msfabri Mariana Fabri

"Querido ser de espécie desconhecida que por acaso encontrou minha carta. Se você está lendo isso, significa que por algum motivo está em Allanom, mais especificamente no meu quarto na Ilha Kingsor. Um lugar assustador, onde todas as lendas vivem e respiram, eu vim parar aqui por engano já que Namjoon não é muito bom com invocações. Os meninos esperavam o Senhor do Fogo, o ser da profecia, que irá curar a Santa Mãe e proteger a magia desse lugar, mas receberam eu, Kim Taehyung, dezoito anos, com vasto conhecimento em anime, séries de TV, livros de fantasia e nenhum poder especial. Essa minha última noite na ilha, amanhã meus cinco novos amigos, um ser chato chamado Jeongguk, e eu, iremos para o continente procurar a fonte da magia para refazer a invocação e tentar me mandar para casa. Me deseje sorte, ser estranho que eu não sei a espécie, vou precisar de muita. Assinado Kim Taehyung, o humano." ✠ Avisos ✠ • Os capítulos são narrados em primeira pessoa. • Essa história é uma fantasia diatópica, com bastante aventura, romance e amizade. • O casal principal é Taekook, mas vão ter menções Namjin, Yoonmin, 2seok, entre outros. • Terá muita referência a coisas da cultura pop. • Também foi postada no Wattpad e Spirit • Os desenhos na capa não são meus, se alguém souber o nome dos artistas, por favor me avise para dar os créditos.


Fanfiction Bandas/Cantantes Sólo para mayores de 18.

#fantasia #romance #bts #drama #namjin #taekook #yoonmin #vkook
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Um Ônibus Para Outra Dimensão

Eu tenho uma vida normal, que pode ser considerada chata para alguns, já que estou de férias e tudo que faço é assistir novelas com a minha mãe e ler manga de madrugada, não que esteja reclamando, longe disso, ficar sem fazer nada é bem melhor do que ir para escola, e meus pais não se importam em me ver gastar todo curto salário do trabalho de meio período em desenhos japonês.

O problema é que eu só fui me dar conta do quanto minha vida é incrível, meus pais são maravilhosos, e até meu irmão mais velho implicante, lá no fundo, bem no fundo mesmo, é legal, quando corri na direção de um ônibus descontrolado que invadiu a calçada e está prestes a atingir alguém.

— CUIDADO! — gritei para a garota de cabeça baixa, porém ela não me ouviu, e continua ali parada, olhando para os próprios pés.

Por puro instinto eu a empurrei da calçada, e não fiquei ali para ser atingido, ainda assim a lateral do ônibus bateu em mim, me jogando com força nos degraus de uma loja.

A dor irradia das minhas costelas e testa, chegando a me deixar tonto, confuso demais para ouvir o som do ônibus batendo contra um poste e os vidros estourando.

— Meu deus, ALGUÉM CHAMA A EMERGÊNCIA! ELE ESTÁ SANGRANDO. — escutei a menina falar, eu só enxerguei o cabelo preto dela caindo por seu rosto borrado antes de apagar.



Eu morri? Por favor Deus, se eu morri não deixa minha mãe descobrir a coleção de hentai yaoi no meu computador. Sei que nunca fui muito fiel a igreja, mas não acho que minha doce mãe mereça ver todos os mangas e vídeos de homens 2D se pegando que eu salvei em vida, ela vai a igreja todo domingo, e descobrir que o filho mais novo morto é gay vai ser traumático.

— Será que seu feitiço deu errado? — ouvi alguém falar, não tão próximo de mim.

— É claro que não deu errado, eu sou o Mago Supremo da Escuridão! Ele deve estar assim porque a mente ainda está chegando na nossa dimensão. — respondeu outra pessoa.

— Namjoon, esse nome que você escolheu para si, é horrível.

— Acho que ele não é o nosso cara, com esses bracinhos não vai conseguir levantar nem um graveto. — murmurou um terceiro homem com tom de riso. Mais que caralhos, como ele tem coragem de falar assim do meu corpo? Eu fiz dois anos de taekwondo e um mês de academia!

— Eu tenho um corpo ótimo para um garoto de dezoito anos, ok? — falei abrindo os olhos de uma vez, nem sei porque fiquei deitado ouvindo esse monte de baboseira. — AAAAAAAAAAAAAA

Agora eu sei porque fiquei tanto tempo de olhos fechados.

— Meu pai amado, eu morri, eu morri mesmo, caramba eu não estava acreditando que morri até agora, mas olha só para esse povo, é o pós vida com certeza, vocês sabem dizer se esse é o céu? — perguntei para o garoto bonito com asas de uma cor transparente leitosa que parece papel manteiga, ele deve ser um anjo, mas bastou que eu olhe para o lado, onde um homem coberto por um capuz negro se apoia em uma bengala de osso com um crânio na frente, e outro homem que é literalmente verde acenando para mim, para a ficha cair, aquele não é o céu, quem quero enganar? É obvio que eu não iria para o mesmo lugar que os anjos.

— Vocês acham que ele tem algum problema? — sussurrou o garoto com orelhas de raposa para o outro que veste jaqueta de couro.

— Oh no, é o inferno, não é? Qual de vocês vai arrancar a minha pele? Eu não li a bíblia, mas minha mãe falou que tem fogo e enxofre no inferno, o enxofre eu já tô sentindo o cheiro, fogo que ainda não vi. — meu cérebro não está processando o que está acontecendo, na minha frente estão seis garotos tão estranhos que parecem ter saído de um evento de cosplay, eu estou no meio de ruínas, árvores secas e um fedor horroroso.

— O enxofre é do círculo que precisamos fazer para te trazer aqui, Senhor do Fogo, o ser da profecia. — disse o homem com covinhas nas bochechas e roupas do Severo Snape.

— Do que você tá falando? — perguntei apertando os olhos para enxergá-lo melhor, maldita hora em que saí de casa sem óculos.

— Eu acredito que ele é a pessoa errada. — afirmou o garoto de jaqueta de couro, ele até que é bonitinho, usa couro demais na minha opinião, das botas até a jaqueta, e tem alguma coisa reluzindo em suas coxas e dorso que eu espero ser glitter.

— Jeongguk! Para com isso! Você precisa mostrar mais respeito para o menino da profecia, ele vai salvar os reinos de Allanom. — mandou o que tem asas, ele também é bonito, embora vista um tom de verde musgo medonho.

— Com toda a educação, senhores demônios, podem me explicar o que está acontecendo? Achei que havia um julgamento quando a gente morre, um tour pelo inferno, talvez uma cartilha explicando nossos pecados e a tortura indicada, sabe? Porque no momento eu estou confuso para cacete. — falei ainda sentado no chão de grama queimada, não tem muito o que fazer, não é? Eu já tô morto mesmo.

— Você não morreu, eu saberia se fosse uma alma solta. — retrucou o homem com a bengala de osso. — Caso não tenha percebido, eu sou o ceifador... Gente, eu concordo com o Jeongguk, nós pegamos o cara errado.

— Isso ai Yoon!

— Parem vocês dois, eu fiz o encanto certo. — disse o cosplay de Snape.

— Você trouxe um cão da última vez que fez esse feitiço. — retrucou o garoto de couro, que chuto ser o Jeongguk que o ceifador falou.

— Aquilo foi um mero erro de cálculo, trazer alguém para essa dimensão não é a mesma coisa que pegar comida na dispensa.

— Vocês só estão me deixando cada vez mais confuso, eu sou de outra dimensão ou a comida na dispensa? — uma cartilha realmente seria ótimo agora, daquelas bem infantis com desenhos auto explicativos, porque no momento a única coisa que sei é que preciso ir ao banheiro e que alguma coisa que comi não caiu bem, meu estômago está fazendo uns barulhos estranhos.

— Senhor do Fogo, o ser da profecia, pode nos contar sobre o senhor? — perguntou o garoto com orelhas de raposa, e agora que olhei bem para ele vi uma calda atrás de si também, fofa e peluda, balançando com a ponta branca.

— Meu nome é Kim Taehyung, tenho dezoito anos, sou de Daegu, e preciso muito ir ao banheiro, alguém pode me apontar a direção?

Os seis pares de olhos continuaram me encarando, talvez esperando alguma coisa, ou surpresos que o rosto bonito que eu tenho ainda não me levou ao estrelato em Seul.

— É, pode ser que o Nam tenha se enganado. — concordou o garoto de asas.

— Eu não me enganei! Ele é o Senhor do Fogo, o ser da profecia, me diga, Tae... Tae... Taeyeon, o senhor foi treinado nas Cataratas da Tormenta? — perguntou o cosplay de Snape, eu quase fiquei com dó dele por parecer tão desesperado.

— É Taehyung, e eu não tenho a menor ideia do que você está falando, mas eu treinei taekwondo na academia do final da rua, e se ninguém me mostrar um banheiro, eu vou mijar bem aqui... Seja lá o que for esse lugar. — afirmei de pé, tanto soar o mais autoritário possível, se bem que eu não devo ser nada assustador para esses homens com asas, bengalas de ossos e orelhas de animais.

— Eu te levo... Taehyung. — disse de pele esverdeada e orelhas pontudas que até agora se mantinha em silêncio.

— Obrigado, e se você for me devorar já vou logo avisando que vai ter indigestão, eu não como nada além de miojo, coca cola e kimbap tem quase duas semanas, nada saudável sai desse corpo aqui. — falei o seguindo.

— Não obrigado, eu não como coisas vivas...

— Me matar também não vai melhorar a qualidade da minha carne.

Esse povo é maluco, e não tem a menor vergonha na cara, eles estão olhando para mim enquanto vou andando, e continuam encarando quando o homem verde me apontou uma árvore para usar como banheiro.

— Você tem papel higiênico? Eu não gosto de ficar com a ponta do pau molhada.

O ser que eu duvido muito ser humano ao meu lado pega uma folha seca e amarelada do chão e me entrega, sem a menor vergonha de eu estar prestes a tirar as calças.

— Vai olhar? — perguntei desabotoando minha calça jeans.

— Te incomoda? Então não vou. — ele deu de ombros, cobrindo os olhos com as mãos.

Fiz xixi criandouma lista mental de tudo que sei até agora:

1. Não estou morto.

2. Também não estou na Coreia do Sul

3. Esses seis homens não são humanos

4. Não tem 4, ainda não sei o que tá acontecendo.

— Vai demorar muito? — perguntou o homem verde.

— Acabei, obrigado por me trazer. — falei com um sorriso no rosto, mesmo eu esteja me cagando de medo de ser devorado, afinal meus pais criaram um homem muito educado... Eles devem estar preocupados agora, será que meu irmão notou que eu ainda não voltei para casa?

— Senhor Taeyeon, eu gostaria de me desculpar por ter te puxado para cá, parece que o senhor não é quem procuramos. — disse o cosplay de Snape assim que eu voltei com o homem verde.

— Que isso, sem problemas, foi ótimo ter essa viagem que mais me parece uma alucinação, só me manda de volta. — coloquei as mãos nos bolsos do moletom cinza que estou vestindo, não sei se preciso voltar para aquele círculo queimado, ou ficar ao lado desse povo estranho. — E meu nome é Taehyung.

— O problema, Taehyung, é que não existe como voltar. — o garoto da bengala tirou o capuz que cobria seu rosto, estranhamente, ele me parece fofo, como um gatinho, e com um sorriso que eu diria ser adorável. — Pelo menos não vivo, se quiser a gente pode dar um jeito nisso.

— Calma ai, eu acho que vou desmaiar. — pensei seriamente em me apoiar no homem verde, mas ainda não acredito que ele não vai me devorar, então me encostei na árvore sem folhas ao meu lado. Ter deficiência de ferro é um problema, qualquer movimento brusco ou notícia chocante e eu já começo a enxergar tudo preto, o que acabou de ser dito pelo emo colecionador de ossos é sem dúvidas uma coisa séria. Como assim eu tô preso nesse lugar cheio de maluco?

— Desencosta, humano. — ouvi alguém falando nas minhas costas, só que não tem ninguém atrás de mim... Só a árvore...

— ESSA PLANTA ACABOU DE FALAR? — gritei pulando dali, quase usei o homem verde de escudo, porémele ainda me assusta.

— Pessoal, nosso novo amigo está ficando verde, humanos mudam de cor? Que legal, eu nunca vi isso antes. — disse o garoto raposa, ou gato, eu não entendo muito sobre felinos.

— Humanos não mudam de cor, Jimin. — resmungou Jeongguk.

Alguma coisa se remexeu no meu estômago e no segundo seguinte eu já estou vomitando, umas coisas bem estranhas, ossos pequenos, pedras, penas, folhas e um liquido verde esquisito.

— Que nojo. — resmungou o ser de asas.

— Meu sapato novo, vou ter que jogar fora.

— Eu te dou outro Hoseok, é minha culpa que isso está saindo dele. — o cosplay de Snape disse para o homem verde que parecia a ponto de chorar, quem tem que chorar aqui sou eu! No meio desse povo esquisito, sem poder voltar para casa e passando mal.

— Oh porra, eu virei um avestruz por acaso? — resmunguei cuspindo uma pedra, sinceramente não lembro de nada disso no kimbap de atum que comi no café da manhã. — Ô Snape, me explica exatamente o que tá acontecendo?

— O que é um Snape? — perguntou o garoto que segura a bengala de osso.

— Um professor, ele se veste igualzinho a esse ai. — apontei para quem o garoto de preto, estou bem melhor agora que tirei todas aquelas coisas de dentro do meu estômago.

— Eu sou o Mago Supremo da Escuridão... Mas pode me chamar de Namjoon. — ele disse o próprio nome depois de receber um olhar zangado do homem de asas. — E infelizmente não é possível te enviar de volta, senhor Taehyung...

Eu continuo olhando para o Mago Supremo da Escuridão Namjoon, esperando alguma explicação, qualquer que fosse, porque aquilo não parece real, nada disso pode estar acontecendo.

— Por acaso eu estou no hospital? Isso aqui é o resultado de todos os livros, fanfics e mangás de fantasia que eu li e agora estão no meu subconsciente. — falei tão baixo que nem sei se os seres na minha frente escutaram.— Mamãe sempre me disse que eu ficaria louco de tanto ler, não é que ela estava certa!

—Pela Santa Mãe.— bufou o garoto vestindo couro, que os outros chamaram de Jeongguk, ele esfregou os cabelos negros, bagunçando ainda mais os fios brilhantes. — Você está aqui agora, com a gente, agradeça por não te vendermos para os Warat.

E sem dizer mais nada, ou explicar o que raios é um Warat, ele virou as coisas e foi embora, desaparecendo entre as ruínas.

— Fica tranquilo, não vamos te vender para o Warat, é nossa culpa você estar aqui. — disse o garoto meio gato, sorrindo para mim.

— Eu ficaria mais tranquilo depois de saber o que é um Warat. — falei ainda olhando para onde o outro havia desaparecido. — Também gostaria de saber quem são vocês, e a onde estou.

— Oh pai, realmente não te explicamos nada. — o garoto de asas cobriu a boca chocado. — Nos desculpe, era esperado que o Senhor do Fogo soubesse tudo sobre Allanom, então não nos apresentamos, meu nome é Seokjin e eu sou uma das entidades da floresta.

— Isso explica as asas e essa roupa. — comentei tentando ser o mais simpático possível, o Seokjin é muito bonito, e parecia ter saído de um filme da Tinker Bell, com aquelas roupas de plantas verdes, brilhantes, e asas esbranquiçadas de libélula.

— Esse é Yoongi, ele é o ceifador. — disse o garoto fada apontado para o homem da bengala de osso, que acenou para mim sem sorrir. — O que levou ao banheiro é o Hoseok, um goblin, ele pode parecer assustador, mas te juro que é um amor de pessoa, quem te trouxe para cá e está sentado ali no chão se lamentando é o Namjoon, ele é um mago, não muito poderoso, porém a gente fica com ele por caridade...

— EU OUVI ISSO JIN! — reclamou o garoto sem levantar do chão, ou deixar as lamentações de lado.

— E eu sou o Jimin! Sou um kumiho. — completou o híbrido estranho, sorrindo tanto que os olhos dele desapareceram. — Você não é assustador como eu esperava que um humano fosse, Taehyung.

— Obrigado, eu acho... Kumiho tipo a raposa de nove caudas que come fígados? — o encarei assustado, eu nunca me interessei muito em folclore, só sei o que é um kumiho pela novela que assisti com a mamãe e os dez anos que leio Naruto.

— Raposa sim, quem tem nove caudas é o meu pai, eu só tenho uma, e não como fígados, pelo menos nunca provei antes. — explicou Jimin.

— O que acabou de ir embora é o Jeongguk, ele é um dracun. — Seokjin terminou as apresentações, mas eu continuo sem ter ideia do que é um dracun, ou que lugar é esse. — Acho melhor voltarmos para a cidade, você precisa de um banho e roupas novas.

Olhei para o meu moletom, onde o fada está encarando, e tomei um susto ao notar quanto sangue seco está manchando o tecido macio. Provavelmente é meu do acidente, não quero nem imaginar o estado do meu rosto.

— Vamos andando. — sugeriu Hoseok, o goblin. E eu fui, não existe nada que eu possa fazer aqui, não sei onde estou, não conheço ninguém, só sei o nome desses seis estranhos, que vou precisar repetir várias vezes para memorizar.

Era para eu estar morto, ou no hospital pelo acidente que sofri, mas agora estou bem, e tirando uma dor de cabeça irritante, nada parece fora de lugar no meu corpo, será que me mandar para cá por engano foi um feito do universo para que sobreviva?

Caminhandoeu notei que um dos meus tênis desapareceu, estou usando apenas um all star preto e as duas meias brancas, chequei meus bolsos, até sentir na parte de trás da minha calça, protegido pelo moletom, minha carteira e celular.

Os puxei dali sem parar de andar atrás do goblin.

— Meu celular já era, será que vai ligar? — pensei em voz alta olhando a tela trincada, felizmente minha carteira ainda está ali, com mil won, meu cartão de crédito, um photocard do Baekhyun e uma foto pequena da minha família, tiramos essa foto anos atrás a virada de ano que fomos visitar a vovó em Busan, minha mãe não tem cabelo branco na imagem, meu pai não usa óculos e meu irmão está mais baixo que atualmente, esfregando minha cabeça enquanto me abraça de lado, é a minha foto de ano novo favorita e mais espontânea também, ninguém havia visto minha avó andando de fininho com a câmera em mãos, e ela eternizou aquele momento, meus pais na churrasqueira tentando não queimar tudo como costumam fazer, meu irmão implicando comigo porque meu cabelo cresce mais rápido que o dele.

— Taehyung, você deve estar bem curioso, certo? — fui pego de surpresa, escondendo minha carteira e celular ao ouvir a voz de Jimin, o kumiho, que está andando ao meu lado por entre as árvores secas, esmagando a grama amarelada sob seus pés descalços. Posso ver agora que ele está perto, como o pequeno garoto raposa é bonito, com olhos pequenos delineados por uma linha fina e escarlate, parecia até maquiagem, ele também veste um kimono com diferentes tons de laranja, amarelo e vermelho que bate no joelho.

— Estou, não sei bem como reagir para te ser sincero. — murmurou enfiando as mãos nos bolsos do meu moletom manchado de sangue, e por mais estranho que pareça é a coisa que me mantém mais tranquilo enquanto estou nessa bagunça. Talvez por ser o moletom mais velho que tenho, e sempre o uso quando quero ficar confortável.

— Eu sei como é, também não lidei bem quando precisei me mudar para cá, a Ilha Kingsor é pequena, e sem florestas, o que me deixa triste, mas você vai se acostumar com o tempo, nós podemos te ensinar mais coisas, pode contar com a gente o que precisar. — Jimin me ofereceu um sorriso caloroso e eu precisei morder a língua para não dizer a ele que a culpa de terem me trazido para cá é dele e dos amigos.

— Quem vocês estavam procurando? Quando... Quando me trouxeram para cá? — perguntei tentando mudar de assunto e focar a minha mente em outra coisa.

— Senhor do Fogo, o ser da profecia. — falou o kumiho, andando com as mãos nas costas e a cauda balançando. — Diz a lenda que o pai Allanom deixou um herdeiro do fogo para cuidar da Santa Mãe quando ele partisse em busca de mais conhecimento, isso foi a quase cinco mil anos atrás, o pai Allanom não voltou e o menino prometido não foi encontrado.

— Isso é o que eu chamo de abandono parental, e faz cinco mil anos que vocês estão tentando trazer esse menino para cá? — questionei, me interessando no assunto, é como ouvir o audiobook de um livro de fantasia.

— Céus, não, eu tenho só oitenta e um, nem mesmo meu pai tem cinco mil anos. — Jimin riu da minha pergunta, o que atraiu a atenção do coveiro que andava um pouco mais atrás. Não sei porque ainda me surpreendi ao ouvir a idade dele, não como se eu esperasse que um kumiho realmente tivesse os 16 anos que aparenta.

— Você está muito bem para quem tem oitenta e um anos. — comentei, lembrando que minha avó é só dois anos mais velha que ele, e não tem metade do colágeno que a pele brilhante de Jimin mostra.

— Estamos a dez anos tentando trazer o Senhor do Fogo para cá. — disse Yoongi, o ceifador, com o capuz abaixado, e olhos sonolentos. Ele anda se apoiando na bengala, e um arrepio desceu pela minha coluna quando ele ficouao meu lado, como se mãos frias estivessem encostando em mim. — A Santa Mãe está enfraquecendo e morrendo, precisamos achá-lo, antes que seja tarde demais.

De repente o clima ficou estranho, o ar pesou e o céu azul acinzentado se tornou mais escuro, até mesmo Jimin parou de sorrir, essa Santa Mãe parece ser alguém muito importante para eles.

— Vocês realmente pegaram a pessoa errada, tudo que eu sei sobre medicina veio de 17 temporadas de Grey's Anatomy. — eu deveria sentir pena deles, mas na verdade não sinto, é culpa deles eu estar preso nesse lugar estranho e longe da minha família.

— Sua fala é estranha. — afirmou Yoongi.

Eu não respondi nada, porque fiquei sem palavras ao ver uma enorme muralha a nossa frente, formando um círculo gigante no meio daquele terreno seco, os muros são tão altos que podem passar dos trinta metros sem dificuldade, e a primeira coisa que passou na minha cabeça foi:

—Puta merdaeu estou em Shingeki no Kyojin! Fodeu, fodeu muito, eu não vou sobreviver nem dois episódios.

Parei de andar sem perceber, atraindo a atenção dos outros com aminha falação sem sentido.

— Taehyung, está tudo bem, nós podemos atravessar a muralha. — disse Seokjin, o homem fada, voltando a caminhar na direção daquela monstruosidade.

— Jimin, poderia me dizer, se por acaso, tem titãs aqui? — questionei para o kumiho, que me parece ser o mais acessível de todos ali.

— Tem sim, mas eles estão bem longe, além de que os titãs não sabem nadar, e nós estamos em uma ilha. — afirmou o garoto, ou velho, eu realmente não sei.

— Bem vindo a pequena cidade na Ilha Kingsor. — comentou Hoseok, o goblin, assim que chegamos na frente da muralha sem sinal de entrada. — Total de habitantes 6, agora 7, e alguns espíritos.

— Que? Tem alma penada aqui?

Cá estava eu, inocentemente achando que esse lugar não poderia ficar mais estranho, até que o goblin atravessou o muro de tijolos grossos como se não existissem. Sendo seguido pelo mago choramingão e o homem fada.

— Quer segurar minha mão? Pode ser que você vomite de novo ao atravessar. — falou Jimin estendendo a mão pequena para mim, só ali enxerguei suas unhas pontudas e de coloração alaranjada.

— Ele vai desmaiar com certeza, aposto dez izinias nisso. — falou o ceifador, andando na nossa frente para atravessar.

— Você tem que parar de fazer apostas Yoon. — o kumiho reclamou, mantendo a mão estendida para mim. — Vamos correndo, assim é mais fácil.

Eu sei que vou me arrepender disso, mas ainda assim respirei fundo e segurei aquela mão de unhas estranhas, e prendi o ar ao atravessar a muralha, forçando meu cérebro a pensar que vai ser exatamente como Harry Potter na plataforma nove três quartos.

14 de Mayo de 2021 a las 19:26 0 Reporte Insertar Seguir historia
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