Escrito por: @louiselobo_
Capa por: @TMessi/@ThalieMessi
Notas Iniciais: Olá, é a Loui aqui de novo 💙
Não vou falar muito, apenas agradecer à minha beta linda @sweetjimin que sempre faz um trabalho maravilhoso e pelas capas que @TMessi produziu. Ficaram exatamente como eu pensava, muito obrigada mesmo!
Boa leitura!
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— Hyung! Espera! — gritou para o menino de cabelos escuros e pele clara que corria com os braços abertos à sua frente. — Yoongi-hyung, me espera!
O pequeno Jimin já estava cansado de correr para tentar acompanhar o garoto mais velho, seus pés pequenos já doíam nos sapatos que calçava, enquanto Yoongi corria o mais rápido que suas pernas franzinas conseguiam para chegar ao parque próximo à rua onde moravam, suas bochechas já estavam vermelhas pelo esforço, mas a brisa leve ia de encontro à sua face, refrescante. Ele aproveitava cada segundo, pois sabia que aquela seria a última vez que correria por aquele caminho tão conhecido, tão cheio de lembranças, e também seria a última vez que brincaria com Jimin no parque. Não saberia dizer quantas vezes passou por ali em dias de neve, em dias de sol, em dias em que as folhas caíam das árvores.
— Você é muito lento, Jimin! — disse rindo enquanto sentava em um dos bancos, esperando o menor, corado, chegar até ele.
Jimin era pequeno e fofo, suas bochechas fartas eram sua marca registrada, assim como o bico que o menino fazia sempre que estava pensando, quando estava bravo ou triste, ou seja, ele fazia bico para — quase — tudo.
Mesmo sendo o melhor amigo do moreno, Jimin era mais novo, então, o Min tinha em sua cabecinha que havia muito o que ensinar a ele e Jimin estava sempre atento a tudo que Yoongi tivesse para falar. O mais velho apreciava isso e se esforçava para sempre ter algo novo para mostrar ao menor, fosse sobre explicar as histórias em quadrinhos que liam ou contar sobre a origem das coisas.
— Estou cansado, hyung… Não quero mais apostar corrida. — O bico fofo apareceu no rosto do garoto bochechudo.
— Sente aqui, então. Preciso te contar uma coisa, Jiminnie... — Deu batidinhas no espaço vazio ao seu lado para que o outro se sentasse.
Jimin deixou o corpo cair desajeitadamente sobre o banco, respirando pesadamente, a corrida havia o deixado realmente cansado.
— O que houve, hyung? — disse olhando para o outro.
Yoongi estava mais quieto que o normal, mais calado, parecia estar nervoso e o mais novo começava a ficar preocupado; sempre que Yoongi ficava quieto era um mau sinal, ele só ficava daquela forma quando estava com dor de barriga ou quando seus pais brigavam.
Acontece que, mesmo não querendo deixar transparecer, Yoongi estava assustado e triste. Assustado por não saber como seria sua vida no lugar para onde iria, não sabia como era seria sua casa, a escola, como seriam os amigos. Haveria amigos? E sentia-se triste porque não veria Jimin diariamente, não poderiam mais passar as tardes juntos procurando insetos no parque, nem assistindo filmes na casa um do outro. Seu pequeno coração doía só de imaginar que teria que ficar longe do amigo.
— Acho que não poderemos mais brincar juntos todos os dias… — falou baixo, encarando seus tênis sujos de terra.
— O quê? — perguntou Jimin automaticamente, sem entender o que o amigo falava. Em um momento, estavam brincando normalmente, e no seguinte, Yoongi dizia que iria embora. — M-mas por quê, hyung? — O bico aparecia novamente em sua face e Yoongi sorriu sem graça.
— Meus pais vão morar em outro lugar… E, bem, eu sou criança ainda, Jiminnie… preciso ir com eles — explicou calmamente, pois sabia o que aconteceria em seguida.
Viu o amigo abrir a boca e fechá-la em seguida, duas ou três vezes, era engraçado. Jimin franziu o cenho, parecendo pensar sobre o que Yoongi havia falado, e de repente seu lábio inferior começou a tremer, virando para baixo em seu clássico bico de choro. O coração do pequeno doía tanto que mesmo que tentasse explicar seus sentimentos e confusão não conseguiria. O menor parecia que iria explodir de tão vermelho que estava, os olhos já formavam lágrimas, as quais ele tentava impedir que caíssem, mas não conseguiu se segurar e desatou a chorar ali mesmo.
Yoongi segurou a mão do amigo enquanto ele chorava alto.
— Jimin… Calma… — Tentou tranquilizar o menor afagando as bochechas vermelhas e secando as lágrimas que rolavam pelas mesmas.
— C-como? — Soluçava. — Como vou ficar calmo, hyung? Se você disse que vai embora…
— Eu sei, mas eu posso te visitar quando viermos passar os feriados, não é? — Sorriu, tentando animar o menor. — O que você acha?
— Só nos feriados? — falou embolado, ainda fungando.
— Férias de verão? — disse sorrindo, fazendo o mais novo criar mais expectativas.
— Sim... Podemos caçar caranguejinhos na praia? — sugeriu, um pouco mais animado, nem parecia ter entrado em uma crise de choro instantes antes.
— Isso! Isso! — Secou o rosto do mais novo.
Os dois sorriram e começaram a planejar o que fariam quando Yoongi voltasse a Busan para visitar o amigo. Listaram mentalmente as coisas que mais gostavam de fazer para que não perdessem tempo quando o outro voltasse.
Entretanto, começou a escurecer e os garotos precisavam voltar para casa, no dia seguinte Yoongi enfrentaria uma viagem longa e cansativa, logo, logo seus pais apareceriam para buscá-los, como sempre faziam quando os meninos passavam do horário combinado de voltar para casa. Respirou fundo e olhou para o garoto que brincava com alguma lagarta que haviam encontrado nas árvores dali. O sol começava a se pôr, havia chegado o momento de dizer adeus.
— Minnie, eu preciso ir — disse baixo, seu coraçãozinho pesava, pois sabia que sentiria falta de seu melhor amigo.
Ele conhecia Jimin há quase quatro anos, mas, para uma criança de nove, parecia uma eternidade, era quase metade de toda a sua vida! Viu o mais novo abaixar o rosto tristonho e soltar a lagarta em uma folha qualquer.
— Poxa, hyung… Será que não pode ficar mais um pouco? — perguntou ao mais velho, que negou devagar.
— Precisamos ser homens grandes agora, Jiminnie — falou.
Jimin concordou e arrumou a postura, limpando as mãos pequenas nas laterais da calça jeans, mas seu rosto vermelho entregava que ele queria chorar de novo. Yoongi olhou em seus olhos enquanto segurava os ombros do menor e respirou fundo, pois ele mesmo sentia vontade de chorar também.
— Park Jiminnie, foi um prazer conhecê-lo, espero poder encontrá-lo nas férias e nos feriados. — Imitou os filmes de guerra que ele via escondido da mãe com o pai, onde os soldados se despediam para voltar para casa depois de uma longa missão.
— Hyung… Você vai mesmo voltar pra me visitar?
— Claro, eu vou! — disse imediatamente.
— Não vai esquecer de mim? E se você fizer amigos mais legais que eu? — Cruzou os braços. — Você vai esquecer de mim que eu sei, hyung!
— Claro que vou fazer amigos legais e do meu tamanho, até maiores que eu! — falou enquanto mostrava o tamanho com a mão sobre a cabeça. — Mas não vou te esquecer, Jiminnie.
— Então promete! — disse levantando o dedo mindinho na frente do rosto do outro. — Promete que não vai esquecer de mim, hyung…
Yoongi riu da atitude do outro, mas, mesmo que não soubesse como faria para voltar ali e visitar o outro, seu coração tinha a certeza de que nunca iria esquecer de seu precioso e fofo Jiminnie, nem se quisesse conseguiria. O baixinho havia crescido com ele e os dois compartilharam muitos momentos juntos.
— Eu prometo, Minnie, nunca vou esquecer você. — Levantou o dedo mindinho e o entrelaçou com o do outro.
Jimin sorriu e seus olhinhos fecharam com a ação. Imediatamente, uma luz um tanto fraca surgiu entre eles, era avermelhada e parecia um fio, unindo os dedos mindinhos de ambos, como se estivesse selando ali a promessa dos garotos.
Yoongi sabia o que era aquilo, era o fio que ligava duas almas gêmeas ao seu destino, ele havia aprendido sobre o evento na escola e sabia que era extremamente raro acontecer. Era uma lenda antiga que falava sobre um fio vermelho que ligava duas pessoas, estas estariam predestinadas a ficarem juntas pela eternidade; o fio poderia enrolar-se e fazer nós, mas nunca se quebraria, mesmo que tivessem outros relacionamentos, apenas a pessoa do outro lado da linha vermelha traria o sentimento de “primeiro amor”. E ali estava ele, o fio que dizia que sua alma gêmea era Park Jimin, seu fofo e querido amigo.
— Uaaaau… hyung… — disse o menor com os olhos arregalados, ele não sabia o que era aquilo, mas parecia realmente muito legal.
— Está vendo isso, Jiminnie? Esse é o fio que liga nossos corações — disse colocando a mão livre do outro sobre seu peito —, não importa para onde meus pais me levarem, não vou esquecer de você, pois estamos ligados. Não importa aonde eu vá, este fio me trará de volta a você.
Um Jimin sorridente abraçou-o, despedindo-se com lágrimas nos olhos, mas com a promessa de ver o amigo outra vez.
Yoongi levou o menor até a casa dos Park, depois dirigiu-se para sua residência, onde havia passado os últimos quatro anos. Ajudou a mãe a arrumar sua mala e, quando estava esvaziando uma gaveta de quadrinhos e insetos — mortos e devidamente conservados —, encontrou o pequeno anel de plástico azul que Jimin havia o presenteado em seu último aniversário. Era o par de outro na cor amarela que ficava com o Park, eles os consideravam anéis de amizade e guardam com muito cuidado, como joias preciosas. Yoongi colocou o mesmo em sua mochila, levaria com ele aonde quer que fosse, como uma parte do amigo consigo.
No dia seguinte, partiu rumo a outro país, longe de seu Jiminnie. Seu coração já se apertava com a saudade, mas a lembrança de seu dedo atado ao de Jimin com o laço vermelho e o pequeno anel dentro da mochila o deixavam esperançoso. Ele mal podia esperar pelo futuro, onde voltaria a Busan e encontraria o garoto de bochechas fartas novamente.
(...)
— JIIIMIIIN!!! — gritou o loiro do pé da escada. — Nós vamos perder o voo, eu não acredito!
Apertou a ponte do nariz, haviam acabado de voltar da metade do caminho porque o acastanhado esqueceu o passaporte em casa.
— Já tô indo! — Ouviu o outro gritar do quarto. — Vou só trocar essa blusa!
O loiro riu. Jimin era lindo, mas crítico demais na hora de se vestir. Ele estava perfeito com a camisa preta de gola alta, mas insistiu que não o favorecia e estava se sentindo ridículo por tê-la escolhido para o voo.
A verdade era que esse era um dos detalhes que ele amava no noivo. Jimin era criterioso, mas sempre dedicado com cada mínimo detalhe. Isso se estendia à forma como o homem arrumava sua gravata antes de sair de casa até os jantares que preparava, os quais combinavam com a decoração da mesa e a iluminação do local. Ele amava ver o rostinho com a expressão satisfeita no noivo quando tudo estava bem do jeitinho que ele queria, apesar de amar o biquinho fofo que ele fazia quando nem tudo saía como planejava.
Jimin era uma pessoa linda por fora e maravilhosa por dentro. Ele se importava com cada pessoa que fazia parte de sua vida e cuidava de cada um do seu jeitinho. Park era gentil e fofo, elegante e sexy, tê-lo como noivo era um presente e ele dava sempre seu melhor para fazer Jimin se sentir a pessoa mais especial e amada daquele mundo inteiro.
— Prontinho! E agora? — Jimin fez uma pose na escadaria da casa. Vestia uma blusa idêntica àquela que usava antes, mas na cor branca e tinha um casaco caramelo por cima da mesma.
— Mais perfeito do que nunca! — disse com os olhos brilhando em admiração.
— Então, vamos! Ou perderemos o voo! — Desceu o restante dos degraus e puxou o mais alto pela mão.
— E a culpa é minha?!
— Shiu, Taemin! — disse rindo.
(...)
Jimin e Taemin planejaram por meses uma viagem de férias e organizaram cuidadosamente para que conseguissem coincidir a folga prolongada dos trabalhos de ambos.
Jimin trabalhava em um escritório de arquitetura por seis horas diárias e sempre fazia atendimentos de design de interiores por conta própria. Já Taemin era formado em administração e geria a empresa da família junto com o pai, não era uma empresa muito grande, mas trabalhava duro para que a mesma crescesse e rendesse mais nos anos seguintes.
Quando Jimin sugeriu uma fuga da correria em que viviam na movimentada Tóquio, ele não pensou duas vezes em aceitar a proposta. O Park queria visitar os pais e ele aproveitaria para curtir o clima calmo e aconchegante que a cidade natal do mais novo oferecia. Jimin ficou animadíssimo, fazia algum tempo que não tirava um tempo para visitar a família e, claro, seria ótimo passar um tempo mais calmo ao lado do futuro esposo.
Chegaram à casa dos Park quase na hora do almoço e foram recebidos com muitos abraços e uma farta refeição, a mãe do mais novo fez os pratos que o filho mais gostava de comer e até arriscou fazer os que Jimin havia contado que Taemin amava. A tarde fora regada de risadas e conversas suaves, os pais de Jimin eram muito receptivos e sabiam como tratar convidados, principalmente se tratando do filho que não viam há um tempo.
Quando a noite chegou, despediram-se dos mais velhos, visto que ficariam em um hotel próximo dali para terem mais privacidade e poderem aproveitar o tempo juntos. Subiram com as duas malas pequenas, trouxeram pouca coisa, pois ficariam apenas três dias, e foram tomar banho antes da hora do jantar. Jimin apreciou a vista da varanda enquanto o noivo se banhava. Havia uma piscina grande que com toda certeza o acastanhado gostaria de experimentar no dia seguinte, fez uma nota mental de que deveria comprar uma roupa de banho quando saísse com a mãe durante a manhã.
— Amor, vou precisar fazer uma reunião rápida com meu pai pelo Skype, houve um problema e…
— Tá tudo bem? — perguntou preocupado.
— Nada grave, discordância de alguns acionistas. — Sorriu. — Acho que teremos que pedir a comida no quarto, desculpe.
— Não tem problema, Tae — disse abraçando o outro. — Eu vou até o restaurante e escolho algo pra gente, pode ser?
— Claro, obrigado.
Jimin sempre era tão compreensivo e cuidadoso. O Park saiu do quarto enquanto o mais velho iniciava o aplicativo, andou até o elevador e desceu até o andar em que o restaurante estava indicado no painel. O hotel era calmo e muito aconchegante, por isso sempre optava por alugar um quarto no mesmo quando ia a Busan. Aproveitou para andar pelos corredores bonitos do local, admirando a decoração simplista utilizada ali, estava tão distraído que só percebeu que estava olhando para o teto quando esbarrou em alguém.
— Oh! Me desculpe!
(...)
A pequena Yoonji tentava arduamente, de sobrancelhas franzidas, fazer o laço perfeito em seu sapatinho cor de rosa. Ao terminar, depois de algum tempo, deu uma última arrumadinha e saltou para ir correndo mostrar o trabalho para o pai.
— Papai! Papai! Veja! — Parou bem em frente do homem de cabelos negros.
— Deixe-me ver… hm… — disse Yoongi, enquanto se abaixava para ficar da altura da garotinha e olhar o fio entrelaçado cuidadosamente. — Bom trabalho, meu amor, ficou ótimo.
Afagou o cabelo escuro da menina, que sorriu com o olhar de aprovação que recebera. Yoongi colocou a caneca de café que tomava sobre o balcão da pia para pegá-la no colo.
— Onde está sua mãe, hm?
— Arrumando o cabelo — respondeu.
— Ah, é? Vamos apressá-la, então? — falou baixo.
— Não precisa! Já estou aqui — disse sorrindo. — Yoonji? No colo do papai?
A garota olhou para o pai e os dois sorriram cúmplices.
— Estão prontas, senhoras? Podemos ir agora?
— Ebaaa, viagem, uhul! — comemorou a pequena.
Yoonji estava completando seus cinco anos e, como pediu de presente para o pai, ganhou uma viagem para um lugar que tinha vontade de conhecer. A garota tinha os cabelos escuros como Yoongi e um bocado de sua personalidade calma, mas seu rosto era mais parecido com o da mãe, Min Sora.
A mulher sorridente e tranquila que o Min havia conhecido na faculdade, era gentil e determinada, foi a primeira pessoa a chamar realmente a atenção de Yoongi em tantos anos. Seu jeito doce e sutil havia conquistado o moreno aos pouquinhos e, quando ele sentiu que era o momento, pediu a moça em namoro. Os dois se davam muito bem e conforme o tempo passava, mais parecidos ficavam, alguns amigos do casal até diziam que eles pareciam um só. E eles concordavam. Era uma relação muito tranquila e sadia, como deveria ser, com muito carinho e cumplicidade.
— Você pegou a mochila dela, Yoon? — perguntou docemente.
— Está com sua mala, So.
Chegaram ao hotel que Yoongi havia escolhido, havia uma piscina e esse foi um dos motivos pelos quais ele reservou aquele, a pequena Yoonji adorava nadar, seria um passatempo perfeito para a garota depois que chegassem de seus passeios.
E foi exatamente o lugar que ela amou assim que chegaram ao quarto, não tardou a colocar a roupa de banho e pedir aos pais que a levassem até a área da piscina. Yoongi assumiu a missão, enquanto Sora desarrumou as malas e organizou tudo no armário do quarto. Acompanhava — do lado de fora da piscina — atentamente a garota enquanto a mesma mostrava suas habilidades na natação.
Ao entardecer, voltaram ao quarto e Sora levou Yoonji para um banho de banheira, antes de descerem para o jantar. A família desceu para o restaurante assim que ficaram todos prontos, pois estavam cansados e levantariam cedo no dia seguinte para aproveitar a viagem.
— Papai, esqueci Kookoo em cima da cama… — disse a pequena para Yoongi, tristemente.
— Ele não pode esperar até o jantar terminar? — perguntou com a sobrancelha arqueada, o bichinho de pelúcia com certeza não estaria com fome, mas ele estava.
— Kookoo vai ficar triste e sozinho lá no quarto — falou com um biquinho nos lábios.
Min Sora sorria, divertindo-se com a forma que a menina tinha de conseguir as coisas que queria, sendo fofa e amolecendo o coração do pai. Yoongi suspirou, derrotado, já levantando da cadeira.
— Ok… Vou buscar o coelho. — O rosto de Yoonji se iluminou e ele sorriu para a garotinha. — Já volto — disse para a esposa.
Caminhou até a saída do restaurante e seguiu para onde ficava o elevador, ao virar no corredor, deu de encontro a um homem que andava olhando para o teto distraidamente.
— Oh! Me desculpe! — O homem curvou-se levemente para ele. — Eu estava distraído e…
Jimin parou a frase no meio, pois ao encontrar os olhos do homem com os seus, sentiu-se fora de órbita, como se seus pés fossem suspensos no ar e, de repente, a gravidade não existia. Era como se estivesse flutuando em mar aberto e sequer ouvia os barulhos ao seu redor. A atenção estava toda no rosto pálido do homem de cabelos negros e olhos felinos. O homem também olhava fixamente para ele, como se lembrasse dele de algum lugar, de uma época diferente, mas que, apenas olhando para o outro, sentia a nostalgia de dias fáceis e sentimentos tão puros.
— Jimin? — disse o moreno, piscando os olhos, como se quisesse ter certeza de que estava vendo direito, pois, mesmo tantos anos depois, ele reconheceria aquele rosto fofo e amável, mesmo que agora não fosse tão infantil. — Quer dizer — pigarreou —, me desculpe, eu pensei que fosse…
— Yoon? — perguntou, não acreditando ser seu melhor amigo de infância ali. — Minha nossa! — Sorriu. — Quanto tempo!
— Sim… realmente — falou. Mexeu na gola alta da camisa que vestia, de repente aquilo estava incomodando-o, mas talvez fosse o sorriso que não saía do rosto do mais novo.
— O que te traz aqui? — questionou curioso. — Oh! Você está morando aqui agora?
— Ahhh… não, na verdade moro em Hong Kong, estou só a passeio.
— Ah! Que legal, eu também! — disse animado.
Os dois homens estavam parados, um de frente para o outro, e tinham tantas coisas para conversar, tantas perguntas que queriam fazer um ao outro, mas tudo o que eles fizeram foi ficar olhando um para o outro.
Jimin não era mais um menino bochechudo e gorduchinho, mas seu rosto ainda era belo e suave, como o de um garoto jovem, e suas pernas ficavam perfeitas naqueles jeans colados. Yoongi havia ficado mais forte, seus músculos leves marcando a camisa de lã que vestia, seu rosto era mais másculo do que aquela feição fina da qual Jimin se lembrava.
— Jimin? — chamou Taemin atrás do outro.
— Oi! Tae, eu…
— Tá tudo bem? — perguntou, olhando do noivo para o homem pálido desconhecido, que educadamente o cumprimentava com uma reverência pequena com a cabeça.
— Esse é Taemin, meu noivo, e esse é Yoongi, um antigo amigo. — Jimin apresentou os dois.
— É um prazer. Vamos jantar? — disse Taemin, olhando para o acastanhado.
— Claro, claro! — disse rápido, um pouco empolgado por ter encontrado Yoongi tão de repente. — Bom te ver de novo, Yoongi!
— Digo o mesmo — disse acenando para o casal. — Bom jantar para vocês.
Viu o acastanhado sair do corredor acompanhado do noivo em direção ao restaurante e seguiu para o elevador. Era tão estranho… Fazia anos que não via Jimin, mas, ao encontrar o amigo de infância, era como se não fizesse nenhum dia que estavam sem se ver. Yoongi estranhou a palpitação estranha em seu peito e a felicidade repentina que sentia ao pensar no outro.
Foi afastado de seus pensamentos quando o elevador apitou, sinalizando que havia chegado ao andar em que seu quarto ficava, e, por um instante, ele não lembrava do que havia ido fazer ali. Yoonji, pensou. Sua pequena filha o aguardava ansiosa no restaurante com a mãe.
Passou a chave rapidamente na porta e buscou o coelho de pelúcia branca em cima da cama grande, descendo logo em seguida.
— Aqui, meu amor. — Entregou o brinquedo para a garotinha.
— Obrigada, papai — disse e beijou a bochecha do moreno.
Yoongi sentou em seu lugar novamente e a comida chegou logo em seguida, mas seus olhos vaguearam pelo espaço até encontrarem Jimin novamente. O acastanhado sorriu assim que percebeu o olhar de Yoongi sobre ele e o Min sentiu o rosto esquentar levemente, repreendeu-se, voltando a prestar atenção ao que a filha dizia, mas vez ou outra buscando Jimin com os olhos.
(...)
Jimin passou a manhã toda com a mãe e Taemin, fazendo compras e passeando pelas ruas de Busan. Visitaram algumas feirinhas e até pararam em um café. A senhora Park era animada e o acastanhado estava aproveitando todo o tempo que estava passando com a mais velha, afinal, ele não a visitava tanto quanto gostaria por causa do trabalho. Gostaria que seu pai pudesse ir com eles, mas o senhor Park precisou resolver algo urgente no trabalho.
Sua mãe adorava Taemin, os dois sempre se divertiam muito quando se encontravam, não poderia ser mais agradável. Apesar disso, Jimin estava sentindo-se incomodado com algo, talvez fosse a falta de costume de estar tão tranquilo como não ficava normalmente, mas também tinha certeza de que a sensação também se dava pelo fato de que o encontro com Yoongi no hotel ficava voltando à sua cabeça de repente.
— Jimin? Estou falando com você. — A voz de sua mãe soou, tirando-o de seus devaneios.
— Está se sentindo mal? Quer voltar para casa? — perguntou Taemin preocupado.
— Não, não precisa! — disse sorrindo. — Eu tô bem. Vamos almoçar?
Tentou afastar a lembrança do Min de sua cabeça o resto do dia enquanto aproveitava a visitação aos pontos que mais gostava em sua cidade natal.
Sem muito sucesso.
(...)
Yoongi chegou cansado do primeiro dia de passeio com Yoonji e Sora, eles foram a um parque de diversões, uma confeitaria, onde experimentaram diversos bolos, passearam até anoitecer. Seus pés estavam cansados e suas costas reclamavam por ter ficado com a filha nos braços por várias vezes durante o dia. Os Min acabaram jantando em uma pizzaria a pedidos da pequena e depois pediram um sorvete tamanho família, mesmo que ele não gostasse tanto assim de doces. Ainda que ele tivesse passado o dia todo ocupado, não conseguia evitar ficar curioso sobre a vida do antigo melhor amigo. Era uma coincidência incrível encontrá-lo ali depois de tantos anos sem se ver.
Jimin estava noivo, pelo que havia dito, e Yoongi já tinha uma família. O tempo havia passado, mas algo em seu peito se agitava pela simples lembrança do sorriso do acastanhado.
— Está cansado? — perguntou Sora, ao perceber que os olhos do marido pareciam distantes enquanto este estava sentado na poltrona próxima à janela. — Ela se divertiu bastante… e eu também. — Afagou os ombros do marido com gentileza.
— Eu também me diverti, mas fiquei cansado. — Suspirou.
— Por que você não vai nadar um pouco? — sugeriu Sora. — Você sempre relaxa quando está na água. — Deixou um beijo no topo da cabeça de Yoongi.
— Acho que vou fazer isso… Na verdade, é uma ótima ideia.
— Vai lá, vou colocar a gatinha pra dormir.
Sora foi para o outro compartimento do quarto de hotel, onde ficava a cama, deixando Yoongi sozinho. O Min pensou sobre nadar, ele estava realmente cansado para entrar na piscina, mas daria uma volta pelo hotel, com certeza. Deixou o celular na poltrona e saiu, indo em direção à área da piscina.
O local era simples e limpo, sem muita ornamentação. A piscina ficava bem no meio do grande cômodo; do lado direito de quem entra, havia espreguiçadeiras brancas dispostas em uma fileira, o lado esquerdo ficava livre para a passagem, e, bem ao fundo, ficavam algumas mesas redondas, para quem quisesse apreciar um lanche, uma bebida ou mesmo para os pais observarem seus filhos, como Yoongi havia feito.
Yoongi não reparou de imediato, mas percebeu ao se aproximar que alguém parecia estar em uma das mesas, lendo um livro ou algo do tipo. Pensou em voltar para o quarto, não queria ficar em um clima estranho com uma pessoa desconhecida, queria ficar em silêncio, sozinho e relaxando.
— Hyung? Yoongi hyung? — O homem que estava sentado ergueu a cabeça e o chamou.
Yoongi viu Jimin acenar de onde estava e, antes que pensasse em algo, começou a caminhar até o outro sem que tivesse controle de seus próprios pés, seu corpo parecia agir automaticamente, o que o deixou um tanto assustado.
— Oi! — disse com um pequeno aceno quando chegou a uma distância razoável. — Sem sono?
Jimin levantou o livro que lia, mostrando-o para o Min e sorriu.
— Taemin está em videoconferência, gosto de ler no silêncio. — Viu o outro concordar. — E você?
— Yoonji me fez andar de um lado para o outro o dia todo, queria um pouco de silêncio. — Sentou em uma das cadeiras da mesma mesa.
— Yoonji? A garotinha? — perguntou com curiosidade. Durante o jantar, ele viu uma mulher bonita e uma menina pequena com Yoongi, era só ligar tudo e a resposta era bem simples.
— Sim — disse com um sorriso.
— Ela tem cabelos escuros igual a você… — falou de repente. — E também me lembra seu jeito e personalidade quando criança.
— Você lembra disso?!
— Claro que sim, Yoongi. — Riu. — Você falava como se fosse adulto, sabia de tudo!
Yoongi riu junto com Jimin, seu coração aqueceu ao ouvir a risada do acastanhado novamente e, por um segundo, sentiu que era um garoto novamente.
— Eu não tenho culpa se você nunca foi muito inteligente! — zombou.
— O quê?! — disse fingindo estar ofendido. — Pois fique sabendo que eu devo saber muito mais coisas do que você agora, tipo… tipo… eu não tô lembrando nada agora!
Os dois caíram na gargalhada. Jimin sentiu como se o tempo não tivesse passado, como se eles não tivessem crescido e ficado afastados por anos. Era tão simples estar com Yoongi, tão natural. Acabou ficando tempo demais olhando para o Min depois que pararam de sorrir, mas o outro pareceu não se importar pois também mantinha seu olhar na direção do Park.
Aqueles antigos sentimentos pareciam tão vivos agora, o calor no peito que apenas olhar para o mais velho trazia estava ali, o coração palpitante e os olhos com um brilho diferente. A sensação de pertencimento diferente de tudo o que já havia experimentado, a emoção de se sentir apaixonado pela primeira vez, a empolgação do primeiro amor. Sua boca estava um pouco aberta e ele queria poder dizer tudo o que aquele reencontro havia trazido, mas não conseguia formular uma palavra sequer.
Yoongi levou sua mão até o rosto avermelhado do mais novo, que só então percebeu que já chorava.
— Não chore, Jiminie — disse, secando uma lágrima que escorregava pela face do homem.
— Y-Yoon… eu…
Jimin não teve tempo de falar, uma luz fraca apareceu entre eles, sutil, mas de um vermelho brilhante. Eles ficaram tão maravilhados quanto da primeira vez. Yoongi pensava, depois de algum tempo, que o evento que viveram enquanto crianças não passou de um sonho estranho, uma lembrança infantil de um garoto que desejava muito reencontrar seu amigo, mas não, era o símbolo de que eles haviam, sim, sido destinados a ficarem juntos.
Ele sorriu docemente para o Park e segurou a mão pequena dele na sua calmamente, beijou-a suavemente e continuou sorrindo. Seu coração estava eufórico e tudo o que ele conseguia fazer era sorrir, estava tão feliz, seu amado Jiminie era sua alma gêmea.
O celular de Jimin vibrou barulhento sobre a mesa, retirando os dois homens de sua bolha de sentimentos. Yoongi soltou sua mão com cuidado enquanto o fio de luz desaparecia aos poucos, já imaginando do que se tratava. Relutante, Park pegou o aparelho e olhou o visor, era uma mensagem de Taemin dizendo que já havia terminado a primeira reunião, mas ainda faria uma segunda.
A realidade havia os atingido e, junto com ela, vieram a dúvida e a confusão; Jimin casaria em breve e ele realmente havia construído uma relação feliz com o noivo, assim como Yoongi tinha uma esposa e uma filha que amava. Ambos viviam uma vida feliz, e saber que estavam destinados um ao outro era um tanto complicado na situação em que se encontravam.
Ficaram em silêncio por um tempo, refletindo sobre o que precisavam fazer, não era incômodo, eles precisavam de um tempo para organizar seus pensamentos, já que seus sentimentos estavam uma bagunça.
Depois de quase vinte minutos, Yoongi tomou a iniciativa ao segurar a mão do outro novamente.
— Jimin… Eu sei que eu te fiz uma promessa quando éramos mais novos — disse calmo, mas com certa tristeza na voz —, mas infelizmente eu não posso mantê-la agora, não nesse momento.
Jimin apenas concordou com a cabeça, sentindo uma lágrima voltar a escorrer por seu rosto. Ele também não podia simplesmente ignorar tudo o que já havia vivido ao lado de alguém que o amava tanto.
— Eu sei, Yoon…
— Mas, escute. — Beijou o mindinho do mais novo. — Essa é uma promessa que eu não pretendo quebrar e espero que você confie em mim.
O acastanhado secou as lágrimas e esperou o outro terminar de falar, pois ele confiaria.
— Não importa quantas vidas isso possa demorar, mas eu te encontrarei e ficaremos juntos. — Viu o outro acenar com a cabeça positivamente. — Eu vou procurar por você em todas elas. Em todas as minhas vidas irei amar você, Jimin.
— Eu vou esperar por você, Yoonie — disse sorrindo.
Eles levantaram e se abraçaram, um abraço cheio de saudades, cheio de incertezas, mas de muita esperança. Yoongi deu um beijo sutil na testa do mais novo, mais um abraço e Jimin teve que ir para o quarto, Min logo iria também, afinal, pessoas queridas aguardavam por eles.
No dia seguinte, Jimin tentou aproveitar todo o tempo que conseguiu na casa dos pais antes de voltar para Tóquio. Não esqueceu de dar um longo beijo na bochecha da mãe e nem do abraço apertado no pai, voltou para casa com Taemin, que estava muito feliz e relaxado por passar o final de semana na casa dos sogros, viajar com Jimin era muito bom.
Park voltou às suas atividades normais, esforçando-se como sempre, dando seu melhor em sua vida profissional e pessoal. Ele foi muito feliz e nunca esqueceu da promessa que Yoongi fizera.
Min também continuou sua vida depois daquele dia. Ele levou Yoonji às praias que ela tanto queria conhecer e até o parquinho onde ele e Jimin brincavam quando crianças. Sora e ele fizeram um grande trabalho na criação da filha e, anos mais tarde, tiveram a felicidade de vê-la se formando na universidade, construindo sua própria carreira e até acompanhou a jovem mulher ao altar. Conheceu seu neto e anos depois pôde descansar com um sorriso no rosto, feliz com a vida que teve e ansioso pela vida que ainda teria.
(...)
Era o primeiro dia de aula e ele não conhecia ninguém naquela escola. Ele só havia feito o teste porque seus pais insistiram bastante, acabou passando, e lá estava ele, em uma das escolas mais caras de Seul.
Não queria admitir, mas estava um tanto inseguro. Ele não era muito bom em se relacionar, sempre ficou melhor sozinho e tinha certeza que ninguém ali gostaria dele, talvez até o achassem estranho. Suspirou, enquanto bagunçava o cabelo descolorido. Não estava nem um pouco pronto, mas precisava entrar no colégio, pois seu pai já buzinava atrás de si, encorajando o garoto a entrar de uma vez. Acenou para o mais velho mais uma vez e subiu a escadaria.
A escola era enorme, ficou surpreso ao ver que, mesmo estando cedo, vários alunos já circulavam por ali, a maioria nem sequer notou sua presença. Ficou parado no corredor admirando tudo até lembrar das instruções que deveria seguir. Seguiu direto até o final do corredor de entrada, virou à esquerda e parou. Havia um grupo de jovens que deveriam ter a sua idade parado em frente a uma sala, deveria ser o grêmio estudantil.
— Com licença… — falou baixo, mas foi o suficiente para que eles ouvissem.
— Min Yoongi? — perguntou um garoto de cabelos castanhos, ele assentiu. — Sou Park Jimin, vice-presidente do grêmio estudantil. Eu vou te mostrar a escola, okay? — Estendeu a mão. — Seja bem-vindo!
O tal Park Jimin sorriu e seus olhos sumiram. Seu rosto era tão lindo e angelical que Yoongi quase esqueceu como era respirar. Estendeu a mão imediatamente e sentiu a textura leve da derme do outro, sentindo um leve formigamento entre seus dedos.
— O-obrigado — disse rápido, para não parecer rude.
O vice-presidente sorriu mais uma vez e Yoongi soube naquele momento que estava sentindo algo diferente, pelos batimentos acelerados e porque aquele garoto parecia estar em câmera lenta para ele.
Eles caminharam pela escola, e Jimin parecia um pouco nervoso para quem já estava acostumado a fazer aquele tipo de apresentação. Vez ou outra o Min pegava o mais novo olhando para ele com seus olhos brilhantes.
Sempre que encontrava o acastanhado pelos corredores, este sempre lhe direcionava sorrisos tímidos, com suas bochechas corando de repente. Não demorou muito para Yoongi perceber que estava se apaixonando e, com toda a certeza, ele faria de tudo para ter Park Jimin ao seu lado.
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Notas Finais: Obrigada se você chegou até aqui.
Espero que tenham gostado da história e ficado boiolinha pelos yoonmin.
Não me matem, por favor, eu juro que o Yoongi cumpriu a promessa em todas as vidas que se seguiram!
Até a próxima 💙
Loui 💜 Vocês
Gracias por leer!
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