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[...] — Quem é você? — A pergunta saltou de sua boca, antes mesmo que ele pudesse registrá-la. O estranho estremeceu levemente com a escolha de palavras, mas não deu nenhum sinal de responder. Parando a uma distância relativamente segura, Naruto repetiu. — Quem é você? — Eu não sei. — A resposta o assustou, em sua mente uma velha lembrança surgindo enquanto ele podia completar mentalmente as próximas palavras 'Mas o meu nome é Sasuke. E o seu?' [...] **A imagem da capa foi retirada do Pinterest.


Fanfiction Anime/Manga No para niños menores de 13.

#drama #vampiros #Final-aberto #bl #naruto #leve-sasunaru
Cuento corto
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Capítulo Único

Capítulo Único


Quando o viu pela primeira vez ele era apenas um garotinho.

Era estranho...

Havia algo no garoto que o chamava. Como uma coceira irritante e constante que não vai embora até que você a trate de maneira devida. Assim como havia algo nele que implorava pela presença do garoto. Sua alma gêmea.

Era como ele. Mas diferente dele. Como os dois lados de uma moeda, sendo parte de um único objeto, compartilhando semelhanças, mas diferentes em seu cerne. A noite e o dia. O céu e o mar. A luz e a escuridão. As duas metades de uma única existência.

Ele era como ele e ao mesmo tempo era diferente dele. Mas ele não era dele.

E Sasuke não iria obrigá-lo a ser.

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Fazer da sua presença algo conhecido nunca foi o objetivo de Sasuke.

Ele iria visitar o adolescente – Naruto, como os pais dele chamaram – em algum momento aleatório do dia e então o observaria por horas a fio com um leve sorriso. Esperando que isso fosse o suficiente para acalmar seus instintos, que gritavam desesperadamente para que ele o tomasse em seus braços e lhe protegesse de qualquer mal que o mundo tivesse a oferecer.

Mas houve uma vez, quando Naruto tinha doze anos, que ele ouviu seus instintos.

Ver alguém que você ama chorar nunca é fácil. E para Sasuke, ver o pequeno Naruto chorando compulsivamente durante a noite no balanço do playground foi desesperador.

Ele nunca teve que lidar com isso. Ele nunca teve alguém que precisasse do seu consolo para que soubesse lidar com isso. A sensação de impotência, mesmo depois de tantas décadas que havia vivido, foi algo que ele não gostou.

Se aproximar do garoto foi fácil. O cabelo loiro que cobria o rosto, escondia sua expressão e o impedia de ver muito a frente. Mesmo que Sasuke mantivesse seus passos audíveis – algo que ele realmente se esforçou para fazer, já que, quando se vive numa 'terra sem lei', você aprende que o sigilo é o seu maior aliado – as lágrimas e soluços do garoto, distraíram-no o suficiente para que ele não fosse notado.

A criança apenas deu algum sinal de reconhecimento quando ele se abaixou em frente a ela, fitando os olhos azuis-céu.

— Quem é você? — Naruto murmurou, sua voz hesitante e rouca devido ao choro.

— Eu não sei. — Sasuke respondeu sinceramente. — Mas meu nome é Sasuke. E o seu?

— Naruto. Uzumaki Naruto. — Um sorriso melancólico se formou nos lábios do garoto, suas feições suavizaram um pouco enquanto seus olhos se tornaram vítreos por um momento.

Sasuke já sabia disso e também tinha quase certeza sobre o motivo pelo qual o pequeno Uzumaki chorava, mas ele não podia dizer isso ao menino. E muito menos entender profundamente o que ele sentia, o ciclo de vida humano era simples e finito, por isso era belo. Quando se vive muito, em um momento tudo acaba tornando-se monótono e os prazeres que a vida eterna pode oferecer simplesmente não valem o preço. Entretanto, sua visão sobre isso e a visão do garoto eram diferentes e, nessas situações, a única coisa a se oferecer é companhia, um consolo silencioso.

— Por que choras, pequena raposa?


Quando Naruto acordou mais tarde naquela noite, ele estava em seu próprio quarto, com cobertores sobre si e a janela fechada. Seu quarto estava no mesmo estado de quando ele foi dormir.

E isso o fez se perguntar se tudo o que aconteceu fora um sonho. Se os cabelos pretos macios, os braços quentes e acolhedores e o toque fantasma em sua testa foram nada menos do que uma agradável ilusão. Absorto e cansado demais pelos eventos recentes, ele nunca notou a figura estranha – que estava escondida nas sombras – desaparecer como se nunca estivesse ali.

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Sasuke assistiu todos os próximos anos de Naruto com cuidado. Havia muitas pessoas no orfanato e por mais que confiasse em suas habilidades, Sasuke seria tolo se acreditasse que poderia se aproximar sem que ninguém notasse um resquício de sua presença.

Isso não o impediu de ir no quarto de Naruto e dar um toque suave de dois dedos em sua testa sempre que o garoto tinha um dia difícil. Não o impediu de cuidar de Naruto com os pequenos, mas significantes gestos e muito menos de protegê-lo.

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A próxima vez que Naruto viu Sasuke foi completamente ao acaso.

Ele estava no acampamento, junto aos seus outros colegas de faculdade, quando avistou uma figura familiar. Foi apenas por um breve momento, mas ele podia jurar que viu alguém de pele pálida, cabelos escuros e olhos de íris pretas como a noite.

Naruto era uma pessoa que seguia fielmente seus instintos – eles já o tiraram de muitas enrascadas para que fossem simplesmente ignorados – então, quando algo dentro dele gritou para que fosse atrás da estranha figura, ele foi.

Seguir um estranho que ele nem sabia se era real era uma tarefa relativamente fácil. O mesmo pedaço dele que gritara pela figura, parecia estar guiando-o através da floresta. Portanto, ele não ficou muito surpreso ao avistar o estranho em um campo gramado, na sombra de uma árvore.

Se aproximando devagar, Naruto tinha a sensação de que o estranho sabia exatamente onde estava, mesmo que estivesse de costas para ele. Algo na figura esguia, pálida e obscurecida pelas sombras fazia cócegas em sua mente, ele sentia que conhecia o outro.

— Quem é você? — A pergunta saltou de sua boca, antes mesmo que ele pudesse registrá-la. O estranho estremeceu levemente com a escolha de palavras, mas não deu nenhum sinal de responder. Parando a uma distância relativamente segura, Naruto repetiu. — Quem é você?

— Eu não sei. — A resposta o assustou, em sua mente uma velha lembrança surgindo enquanto ele podia completar mentalmente as próximas palavras 'Mas o meu nome é Sasuke. E o seu?'

Porém essas nunca vieram. Tudo o que recebeu foi o silêncio.

Ele não sabia porque, esse nem mesmo podia ser o jovem que encontrou a muitos anos atrás – se é que aquilo foi real – mas mesmo assim ele se aproximou. Algo sobre o outro o tranquilizava, uma presença calma e reconfortante que o fazia se sentir a vontade como poucas vezes tivera direito de ser.

O estranho não se virou para olhar quando ele se jogou na grama ao seu lado. E não falou nenhuma palavra durante o seu monólogo sobre sua vida e coisas triviais. Ele apenas estava lá, calmo e silencioso, permitindo que Naruto falasse sobre o que quisesse e realmente ouvindo-o, sendo uma companhia, um confidente.

E quando Naruto adormeceu sobre seus balbucios, ele podia jurar que sentiu uma mão fria acariciando seu cabelo antes de dois dedos tocarem brevemente sua testa e tudo sumir.

Sasuke.

O nome que parecia familiar e certo para ele, não deixou sua mente pelo resto da semana.

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Quando estava naquele altar, diante da sua noiva, Naruto não pode deixar de sentir que algo estava errado.

Não que ele não a amasse, ou que tivesse dúvidas sobre o casamento, não, era como se parte dele estivesse faltando. Como se houvesse algo que deveria estar ali, bem ao seu lado. Não um pai ou outro alguém, mas um companheiro.

Essa sensação não desapareceu quando a cerimônia acabou. Ou mesmo alguns anos depois.

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Sasuke se sentia estranhamente conformado.

Ele estava feliz por Naruto, por ele ter encontrado alguém que amasse e por construído uma família com ela. Claro que ele sentiu amargura no início, mas isso passou conforme percebeu que mesmo com outra pessoa, parte de Naruto ainda estaria com ele. Mesmo que não fosse dele.

Agora ele apenas se sentia cansado. Saber que Naruto perderia completamente esses pequenos momentos da vida – que ele só conseguiria proporcionar esses momentos por um certo tempo – o fez se sentir apático.

— Você sabe que a decisão é dele por direito, não sabe? — Perguntou seu companheiro do momento, Hatake Kakashi, o líder da alcateia que cuidava daquela região e um antigo aliado.

— Não vou condená-lo a isso. — Sasuke respondeu, irritado com a mera possibilidade.

— Mas e se ele quiser essa vida? — O lobo continuou, nem mesmo assustado com a explosão do outro. — E além disso, ele é a sua alma gêmea. Não transformá-lo significa viver o resto da sua vida com a sensação constante de que há um pedaço importante de você faltando.

— Somos monstros, Kakashi. — A voz do vampiro era amarga, dosada de desgosto e resignação. — Ser imortal é viver o suficiente para esquecer o que é ser humano.

O silêncio dominou o espaço. Os dois homens tomando um tempo para clarear os pensamentos.

— Ele pode ser diferente. — Kakashi apontou. Você está são. — Talvez ele consiga... Se manter no controle.

— Ele pode. — Sasuke concordou. Mas nem sempre foi assim. — Mas e se ele não for?

Sasuke sabia que era inútil ter aquela esperança. Porque uma hora, aquela luz nos olhos de Naruto iria ser consumida pela escuridão. E ele não conseguiria conviver consigo mesmo se fosse o responsável por isso.

Sasuke prefere viver apenas ele na eternidade, à condenar Naruto a morrer lentamente por dentro.

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A próxima coisa que Sasuke sabe é que todo o seu ser é inundado com dor. Não era físico, mas era algo tão verdadeiro e cru que parecia rasgá-lo no meio. Sem nem mesmo pensar, sua mão subiu, agarrando e amassando o tecido da camisa sobre o peito. Naruto. Sua mente forneceu, algo havia acontecido com ele.

Desesperado, ele apertou ainda mais o tecido sob suas mãos, suas unhas, agora longas, rasgaram o tecido e arrastaram-se pelo peito plano, deixando uma fina linha de sangue para trás.

Sasuke não se importou. Ele clareou sua mente apenas o suficiente para que pudesse se deixar ser guiado até Naruto. Ele tinha que achá-lo.


Naruto estava desamparado. Sua família, sua esposa e seus filhos, foram vítimas de um acidente – assim como os seus pais – um maldito acidente que não deixou sobreviventes.

Naruto escorregou, mal sentindo a parede atrás dele ou qualquer coisa ao redor. Ele trouxe seus joelhos ao peito e levou um dos braços até a boca, mordendo-o para tentar abafar os soluços. As lágrimas rolavam pelo seu rosto e pingavam no chão de madeira.

De novo. Era como a todos aqueles anos atrás. Um acidente, nenhum sobrevivente. Estava acontecendo de novo, mas uma vez ele perdeu todos.

(Ele estava sozinho)

Ele não olhou para cima quando ouviu passos ecoando, muito menos quando sentiu braços lhe envolvendo. Ele sabia quem era e sabia que ele estava ali para confortá-lo. Mas pela primeira vez, a presença de Sasuke e os braços reconfortantes do mesmo não foram o suficiente para lhe acalmar.


Quando Naruto acordou em seu quarto no dia seguinte, não tinha muitas lembranças além da notícia horrível daquela manhã. Isso dói, dói muito, faça parar. Não é verdade, não quero que seja verdade.

Foi como naquela noite há mais de vinte e cinco anos. Exceto que desta vez, aquela presença misteriosa – Sasuke – ainda estava ali, sentado em uma cadeira ao lado de sua cama e encarando-o com preocupação.

Foi reconfortante e desesperador. Porque se ele estava aqui, o que aconteceu ontem era verdade. Ele havia perdido tudo outra vez.

Seus olhos estavam desfocados, vendo tudo e nada ao mesmo tempo, mal registrando a aparência imutável de Sasuke. Suas mãos tremiam acima do seu colo, enquanto lágrimas silenciosas eram derramadas novamente.


— O que você está fazendo aqui? — Naruto perguntou depois de um tempo, cansado do silêncio e querendo que algo que o distraísse.

— Estou cuidando de você. — Respondeu, um sorriso triste adornando os lábios.

— Por quê? — Por que está fazendo isso? Por que agora? Por que depois de tantos anos? — Você provavelmente deve ter coisas mais importantes para fazer.

— Porque você é importante para mim. — Sasuke olhou nos olhos embaçados de Naruto, tentando transmitir toda a verdade daquela frase.

Naruto olhou para ele, decidindo que aquilo era simplesmente demais para lidar agora. Seus olhos observaram o outro, o mesmo cabelo preto, os mesmos olhos Ônix, os mesmos traços do rosto, era tudo absolutamente igual.

— O que é você? — Ele soltou, antes mesmo que sua mente pudesse registrar a pergunta.

— Um vampiro.

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Naruto fitou o teto branco do hospital. Seus polegares inquietos girando um sobre o outro e suas mãos apoiadas no colo, em cima do lençol branco que cobria tudo abaixo de sua cintura.

Os olhos azuis-céu escurecido e um pouco enevoados, mostravam cansaço e certa resignação. Os cabelos desgrenhados apontavam para diversas direções, fios brancos se misturando ao amarelo sol. Sua pele estava pálida, marcada por algumas rugas e destacava as olheiras meio escuras.

Naruto era, na maior parte do tempo, uma presença calma e silenciosa naquele hospital. Perder sua família duas vezes, pelo mesmo tipo de acidente, foi doloroso e emocionalmente esgotante. Ele tinha pessoas preciosas, que faziam cada dia valer a pena e depois... nada, seus nomes se foram com o vento e tudo o que restou foram lembranças.

— Sasuke. — Naruto cumprimentou, um pouco de brilho retornando a sua íris, enquanto seus olhos enrugavam com o pequeno sorriso que dirigiu ao outro.

Sasuke acenou em reconhecimento, sentando-se na cadeira ao lado da cama. Seus olhos escuros analisaram o loiro, amor, cuidado e certa tristeza, sobressaindo ao mar confuso de sentimentos. As mãos pálidas pairavam sobre as de Naruto, querendo tocá-las, mas com medo do que iria acontecer.

Naruto decidiu por ele, agarrando-as e colocando-as entre as dele. O calor de sua própria mão se chocando com o frio natural da pele de Sasuke.

O moreno fitou as mãos emaranhadas antes de olhar nos olhos de Naruto. E por um momento, durante aquela troca de olhares, eles disseram o que nunca conseguiram falar e transmitiram o que nunca puderam demonstrar. Por um momento foi apenas eles e a crueza dos seus sentimentos e, nesse único momento, estava tudo bem.

— Por quê? — Naruto questionou sem elaborar. Várias eram as perguntas implícitas, mas havia apenas uma que ele queria a verdade absoluta e Sasuke sabia disso.

— A vida eterna não é uma benção. — Sasuke respondeu. Ainda olhando para os olhos de Naruto. — Com o tempo tudo o que você viveu não vai passar de borrão, um pedaço de vida como qualquer outro. Você vai esquecer tudo sobre aqueles que já amou, seus rostos, suas vozes, as memórias felizes que construíram juntos. — Ele sorriu tristemente. Não me lembro deles, não consigo me lembrar deles. — Você vai se condenar a viver nas sombras, sempre correndo e se escondendo, Naruto. Vai esquecer das coisas belas da vida, perder a sua convicção e estar sempre, sempre procurando pelo sentido, pelo porquê disso tudo. Você vai passar a existir ao invés de viver.

O silêncio entre eles era sufocante. Mas suas mãos se apertaram ainda mais, como se temessem serem separadas. Naruto desviou o olhar, preferindo encarar a parede incolor do quarto do que os olhos intensos de Sasuke.

— Eu terei você. — Afirmou. Sua voz embora firme, carecia de certeza. — Se você estiver comigo, tudo ficará bem.

Por um momento nada foi dito. E os olhos escuros de Sasuke buscaram os de sua contraparte. Ele viu, refletido naquele azul-céu, que Naruto entendia. Entendia as implicações, as certeza e o possível fim que aquela decisão traria. E ainda sim estava disposto a tentar.

Isso trouxe um sorriso a Sasuke, mesmo que fosse pequeno, triste e sombrio.

— E por quanto tempo eu serei o suficiente?

14 de Julio de 2022 a las 01:05 0 Reporte Insertar Seguir historia
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Fin

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S . "Você pode salvar a vida das pessoas, Mas não pode salvar as pessoas da vida"

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