irandirserpa Irandir Serpa

A cidade de Bono Sol era conhecida pelo seu clima agradável e suas praias hospitaleiras, um local ideal para as férias de verão... até o incidente com Breno acontecer. Agora, todos os olhares estão voltado para a pequena cidade litorânea, onde algumas perguntas estão sendo feitas por todos os lados. Mas Vani não se contenta em apenas fazer perguntas, ela precisa de respostas, e com a ajuda de Nick, seu melhor amigo, irá a procura do assassino de Breno, buscando entender porque ele matou o garoto, e o que ele quer com a cidade.


Suspenso/Misterio No para niños menores de 13. © COPYRIGHT © 2021 IRANDIR SERPA SOUZA

#Suspense #jovens #jovem #quatro #lgbt
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C a p í t u l o  1

Observando através da velha janela, a garota chegou a conclusão que aquela noite estava bem mais escura do que deveria. A visão era linda, mas ainda assim, assustadora. Mesmo sendo cedo, praticamente nada estava muito visível, com exceção é claro, das estrelas e das silhuetas das árvores. A luz do luar invadia um pouco o quarto da jovem de cabelo cacheado, mas a sua localização estava desalinhada demais para que sua iluminação fizesse mais que um fino feixe de luz. Era bastante assustador ter uma visão tão privilegiada de uma floresta à noite. Por conta disso, geralmente a cortina estava quase sempre fechada, mas havia dias como esse, em que ocorriam exceções. Vani amava morar tão longe de tudo e todos. Não havia pessoas para lhe incomodar ou barulhos para lhe atrapalhar, apenas o doce som da natureza. A moça, alta e de pele negra, rabiscava seu caderno por impulso do tédio. Aquela era a última noite das férias de Julho. Estava apreensiva, voltar para a escola não seria uma tarefa muito fácil. Sabia que teria que voltar a encarar pessoas. Pensando bem, não estava apreensiva, estava nervosa. Durante toda a vida nunca havia sido boa com seres humanos, e saber que teria de lidar com um monte deles lhe deixava ansiosa.

Desde de pequena, dialogar nunca foi uma tarefa muito simples. No jardim de infância, passava mais tempo sozinha do que com as outras crianças. Enquanto estavam todos na roda de atividades ou brincando em conjunto, Vani ficava sozinha com seu boneco de pelúcia. Toda vida preferira ouvir e observar os outros, a estar com eles. Isso não mudou muito no fundamental. Não sabia bem o motivo das pessoas estarem sempre querendo fazer amizade com ela, mas por conta disso, estava sempre cercada por indivíduos. De qualquer forma, era sempre a única que não falava muito. Preferindo ouvir ao invés de falar. Já no ensino médio a situação mudou um pouco. Havia encontrado uma garota que sempre lhe instigou a querer conversar e até mesmo passará grande parte do seu tempo com um garoto idiota… e havia Breno, que era um caso a parte. Se abrir para outras pessoas foi um processo longo e difícil, mas que nunca se arrependera de ter feito.

Até essa noite.

ja esperança de se adaptar a voltar a ver pessoas novamente, decidiu fazer algo que teria certeza de que iria se arrepender. Era muito provável que esse tipo de evento estivesse no topo da lista de todas as coisas que não deveria fazer. Havia marcado de se encontrar com Nick, o garoto idiota mencionado mais cedo. Restaurante Mordida do Vampiro às sete. Não era um encontro ou algo do tipo, mas seu nervosismo fazia parecer. Tivera trocado de roupas tantas vezes, mesmo sabendo exatamente o que vestir. Moletom e jeans, como sempre vestia. Era uma noite chuvosa de julho. Estava muito frio. Não deveria tentar sair com algo diferente apenas para tentar impressionar um amigo.

Antes que pudesse deixar seu quarto, ouviu uma notificação vinda de seu computador. Sabia exatamente quem tinha enviado essa mensagem, e como já estava de saída, decidiu que responderia mais tarde.

Passando pela sala, acariciou sua gatinha e deixou um bilhete para sua mãe próxima à televisão, saindo em seguida.

Retirando o cadeado da sua bicicleta, a garota segurou o meio de transporte, andando ao seu lado até chegar próximo à ladeira, onde subiu em cima do mesmo e começou a pedalar. Lentamente, começou a trilhar rumo à estrada de barro em direção à cidade.

O vento que batia contra seu rosto fazia com que se sentisse invencível. Pedalar à noite era ainda mais incrível. O clima, o vento e a falta de luminosidade deixava tudo ainda mais interessante. Ao olhar para cima, era possível ver diversas constelações das quais sabia o nome decorado. O caminho da sua casa era um penhasco acima da grande praia de Bono Sol, tendo uma visão privilegiada do mar que banhava aquela costa.

Esse seria um fato interessante de ser mencionado. Vani vive numa cidade costeira, conhecida por muitos como o cristal do litoral nordestino.

Por conta das chuvas, nessa época do ano não se vê muitos turistas na cidade, levando o brilho de Bono Sol para o laboratório de químicos e a faculdade estadual da cidade. Prêmios e glórias acadêmicas, mas ninguém liga muito pra isso. O importante é que, por mais que Bono Sol ainda fosse uma cidade pequena, o futuro prometia ser promissor, e Vani estava empolgada com isso.

Ao frear a bicicleta, Vani se deu conta que já estava em frente ao restaurante. Não apenas de frente para o restaurante, como também, de frente para o rapaz que lhe aguardava. Nick tivera mudado um pouco desde o último dia em que havia o visto. O jovem deixara o cabelo chegar próximo ao ombros, que pareciam mais largos, e o queixo mais fino. Estava uma graça, completar 18 anos deve ter feito muito bem para ele.

Percebendo como estava estranho analisá-lo da janela, a jovem não tardou em prender a bicicleta e entrar no estabelecimento. Todo jovem de Bono Sol já visitou esse lugar. Decoração gótica e a iluminação realizada à luz de velas marcavam o lugar. Lá havia casais, pessoas sozinhas e alguns garotos jogando nas máquinas de fliperama. Nick parecia entediado olhando o cardápio quando Vani se sentou à mesa. O jovem encarou os olhos curiosos à sua frente. Vani não parecia ter mudado nada, fato que era um alívio.

— Comecei a achar que não iria vir — Nick falou com seu sorriso tradicional no rosto.

— Também comecei a achar isso — Vani falou cruzando os braços em cima da mesa. — Você esperou muito?

— Meia hora. Nada demais — concluiu o rapaz com um olhar sarcástico. — E então, o que achou das férias?

— Cara, eu passei quase um mês em casa jogando. Se isso não é sonho, eu não sei o que é.

Nick começou a rir. É, ela não mudou nada.

— E você, o que fez? — Vani perguntou ganhando um brilho nos olhos.

Nick se curvou acima da mesa, se aproximando mais um pouco da garota de aparelho.

— Todo ano meu avô me leva para a cabana no meio do nada da família... então eu acho que já deu para entender que não foi muito legal.

— Considerando o seu gosto por natureza, deve ter sido mesmo — Vani concordou sorrindo.

No final das contas, voltar a falar com Nick foi bem mais tranquilo do que a garota havia imaginado. Talvez voltar para a escola também não fosse tão ruim assim.

Antes que outro assunto pudesse surgir, o garçom do local se aproximou lentamente. Trajado como um vampiro, o homem encarou Vani.

— O que desejam? — seu olhar passou para Nick. — Tolos mortais.

Causar estranheza até podia ser o objetivo, mas não tornava aquilo menos desconfortável. Aquele garçom olhava para os jovens como se soubesse de seus pecados.

— Pra mim, qualquer hambúrguer com muito queijo — Nick falou desviando o olhar para o balcão não muito distante.

Nesse instante, o garçom começou a encarar Vani, que na pressa, pediu o mesmo que Nick.

— Esse cara é muito estranho — Nick falou assim que o garçom foi embora.

— Eu vou sonhar com esse rosto — Vani declarou observando o movimento na cozinha.

— Pelo menos, ele foi embora — Nick falou descontraído. — Tá ansiosa para escola?

— Tá mais para nervosa. Não sei se aguento mais um ano e meio nisso Nick.

— Vai aguentar, você é a garota mais durona que eu conheço, Vanessa Silva.

— E você é o garoto mais fofo que eu conheço — Vani falou fitando os olhos do amigo —, Nicolau Pereira.

— Alerta de ponto fraco — Nick falou sorrindo.

O rapaz não gostava do próprio nome. Não sabia bem o motivo, mas era feio e estranho. Quando dizia que seu nome era Nicolau, todos lhe olhavam como se fosse o ajudante do Papai Noel. Por conta disso, passou a adotar o apelido de Nick. Curto e prático, não havia erro. E então sorriu mais uma vez... como um bobo.

Era bom estar na companhia de Vani. Era como se desse para esquecer o mundo lá fora, e focar em uma única coisa... uma única pessoa.

— Meio que eu preciso te contar uma coisa — o garoto começou de forma enigmática.

Vani passou a prestar ainda mais atenção no que era dito. Não sabia o que ele tinha a dizer, e estava com receio que fosse algo muito importante. Não estava preparada para coisas importantes nesta noite.

Mal sabia ela.

Houve um estranho movimento do lado de fora. Vani ouviu vozes, quem sabe até mesmo gritos, mas não deu para identificar totalmente. Sentiu uma ânsia. Nick falava, mas suas palavras não faziam o menor sentido, era como se o rapaz estivesse apenas mexendo a boca, fingindo estar falando. Prestando atenção, o mundo parecia ter perdido o som. À medida que Nick falava, o mundo parecia ficar cada vez mais lento. Um frio invadiu sua barriga e o desespero veio em seguida. Olhou pela janela, observando uma floricultura, o laboratório e um carrinho de bebês.

Vani sentiu o desespero das pessoas no restaurante, mas não houve tempo para reagir. Uma pessoa estava fugindo. Nick continuava falando. Sentiu um arrepio no corpo. Por um segundo, a imagem de todas as pessoas que conhecia viera a sua mente. Breno estava no centro de todas as pessoas. Ouviu um barulho distante. Nick continuava falando. Poderia ter sido há um segundo ou a dez, Vani não sabia a diferença. Voltou a encarar Nick, ainda sem som. Estava desesperada até um estalo vir à sua cabeça e entender o que estava acontecendo. De repente, o estrondo de sons invadiu seus ouvidos. Tudo ficou escuro e o mundo parecia não mais existir.

30 de Enero de 2022 a las 14:16 0 Reporte Insertar Seguir historia
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