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Pouco após chegar no cinza amoroso da Itália, Min Yoongi, encarregado de analisar todo o esquema de uma gangue rival e colocá-la por terra abaixo, acaba por cair nas lábias de Park Jimin, um cantor para plateias solitárias na Veneza taciturna, dono de brilhantinos fios cor de rosa e de uma aura salpicada de travessura. Pirulito de cereja nos lábios rubros era sua marca singular, assim como a jaqueta de couro e os passos cadenciados em pura maestria dominante: sem dúvidas, fora o ser mais encantador que Yoongi já vira. E estava tudo bem, até o mesmo descobrir que, por baixo dos lumes fulgentes que conheciam Veneza inteira como a palma da mão, também havia um Park Jimin chefe da maior gangue do país, risonho não por segurar uma rosa cálida como presente e gracejo em mãos, mas sim por acertar um tiro no alvo.


Fanfiction Bandas/Cantantes No para niños menores de 13.

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Veraneio Ardente

Escrito por: @jinjupiter


Notas Iniciais: eu sou meio horrível com notas, mass vamos lá: queria agradecer a @peartae por ter feito essa capa MARAVILHOSA, toda rosa cativante e com um adorno de rosas que combinou perfeitamente *insira aqui um suspiro* à @moonpecs tbm, por ter feito a betagem e ter tido a paciência de corrigir meus errinhos que, ah, não são poucos nsbdjsbs

ademais, tbm as adm's que se disponibilizaram a responder minhas perguntas e a me ajudar (especialmente a você, lu!!)

é isto, boa leitura!!


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A fumaça rebuscada de tonalidade da alma saía com calmaria embaladora pelos lábios de Yoongi, dava voltas à frente de seu rosto e abraçava com exuberância as mãos finas e esbeltas do Min, deixando rastros do tão caro cigarro, Insígnia, comprado há poucos instantes.

O de orbes negrumes não sabia exatamente o que esperava, o que viera fazer ali, naquele pequeno bar à luz lunar da Itália. Yoongi nunca fizera o tipo precipitado, que agia antes de pensar. Mas, ao se deparar com a fachada à beira mar, as brisas leves que o queriam levar para fora de si mesmo, as lamparinas amarelas-melancólicas e o ar tão exasperado por vinhos da região, não piscou nem seis vezes, e já se viu dirigindo para o banquinho de madeira rústico mais próximo. Sentando-se e apreciando toda a beleza que a Itália guardava em sua essência, e trejeitos espalhados por todos os mínimos cantos que encaminhasse seus orbes deslumbrados pelo belo país.

Tinha vontade de suspirar e, por vezes, sorrir melancólico, apenas um leve rasgar de lábios ladino: por mais inacreditável que pudesse parecer, Itália era grande em demasia para um solitário como ele.

Bebia então o vinho escarlate, tão parecido com sangue que em outros tempos cheiraria o líquido antes de colocá-lo nos lábios. O olhar entregando a desconfiança: provaria apenas um pequeno gole mínimo, e se fosse então de seu agrado, a língua macia rodando lentamente por onde a bebida alcoólica passara lhe denunciaria. Bebia solitário, embriagando-se a cada gole apreciado apenas pelos lampejos dos cristais pregados no teto aqui e acolá do bar, fazendo então com que sorrisse com leve melancolia diante de estrelares fúlgidas, guardadas por sussurros enigmáticos: somente ele poderia vê-las.

— Perché sorridi al soffitto, signore? — o Barman o indagou, a pergunta sobre o porquê de seu sorriso, fazendo com que sorrisse ainda mais, o segredo embriagado latejando no que antes se derretia o vinho.

Disse então que via o que as írises simplistas não poderiam enxergar, causando um maneio de cabeça no garçom, que não entendera grão minúsculo nenhum da frase que lhe fora dita, mas já estava de certo acostumado com as falácias jogadas aos ares sem sentido algum que lhe eram postas à mesa no restaurante, enquanto secava as taças que reluziam tanto quanto os risos embriagados que recebia.

Yoongi sabia que os efeitos da bebida rubra já lhe faziam transmitir palavras com ausência de coerência ou causa, mas o que via no lustre, imitação delatada e dilapidada para com as estrelas no céu não era alucinação, muito menos conversa fiada. Continuou então o monólogo; quase que sussurrando para o garçom que o veneno da ambição matava o homem; a sede para alcançar o intocável e as falsas estrelas no alto do salão eram a prova viva.

— Digo mais, tudo não passa de uma ilusão orquestrada, meu caro amigo.

Amava, de fato, conversas fiadas de bar.

Falava, falava e falava como quem sabia de todos os segredos enterrados na terra de onde pisavam: não seria mentira se dissessem que Min Yoongi amava ditar saberes quando as bochechas se mostravam rubras, em consequência pelos goles demasiados do vinho. Falava, pois não queria adormecer engasgado com as verdades infelizes de sua própria alma e situação. E o garçom que mais tarde descobrira se chamar SeokJin, ouvia tudo com atenção, pois com tal cadência e breve lucidez nos dizeres dito pelo outro, ficava-lhe quase impossível piscar no meio do diálogo de sua língua natal. Por isso então seus olhos brilhavam, quase como os lustres decaídos no falso céu.

— Jin, escutes o que te digo; não te mates por dinheiro, não vale um centavo sequer. — Yoongi balançava a cabeça, seus fios de breu lhe caindo pelos olhos e o fazendo piscar. Não estava de fato bêbado, embora pudesse parecer. Apenas... levemente embriagado por sua própria condição, provavelmente diria na manhã seguinte, ao sentir o gosto amargo da ressaca no alto de sua boca.

— Pois de certo que não vou! — Ambos acenaram com a cabeça, quando um som aveludado veio aos ouvidos dos dois rapazes, que prontamente direcionaram os orbes de onde vinha tal esplêndida sonoridade.

— Verás o cantor mais adorado do rouge: Park Jimin — Jin lhe sussurrou, um sorriso nos lábios enquanto os olhos não se desgrudaram do palco, onde só jazia ainda um moreno de estatura franzina tocando o piano, as madeixas escuras como o breu lhe escondendo a face. Viria a premissa de algo grandioso, só não se sabia ainda o que era.

Yoongi, não tendo conhecimento de nada, olhava para o dito cujo com ar de confusão aparente no rosto.

— Ele irá se apresentar e entrar no palco agora, eu suponho — o garçom explicou, colocando o pano branco e límpido nos ombros, apoiando-se na bancada para aproveitar a vista assim como todos.

E como dito e suposto, as madeixas rosas entraram no palco, o dono destas com o mais belo dos sorrisos ladinos aos ventos deslumbrantes cristalinos de Jazz pertencente à 1980, enquanto qualquer um que caísse os olhos na áurea que crepitava atração magnética estaria perdido e loucamente enamorado, em questão de segundos, em apenas um piscar. E, neste piscar, enquanto os cílios batiam pela primeira e gloriosa vez desde que tivera a esplêndida mais explêndida das visões, Yoongi teve o ar roubado ao olhar para Park Jimin, de pé em um palco enquanto, devagarzinho, arrastava sua voz doce como a primavera de encontro às almas de todos no recinto iluminado pelo fulgente lustre, falsas imitações de estrelas, apenas.

— Estate. — Fechava as pálpebras alabastrinas pela poeira estelar que fazia a sombra branca, que fora passada com maestria angelical para fazê-lo ser ele, ser encantador e tirar o fôlego ao pôr orbes de fulgor. — Sei calda come i baci che ho perduto, sei piena di un amore che è passato; che il cuore mio vorrebbe cancellare.

E cantava, a voz macia e aveludada como a sonoridade adormecente de Orfeu, as gotinhas douradas das lágrimas de um amor partido, mas que insistia por deixar e fazer presença, não coincidente a voz, energia e tenros piscares serem semelhantes à letra. Toda sua energia encantadora e causadora dos mais rendidos e sinceros suspiros sendo derramada pelo palco, os fios rosados e o sorriso ladino reluzindo a cada instante em que se dera sua chegada, a cada instante desde que Yoongi suspirou delator ao olhá-lo, assim como todos os demais no local.

A voz embalava e tomava a atenção de todos que respiravam ali, e mesmo que Yoongi tentasse se deter, tirar seus orbes diluídos por fascinação à primeira vista, e com vinho percorrendo todo seu sangue, orquestrando pequeninos fragmentos de seus pensamentos, não podia evitar sentir o repentino entorpecimento. O órgão pungente batendo, a cada piscar do cantor no palco, cada vez mais rápido; principalmente nos devaneios de segundos em que jurava que ambos se atravessavam com olhares, até que Yoongi os quebrasse e voltasse para sua taça na mesa, engolindo em seco por ter toda sua pele se tornando crepitante a apenas um encostar de olhos, mas que lhe delirava em segundos caóticos.

Porém não lhe bastava apenas alguns segundos captando a figura de Park Jimin na cálida noite de novembro, queria olhá-lo a todo o momento, a cada instante que o via ser mais reluzente que o fulgente lustre acima de si, em que captava os orbes recheados de promessas que se iam como as brisas, mas lhe beijava, mesmo que por poucos milésimos, o rosto inteiro.

Ainda sentado no banco de madeira, teve o coração em descompasso quando viu o cantor indo ao seu encontro após terminado o show, em que jogou os fios róseos para trás e molhou os lábios. Um sorriso incandescente de despedida morna e descabida de tanta travessura passada, as rosas vítimas dos donos apaixonados aos seus pés enquanto ditava as palavras finais:

— Agradeço pelos elogios — Agachou-se para pegar um dos floreios espalhados pelo chão, o sorriso ainda se estendendo por todos seus lábios. — Aproveitem o verão.

E, indo ao seu encontro naquele momento, Yoongi soube que com os orbes de redoma, fios róseos e voz devastadora de Park Jimin postos de frente a si, de certo que não sairia intacto naquela noite taciturna da Itália, banhada de ventanias ao sabor de vinho crepitante.

— Quero uma tônica blu, por favor — ele disse, ainda em italiano para o Barman ao sentar-se no assento de madeira ao lado de Yoongi, a jaqueta de couro adornada por lantejoulas cadentes de rosas e prata reluzindo ainda mais potentes de perto, como em um chamado irresistível para Yoongi pôr seus olhos ali, e tornar a esquecer de tudo a sua volta. — És novo aqui? — Virou para Yoongi, que prendeu a respiração apenas por ter, de fato, a atenção dele pregado em si, queimando-lhe toda a pele. Temeu por si mesmo, diante da presença aterradora.

Apenas acenou com a cabeça, pegando a taça de vinho à sua frente e secando todo o conteúdo que ainda restava, apenas para não ter de encará-lo ainda mais. Sentia o sangue latejar dentro de si, como nunca antes. Podia sentir os olhos dele sobre toda a sua pele, navegando entre seus lábios e rosto, olhos e ombros para enfim se encaminharem até suas pernas, para então voltar por todo o caminho percorrido novamente.

O pedido dele então chegou, assim como sua voz dócil outra vez:

— Vens de que lugar, então? Desculpe se estou sendo muito invasivo, de qualquer forma é muito raro algum turista vir para cá a essa época do ano.

Era mentira, era mentira e ambos sabiam disso.

— Venho da Coreia do Sul a trabalho, mas por algum motivo vim aproveitar a noite aqui. Não conheço nada. — Deu de ombros, finalmente tomando coragem para olhá-lo. Conseguiu captar um acenar de cabeça, os fios rosados sendo balançados e um sorriso ladino, em seguida de uma mão beijada pelo sol sendo estendida para si, uma apresentação:

— Park Jimin.

Observou rapidamente a palma suave em dourado antes de tomá-la, o contato de peles lhe fazendo estremecer levemente e pedir aos céus que o outro não tivesse percebido tal ato.

— Min Yoongi.

Viu o lampejo de algo desconhecido nos orbes dele, flamejando por entre as írises escuras e que desejavam o engolir por inteiro.

— É um prazer conhecê-lo, Min Yoongi.

— Igualmente —disse, e ele desfez o contato das palmas, o manso toque lhe deixando ao vento e fazendo ausência no que antes queimava entre a pele.

Jimin ergueu a sobrancelha.

— Então, gostaste do show? — Inclinou-se para perto dele ainda com um sorriso; numa provocação latente que Yoongi sabia que era.

Apenas sorriu também, erguendo a sobrancelha para, ao menos, não ficar tão aparente como só o olhar dele lhe bagunçava por inteiro.

— Pois claro, como poderia não gostar?

Jimin riu, e Yoongi quase pôde sentir toda a sonoridade bela no ar se bater em sua derme, ultrapassando-a inteira.

— Hmm, pelo que disse há pouco, imagino que conheça, de fato, pouquíssimo dessa bela cidade, não? Ao meu ver. — E sorriu novamente travesso, sua aura toda como rubis na noite. — Seria uma grande pena e desperdício perder todos os pontos turísticos esplêndidos que Veneza oferece. Bom... se quiseres, posso lhe ajudar. Verão aqui é tedioso sem companhia. — Deu de ombros e bebeu da bebida azulada na taça.

Pelo canto, esperava uma resposta.

Yoongi virou-se para frente, os pensamentos derradeiros e enevoados como a fumaça do cigarro que antes descansava em suas mãos, entorpecendo-lhe de pouco a pouco. Viera ali apenas para observar a cidade e a gangue rival — que andava se infiltrando em seu território — à mando de Kim, seu chefe. Seria demasiadamente tedioso espreitar pela cidade sozinho, os dizeres e ecos com sílabas rudes o rodeando por onde caminhasse, ruas desconhecidas por onde fosse. Lambeu os lábios calmamente, devaneando na falha tentativa de analisar a situação, mesmo que quisesse se embriagar apenas com a memória do piano junto da voz de quem, agora, jazia ao seu lado.

Não pensou demais, sabia o que queria e o que estava sendo proposto, talvez.

Verão era, de fato, tedioso sem companhia, mas Park Jimin era rubi, queimou-o apenas a repousar seus olhos em si. Era brasa de derme em alucinógeno próprio, e se tocado por ele, Yoongi sabia que viraria cinzas.

Porém, de qualquer forma, também sabia bem que daquela noite de pura ventania e crepitar de vinhos no sangue, orquestrada de calor ao veraneio, não sairia intacto de forma alguma.

Piscando e erguendo os ombros, deixou então seus lábios se abrirem e da maciez de lá sair um "por que não?" rápido e apressado demais, evidenciando toda a instabilidade que sentiria em tal verão, em tal mês de setembro, graças a um ser de fios rosados e olhos flamejantes.

— Por que não? — foi a vez de Park arquear a sobrancelha e lhe devolver a pergunta, sua aura toda rosada e crepitante.


[...]


Alguns goles de vinho depois e olhadelas de brasa de Jimin, Yoongi se viu dando passos calmos até a pequena residência que alugou. Jimin se ofereceu para acompanhá-lo e, com as mãos quentes do outro sobre seu ombro, o moreno não teve escolha a não ser dizer sim, novamente. Os batimentos de seu órgão pungente lhe alertando de que poderia fazer tal ato de certa forma precipitado até o fim da noite, desde que tivesse aqueles olhos sobre si, poderia dizer milhares de sim para tudo e todas as coisas.

Inclusive, andando lado a lado com a companhia das lamparinas instaladas na calçada e a lua almirante resplandecendo ambas as passadas. Yoongi sentia crepitar dentro de si o desejo de tocar a mão levemente dourada de Jimin, que deixava por entre os dedos finos e adornado de anéis uma chave metálica, cintilante e com um chaveiro de uma moto avermelhada.

Então seu olhar se firmava naquele pontinho metálico na calada da noite, ele à sua frente e espalhando com crueldade no ar todo seu perfume, aroma cadente, doce e sedutor.

— O que tanto olha? — Ele parou de repente, virando-se com aquele seu sorriso pequeno e botando seus olhos de rubi em Yoongi, que apenas parou também e tentou formular a frase mais coesiva que não expulsasse sem intenção o que sentira há poucos minutos.

— O chaveiro.

— Hum? — Ele piscou, inclinando-se levemente e fazendo sua franja rosa decair com amabilidade perto de sua sobrancelha que, Yoongi percebeu naquele momento, jazia um piercing prateado por lá. Cintilava assim como ele por sob a noite.

— Seu chaveiro, é uma moto muito bonita, creio eu — disse um pouco desconcertado, ouvindo a risada melódica e alucinatória de Jimin ecoar pela rua larga onde caminhavam. Porra, ele era magnético.

— É sim, Red Jean, conheces? Já tive uma dessas na adolescência. Faz parte de morar aqui. — E deu de ombros, voltando a dar seus passos lentos e sendo seguido por Yoongi.

— Não — Riu, balançando a cabeça. — Mora aqui há muito tempo? — perguntou, apenas para puxar assunto: contraditório, visto que nunca fora de conversar muito. Achava a maioria das conversas insuportavelmente entediantes, simplórias. Apenas feitas para os envolvidos não se baterem de frente com o temido silêncio, e o que vinha junto dele. Agora, porém, queria mais que nunca ter aquela voz de cerejas preenchendo o calar da noite.

— Desde que tinha 8 anos, mas ainda sei um pouco de Hangul, consigo me virar. — A cada poucas palavras virava de costas para o olhar enquanto falava, as vezes gesticulando com os dedos repletos de anéis resplandecentes. — Aqui. É este de que falaste, não?

Ele parou em frente ao prédio, apartamento azulado, que fez Yoongi piscar duas vezes, até conseguir ler a placa enorme e o número da residência. 364, estava certíssimo.

— Bom... Te vejo amanhã para poder conhecer o belo de Itália? — Jimin retirou suas costas do poste em que antes se apoiava, o cotovelo se encostando no local próximo à campainha.

— Claro, nos vemos amanhã.

E, como resposta, ele apenas piscou um de seus olhos para si, dando as costas aos passos decisivos para a direção contrária, o emblema místico atrás de sua jaqueta cintilando no breu da noite.


[...]


Uma concha de água gélida vinda da pia antiga fora o suficiente para acordá-lo completamente. A lua acompanhando suas passadas e silhueta por toda a rua de pigmentação caramelada, fazendo cintilar levemente o objeto prateado capaz de lançar fogo acostado na cintura, um objetivo único para estar ali. As palavras de seu chefe, Kim Namjoon, ainda reverberavam por seus pensamentos.

“São soberbos o suficiente para pensarem que ninguém se atreveria a espioná-los ou procurar o muquifo daquele covil. Há um ponto nesse mapa, Yoongi, exatamente nessa rua por entre aqueles galpões, ou até mesmo igrejas compradas, que é onde eles se escondem, como abelhas tolas numa colmeia, sem nenhuma proteção. Uma metralhadora e um traficante pequeno, e tudo iria aos ares”

Lembrava-se de piscar com ardor de dúvida no peito, suspeita de que Namjoon por acaso estava, supostamente, querendo se livrar de si ao levá-lo para um dos maiores pontos de tráfico da América, com os simples dizeres supérfluos de que não havia base nenhuma de proteção. Não acreditou, e, andando levemente pelos telhados, surpreendeu-se por de fato não ter avistado ninguém ao redor, sequer um barulho frágil como cristais, de respiração; audíveis muitas vezes apenas seguidos de momentos arriscados de concentração.

Um farfalhar distante o fez piscar atento, ouvindo risadas por sob a noite até constatar de que era apenas rapazes indo em direção a uma casa, a cena o entretendo demais para que percebesse um tempo depois uma luminária subitamente acesa do outro lado da rua. Aproximou-se levemente até poder ouvir certas palavras seguidas de uma risada, uma voz com entonação predatória e ríspida, fazendo-o olhar mais atentamente para alguns floreios ao lado de uma porta de madeira, o cenho franzido de concentração por jurar já tê-la ouvido.

Talvez os rapazes passados pudessem ser recrutas novos ou algo assim, iscas fáceis para manipular em troca de informações necessárias sobre a organização. Não queria ficar mais tempo do que o necessário naquele telhado, afinal, uma olhadela e seu plano iria por água abaixo. Teria de ser cauteloso e perspicaz o bastante para arrumar um informante, nem que, por um acaso, tivesse de recorrer à sedução ou armas apontadas na cabeça a qualquer um daqueles novatos lá fora.

Apenas balançou a cabeça, plantando rapidamente uma escuta do formato de uma bolinha de gude minúscula na parede ao lado da janela onde estava, quem sabe como na tarefa anterior descobrisse não somente as vozes e aparência de seu alvo, como também a localização de seus amantes — ótimo ponto para pesquisas e rastreamento. Segurou-se para não rir da lembrança passada de si mesmo num quarto de hotel numa cidade quase fantasma, assustando-se levemente com o quão altos poderiam ser os gemidos de Kim Woonsun. Fora fácil achá-lo e rastreá-lo, e em cerca de uma semana todo seu império construído fora ao chão com as simples artimanhas do Min, nada passava incólume aos seus olhos, nem mesmo a sonoridade de um passo.

E, tal como o legado de Woonsun, Kitty Gang seria a próxima a ser derrubada por D-2.

Antes de virar as costas, olhou rapidamente uma última vez para o galpão onde teve o vislumbre de algumas vozes, percebendo-o agora silencioso e num breu completo, apenas um leve eflúvio de lavanda permeando as calçadas. Lembrou-se também dos olhos de dragão de Namjoon em si, lhe dizendo-lhe de que aquilo era um aviso de morte próxima nas redondezas.


[...]


E as írises de rubi lhe pegaram novamente por acaso, numa manhã. Estava encostado na janela a fumar quando o viu, os batimentos de seu órgão vital tropeçando apenas pela premissa de descer as escadas e se encontrar novamente com aquelas mechas rosadas, a voz de cereja e as risadas que reverberavam e faziam efeito por todo seu corpo.

Fragmentos da noite passada, o crepitar do vinho e toda a presença de Park Jimin ainda estava vivaz em si e em suas veias na manhã seguinte, piscando logo após reconhecer abaixo de si a figura e a potência abaladora num ford thundebird azulado-fulgente, tão clamador de suspiros quanto o dono.

E por um momento de lucidez, pensou em mandá-lo embora. Assim, sem mais nem menos. Mas Yoongi não tinha coragem, e embora não quisesse admitir, também muito menos perderia um devaneio veneziano de verão ao lado de um cantor.

— A ponte dos suspiros ou A Casa de Julieta? — perguntara-lhe Jimin, com todo aquele seu jeito de como quem rodeava uma presa. A jaqueta de couro permeando seus ombros e o aroma de charme dançando por todo o ar em volta de si, podendo ser aspirado com crueldade por Yoongi após se juntar a ele no automóvel azulado.

— Hum... A ponte de suspiros.

Jimin ergueu a sobrancelha.

— Não gosta de romances?

— E você gosta? — devolveu a pergunta, o álcool não mais em si para ter os respingos de vergonha o rodeando como tinha antes. Ah, se Yoongi pudesse voltar no tempo naquele momento...

Talvez fizesse tudo igual.

— Depende do romance, acho. Romeu e Julieta não se espelha na sociedade atual.

— Os amores ardentes pelos quais até se morre — recitou a primeira frase clichê que se encaixasse no tema, e recebeu um acenar desdenhoso de Jimin. Não de si, mas da situação.

— Exatamente. Hoje em dia a nomeação mais conhecida para isto é obsessão.

— Um transtorno psicológico, quase.

Ambos riram de leve, a sonoridade saindo pelos lábios e deixando o rastro por onde passassem, aos ventos no carro.

— Me diga mais de você. Não sabemos nada um do outro, praticamente — pediu Jimin após um curto momento de silêncio, as mãos no volante e os olhos se virando rapidamente para si, apenas uma vez.

— E precisamos? —Yoongi franziu o cenho, adorando aquela brincadeira que nem começara. Jimin ergueu a sobrancelha novamente, o sorriso ladino estampado e lhe demarcando por ser quem aparentava ser; uma bela miragem.

— Talvez. Mas, oh, não seja assim. Irei passar ao menos 2 horas a teu lado para não se traumatizar com o que há nessa cidade.

— E o que há?

— Nada além de monumentos e paisagens. — Deu de ombros.

Yoongi balançou a cabeça, os orbes naquele exato instante crepitando com a espera de seus próprios dizeres que clamavam por faíscas em Jimin: era nada mais do que vingança travessa de verão. Naquela época, gostaria mesmo de saber ou prever também como o fim deles dois se daria, mas isso talvez só as faíscas por entre eles lhe diriam, e então se conformou com a dúvida incessante do destino amador.

Nunca soube responder se agiu certo ou não.

— E o que mais haveria de ter, então? — perguntou, com uma pitada de desdém.

— É o indizível, Yoongi. E não se tem em lugar nenhum. — Jimin parou o carro, o vento batendo em finalidade translúcida seus fios rosados e seus lábios tanto quanto. Observando-o assim, parecia uma figura mística a beira da divindade, milhões de pétalas a seus pés, como na noite passada. — Aqui. A ponte dos suspiros. Já deves saber a história por trás, eu suponho.

Saindo de seus próprios pensamentos, Yoongi finalmente olhou em volta, dando as costas momentaneamente a Jimin para passear seus orbes por cada mínimo encanto, a ponte alabastrina e com arcos azulados por sob toda sua estrutura. Era belo.

— Não, mas sei que há uma cópia em outro lugar.

— Os presos passavam por aqui antes de serem encarcerados. Suspiravam por sobre e ao verem a ponte, então por isso a nomeação. — Abriu a porta do carro, rodeando-o para em seguida abrir a porta de Yoongi também, que não pôde se conter e riu com o charme ridiculamente encantador dele.

Pensou que, se piscasse os olhos, talvez aquele se fizesse um verão não só veneziano ardente, como também apaixonante.

Colocou as mãos pálidas no bolso de sua jaqueta ao se levantar do estofado branco, as faces de repente quase se tocando e os lábios avermelhados de Jimin, tão pertos de si naquele instante sendo o único ponto a qual conseguisse colocar sua atenção. E estava hipnotizado, até mesmo pelo cheiro que saíam das madeixas rosáceas. Ficara naquela posição por um tempo que não soube contar ao certo, até erguer de súbito e um pouco mais o olhar ao ver um sorriso ladino se abrindo ali, os orbes de Jimin num desafio claro, numa revelação claríssima que viu por entre os orbes de rubi.

Park queria o beijar, e era recíproco.

A tensão se fez no ar em um impasse, quase tanto quanto quando se viram à primeira vez e, ao Jimin se aproximar um pouquinho mais de Yoongi, os orbes crepitando de desejo ardente que fazia o moreno engolir em seco, tudo e todas as coisas pediam para que ambos os corpos se colassem, ambos os lábios que se desejavam naquele colar atrevido e obsceno em demasia fizessem a junção tão esperada. A junção que, em um fulgor instante, se fizera vivaz e invocada na imaginação de Yoongi, que quase se amaldiçoou ali mesmo por ansiar tanto Park Jimin, por deixar-se mexer tão derradeira e intempestiva por ele e seus malditos lábios vermelhos, orbes ardentes de rubi e fios rosados que gritavam para serem tocados, talvez até mesmo puxados por suas mãos pálidas.

De fato, o desejava.

Mas disso já sabia.

— É bonito, não? — ele sussurrou, os olhos ainda cravados em si, ambas as peles dos rostos a um milímetro de distância e um sussurro latente para serem tocadas.

— Hã?

Jimin rolou os olhos e se inclinou para trás, sua gargalhada com respingos de deboche ecoando por sobre a rua.

— Falo da ponte, vem. — Colocou a mão em cima de seu ombro, empurrando-o de leve para que acompanhasse seus passos em direção ao artefato histórico à frente.

Yoongi piscou. O contato da palma quente sobre seu ombro lhe aquecendo o local, às vezes pairando sobre sua nuca e o apertando levemente ali, fazendo os pelos se arrepiarem e, por vezes, sua voz tremer.

Rodaram por todas as ruas, seus sapatos fazendo sonoridade singular em conjunto com as palavras mascaradas que trocavam, um olhar delator sendo trocado aqui e ali. Quem sabe um pedido também.

— Agora sejamos sérios, ainda não sei nada sobre ti — Jimin lhe disse quando pararam num restaurante pequeno, enquanto bebia um suco com aparência verde que Yoongi presumiu ser de alguma folha da mesma tonalidade.

— Sou coreano, e vim aqui pra auxiliar as pesquisas do meu chefe. — Deu de ombros e omitiu a verdade; de que estava ali apenas para observar a facção inimiga e onde se encontravam, como se portavam e todas aqueles trejeitos que, com tecidos escuros e olhos felinos, Yoongi descobria a mais obscura das revelações ditas por sob sussurros nos becos estreitos.

É, possuía ouvidos afiados e métodos infalíveis para conseguir o que desejava por trás dos orbes ariscos e voz rouca, infiltrando-se em todos os lugares inimagináveis ao luar, passadas velozes em competência exacerbada quando seu farfalhar era pego pelo silêncio, tal ato que quase nunca ocorria. Prezava pelos pulsares em seu peito, os quais sempre se certificava de guardar, em uma mania irreversível, alguns minutos de noite exclusivamente para ouvi-los e saber que batiam, que estavam ali e que Yoongi ainda vivia debaixo das estrelas e lamparinas que sempre mudavam de tempos em tempos.

Não falava, e talvez nunca ninguém sequer soube, mas protegido a 7 chaves havia seu desejo de mapear as constelações no céu, ao lado de alguém. Apontar quem sabe o pálido dedo indicador às estrelas que juntas, se originavam à forma e o contorno, com exatidão que lhe enchia os olhos de fulgor, um escorpião.

— Não, não é isso. — Jimin cortou seus pensamentos, a voz ressoando por si e o fazendo piscar. — Quero saber de você, Yoongi. Não do que tem à sua volta.

Franziu o cenho, os lábios se crispando à procura de algo que pudesse interessar o outro.

Não havia nada.

— Não tenho nada a contar.

— Todos têm algo a contar, vamos. — Gesticulou com a mão.

— Hmm, quando eu era adolescente, eu queria ser um rapper — disse então, porque fora a única coisa que lhe viera à mente.

Jimin soltou uma gargalhada.

— Um rapper? Interessante, conta mais — praticamente mandou, com aquela voz de cerejas.

E Yoongi contou.

Contou os fatos mais desinteressantes e sequer ponderáveis referente a indicadores de quem era, mas que faziam parte de si e de seu passado, seu presente vivido e prelúdio do porquê estar ali naquele exato instante, com os olhos felinos em um par de brilhantinos rubis, mechas rosas que o atentavam para adentrar seus dedos e poder provar, sentir se era tão macio quanto pensava. Sorria ao falar sobre ocasiões adversas e ventanas, porventura fazendo referência aos filmes que já vira e amava, parando a falação para de vez em quando indagar a Jimin se este conhecia as películas também e, se sim, davam início a conversas e gargalhadas sinceras, tão sinceras que, em um certo momento, Yoongi se assustou por segundos de tamanho milímetro, por estar confortável — após tanto tempo que não provava de tal sentimentalidade — na presença de Park Jimin, que era todo cerejas e o fazia se sentir em veraneio de novo, por dentro.

Sabia que seria efêmero, então por que não?

Esquecia tudo ao redor e apreciava a voz e o calor da pele dourada em leveza que sentia, mesmo que separado por uma mesa ou poucos centímetros de distância, e um daqueles piscares, aqueles momentos em que provavelmente faria faísca de sabor Itália e algo como vinho crepitado no sangue, e então Yoongi se veria na palma da mão dele, como previra na mesma noite em que se conheceram.

E esperava por isso tanto quanto esperava pelo solar refletindo na sua janela na manhã seguinte.

— Jogue uma moeda e faça um desejo.

Era o terceiro dia deles juntos. Andaram por todos os recintos próximos à sua pousada no dia anterior, Yoongi em seu encalço e aproveitando para vasculhar a cidade ao seu lado; e então estavam de frente à mesma ponte que viram antes; agora para fazerem um desejo, em sua última tarde juntos. Jimin lhe levara para cerca de nove lugares diferentes, no carro o vento lhes pegava a face em cheio, e era tudo tão... bom. Bom demais, e de repente o sorriso já não queria mais se desprender dos lábios de Yoongi.

— Que é que eu poderia desejar? — perguntou, meio sem graça.

Não tinha a mínima ideia do que pedir.

— Escolhe o que você quiser. — Jimin deu a volta por si, os mesmos passos dominantes, mas, agora, de certa forma, aconchegantes também; tão aconchegantes quanto a palma de sua mão encostando no ombro coberto por uma jaqueta de Yoongi, os dedos apertando ali francamente, ato que vivia fazendo e o deixava à beira de um precipício — Você pode... pedir um dia com sol, talvez. Se você gostar de sol, se não, pode ser chuva também.

Yoongi riu.

— É isso o que as pessoas pedem? — Arqueou a sobrancelha, e Jimin instantaneamente fizera o mesmo logo após.

— Ora, e por que não? — replicou divertido.

— Não me diga que você pede isso. — Yoongi balançou a cabeça, desacreditado.

— Talvez, às vezes. Não espero nada muito do amanhã, vou aos ventos. — Acostou-se na beira da ponte, mexendo de leve nas águas com os dedos enquanto esperava Yoongi fazer seu desejo. — Vamos, todo estrangeiro quando vem faz: é só pedir qualquer coisa e jogar uma moeda. Ou você pode pegar as que estão no fundo, também. — Terminou a última frase com um sorriso ladino nos lábios, ao ver a face descrente do outro.

Yoongi arqueou a sobrancelha, os lábios num sorriso feito com leveza de primeiros encantos e tentativas.

— Ok. — Jogou a moeda reluzente em dourado para a água, o pensamento veloz-fulgente passando em segundos e lhe deixando atordoado. Mudou de pedido repentinamente.

— E aí? Morreu? — Jimin lhe perguntou, indo ao seu lado e encostando o cotovelo em seu ombro, os olhos na ponte.

— Hm, não?

— Que bom. Vem, vou te apresentar ao meu doce favorito, o melhor do mundo. — Acenou com a cabeça, as pernas longas já se mexendo. E Yoongi o seguiu, como o restante de todo os segundos candelabros que passaram juntos.

Os olhos se prendiam quase que instintivamente na jaqueta dele, as figuras que se assemelhavam a algo de sua memória o fazendo se perder ali por vezes, em meio às ruas de Veneza. Havia algo ali, por trás dos traços grossos e rosáceos; e sentia, Yoongi sentia na pele.

Andou então com Jimin para todos os lugares possíveis, sem destino certo algum, como eles; as conversas agora lhe saindo em demasia suavidade, risos sendo levados aos ventos junto de seus cabelos, tensão por vezes presente quando o contato corpóreo se fazia necessário por faíscas, vontade que Yoongi sabia, pelo sorriso travesso do outro a cada poucas vezes que o provoca com toques, que logo sucumbiria.

Quando piscara, o sol já lhe dava as costas pela segunda vez, tudo se escurecia e só restavam eles ali, seus passos na calçada, o carro de Jimin a alguns quarteirões atrás e aquela vontade melancólica de ouvir um blues, sentar na varanda e ficar por lá numa conversa fiada que nunca pensou que gostaria de ter, pedido mudo nos olhos para que um certo alguém ao seu lado ficasse mais. Fazia tempo que não se sentia assim, essa sensação estranha e meio amarga pela fatalidade de redenção a tragédias das relações que já tivera; e, então, a vontade de criar uma espécie de vínculo com outro alguém novamente, querer que tudo desse certo, querer estar mais do seu lado.

Por isso então seus olhos meio pregados no chão de tonalidade de areia, passos demasiado lentos que o normal e a garganta meio fechados à procura de palavras, certas palavras com o sentimento e vontade súbita de encarar Jimin e pedir, de um jeito que ainda não sabia o qual, se ele poderia passar mais um tempo consigo. Um dia mais, talvez.

Seria loucura, se de fato o fizesse.

— Entregue em casa são e salvo, novamente. — Jimin brincou, encostado no poste como na primeira noite em que o levou para a pensão temporária que estava agora, primeiro local a qual fora quando chegaram na lamparina escolhida.

— Sim, já poderia fazer o papel de um príncipe da Disney — fez graça também, não sabendo o que responder; a mão já se estendendo ao portão, dedos firmes ali até que olhou para ele, e o encontrou caminhando de frente a si, os passos decisivos.

Chegou à sua frente, proximidade tamanha que pôde sentir o hálito alheio bater em seu rosto, fragrância da bala-doce de leite que o rosado comera há pouco. Ele inclinou-se para si e sussurrou, praticamente queimando à brasa sua pele:

— Até mais, Yoongi. — E deixou um selar em seu queixo, abalando todas as suas estruturas antes que jogasse tudo ao ar, antes que prendesse a respiração para enfim segurar a jaqueta de couro de Jimin, puxá-lo para perto e o beijá-lo, fogo em todo seu ser enquanto sentia o contorno delicácio e escaldante dos lábios dele num sorriso sobre si, como desejava desde que se viram pela primeira vez.

As mãos se estenderam para o rosto quase dourado, clamante de verão; foi empurrado para a parede, contato flamejante apertando sua cintura; o sabor da língua dele se dilatava em dança orquestrada e ritmada por inteiro na sua, deixava-lhe sem fôlego e o fazia segurar naquela jaqueta de couro negrume, pedindo por mais e mais, pela noite e dia inteiro se possível; se assim fosse concedido.

Num desespero agradável, teve o pescoço atacado por dentes em marca febril de sedução, jogado em sua cama sem nem sequer saber como chegara até ela. Roupas espalhadas pelo chão, corpo colado e centenas de toques quentes.

E como pensara, ele tinha gosto de verão e rubi; o queimou por inteiro.


[...]


Era tarde demais quando acordou, sol batendo em sua face e corpo nu nos lençóis. Estendeu os braços preguiçosamente e piscou de leve ao ver a face adormecida ainda ao seu lado, num sono pesado devido a noite anterior movimentada, ambos os corpos sendo descobertos em meio ao luar da lua refletido com paixão em suas peles cadentes, fazendo como consequência — de sabor de cereja — Yoongi desejar se instalar mais tempo do que devia naquele lugar, naquelas paredes com tonalidade caramelo.

Levantou-se apenas pela mania de despertar, o anseio para tomar café logo o obrigando a sair da cama, olhando em volta e percebendo algumas peças de roupas aqui e ali de Jimin, que as arremessara para tudo quanto era canto, num exagero que mesmo o conhecendo há pouco, sabia que era característica do de fios rosados.

Foi então que dirigiu, com tropeços no órgão pungente, os olhos na jaqueta de couro de Jimin, apoiada especialmente na cadeira, todo seu emblema das costas à mostra ali, resplandecendo em formato de chamas cintilantes no chão, graças ao sol. Piscou de primeira, não acreditando no que via, no que aqueles traços rosados e feitos a lantejoulas significavam para si.

Era o emblema da gangue rival.

— O que estás olhando? — a voz suave dele ressoou por todo o quarto, cortando-lhe afiado o devaneio pelo qual estava prestes a se sufocar.

— Você... Você é membro da Kitty Gang?

Jimin sentou-se, a face agora séria no que antes estava um sorriso preguiçoso, o lençol amarrotado lhe cobrindo apenas as pernas, os orbes de repente sóbrios e... culpados. Ele lambeu os lábios e com esmero retirou o lençol de cima de si para sair da cama, em uma tentativa falha de adotar uma postura apaziguadora, dando passos em direção a Yoongi, que se afastou num instinto seu nunca antes provado, para o canto da parede.

Os olhos ardiam em traição.

— Eu posso... — Jimin tentou falar, mas foi cortado rapidamente por Yoongi.

— Foi tudo planejado, então?

O coração acelerado no peito, memórias de seus dois dias juntos instalados em sua mente afogueando tudo e mais um pouco, não deixando espaço e segundos para que respirasse e pensasse ao certo, coerência faltando no ar enquanto tentava resistir as mãos levemente amorenadas de Jimin erguidas com a intenção de acalmá-lo, mãos tais que lhe tocaram tanto na noite anterior, volúpia e devoção nos atos passados. Jurou estar em palmas acolhedoras.

E foi tudo mentira.

— Não, só... Como você pôde?

E como ele fora tão tolo a ponto de acreditar em toda aquela encenação, isca amadora que fora encaixada de maneira certeira em seus lábios, para lhe impedir de pensar?

E se tivesse descoberto tempos mais tarde, tempo suficiente para que o sentimento prematuro tivesse de fato nascido por entre seu pulmão; e se realmente tivesse se deixado levar pelos olhos de rubi e palmas quentes nas noites de breu solitárias?

Céus, não fazia a menor ideia do que teria sido de si.

Balançou a cabeça, respirou fundo e apenas fechou as pálpebras com amargor. Não queria olhá-lo, não queria ver seus malditos olhos culpados nem seus fios rosados.

— Apenas saia. — Apontou para a porta de seu quarto, a voz rouca crepitando tudo o que sentia. Alguns minutos de puro e febril silêncio se passaram até que a ventania do perfume dele pudesse ser sentida com rancor, ardor no peito bailando com orbes marejados e a paixão no mais prematuro, aguado.

O verão de Veneza fora lhe assim: tiro no peito, sem fim. Malas permeadas de roupas amarrotadas colocadas a força em sintonia da pressa de todo seu corpo, adeus não dito quando cruzou a porta do local que alugou por um tempo que decerto não passaria, nem meio segundo sequer.

Saído às pressas, seu cigarro amado sequer foi comprado e um olhar para trás que não queria ter dado, minutos antes de ser acertado por um par de rubis em suas costas, ardor armado e um pedido instalado.

A arma de fogo foi engatilhada.

~~~~


Notas Finais: nada a dizer, somente que; meu curiouscat é @/camomiIIa (com i maiúsculo no lugar do L, pq quis um user original, excuse me) e acho que ninguém esperava por esse final, nem eu tbmkjk 🤠 but serve mto como base pra não confiar em estranhos!!!

e novamente um agradecimento a todos q me ajudaram aquii, obrigada mesmo 😭💐💕

20 de Julio de 2021 a las 20:40 0 Reporte Insertar Seguir historia
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Fin

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