Castel Del Monte, Abruzzo, Itália, 1565
As luzes mal iluminavam a descida difícil. O estreito túnel de pedra seguia íngreme cada vez mais fundo na escuridão. O cheiro forte de musgo sugeria que apenas as pedras úmidas seriam minhas companheiras pela eternidade.
Meus pés tropeçavam e doíam, descalços sobre as pedras tomadas pela erosão causada pela água e pelo tempo. Mesmo assim, eu seguia em silêncio, escoltada por brutamontes e capangas daquele maldito padre.
Chegamos à uma porta de ferro gigantesca. O único detalhe era a tranca grossa e estranha em formato de escotilha na lateral.
ㅡ Vocês não podem fazer isso comigo! ㅡ falei. Mas por mais que pedisse, era inútil.
ㅡ Pare de se lamentar bruxa. ㅡ Reverendo Marco fez um sinal para abrirem a porta da sala subterrânea. ㅡ Ficarás presa aí por toda a eternidade.
Num momento de desespero e fúria, me lancei na direção dele e arranhei o braço do Reverendo, arrancando pedaços de pele e sangue com as unhas.
Fui jogada sem delicadeza alguma na sala vazia. O lugar era apenas um espaço amplo de rocha fria. Sem nada, nem mesmo uma tocha acesa na parede. O barulho de uma forte tranca de ferro fez-se ouvir e a porta foi trancada e eu fiquei imóvel por um momento, sozinha no escuro.
ㅡ Me passem o livro. ㅡ o Reverendo pediu, limpando o sangue em seu braço.
Ítalo lhe entregou o livro.
O Reverendo começou a ler:
ㅡ Repraesentat malum, tu pure malum
(Representas o mal, tu és pura maldade)
Et quocumque introierit, folia inutiles vastitas et contritio et dolor
(Por onde passas, deixas um rastro de destruição e sofrimento.)
Tu, nefarias, sceleratorum repraesentativum Satan,
(Tu, infame, nefasto representante de Satã,)
Hit fuerat adhaesit in aeternum.
(Ficarás preso aqui por toda a eternidade.)
Usque ad consummationem saeculi, immúndus spíritus tuus pati.
(Até o fim dos tempos, teu espírito impuro sofrerá.)
Agonia solitudinem erit vobiscum pariter et cruciatum aeternum.
(A solidão e a agonia serão seu tormento e companhia eternamente.)
Et in nomine Dei nostri sanguinis, ego te condemnabo nobilis creatura.
(Em nome de Deus e com meu sangue, condeno-te, criatura infame.)
Por um instante, ouvi as palavras atentamente. Talvez houvesse um jeito. Afinal, seu castigo não havia sido tão cruel. Ouvira muitas histórias que várias de suas irmãs foram decapitadas, enforcadas, afogadas ou pior, queimadas vivas. Mas poderia haver uma chance. A prisão era pior do que a morte, mas diferente dela, ainda não era o fim.
E Matteo? O que teriam feito com ele? Talvez tivesse sido morto.
ㅡ Eu vou sair daqui. ㅡ prometi baixinho. ㅡ E farei com que todos paguem pelo que fizeram às minhas irmãs e a mim.
Infelizmente, apenas as paredes de pedra foram testemunhas dessas palavras.
Nota da autora:
oioi ^^ fico feliz em saber que você escolheu entre tantas histórias maravilhosas daqui dar uma chance à minha. Então peço humildemente que curta ou me diga o que acha dela. Sei que aqui não é o Wattpad, onde tem uma interação mais aberta entre escritor e leitor, mas um coraçãozinho ou um comentário positivo ajuda da mesma forma. Obrigada.
Gracias por leer!
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