — a voz rouca também mostrava a excitação que sentia em todo o corpo.

O mais velho acenou com a cabeça virando-se para abrir a porta, mas Namjoon não o largou, somente o abraçou por trás. O mais alto viu ali a oportunidade perfeita para se deliciar com o cheiro que Yoongi carregava consigo.

Com o rosto próximo da área desejada, o mais novo suspirou puxando todo o cheiro que conseguiu. Sorriu satisfeito antes de aproximar ainda mais a boca e suavemente deslizar a ponta da língua no local, fazendo todo o corpo de Yoongi se arrepiar e ele suspirar.

— Nam... — suspirando, ele prendia os gemidos que queriam escapar por tantas sensações. — só... Espera um pouco, assim eu não consigo... — Contrariando seu pedido, Yoongi mantinha uma mão na nuca de Namjoon sem realmente deixar ele se afastar.

O mais alto sorriu, e então sugou o pescoço com intensidade e Yoongi soube que eles realmente precisavam entrar em casa. E logo.

Recobrando o pouco de sanidade que lhe restava, Yoongi se atentou em abrir a porta. Tentava focar nos números da fechadura eletrônica, apesar de ser difícil manter os olhos abertos quando eles tentavam se fechar a todo instante.

Quando finalmente conseguiu colocar sua senha e abrir a porta, mal deu tempo de entrar na casa e Namjoon o virou para si avançando contra seus lábios com intensidade. Na mesma velocidade, Yoongi passou as pernas por sua cintura com força.

Mais próximos do que nunca, compartilhavam calor, desejo, excitação e sobretudo, tesão.

Apesar de a casa estar bastante escura, com facilidade Namjoon chegou até o sofá enquanto ainda segurava Yoongi junto de si, beijando-o a todo instante.

Quando alcançaram o móvel, colocou Yoongi sobre ele, que o puxou tirando dele a camisa xadrez e a blusa branca deixando seu torso nu. O mais velho perdeu alguns segundos somente em olhar e tocar a pele diante de seus olhos.

— Você é o homem mais gosto... — sua fala foi abruptamente interrompida por latidos altos que se aproximavam cada vez mais.

Holly vinha do quarto correndo na direção deles, latindo como se visse um perigo enorme em sua frente. Quando os alcançou no sofá, partiu para cima de Namjoon fazendo-o se afastar de Yoongi rapidamente.

Mas o cachorro não parou. Ele continuava avançando enquanto latia e rosnava. Namjoon tentava ir para o mais longe possível. Ainda assim, o cão continuava em seu encalço.

Yoongi tentava chamar a atenção de Holly, mas esse o ignorava como se não fosse nada.

Restou a Yoongi recorrer a Namjoon, então ele gritou exasperado:

— Nam, sai antes que ele te morda!

E o mais novo saiu correndo pela porta da frente, evitando a provável mordida que levaria de um pequeno cachorro de pelos enrolados.

Dessa forma, às 22:00, Namjoon estava na grama da casa vizinha, suspirando pelo nervosismo, sem camisa, vermelho e com um volume sob o jeans da calça que usava.

Paralisado no mesmo lugar, ele pensava o que tinha feito de tão ruim na vida para se encontrar no estado patético em que estava agora.

E então ele ouviu:

— Filho? — era sua mãe. Ela tinha saído para colocar o lixo e o viu.

Se antes estava vermelho pela excitação rodando em seu corpo, agora estava ainda mais corado, mas de vergonha. Namjoon queria evaporar naquele instante.


26 de Abril de 2022 a las 19:14 0 Reporte Insertar Seguir historia
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