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Jimin precisa provar para a família que é capaz de ser um guerreiro tão bom quanto seu pai, o atual chefe da família, e decide participar da próxima batalha que seu povo planejava para impedir o avanço de invasores. Entretanto, o ataque termina em um completo desastre quando Jimin percebe ser uma emboscada e consegue escapar por pouco, sem saber que seus problemas estavam apenas começando ao ser salvo por um elfo e descobrir estar sendo vigiado pelos deuses.


Fanfiction Bandas/Cantantes No para niños menores de 13.

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Capítulo 1 - O guerreiro covarde



Escrito por: LuhDrama / LuhDramaLS

Notas Iniciais: Olá, xuxus! Cheguei com mais uma fanfic, agora com o universo de vikings e mitologia nórdica que eu conhecia bem pouco, mas gostei bastante de pesquisar e saber mais sobre.

Espero que tenham uma boa leitura!


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Jimin estava observando o movimento dentro de sua casa com certa chateação, a cabeça apoiada em uma das mãos enquanto incrustava runas aleatórias na superfície de madeira. À sua volta, os guerreiros comemoravam a conquista de mais um território, logo poderiam migrar à vila e começariam as plantações que vinham desejando em solos frescos.

— Você não parece muito animado em saber que haverá mais cerveja na próxima reunião — comentou uma voz feminina ao seu lado, a qual estendia um chifre contendo a bebida. — Acho que me compadeço da sua situação, eles sempre deixam este salão uma nojeira depois das comemorações.

Jimin não pôde deixar de sorrir para a mulher que tentava animá-lo. Soyeon era chefe de uma das famílias que moravam no povoado — o qual se iniciou por meio dos antepassados do jovem —, depois que seu pai faleceu durante um combate com um gigante. O seu cargo havia feito com que conquistasse espaço nos banquetes, geralmente frequentado apenas pelos guerreiros.

Além disso, ela era sua maior motivação para não desistir dos treinos, mesmo quando sua família o considerava pouco apto para assumir uma responsabilidade tão grande. Chefes de família eram ótimos fazendeiros e grandes guerreiros, que enfrentavam homens e monstros sem temer a morte para protegerem seus parentes, pois sabiam que os melhores seriam escolhidos por Odin para serem levados a Valhalla e viverem em seu palácio.

Como mal conseguia durar alguns minutos em uma luta séria, Jimin não criava expectativas em ter um papel tão importante, como o de participar de grandes feitos.

— Quer um pouco? — Jimin ofereceu, depois de sorver além do que pretendia. A cerveja distraía sua mente daquelas preocupações.

— Sabe que não bebo — resmungou Soyeon, indicando que passasse o corno para o homem sentado ao lado de Jimin, que aguardava sua vez na rodada para provar do líquido.

— Mas você também luta com eles — insistiu.

— Olha bem para aquela cena. — Soyeon apontou para dois homens que desatavam a rir um sobre os ombros do outro sem motivo aparente, sujando-se por causa da mesa molhada da cerveja que tinham derrubado; um deles chegou a cair da cadeira ao perder o equilíbrio. — Acho que eu não preciso passar por esse vexame.

Jimin reprimiu uma risada — para não causar um desentendimento com algum dos guerreiros —, encarando o rosto visível da mulher e reparando nos desenhos formados por seu cabelo trançado e com metade amarrado para trás.

— É, tem razão.

— Não fique desapontado por não ter se saído bem nos treinamentos — a mulher aconselhou. — Sei que vai ser um guerreiro tão bom quanto seu pai.

Soyeon se afastou com o corno devolvido por Jimin para que o próximo da mesa também tivesse direito a um gole.

Entretanto, o jovem não deixou de pensar em como gostaria de acreditar naquelas palavras.

E por isso, ele procurou encher seu peito de coragem ao levantar-se daquela mesa para aproximar-se do espaço ocupado pelos homens em volta de seu pai. Pelo seu tamanho, por ser constituído de músculos definidos e tatuados, barba longa e ter peles o recobrindo, muitos o comparavam com um imenso urso, sendo muitas das vezes atendido pelo nome de Bjorn.

Jimin sentia-se até um pouco patético ao chegar próximo dele, por mais que Soyeon sempre o dissesse que ainda nasceria muito cabelo em seu rosto, que ainda era praticamente liso, e seus braços mais parecessem galhos frágeis ao lado dos outros guerreiros. Seu andar também não era cheio de confiança como o do pai, então ele sempre se surpreendia quando o chefe se aproximava e o envolvia pelos ombros em um aperto quase sufocante nas peles bem trabalhadas, que o aqueciam do clima frio.

Apesar de seu porte assustador, Bjorn tinha um coração muito mole quando se tratava do filho.

— Meu filho, eu estava dizendo aos nossos homens sobre um acampamento avistado a alguns dias daqui por pescadores. Acreditamos que seja um pequeno grupo de inimigos que vieram da fronteira vizinha, então vamos partir daqui alguns dias para chutá-los de volta — contou, recebendo uma enxurrada de gritos animados.

O jovem pensou sobre as palavras de Soyeon mais uma vez, talvez fosse aquele o sinal dos deuses para arriscar e provar seu verdadeiro valor.

— Eu vou com vocês! — disse, muito convicto, até perceber os olhares que recebia.

Logo quis se retirar e fingir que nunca disse coisa alguma, mas o aperto de seu pai voltou a ser firme, as risadas logo se espalhando pelo absurdo que achavam ter ouvido.

— Chega! — ralhou o chefe, voltando sua atenção para o jovem que se encolhia contra seu corpo, como se quisesse sumir. — Jimin, você realmente quer nos acompanhar?

Jimin encarou o pai com certo receio, observando o quão incrível ele parecia, enquanto Jimin mais se assemelhava a uma criança assustada. Precisava provar que era muito além disso, que podia ser tão importante quanto Bjorn para a vila, de forma que ele não se preocupasse no dia em que precisasse passar seu posto adiante.

Mostraria para sua família e para cada guerreiro naquele salão que poderia ser respeitado e forte como eles.

— Sim, eu quero! — anunciou, recebendo um brinde em comemoração pela sua ousadia.

— Amanhã mesmo começaremos a construir o barco que nos levará até eles — concluiu Bjorn, pedindo para Soyeon oferecer mais uma rodada de cerveja, enquanto planejavam animados o ataque aos seus inimigos.

Jimin tentou manter o ânimo durante o restante da noite que passaram no salão comemorando, por mais que não parasse de pensar nas consequências de sua escolha.

Naquele momento, restava a ele cogitar quanto tempo sua coragem duraria.

O declínio do relevo da vila foi rapidamente percorrido por um Jimin afoito, que carregava um machado com certa dificuldade, por ainda não estar completamente acostumado com o manuseio e temer acertá-lo em sua própria perna, a qual não estava protegida pela malha de ferro. Os homens já se amontoavam no barco que tinham passado os últimos dias construindo e decorando, ficando a postos ao lado dos grandes remos.

O dragão entalhado na proa e os desenhos nas laterais de madeira traziam o aspecto único das embarcações de seu povo e o jovem sentia seu coração palpitar pelo que os esperava do outro lado daquela faixa de água, que formava a baía em que viviam.

A viagem tranquila até a região que desembarcaram foi motivo de agradecerem a Aegir, o deus dos mares e oceanos, por não ter escolhido a embarcação deles para visitar seu salão no fundo do mar. Aquelas águas poderiam ser traiçoeiras por muitas das vezes, o que acabaria atrasando toda a missão.

Ainda assim, Jimin precisou conter a ânsia que sentiu pelo chacoalhar constante e seu estômago fraco, fingindo que estava tudo bem quando os guerreiros o incluíam na conversa animada ou nos cânticos de guerra.

Seu pai, que estava na ponta vistoriando as velas e a encosta, certamente ficaria decepcionado em saber que Jimin não aguentava navegar pelo pouco tempo que fosse.

— Os pescadores disseram que viram uma fogueira mais ao norte, provavelmente no alto daqueles montes — Bjorn deduziu, apontando para o relevo montanhoso característico do lugar. — Vamos desembarcar e seguir esta rota antes de escurecer. Quanto mais rápido alcançarmos o acampamento, mais rápido poderemos comemorar.

Os guerreiros agitavam suas armas e já cantavam vitória antes do tempo, não tardando em descerem do navio, afundando os sapatos de couro na água rasa para alcançarem o litoral e poderem subir pelas pedras com seus machados, espadas e escudos.

Jimin se manteve no meio do grupo, segurando seu machado com mais força do que o necessário — pouco confiante em deixar a arma pendurada no cinto, junto a faca que mantinha ali —, os olhos atentos a qualquer movimento estranho, além dos animais ou da vegetação.

Já sentia os fios soltos de seu cabelo amarrados para trás grudando em sua nuca, mesmo com a temperatura fria, e o elmo, colocado para proteger a cabeça e parte do rosto, não estava ajudando. Precisava manter o nervosismo contido antes que ficasse óbvio.

Sua tentativa foi considerável por boa parte do caminho, até um grasnado alto o assustar. Acabou por bater as costas contra um dos escudos redondos ao recuar e encarar o céu em busca do som.

— São apenas corvos, Jimin — murmurou Soyeon, apertando seu ombro para incentivá-lo a prosseguir.

Jimin encarou a dupla de aves de plumagem preta, que continuaram grasnando sobre um galho em direção aos guerreiros, antes de levantarem voo para longe. Elas pareciam possuir um brilho inteligente demais em seus olhos, mas o jovem não quis pensar muito sobre isso e continuou a andar à frente da mulher.

Quando finalmente encontraram a presença de tendas e sons de conversas vindas de um descampado, Bjorn ordenou que todos se espalhassem nos limites da mata alta para que atacassem em linha, sendo mais fácil encurralar os soldados ingleses.

Os guerreiros ficaram a postos com os escudos em frente ao corpo, seus machados e espadas nas mãos, além dos olhares concentrados em seus primeiros alvos, aguardando por um sinal de que poderiam avançar — exceto por Jimin, que permaneceu com seu machado um pouco antes da linha de frente.

— Ataquem! — gritou o grande chefe quando todos estavam prontos, fazendo com que os guerreiros atravessassem a clareira rapidamente.

Seus gritos ferozes surpreenderam os inimigos, porém o choque pareceu passar mais rápido do que previram e logo os escudos precisaram ser utilizados contra as espadas que surgiram de todos os lados para revidar o ataque.

Havia muito mais soldados do que imaginavam.

Em contrapartida, Jimin demorou a reagir, ficando para trás ao ouvir risadas em seu ouvido no exato momento em que seu pai gritou para que atacassem. Com a perda da deixa para reagir, o jovem sentiu sua face esquentar em vergonha e a adrenalina tomou conta do seu corpo ao perceber que algo ia muito mal.

Os guerreiros de seu povo estavam sendo detidos, mesmo com toda a brutalidade com que avançavam em direção aos oponentes. Era como se tivessem sido levados para uma emboscada.

Rapidamente o combatente novato buscou pelo pai e por Soyeon em meio à confusão de golpes, gritos e sangue, mesmo com o medo crescente se apossando de seus sentidos. A primeira pessoa a achar foi a guerreira, que lutava com muita desvantagem pelo número de soldados à sua volta.

— Não, Jimin! Vai embora! — gritou em meio a um movimento para empurrar os homens que se aproximavam demais, antes de golpeá-los nas pernas ou onde não houvesse uma armadura protegendo.

O jovem deteve-se por um instante, reagindo automático pelo comando, mas logo balançou a cabeça em negação, segurando o cabo do machado com força para tentar afastar os soldados realizando semicírculos com a arma.

— Eu posso lutar também. Não vou abandonar vocês! — decidiu, recebendo um sorriso orgulhoso da guerreira enquanto esta se aproximava dele andando de costas para não perder os alvos de vista. — Onde está meu pai?

Um giro rápido com a machadinha em suas mãos não pareceu muito efetivo quando a lâmina ficou presa em alguma peça metálica que protegia as articulações do cotovelo do cavaleiro com o qual lutava. O pavor rapidamente transformou seus traços em explícito pânico e por pouco não teve uma espada fincada em seu peito. Se não fosse pela proteção de Soyeon...

— Eu o vi atrás de algumas tendas, mas agora me escute. Eu sei bem o que te falei, mas agora eu quero que vá embora, Jimin — disse com tamanha seriedade que a fez parecer ainda maior do que já era. — Nós fomos enganados, eles já estavam esperando que atacássemos.

Mesmo concordando com o que foi dito, Jimin ainda tentou ignorar a ordem e tentou usar sua faca, saindo-se um pouco melhor pelo seu costume de preparar caças para o jantar, porém eram muitos e pareciam nunca pararem de vir. O medo irracional que o tomou fez com que passasse a desviar como pôde dos ataques, aproveitando-se das roupas mais leves e folgadas que usava, em comparação aos seus oponentes, para escapar. Ele ainda tentou avistar Bjorn em meio à confusão, mas só conseguia ver uma mistura de soldados em danças mortais com seus aliados e os abatendo um por um.

A risada desconhecida de antes voltou a soar em seus ouvidos, sobressaindo-se aos sons de passos rápidos em sua direção. A lâmina de uma espada raspou em seu abdômen quando caiu no chão, rolando o corpo para longe antes que fosse atingido mais uma vez.

Talvez estivesse enlouquecendo, mas por agora necessitava concentrar-se no que ocorria. Sua faca era seu único meio de se defender, sua barriga ardia e ele precisava fugir depressa. O relinchar conhecido de cavalos logo o atraiu, olhando de canto para os animais amarrados em um tronco.

Ergueu-se, chutando a terra úmida pela pressa e sabendo que haviam soldados em seu encalço. Usaria a faca em mãos para atacar ou cortar a corda amarrada que segurava os equinos agitados pelos barulhos altos.

Com um salto mal dado, Jimin conseguiu jogar o tronco de qualquer jeito sobre a sela de um cavalo castanho, segurando nas rédeas para não ser arremessado enquanto cortava a corda. Ele viu o brilho de uma espada cruzar o ar em sua direção durante o processo e apertou os olhos, tomado pelo instinto inútil de se proteger.

Entretanto, a dor não chegou.

— Pai! — Agitou-se ao ver o homem corpulento trombar com os soldados que quase o pegaram, sem medir forças. — Vem comigo!

— Guerreiros de verdade não fogem de batalhas, Jimin. Treine bastante e um dia fará o mesmo — o chefe falou com certo esforço na voz pela força que estava fazendo para mantê-los afastados. — Se eu não voltar, assuma a vila. Eu confio em você.

— O quê?! — Jimin retrucou indignado, não tendo tempo para discutir ou discordar, antes que Bjorn desequilibrasse os ingleses e comandasse o cavalo a correr com um grito em suas costas e um estalo em sua garupa.

O equino passou a percorrer um caminho por dentro da floresta de maneira desordenada e alvoroçada, demorando uns bons metros para que Jimin assumisse o controle, batendo os pés nas laterais do animal para que acelerasse mais e movendo as rédeas para desviar de buracos ou pedras no caminho.

Precisava encontrar o percurso de volta para o navio e buscar outras armas, não deixaria as pessoas de quem gostava para trás daquele jeito, mesmo que se sentisse ainda mais covarde por ter fugido. Jamais conheceria Valhalla um dia, depois de sua atitude.

O choque pelo que passou só pareceu se dispersar tempos depois, quando sua tentativa de voltar para a praia falhou várias vezes. Não importava a direção que optava por ir, parecia estar sempre retornando ao mesmo lugar, um tronco grosso demais até para os pinheiros mais antigos.

— Acho que estamos perdidos — resmungou, alisando a crina do cavalo antes de desmontá-lo. Pensou que o animal iria embora, mas este permaneceu próximo a árvore, beliscando a gramínea que encontrava para se alimentar.

O dia já estava terminando, tornando os fragmentos do céu visíveis em um tom azul cada vez mais escuro e não havia sons que acusassem a presença de pessoas por perto. Jimin precisava se virar sozinho e buscar abrigo para descansar, caso não quisesse correr o risco de ser encontrado pelos inimigos.

Mesmo cansado, ele ainda percorreu alguns metros antes de encontrar um pequeno refúgio sob uma formação rochosa, o suficiente para que ele conseguisse se proteger, caso deitasse encolhido contra as pedras. As noites eram frias e apenas com a roupa do corpo seria ainda mais difícil, porém não lhe restava muita escolha.

Pensou em acender uma pequena fogueira para se esquentar, mas achou a exposição arriscada e conteve-se com o próprio calor após se livrar do elmo, encolhendo o corpo enquanto detia o embargo dos olhos.

— Guerreiros não choram… — recordou repetidas vezes, até que o sono o levasse para um sonho turbulento, com guerras e seres estranhos de seu imaginário.

Horas mais tarde, quando a friagem da noite castigava sua pele, Jimin acordou com um cantarolar suave, mas alto o suficiente para indicar a presença próxima de alguém.

Rapidamente o jovem guerreiro buscou erguer-se, a mão sobre a faca em sua cintura, pronto para se defender do que fosse.

O nevoeiro formado na floresta o impedia de enxergar com clareza, quase acertando a mulher que se aproximava quase saltitando, seu cantarolar parando bruscamente ao ver a ameaça tão próxima.

— Desculpa, pensei que fosse algum inimigo… — murmurou arrependido, vendo a expressão assustada da mulher suavizar rapidamente.

Parecia ser irreal encontrar alguém como ela naqueles arredores, ainda mais andando sozinha. Seus cabelos dourados eram tão longos que ultrapassavam a cintura, sua pele era suave e sem marca alguma. Um único tecido leve e solto cobria seu corpo e seus pés estavam descalços.

— E eu sinto muito por tê-lo assustado — respondeu, um sorriso convincente de lábios róseas adornando seu rosto perfeito. — Está perdido?

— Acho que sim… Não consigo encontrar o litoral.

— Posso mostrar um outro caminho, se vier comigo — ofereceu. Os dedos finos, como todo o seu corpo, estenderam-se na sua direção em um convite.

Sem pensar muito, Jimin aceitou a oferta, segurando a mão da moça para que fosse levado para dentro da floresta. Nem ao menos cogitou a sua alternativa anterior ou o fato de ter sido abordado por uma estranha em um lugar desconhecido em um horário perigoso para vaguear.

Era como se tivesse encontrado uma solução rápida e fácil, e a mulher, tão dócil e amigável, distribuía sorrisos bonitos e reconfortantes para Jimin, que sentia seu coração tão mexido com os últimos acontecimentos.

Sem perceber, ele estava cada vez mais fundo na floresta e olhares curiosos espiavam a passagem dos dois pelas árvores altas. O guerreiro nem se recordava de estar encolhido momentos antes pelo frio intenso da madrugada.

As risadas melodiosas da menina ecoavam e contagiaram o guerreiro a fazer o mesmo, esquecendo até mesmo qual era seu objetivo e das palavras de Bjorn. Estava de bom tamanho para ele permanecer ali junto a mulher, sendo guiado para o desconhecido até que fosse incapaz de retornar um dia.

Sua ilusão, entretanto, foi interrompida quando algo atravessou o ar depressa, movendo suas mechas de cabelo soltas, antes de provocar um grito agoniado da mulher.

— Mas o quê?! — Jimin arfou, não demorando a se certificar de que ela estivesse bem.

Havia uma longa flecha fincada em suas costas, mas o guerreiro estranhou quando não avistou sangue algum no local do ferimento. Na tentativa de ajudá-la, levou-a para um local mais escondido e rasgou o tecido na altura do pescoço para tirar o objeto e avaliar a lesão. Porém, o choque que atravessou seu rosto fez com que se afastasse depressa.

— O-o que você é? — gaguejou ao ver que parte da flecha estava dentro de uma abertura nas costas da mulher, como se ela fosse um tronco oco de uma árvore por dentro.

Debaixo do tecido que a cobria, surgiu um tufo espesso de pelos alaranjados em forma de cauda de raposa e o belo rosto da mulher tinha transmutado para uma faceta raivosa por ter sido descoberta.

Capaz, naquele momento, apenas de fazer sons ameaçadores, a criatura tentou avançar sobre Jimin, mas uma segunda flecha fincou no espaço entre eles, incentivando a mulher a recuar e fugir.

Com a ameaça distante, Jimin pôde recuperar o ar ao deixar seu corpo tombar no chão, apesar de saber que mais alguém poderia matá-lo facilmente com flechas grandes como aquelas, com suas pontas cheias de protuberâncias como se fossem um galho espinhoso entalhado.

— O que faz nas fronteiras de Alfheim, humano? — disse uma voz próxima, antes que Jimin pudesse vê-lo.

Era difícil enxergar qualquer coisa tão tarde da noite e dentro de uma floresta tão densa, ainda mais após perceber estar enfeitiçado por alguma fada ou espírito da floresta, mas uma chama próxima ao seu rosto fez ser possível sentir o calor abrasivo quase chamuscando seu cabelo e permitiu que visse quem tinha atirado as flechas.

O ser possuía aspecto humanoide, a pele do rosto sem imperfeições e longos cabelos loiros, que eram moldura para o par de olhos pequenos e raivosos que o encaravam.

— Vou repetir uma última vez, o que faz…

— Aquela mulher, ou seja lá o que ela era, me trouxe para cá — Jimin rapidamente respondeu, prevendo que logo uma flecha também estaria atravessando seu peito se irritasse muito seu quase salvador. — Eu estava próximo ao território inglês com meu clã, mas nós caímos em uma emboscada e eu fugi — contou, reduzindo a voz ao admitir que tinha sido um covarde.

— Huldras são seres bem convincentes, preciso admitir — murmurou, estalando a língua antes de indicar a floresta com a cabeça. — Se eu fosse você, acharia logo o caminho de casa. Antes que alguma outra criatura fique interessada em te encantar ou matar.

O loiro endireitou o corpo, mostrando não ser tão alto quanto Jimin imaginou inicialmente, e sua postura exalava certa elegância, mesmo que estivesse trajando uma roupa de combate e uma aljava com as grandes flechas estivesse pendurada em suas costas.

— Espere! — Jimin quase gritou ao vê-lo se afastar. — Eu não faço ideia de como sair daqui. Não poderia me mostrar o caminho?

Jimin estava sem muitas opções e, por mais que confiar em um desconhecido não fosse a estratégia mais inteligente, era a única solução que conseguia pensar naquele momento.

Já o outro pensava sobre o pedido. Não era alguém ruim como as criaturas que habitavam aquela floresta, entretanto, também não estava no direito de formar alianças amigáveis. Afinal, ele estava foragido de sua cidade natal.

— Desde que fique em silêncio. — Ergueu os ombros para indicar seu pouco caso. — Venha logo.

O movimento com os ombros permitiu que o guerreiro fosse capaz de avistar uma parte de sua orelha pontuda, até então escondida pelo cabelo.

— Você é um elfo! — exclamou animado, levantando depressa para alcançar o ser mágico. — Pensei que elfos não lutassem bem.

— Isso foi um elogio? — provocou o elfo, torcendo os lábios em desgosto. — Nós realmente não somos incentivados a treinar para combates. Somos divindades que possuem ligação com a natureza e a arte da cura. Devemos ser comportados e elegantes e o que mais você já deve ter ouvido falar de nós por aí.

A ironia contida nas palavras da criatura fez Jimin prestar atenção em suas palavras, além do caminho difícil pela claridade escassa.

— Passamos anos acreditando em todas essas baboseiras que agora temos até pessoas como você entrando em Alfheim — resmungou, um bufar encerrando seu discurso.

— Já entendi que não está feliz com minha presença, eu também não gosto nada de estar perdido aqui — Jimin devolveu, tão irritado quanto ele, pelo cansaço. — Logo você se livra de mim.

O argumento pareceu ser convincente o suficiente para fazer o elfo calar-se por algum tempo até que Jimin reconhecesse o tronco grosso para qual o guerreiro sempre acabava voltando. O cavalo não estava mais lá, provavelmente tinha fugido durante o tempo em que foi seduzido pela huldra.

— Se seguir para oeste voltará para Midgard, o seu mundo humano. — O elfo apontou para a direção que deveria ir, porém o humano continuou parado, cruzando os braços e mantendo o rosto todo franzido.

— Eu já tentei ir para lá, sempre volto para este mesmo tronco! — relatou, batendo o pé repetidamente para liberar o estresse.

Curioso pelo que Jimin relatou, o elfo encarou o tronco que o humano não deveria saber se tratar da imensa árvore Yggdrasil, conhecida por ser o eixo que interligava os nove mundos existentes. Provavelmente ele havia cruzado o caminho para Alfheim sem ao menos perceber.

— Vou tentar te guiar para fora da floresta então.

Logo o guerreiro mostrou-se disposto, já pensando que poderia voltar para sua vila e buscar reforços para ajudar Soyeon e seu pai. Ele já tinha ouvido falar sobre como elfos eram benevolentes, então não desconfiou das intenções dele, mesmo que a huldra que o abordara tivesse o deixado um pouco desconfiado.

Os dois andaram para o lado indicado pelo elfo anteriormente e a caminhada demorou tempo o suficiente para o dia clarear e a tocha ser apagada, por mais que o destino final tenha sido o ponto de partida deles.

— Que estranho… — comentou o elfo, esfregando o tronco sem entender o que poderia estar acontecendo.

Um crocitar conhecido reverberou na manhã tranquila, e Jimin, bravo por estar preso naquele lugar, tentou espantar a dupla de aves jogando pedras que encontrava no chão.

— Vão embora! Vocês…! — O seu arremesso seguinte foi impedido pelo elfo segurando seu braço, um alarme evidente em seu rosto.

— Não machuque eles! São Hugin e Munin, os corvos de Odin.

— Eles estão me seguindo. Ontem eles estavam por perto antes de atacarmos o acampamento inimigo — contou, afastando-se com um bufar, apesar do calafrio que percorreu sua espinha ao ouvir o nome do deus.

A revelação fez o elfo ficar pensativo, torcendo os lábios com as possibilidades. Aquilo não era um bom sinal.

— Isso significa que eles estão te observando.

— Oh, sim, claro. Devem estar gravando bem o meu rosto para que eu nunca seja levado a Valhalla por engano — concluiu, deixando seu corpo apoiado em uma pedra maior e encarando o céu que parecia diferente do habitual. Era como se o sol estivesse sendo levado lentamente em uma carruagem puxada por cavalos e criaturas semelhantes a lobos os perseguissem na tentativa de devorá-los.

— Não acho que seja isso… — o elfo murmurou, sem pretensões de fazer o humano entender o que desconfiava. — De qualquer maneira, eu prometi que te ajudaria. Não vou quebrar a promessa, mesmo que você cheire a problemas.

— Não importa. Eu nunca vou conseguir voltar para casa de qualquer maneira, nem salvar meu povo se continuarmos andando em círculos.

O elfo revirou os olhos, pensando se estava fazendo bem em seguir sua natureza, quando contestava tudo o que sua espécie pregava como única certeza. Elfos não lutavam, mas ele tinha feito questão de aprender o que pôde e provaria para os seus iguais de que poderiam ser muito além de meras divindades figurantes.

— Vamos logo, humano. Eu não tenho paciência para indisposição — chamou, aproximando-se como quem iria puxá-lo novamente.

— Meu nome é Jimin — contou, assustando-se com a chegada repentina do elfo.

Seu olhar baixou para o mesmo foco que o outro, percebendo que o ser mágico tinha reparado no corte em sua barriga, uma linha vermelha e superficial que ainda ardia um pouco, dependendo do movimento que fizesse.

— O meu é Yoongi. Agora me deixe cuidar disso para prosseguirmos.

De dia era muito melhor para ver os adereços que Yoongi sustentava, como a tiara de galhos finos e retorcidos e algumas peças metálicas em seu cabelo para manter pequenas tranças penduradas. Seu rosto era ainda mais atraente na claridade, por ser possível delimitar cada traço esculpido da criatura imortal.

Jimin precisou de algum tempo até perceber que o elfo já se afastava e restava apenas sua roupa rasgada onde aconteceu o corte.

Surpreso ao ver magia tão de perto, Jimin decidiu não contestar e seguiu Yoongi por um caminho diferente, torcendo para que desta vez chegassem a algum lugar.


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Notas Finais: Eu quero agradecer a Beatriz jamaisVubtriz e a Noh minie_swag/ minie_swag pela betagem e a Julia @Nutella_KPOP_/@Nutella_KPOP_ pelas capas e banner maravilhosos ♡♡♡

Espero que tenham gostado do início e até o próximo capítulo!

3 de Abril de 2022 a las 00:45 0 Reporte Insertar Seguir historia
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